sábado, 27 de fevereiro de 2010

O fim do DEM

Surgido a partir da recriação do antigo PFL, o Democratas deveria "oxigenar" o partido que havia crescido à sombra dos governos militares e estava maculado por vícios e escândalos de todos os gêneros. Sua estratégia de ação incluía fazer de 2010 um marco da nova fase do partido - mais moderno, mais urbano e mais bem representado em todo o território nacional. Não deu certo. Às vésperas de completar três anos, o Democratas enfrenta a pior crise de sua trajetória. Na sequência do escândalo de corrupção no Distrito Federal, conhecido como "Mensalão do DEM", um novo revés acaba de atingir o partido. Desta vez, o problema é a cassação de Gilberto Kassab, prefeito da maior cidade do País e presidente do Conselho Político da Executiva Nacional do DEM. Como poderá continuar no cargo até o julgamento de recurso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Kassab adotou a negação como defesa. "Não existe cassação. Eu não fui condenado a nada", afirmou o prefeito na terça-feira 23, após visita a uma escola técnica paulistana. "As minhas contas foram aprovadas." No mesmo dia, o "Diário Oficial" publicava a sentença judicial que cassava o mandato de Kassab e de sua vice, Alda Marco Antonio (PMDB), por captação ilícita de recursos nas eleições de 2008. As doações consideradas ilegais representam 33,87% do total declarado na prestação de contas da dupla e "tiveram o condão de contaminar o processo eleitoral ou ainda influenciar efetivamente na vontade do eleitor por representar abuso de poder econômico", segundo o juiz Aloisio Silveira, da 1a Zona Eleitoral de São Paulo. Ao analisar recurso impetrado por advogados de Kassab, o próprio juiz suspendeu os efeitos da medida enquanto o caso não for julgado pelo TRE, uma instância superior. A determinação, porém, não implicou nenhuma discussão sobre as fontes de recursos que o magistrado considerou vetadas pela lei eleitoral. São elas: doações vindas de construtoras com participação indireta em contratos de concessão da prefeitura; recursos vindos do Itaú, banco que tinha a conta da folha de pagamentos do município; e repasses feitos pela Associação Imobiliária Brasileira (AIB), apontada pela Justiça como "fachada" do Secovi, o sindicato das empresas do ramo imobiliário.

Ao contrário do Distrito Federal , o revés do DEM em território paulistano não envolve cenas explícitas de corrupção nem governante atrás das grades. Trata-se, no entanto, de um tema também espinhoso por pelo menos dois motivos. Em primeiro lugar, doações provenientes de sindicatos, como o Secovi, são proibidas pela lei eleitoral. Em segundo, tramita na Câmara Municipal um projeto de revisão do Plano Diretor da cidade que pode permitir que as incorporadoras construam edifícios ainda maiores em um determinado terreno. Hoje o limite máximo é de quatro vezes a metragem do terreno. Na prática, isso significa que em um terreno de mil metros quadrados pode ser erguido um prédio com no máximo quatro mil metros quadrados de área útil. Se as mudanças que as construtoras querem forem aprovadas, esse limite pode até dobrar. No ano passado, as principais construtoras do País tinham terrenos na capital paulista que poderiam ser transformados em negócios de até R$ 35 bilhões. Caso o limite seja dobrado, como deseja o Secovi, esses valores poderiam superar a casa dos R$ 70 bilhões. Por motivos similares aos citados na sentença de Kassab, o juiz Silveira também cassou o mandato de oito vereadores. Somados aos 16 condenados pela Justiça Eleitoral no final do ano passado, a cidade de São Paulo tem agora 24 de seus 55 vereadores aguardando decisão de segunda instância para saber se continuarão no posto. Não por acaso, o governador José Serra (PSDB), padrinho político de Kassab e aliado do DEM, descartou a possibilidade de uso político da cassação do prefeito na campanha eleitoral. "Seria ridículo", disse Serra, ao acompanhar Kassab na visita à escola técnica. "Até porque foram cassados, entre aspas, um montão de petistas também."

No Democratas, a tendência dominante também foi a de minimizar o impacto da decisão judicial. A voz dissonante foi a do senador Ronaldo Caiado (GO): "O objetivo é trazer instabilidade para a instituição (a prefeitura) e denegrir a imagem do partido." O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), lembrou ainda que o mesmo juiz aprovou as contas da então candidata Marta Suplicy (PT), que também recebeu doações de fontes vetadas pela Justiça, embora em proporção inferior a 20% do total arrecadado. Em sentenças anteriores, esse foi o índice estabelecido pelo magistrado para decidir pela absolvição ou pela condenação. Junto com o senador Demóstenes Torres (GO), Agripino e Caiado se destacaram na gestão da crise do Distrito Federal, ao receitar como o melhor para o DEM uma ação rápida e enérgica contra os acusados de corrupção. A preocupação do trio era evitar que o escândalo "contaminasse" o partido nacionalmente. Bateu de frente com a cúpula democrata, liderada pelo deputado Rodrigo Maia (RJ), que assumiu a presidência nacional do DEM no dia da "recriação" do PFL, em março de 2007. A ordem de retirada dos democratas do governo do Distrito Federal só foi dada no dia em que Arruda foi preso. "O fundamental é que durante esse período, que eu chamaria de calvário, o partido cortou na própria carne", diz Agripino. "Saiu sofrido, mas engrandecido." A oito meses das eleições, o DEM conta hoje com 14 senadores, 58 deputados federais, 111 deputados estaduais e 497 prefeitos. Já foi muito maior. Em 2010, corre o risco de encolher ainda mais.IstoÉ

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Desemprego sobe menos e renda aumenta em janeiro

Os resultados de janeiro da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) confirmaram o bom momento do mercado de trabalho brasileiro. Apesar do natural aumento da taxa de desocupação, que passou de 6,8% em dezembro para 7,2% no mês passado, a fotografia de janeiro mostrou a menor elevação do desemprego da série histórica para o período entre dezembro e janeiro, além de ter registrado aumento de 1,1% do rendimento para a população ocupada.

"O mês de janeiro foi cheio de recordes. Se a crise não acabou, estamos passando por ela de forma bastante interessante", frisou Cimar Azeredo, gerente da PME. "Os resultados mostram que o cenário econômico está mais favorável e o mercado de trabalho está com mais vigor", disse.

A taxa de desocupação de janeiro foi a melhor para o mês desde o início da série histórica, atrás apenas dos 6,8% de dezembro de 2008 e dezembro de 2009. O volume de ocupados, de 21,605 milhões, também foi o maior para um mês de janeiro, assim como o volume de desocupados, de 1,687 milhão, foi o menor para um primeiro mês do ano.

Janeiro também apontou a queda da informalidade, já que o volume de empregos com carteira assinada no setor privado subiu em 71 mil, embora a alta de 0,7% seja considerada estatisticamente como estabilidade. Azeredo explicou que o movimento é natural no primeiro mês do ano, já que a dispensa após o aquecimento das vendas em dezembro costuma atingir principalmente os contratados sem carteira. Nesse segmento houve queda de 5,1% no volume de ocupados em relação a dezembro, o equivalente à perda de 142 mil postos de trabalho.

A dispensa natural de empregados em janeiro também beneficiou o rendimento médio da população ocupada, que subiu 1,1% na comparação com dezembro, para R$ 1.373,50. "A tendência é de dispensa dos recentemente contratados, que ganham menos", explicou Azeredo.

Na comparação com janeiro do ano passado, o rendimento caiu 0,4% e o técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) creditou o recuo ao comportamento ruim do mercado de trabalho no ano passado, quando houve uma maior dispensa de pessoal, o que acabou elevando mais o rendimento médio.

A notícia ruim ficou por conta do setor industrial, no qual houve dispensa de 79 mil trabalhadores entre dezembro e janeiro, uma queda de 2,2% - considerada estabilidade pelo IBGE. O movimento foi considerado natural, já que apenas o setor de serviços prestados às empresas apresentou alta, de 2,1% - também estabilidade -, ou 67 mil postos de trabalho a mais. A piora na indústria ficou mais explícita na comparação com janeiro do ano passado. Nessa relação a indústria fechou 59 mil postos de trabalho, uma queda de 1,6%, puxada pelo tombo de 5,6% em São Paulo, que representa 40% do mercado de trabalho do setor no país, com o fechamento de 104 mil postos em relação a janeiro do ano passado.

"A indústria ainda mostra algumas mazelas no mercado de trabalho. Continua menor que no ano passado e, embora seja estatisticamente estável, mostra trajetória de queda", ponderou Cimar Azeredo.

Disputa pela Eletronet já dura 10 anos na Justiça

A Eletrobrás fez ontem um comunicado ao mercado reiterando que a rede de fibras ópticas do sistema de transmissão da Eletrobrás pertence e sempre pertenceu exclusivamente a ela, e que o direito de uso dessa infraestrutura apenas esteve temporariamente cedido à Eletronet por meio de um contrato de direito de acesso firmado por sua subsidiária, Lightpar, atual Eletropar, em agosto de 1999. De acordo com o comunicado da empresa, o contrato preservou integralmente seus direitos sobre a rede de fibras ópticas existente na ocasião e também sobre sua sobre ampliações e extensões implantadas posteriormente.

A manifestação da Eletrobrás é mais uma em meio a uma disputa que já dura dez anos na Justiça do Rio e que contrapõe governo, Eletrobrás e suas controladas Furnas Centrais Elétricas, Eletrosul, Eletronorte e Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), de um lado, e a massa falida da Eletronet de outro, além dos maiores credores da empresa, as companhias Lucent Technologies e Furukawa, que concentram mais de 80% das dívidas da Eletronet, e das empresas de telefonia, que exercem pressão para que a rede permaneça em poder da Eletronet e, assim, possa ser negociada.

Por trás da disputa está o modelo de privatização do sistema. Criada em 1999 pela Eletrobrás, por meio da Lightpar, a Eletronet seria formada com parte do capital nas mãos da estatal e outra parte nas mãos de uma empresa privada, a ser escolhida por meio de um leilão público. Enquanto Chesf, Furnas, Eletronorte e Eletrosul deveriam ceder a infraestrutura de transmissão de energia elétrica e de fibras ópticas instaladas, ao passo que a empresa vencedora do leilão injetaria capital suficiente para a aquisição e instalação de 6.917 quilômetros de cabos e reforço das torres de transmissão já existentes. Do leilão, do qual participaram também as empresas National Grid, o consórcio Eletropar 2000, formado pela Inepar e pelo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, e a CS Participações, saiu vencedora a AES - a única que, na época, apresentou as garantias exigidas.

A Eletronet, assim, ganhou o direito de prestar serviços por meio dos cabos de fibras ópticas das quatro empresas do sistema Eletrobrás que foram instalados junto com o sistema de transmissão de energia e interligam Estados do Sul, Sudeste, Nordeste e parte do Centro-Oeste. O Norte do país, área com carências de serviços de telecomunicações, fica de fora da rede. Cada cabo tem de seis a 36 pares de fibras. Neste tipo de rede nem sempre todas as fibras são utilizadas. Muitas delas ficaram apagadas, isto é, os equipamentos necessários para o uso em telecomunicações não foram instalados. A Eletronet "iluminou" quatro fibras em cerca de 16 mil quilômetros de cabos com equipamentos da Alcatel Lucent. E uma extensão de 3,5 mil quilômetros ela própria instalou com cabos fornecidos pela Mitsui e pela Furukawa.

O problema surgiu quando o empreendimento passou a registrar prejuízos a partir da "bolha da internet". A retração do mercado de telecomunicações a partir de 2001 levou ao endividamento da empresa e, diante do não cumprimento das exigências contratuais pela AES, à quebra do acordo de acionistas e afastamento da empresa privada do controle da Eletronet, da qual detém 51%. Endividada, a Eletronet, com o aval da sua acionista Lightpar, foi à Justiça pedir auto-falência.

De acordo com o pedido feito à Justiça pelo advogado da Eletronet, Jorge Lobo, a companhia, ainda que em processo de falência, deveria ser mantida em funcionamento - por ser economicamente viável, pela possibilidade de desvalorização de seus ativos e pelo risco que a paralisação causaria ao país.

A Justiça concedeu a auto-falência e, desde então, teve início uma disputa pela posse da rede de fibra óptica da empresa. Para avaliar o que é de quem, as empresas do sistema Eletrobrás pediram uma perícia para avaliar, dentro da infraestrutura, o que integra o sistema das empresas e o que é fruto da concessão da Eletronet. O advogado das empresas do sistema Eletrobrás, Márcio André Mendes Costa, do escritório Mendes Costa Advogados, faz um paralelo entre este caso e a concessão de uma rodovia a uma empresa privada para defender a tese de que a propriedade de toda a rede de fibra óptica é da estatal: "Se a concessionária da rodovia vai à falência, a rodovia é entregue ao governo federal, seja a parte original que foi concedida à empresa privada, seja a parte ampliada".

O argumento de que a rede pertence ao governo é também utilizado pelo advogado da Furukawa, uma das credoras da Eletronet, Domingos Refinetti, do escritório Machado, Meyer Advogados. "A Eletronet é uma empresa criada pelo governo federal e de sua propriedade", diz. É do governo federal, portanto, a dívida da empresa. A União, por outro lado, nega que deva à Eletronet pela rede transferida por ela à empresa em 1999.

Independentemente da disputa na Justiça e da decretação de falência em 2003, a Eletronet continua operando e tem como grandes clientes operadores de telefonia. O que as empresas do sistema Eletrobras questionam é que a empresa continuem a buscar novos clientes depois da falência. Em janeiro deste ano, a massa falida informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o resumo do movimento financeiro da empresa: faturou R$ 15,3 milhões, sendo que R$ 14,90 milhões foram recebidos de seus clientes. As despesas somaram R$ 7,4 milhões.

No mercado, a avaliação é a de que a rede da Eletronet pode estar obsoleta e exigiria enormes investimentos para ser reativada. Essa é a opinião de Juarez Quadros, diretor da Orion Consultores Associados. Segundo ele, a infraestrutura da Eletronet passa por 18 das 27 unidades da federação e tem poucos clientes, provavelmente provedores de internet e as próprias empresas elétricas. Quadros calcula que a Eletronet tenha 16 mil quilômetros de rede e 30 mil quilômetros de cabos com fibras. Só em termos de comparação, as empresas privadas como Oi, Embratel e Telefônica, contam com backbones que somam 200 mil quilômetros entre cabos e fibras. Ele também aponta outra dificuldade para o uso da infraestrutura do setor elétrico: por problemas de interferência e segurança, as redes passam ao largo das cidades mais importantes.

A rede da Eletronet é composta por duas camadas: uma eletrônica e outra óptica, que são sistemas independentes. A parte eletrônica da época foi totalmente superada por novos sistemas. Os cabos ópticos também sofreram evolução e hoje são concebidos para ofertas de altas velocidades. "Toda essa estrutura deve estar muito defasada em função do tempo e teria que receber enormes investimentos em modernização para tornar a rede operacional. Pode ser que possa aproveitar apenas a fibra, o que é muito pouco dentro de todo o ativo", afirma Quadros.

Ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Plano Nacional de Banda Larga ainda está em discussão no governo e, portanto, não há definição sobre a possibilidade de o Tesouro assumir parte da dívida de R$ 800 milhões da Telebrás, medida necessária para que a empresa possa ser reativada. Na terça-feira, a ação preferencial (PN, sem direito a voto) foi a quarta mais negociada no pregão da Bovespa, com giro superior a R$ 200 milhões, atrás apenas da Vale, Petrobras e OGX. A ação PN fechou em queda de 0,38%, enquanto a ordinária (ON, com voto), recuou 1,57%. Apesar da queda, os investidores seguem interessados no desfecho do Plano Nacional de Banda Larga. Para os analistas, o episódio é mais um estímulo ao investidor que quer ganhos rápidos em vez de aplicações de longo prazo com base em fundamentos. Valor Econômico

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ciro acena à candidatura ao governo de SP


O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) não definiu claramente ontem, como queria o PT, sua opção de candidatura nas eleições de 2010. Deixou em aberto, durante reunião com os partidos aliados marcada para pressionar um desfecho, sua decisão entre se candidatar ao governo do Estado de São Paulo ou à Presidência.

Embora tenha dito, na Câmara, que a possibilidade de entrar na sucessão paulista era "remota", "improvável" e "quase impossível", ontem, em reunião com dirigentes paulistas do PT, PSB, PCdoB e PDT, afirmou que ainda é cedo para a definição. Segundo relato de participantes da reunião, ele teria dito que aceitaria o desafio de candidatar-se em São Paulo se isso fizesse parte de um "projeto nacional", apesar de preferir a Presidência.

A decisão ficou marcada para 5 de abril, dois dias após o prazo final para desincompatibilização dos ocupantes de cargos executivos que tenham interesse em disputar as eleições.

A data foi escolhida porque Ciro avalia que são grandes as chances de o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não ser candidato à Presidência, o que aumentaria suas chances na disputa pelo Planalto e dificultaria a eleição em São Paulo. Ciro diz não acreditar que a candidata do PT, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), tenha chances de vencer. Avalia ser ele o mais competitivo para uma candidatura governista e que as pesquisas em março mostrarão isso.

Aliados, entretanto, avaliam que não interessa ao PSB definir agora a candidatura Ciro. A indefinição ajudaria na negociação do partido mais à frente, inclusive sobre a possibilidade de ficar com a vice na chapa governista.

Até 5 de abril duas reuniões estão agendadas para tentar convencê-lo do contrário. Uma com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outra com o mesmo grupo que se reuniu ontem, em 15 de março. Os petistas tentarão tirar uma decisão, tendo em vista que um dos postulantes do PT na disputa estadual, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, seria prejudicado se a indefinição passasse de março.

Petistas avaliaram, porém, que houve avanços no encontro. "Ele deixou as portas abertas", afirmou o presidente do PT-SP, Edinho Silva, para quem Ciro ficou "sensibilizado" com as condições de campanha oferecida: coligação com nove partidos, podendo chegar a onze; maior tempo de televisão; apoio de cerca de duzentos prefeitos dos 645 do Estado, das centrais sindicais e dos movimentos sociais; diagnóstico do Estado pronto e programa de governo viabilizado. "Não queremos forçá-lo a nada mas, que ele tenha segurança de que terá todo o apoio necessário para a campanha", disse Edinho.

Ciro disse querer que sua candidatura em São Paulo seja parte de um "projeto nacional", o que, para integrantes da reunião, significa não ser abandonado em uma campanha considerada difícil. Desde 1995 no comando do Estado, os tucanos têm apoio de mais de 400 prefeitos e o ex-governador Geraldo Alckmin, possível candidato do PSDB, lidera pesquisas.

O discurso das "portas abertas" foi confirmado pelo presidente do PSB-SP, deputado Márcio França, que trabalha para que Ciro aceite disputar São Paulo. "Nada está definido", afirmou. Dentro do PSB, há grande interesse de que Ciro não dispute o Planalto. Isso interessa à cúpula do partido presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato à reeleição que não quer se ver em oposição interna e nacional a um correligionário.

Ex-PFL, cada vez menos importante

O DEM conseguiu adiar o seu encontro com o passado até 2002, quando rompeu com o PSDB e deixou de ser seu aliado preferencial. De lá para cá, a lufada de ar obtida com a reconciliação com o PSDB, já no governo Lula, não foi suficiente para deter a queda livre da importância do partido na democracia representativa brasileira. Partido com organização muito semelhante à do PMDB - é muito regionalizado, suas lideranças locais são altamente dependentes de verbas de governos para manter a máquina partidária funcionando e não tem lideranças nacionais capazes de viabilizar um projeto próprio de poder -, ganha daquele partido, no entanto, em coesão interna e clareza ideológica. Jamais conseguiu romper, todavia, a contradição entre a convivência entre uma estrutura partidária arcaica na base, que o sustentou enquanto esteve no governo nos Estados mais pobres e atrasados da Federação e foi aliado ao governo federal, e uma unidade ideológica na cúpula.

A radicalização da política em torno do PT e do PSDB tornou a situação do ex-PFL muito delicada. Nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em que houve uma harmoniosa aliança dos tucanos com o liberalismo, o DEM se viu perdendo cada vez mais espaço como representação ideológica dos setores conservadores. O PSDB, mais organizado nas regiões mais ricas do país, teve chance maior de crescer junto a esse eleitor. A retórica, hegemônica no período, de que a modernização do país obrigatoriamente passava pela desregulamentação da economia, colou muito mais no PSDB do que no então PFL. A imagem do partido, afinal, estava muito distante de tudo o que se imaginasse como moderno: era um racha do PDS, partido que apoiou a ditadura militar, e suas lideranças regionais não apenas eram oligarquias estaduais, mas se projetaram nacionalmente como quadros políticos do regime militar.

Ao longo da sua existência, o partido teve formuladores (coisa que o PMDB jamais conseguiu depois da redemocratização) que detectaram essas dificuldades estruturantes de organizar o partido como alternativa de poder. O PFL sempre sobreviveu como apêndice de um projeto político que não era seu. Durante os governos FHC, lideranças mais arejadas tentaram remover esses obstáculos. O político que mais conseguiu andar nessa direção foi o deputado Luiz Eduardo Magalhães, morto precocemente. As tentativas recentes, de guindar a posições de comando políticos jovens, não conseguiram sequer arranhar a imagem consolidada do partido, de arcaismo político. A aliança do DEM com o PSDB em São Paulo, que fez Gilberto Kassab chegar à prefeitura da capital, era a esperança de tirar esse estigma da legenda conservadora e tentar crescer no Sudeste o que decresceu no Norte e no Nordeste, em função da alta popularidade do presidente Lula nas duas regiões. O último ano de governo do prefeito da maior capital do país, no entanto, não foi dos melhores do ponto de vista administrativo. A imagem de "gestão moderna" pode estar se desfazendo na água da chuva, assim como está longe de ser anódina para a sua popularidade e para a do seu partido a sua cassação pela Justiça Eleitoral, mesmo que ela tenha sido suspensa até o julgamento da sentença pela segunda instância.

O escândalo do Distrito Federal, que levou para a cadeia José Roberto Arruda, o único governador eleito pelo partido em 2006, e os problemas enfrentados na capital paulista com a justiça desmontam o recurso político que ainda deu algum gás ao ex-PFL enquanto este se manteve na oposição. A estratégia foi a de tentar compensar as perdas que obteve enquanto purgava na oposição (a estrutura de voto do DEM é dependente do poder público e sobrevive a duras penas em uma conjuntura em que o partido não está no governo federal) com um discurso agressivo e moral, na tentativa de galvanizar um setor ideológico da opinião pública com dinheiro para financiar o partido verticalmente e votos para manter sua importância no quadro partidário. É mais ou menos essa a lógica da formação da UDN, segundo a interpretação da cientista política Maria Victoria Benevides em "A UDN e o Udenismo": sem grande estrutura nacional e sem romper com os métodos tradicionais de fazer política, o antigo partido se articulava como movimento, e foi assim que conseguiu uma unidade interna e uma representação social, a despeito de ser um ajuntamento de lideranças da política tradicional. Foi como movimento, e não como partido político, que conseguiu protagonismo no fim do Estado Novo, em 1945, na queda do governo constitucional de Vargas, em 1954, e na deposição de João Goulart, em 1964.

Sem lideranças nacionais como as da UDN - que teve em seus quadros o "herói" brigadeiro Eduardo Gomes e o jornalista Carlos Lacerda, possibilidades de concretização de projetos de poder autônomos - e numa realidade em que o poder ao qual se opõe não está em declínio, como acontecia com o regime de 1945, o discurso moral do DEM não seguiu seu curso como o modelo do passado. De qualquer forma, antes que conseguisse colocar na opinião pública a imagem de redentor moral da Nação, o DEM foi alvejado pelo escândalo do Distrito Federal. A exposição de irregularidades de captação de recursos de campanha pelo prefeito Gilberto Kassab pela Justiça Eleitoral não é o melhor dos mundos, menos pelo escândalo e mais pelo que ele pode esvaziar do discurso udenista do partido - e isso mesmo que, no mesmo balaio, tenham sido cassados vereadores de partidos da base governista federal.

A capacidade ofensiva do DEM se manteve no Senado, onde tem uma bancada de 14 senadores. Mas até essa banda de música corre risco. Nessas eleições, vence o mandato de nove deles - isto é, da bancada de 14 senadores, apenas cinco terão mais quatro anos de mandato. Na Câmara, tem apenas 58 deputados dos 65 que elegeu em 2006 (em 1998 chegou a eleger 105). O partido perdeu terreno nas disputas por governos estaduais na eleição passada e zerou sua participação com a saída de Arruda do governo do DF. Agora, corre o risco de ver minguar ainda mais as suas trincheiras no Legislativo. Maria Inês Nassif

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Oposição já fala em CPI da Telebras

A oposição ao governo federal pretende instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para o caso, denunciado ontem pela "Folha de S.Paulo", da relação entre a reativação da Telebrás com o o possível favorecimento no negócio de um cliente do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, membro do diretório nacional do PT. Dirceu teria recebido pelo menos R$ 620 mil de um cliente seu grande interessado na reativação da estatal. O governo federal negou que a reativação da Telebras tenha sido feita para favorecer Dirceu.

"A velocidade que foi dada ao processo de reativação já era de se estranhar. Nesse momento, você encontra a verdadeira razão. São os interesses de José Dirceu que, desde que foi cassado e denunciado por formação de quadrilha no Supremo Tribunal Federal, só faz lobby em negócios escusos, como esse", afirmou o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC). Ele afirmou que irá procurar os outros partidos da oposição para que a CPI seja instalada. "É preciso abrir uma investigação. A reativação da Telebrás é um jogo de negócios", disse.

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, defendeu a participação do Ministério Público nas investigações, de forma a impedir o que chamou de "a mais nova negociata petista". "O Ministério Público precisa investigar isso, até porque onde Dirceu aparece é preciso que se tenha maior preocupação".

O partido iria protocolar ainda ontem um requerimento pedindo a convocação do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), para uma audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, além de um pedido de informações à ministra da Casa Civil e candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff; outro pedido de informações ao Ministério das Comunicações e mais um a CVM.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse que o caso parecer ser "a ponta de um iceberg". "Atrás de um discurso nacionalista pode estar ocorrendo um grande escândalo de corrupção".

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que "o governo não tem nada contra o fato de alguém prestar consultorias a empresas privadas e também não tem nenhuma relação com isso". Na tribuna da Casa, defendeu Dirceu e seu partido das acusações do DEM, que tentava a todo instante vincular o ex-ministro à campanha de Dilma, classificada por Bornhausen de "fantoche" e "fruto do mensalão do PT". O petista mencionou os escãndalos envolvendo o DEM no Distrito Federal.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Candidatura ao governo racha tucanos no PR

O diretório do PSDB no Paraná indicou ontem o prefeito de Curitiba, Beto Richa, como pré-candidato do partido ao governo estadual. A indicação de Richa recebeu 41 votos entre os 42 integrantes do diretório.

O senador Álvaro Dias, que disputa a indicação com Richa, não compareceu. Ele disse que a indicação de Richa é ilegal, já que pela Justiça Eleitoral apenas a convenção partidária, prevista para junho, é válida.

"Foi uma desonestidade política. O diretório no Paraná não passa de um comitê eleitoral de Richa", afirmou o senador.

"Não existe qualquer ilegalidade", respondeu Richa. "Existe consenso de que o partido precisava definir um candidato para buscarmos alianças. Era um anseio de militantes."

Para Álvaro Dias, a indicação de Richa beneficia as candidaturas presidenciais de Dilma Rousseff (PT) e Ciro Gomes (PSB). ""O comitê eleitoral de Richa, esse diretório que aí está, pensou na situação estadual, não no projeto nacional do partido. A candidatura [do tucano José] Serra vai perder mais de 1 milhão de votos no Estado com essa atitude", disse.

Richa afirmou que fará Serra ser ""muito bem votado no Paraná". Para ser candidato, o prefeito terá que deixar a administração de Curitiba até 3 de abril. Em seu lugar assumirá Luciano Ducci (PSB).

No governo municipal, Ducci pode abrir palanque para Ciro Gomes. O pessebista, entretanto, só declarou apoio a Richa. Sobre quem apoiar na eleição presidencial, disse esperar "o encaminhamento adequado do partido". "Não posso fazer exercício de futurologia."

Osmar Dias

A decisão do PSDB em indicar Richa foi recebida com euforia no diretório do PDT-PR. Com a indicação de Richa, o senador Osmar Dias -pré-candidato do PDT ao governo- passa agora a contar com o apoio explícito do irmão Álvaro Dias.
A indicação de Richa abre ainda a possibilidade de Osmar Dias fechar aliança com o PT.
Osmar acusa Richa de trair um acordo feito na época da reeleição para a Prefeitura de Curitiba. Segundo ele, Richa seria apoiado, como foi, por Osmar e retribuiria o apoio para a disputa do governo. O tucano nega ter feito o acordo.

O governador Roberto Requião (PMDB), pré-candidato ao Senado, também gostou da escolha do PSDB. Cortejado por Richa e com a candidatura peemedebista (o vice-governador Orlando Pessuti) patinando, Requião negocia apoio informal aos tucanos.

Em troca, o PSDB não lançaria Gustavo Fruet ao Senado, acordo que pode ser fechado amanhã, entre o senador Sérgio Guerra e Requião.

Iraque passa a importar mais do Brasil

As exportações diretas e indiretas para o Iraque atingiram US$ 717,8 milhões em 2009. A cifra ainda é pequena em relação aos embarques totais do país, mas o valor é quase o dobro dos US$ 377,02 milhões vendidos ao Iraque no ano anterior, direta e indiretamente, segundo cálculos da Câmara de Comércio Brasil-Iraque. Mesmo no ano passado, quando aconteceu queda generalizada nas exportações, o Brasil manteve a tendência de alta nas vendas ao Iraque desde o início da reconstrução do país árabe.

A reconstrução do país, ainda em guerra, abriu oportunidades para novos produtos aumentarem o peso na pauta de exportação. Os embarques ao Iraque de veículos para preparação de terreno e uso agrícola, como tratores e niveladores, subiram de US$ 2,9 milhões para US$ 23,65 milhões. Nesse critério, a participação dos veículos no total exportado ao país cresceu de 1,54% para 9,45%. Os números levam em conta apenas vendas diretas aos iraquianos. Cerca de 50% das exportações ao Iraque são triangulares e chegam lá por outros países, mecanismo muito usado em função da falta de infraestrutura logística do país.

Com a elevação de participação desses veículos pesados, os fabricantes do setor aumentaram os valores exportados diretamente ao Iraque. A Caterpillar não chegava a vender US$ 1 milhão ao país árabe em 2008. No ano passado, os embarques da empresa rumo ao Iraque subiram para a faixa entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões. A Agco também entrou nessa faixa de valor no ano passado. Em 2008, só duas empresas exportaram acima de US$ 10 milhões ao Iraque. No ano passado, foram oito companhias.

Duílio De La Corte, diretor de vendas e exportação da Agco América do Sul, conta que foi em 2009 que o Iraque surgiu no mapa de exportações de tratores produzidos pela empresa no Brasil. As exportações ao país árabe representaram 4% do total embarcado pelas fábricas da companhia no Brasil. As vendas aos iraquianos corresponderam a 49% do total de produtos fornecidos pela empresa ao Oriente Médio.

O desempenho foi interessante num ano em que os embarques caíram para 27% da produção da empresa no Brasil. Em 2008, a participação das vendas ao exterior havia sido de 37%. O dado chama ainda mais atenção porque em 2008 praticamente não existiram exportações da empresa ao Iraque. Segundo o diretor, o principal item comprado pelos iraquianos em 2009 foram tratores para aplicação agrícola, da marca Massey Ferguson.

O número total de empresas que exportam aos iraquianos também aumentou. No ano passado, foram 117 empresas, enquanto em 2008 eram 87.

A ampliação na quantidade de empresas com vendas destinadas ao Iraque foi propiciada, em parte, por produtos que começaram a entrar de forma modesta na pauta a partir do ano passado.

Entre eles, portas de madeira e caixilhos. A Rohden, fabricante catarinense desses produtos, conta que no ano passado suas vendas ao exterior caíram 40% em relação a 2008. A empresa tentou diversificar mercados, mas a venda concreta para novos destinos ficou por conta do Iraque. A empresa exportou ao país árabe pela primeira vez no ano passado. "As vendas foram pequenas, de US$ 160 mil. Mas foi interessante para a empresa, porque percebemos que há um grande potencial de mercado", diz Rafael Rohden, gerente de exportação da indústria catarinense. As portas e caixilhos destinaram-se a um hotel, conta.

A expectativa da empresa é continuar fornecendo ao novo destino. Rohden espera que até maio a empresa assine outro contrato de exportação aos iraquianos. Desta vez, para fornecer US$ 500 mil em mercadorias para novos empreendimentos.

A evolução das exportações ao Iraque não ajudou apenas produtos novos na pauta. Itens tradicionais, como a carne de frango e seus derivados, que representam cerca de 80% das vendas àquele país, também tiveram crescimento de exportação.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações diretas de frango e seus derivados ao Iraque aumentaram em valor em 40,4% em 2009, na comparação com o ano anterior. Levando em conta as exportações triangulares, as exportações de frango, segundo dados da Câmara Brasil-Iraque, cresceram 147% no ano.

Em 2008, apenas Perdigão e Doux Frangosul venderam entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões em frango e derivados para os iraquianos. No ano passado, outras quatro empresas do setor entraram nessa faixa.

Uma delas foi a paranaense Diplomata Industrial e Comercial. A empresa informa que em 2009 as vendas ao Iraque superaram as expectativas. Enquanto o Brasil registrou um aumento de 153% no volume exportado para o Iraque, a Diplomata obteve um aumento de mais de 500%. As vendas ao exterior da empresa saltaram de 1,7 mil toneladas, em 2008, para 11,6 mil toneladas no ano passado.

A empresa destaca a melhora do mix embarcado: em 2008, a pauta de produtos exportados ao Iraque havia se concentrado em 82% no frango inteiro. Em 2009, essa concentração ficou em 65%, enquanto o Brasil manteve uma concentração média de 75% neste item. A empresa acredita que em 2010 não haverá elevação tão expressiva quanto a de 2009, porque, com a recuperação dos mercados internacionais, a tendência será uma maior diversificação dos países compradores. A Diplomata acredita, porém, que o Iraque deve manter-se como o quarto principal cliente da empresa no Oriente Médio.

As exportações de frango para o Iraque também tiveram alta expressiva em janeiro. Num mês em que as exportações totais do produto recuaram 15% (para 233,3 mil toneladas), as vendas ao país subiram em volume 34,5% sobre janeiro de 2009, para 9,9 mil toneladas. Em receita, a alta foi ainda mais significativa, de 98,36%, saindo de US$ 7,9 milhões para US$ 15,8 milhões, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef).

O frango importado para o Iraque é abatido no método Halal, que segue os preceitos muçulmanos. Esta semana, os exportadores brasileiros participam da feira GulFood, em Dubai, onde esperam ampliar o volume de negócios com países muçulmanos, segundo o presidente da Abef, Francisco Turra. Ele afirma que o fato de o Brasil ter tradição nesse tipo de abate garante as vendas para esses mercados.

Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque, Jalal Chaya, as exportações brasileiras não devem estacionar nos valores de 2009. "As vendas do país ao Iraque podem dobrar novamente em 2010", estima.

Para Chaya, o país ainda pode expandir as vendas de outros produtos alimentícios, além de equipamentos agrícolas, instrumentos hospitalares, caminhões, tratores e veículos leves. Ele destaca o papel do governo iraquiano como comprador de equipamentos de transporte. Segundo ele, a licitação de novos campos de petróleo, que prometem triplicar em três anos a produção diária do óleo no Iraque, deve ajudar também a elevar a demanda por produtos no mercado internacional, dando oportunidade às exportações brasileiras.Valor Econômico

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Serra vai ou fica?

No consórcio PSDB-DEM, mesmo os descontentes já aceitam o fato de que, exceto se José Serra desistir da Presidência, o candidato ao governo será Geraldo Alckmin. O próprio Aloysio Nunes (Casa Civil), nome dileto de Serra, já se conformou. A exceção é o vice Alberto Goldman, que não pode ouvir falar em Alckmin. Não que isso vá mudar as coisas.

Serra busca Aécio e aposta em propaganda

O governador de São Paulo, José Serra, espera apenas o desembarque do colega mineiro Aécio Neves, que retorna hoje ao Brasil depois de passar 20 dias cuidando da saúde no do exterior, para marcar a visita que pretende lhe fazer ainda esta semana. Além de selar as costuras políticas no segundo maior colégio eleitoral do País, o encontro dos dois é tático. Serra quer mostrar que fará gestos cada vez mais firmes para não deixar dúvida de que é o candidato do PSDB à Presidência, mesmo sem assumir a candidatura.

Serristas do grupo mais próximo ao governador sustentam a tese de que apressar o lançamento de Serra é inútil, por causa da exposição da principal adversária, a petista Dilma Rousseff. Para os tucanos, o jogo só começa a se equilibrar quando o enfrentamento for entre dois candidatos.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

PT abre congresso para aclamar Dilma, que exaltará ''herança bendita'' de Lula

Com o slogan "O Brasil é nossa bandeira", o PT inicia hoje o seu 4º Congresso Nacional, em Brasília, para sacramentar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aprovar as diretrizes que vão nortear o programa de governo e definir a política de alianças da campanha. No discurso preparado sob medida para aceitar a "herança bendita", Dilma vai enaltecer as obras do governo Lula e a necessidade de preservar o modelo econômico, como faz a nova versão de sua plataforma, retocada a pedido do Planalto.

A aclamação de Dilma como candidata ocorrerá no sábado, dia marcado para o seu pronunciamento no megaencontro petista. Em tom emocional, a chefe da Casa Civil dirigirá afagos ao PT e pedirá o apoio do partido para enfrentar o desafio histórico, considerado maior do que ela pode enfrentar sozinha, de substituir Lula na chapa. Nos 30 anos do PT, esta será a primeira eleição presidencial disputada pela sigla sem o nome dele na cédula de votação.

Tudo foi planejado para a ministra encarnar o pós-Lula e se declarar portadora da energia do presidente, dando continuidade à sua missão. Ela citará eixos do plano de governo, intitulado A Grande Transformação, como educação, saúde, segurança, grandes cidades e juventude. O documento incorporou trechos inteiros de referências à importância da estabilidade econômica na era Lula e numa eventual gestão Dilma.

Os ajustes no tom do programa - coordenado pelo assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia - ocorreram depois que o texto passou pelo crivo do Planalto, como revelou o Estado na semana passada.

"Eu tive a oportunidade de conversar com o presidente e ele disse que não tinha cabimento o PT fazer um programa de governo diferente do que nós estamos fazendo. O nosso programa tem de partir do que nós fizemos desde 2003 e dizer que dá para avançar mais na distribuição de renda e na industrialização, por exemplo", afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. "Além disso, a economia é muito sensível. Como poderíamos nos apresentar para nos suceder negando o que nós fizemos? Seria um tiro no pé."

Lula pediu mudanças no texto por avaliar que o esboço não contemplava os "avanços" dos quase oito anos de seu governo em economia, saúde e educação e, além disso, dava margem para interpretações "errôneas" sobre possível caráter estatizante das propostas.

A última versão, que será votada amanhã pelo congresso do PT, prega o fortalecimento das estatais e das políticas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNB e BASA para o setor produtivo.

Nesse tópico, porém, foi acrescentado um trecho esclarecendo que "os bancos devem orientar-se para a produção e o consumo, a custo cada vez menores, de modo a promover o emprego e a renda em um quadro de estabilidade monetária".

CRISE MUNDIAL

Há agora no programa várias referências às medidas tomadas pelo governo para driblar a crise mundial. O novo desenvolvimentismo que embala o plano de Dilma, mesclando incentivos ao investimento público e privado com distribuição de renda, é batizado de Projeto de Desenvolvimento Nacional Democrático Popular, Sustentável e de Longo Prazo para o País.

Foram retiradas as estocadas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer. Embora o nome dos dois não fosse citado explicitamente, a alusão era clara na abordagem sobre a "percepção equivocada de que o mundo vivia um novo renascimento". Na versão anterior constava o adendo "como explicou um ex-presidente" e "como afirmou um chanceler do governo passado".

A tesourada também atingiu a avaliação contida no primeiro texto quando era citado o Bolsa-Família. Dizia o documento que programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família, perderiam "a importância que têm" num eventual governo Dilma à medida em que o crescimento acelerado provocasse "mais empregos, renda e bem-estar social". Agora, a plataforma garante que haverá "aprimoramento permanente dos programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família".

O novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, lembrou que o programa final somente será fechado após receber contribuições dos partidos aliados. No diagnóstico de Dutra, que tomará posse amanhã, as diretrizes em discussão não representam uma guinada à esquerda, embora a avaliação seja feita por nove entre dez petistas. "Não se trata de esquerda nem de direita. Trata-se de uma proposta da realidade, pois a crise econômica jogou por terra a falácia de que o mercado resolve tudo."


DIRETRIZES

O PT realiza de hoje até sábado o 4.º Congresso Nacional do partido, em Brasília


O que é
Instância máxima do PT, o Congresso
Nacional tem poder para alterar o estatuto da legenda e é responsável por dar a linha de atuação
da nova direção partidária no
período de 2010-2012

Onde
Serão três dias de
evento, entre hoje e
sábado, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O público total deve
chegar a 3 mil pessoas

Como funciona
Os 1.350 delegados escolhidos por filiados do PT em todo o País votam
contra ou a favor de resoluções
e teses pré-debatidas pelas
instâncias partidárias, sobre
temas que variam do funcionamento do PT à tática traçada para a eleição

O que está em
discussão
Este ano, delegados petistas deverão ratificar documentos sobre diretrizes do programa de governo de Dilma Rousseff, tática eleitoral e política de alianças. Também devem delegar à direção partidária a tarefa de modernizar o estatuto

Estratégia
O Congresso vai aclamar Dilma como pré-candidata do partido ao Palácio do Planalto. A oficialização da candidatura, porém, só ocorrerá na convenção do partido, em junho

Quanto custou
No total, o evento representa uma despesa de R$ 6,5 milhões para os cofres petistas, sendo R$ 2 milhões somente em passagens aéreas

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Em São Paulo, 20 homens com uniformes roubam fábrica de automóveis

Cerca de 20 homens invadiram e roubaram uma fábrica de automóveis na terça-feira, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os assaltantes levaram três carros, um caminhão e R$ 100 mil em dinheiro.

De acordo com funcionários, os homens renderam porteiros e seguranças de três portarias diferentes e simultaneamente. Eles usavam uniformes da fábrica e estavam armados com revólveres.

A SSP informou que eles roubaram ainda os pertences dos funcionários, que foram amarrados pelos pés e pelas mãos com fitas. Enquanto parte do grupo realizava o roubo, outro ocupou o posto dos trabalhadores para não chamar a atenção sobre a ação.

Os três veículos levados pelos criminosos foram encontrados pela Polícia Militar (PM) perto do local do roubo. Segundo a PM, os caixas eletrônicos de dentro da empresa não foram arrombados e nem mexidos.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Mensagem chata

É difícil viver sem celular, não há dúvida.

Mas também é duro ter que aguentar um monte de gente que não tem educação na hora de usar o aparelho.

Chega a ser irritante o modo como muitas pessoas falam ao telefone. Tem gente que não conversa, mas grita. E fazem isso em qualquer lugar, seja num restaurante ou num velório. É como se o aparelhinho lhes desse o direito de ignorar qualquer regra de respeito pelas outras pessoas.

Mas o inferno não está só no celular alheio. As operadoras também parecem, muitas vezes, desconhecer a ideia de privacidade e as regras de boa educação.

Há algum tempo criaram uma nova forma de fazer propaganda dos seus próprios serviços. De repente, o proprietário ouve o aviso de ter recebido uma mensagem de texto. Pode ser algum amigo, imagina, quem sabe a mulher ou até mesmo o chefe, com alguma cobrança.

Mas não. É apenas mais uma propaganda de sua operadora. Para a qual, aliás, ele já paga uma conta bem salgada.

Pois agora a Agência Nacional de Telecomunicações, respondendo a uma iniciativa do Ministério Público, determinou que os usuários tenham a opção de vetar esse tipo de mensagem. A regra passa a valer a partir de maio.

Será um alívio, sem dúvida. Mas trata-se apenas de um primeiro passo. É preciso tornar a convivência entre as pessoas mais civilizada. O celular, até agora, tem atrapalhado esse objetivo, mas não existe razão para que seja assim. Basta que as pessoas tenham um pouco mais de respeito pelos que estão ao seu redor, na hora de usar o aparelho.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Vannuchi: 21 anos de democracia é pouco contra 500 de escravidão

O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, voltou a falar sobre o Programa Nacional dos Direitos Humanos. Segundo o ministro, apesar do fim da ditadura no país, ainda há uma “dificuldade no aprendizado da democracia” no Brasil. “O Brasil tem 21 anos de democracia contra quase 500 anos de escravidão, de genocídio indígena, de ditaduras, de repressão. Em 500 anos de violência e de desrespeito, 21 anos de democracia ainda não são suficientes para se criar uma cultura nova”, afirmou

José Serra...Vaias e bate-boca no interior paulista

Ao participar de uma cerimônia pública para a entrega de ônibus escolares na cidade de Guararapes, a 460 quilômetros de São Paulo, o governador José Serra (PSDB) foi vaiado por um grupo de 150 professores que participavam de uma manifestação contra a política educacional do tucano. No início, Serra não deu bola para o apitaço que os manifestantes faziam. No entanto, ao iniciar o discurso, os professores aumentavam o barulho, deixando o governador irritado. Serra interrompeu o discurso várias vezes e, sempre que reiniciava, os professores recomeçavam o barulho para que ele não conseguisse falar. Ao ser vaiado pela quinta vez, o tucano perdeu a linha e chamou os manifestantes de “energúmenos”.

A prefeitura da cidade havia montado um palanque no centro da cidade. A ideia era que o governador entregasse 57 ônibus para as administrações públicas da redondeza fizessem o transporte escolar em zonas rurais. No meio do evento, os professores engrossaram o protesto. A maioria dos manifestantes é filiada ao Sindicato dos Professores (Apeoesp). Eles usavam nariz de palhaço e usavam um megafone para fazer críticas a Serra. As vaias ficaram mais sonoras no momento em que o governador pedia ajuda dos prefeitos para a instalação de uma rede de hospitais para atendimento de portadores de deficiências físicas.

Ao fazer o apelo com mais ênfase, Serra foi cortado por gritos de um manifestante que caminhava em direção ao palanque. “Esse energúmeno que está gritando é contra o atendimento dos cegos, é contra os deficientes físicos, é contra os ônibus escolares, e é contra a maioria que está aqui”, rebateu o governador.

Após a ofensa, o tucano foi aplaudido por sua claque. Depois das palmas, Serra continuou discursando. “Este energúmeno é um sujeito que certamente nunca teve um parente com deficiência física para ficar tripudiando essas pessoas desta maneira”, ressaltou, ríspido. O manifestante, um homem de cabelos brancos, ainda tentou responder ao governador, mas foi retirado da plateia por policiais que faziam segurança do local.

A assessoria da prefeitura de Araçatuba disse que o bate-boca ocorreu porque o manifestante provocou. Justificou ainda a rispidez de Serra com as constantes vaias proferidas pelos manifestantes. O governador ficou irritado, na verdade, logo que chegou ao evento. Um coro gritava “Serra nunca mais” e o chamava de “mentiroso”. Irritado, Serra respondeu que se tratava de “meia dúzia de gatos pingados da Apeoesp, que na campanha passada queimaram os livros que foram distribuídos para alunos e professores em praça pública. “Eles estão em campanha eleitoral, uma campanha que eu não comecei”, disse o tucano.CB

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Al Jazeera faz documentário sobre o pré-sal brasileiro

Mundialmente notória por divulgar vídeos com mensagem do chefe da Al-Qaeda Osama Bin Landen, a rede de televisão Al Jazeera enviou, há quatro anos, um correspondente ao Brasil. O jornalista Deddah Abdallah já domina perfeitamente o português, assim como o cinegrafista Yacoub Mahmud. Eles estão trabalhando num documentário que tentará mostrar como a descoberta do pré-sal, que impressionou o mundo, pode mudar a realidade do País.Abdallah lembra que muitos países vivem a chamada "maldição do petróleo". Apesar de grandes produtores, não conseguiram converter esta riqueza em melhoria de vida para a sua população extremamente pobre. É o caso, por exemplo, da Nigéria, um dos gigantes na produção de petróleo.

Os dois estiveram na plataforma de Tupi para registrar os primeiros trabalhos na produção brasileira de pré-sal. Mas, antes estiveram em favelas de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro e em bolsões de pobreza do Nordeste. "A idéia é mostrar se a descoberta de petróleo aqui terá um efeito diferente do que ocorreu na Venezuela, por exemplo. No Oriente Médio, há exemplos bons e ruins em diversos países. Mas, não creio que haja um caso exemplar no aproveitamento dessa riqueza",disse Abdallah.

Um dos exemplos de pobreza foi achado na rota do minério de ferro, no Pará. "É uma região muito rica, com bolsões extremamente pobres", disse. "De qualquer forma, a impressão é de que o Brasil está caminhando para um aproveitamento melhor do petróleo" I.T.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A volta de Fernando Henrique faz José Serra se revirar na cripita dos vampiros

As declarações foram feitas um dia depois de FHC publicar um artigo  desafiou os petistas a fazerem comparações  sbre governos  de Lula está deixando José Serra sem cabelo em pé.

As comparações propostas no artigo dividiram opiniões no PSDB. O texto contraria a estratégia do governador de São Paulo e pré-candidato tucano, José Serra, de evitar comparações de governos. Em conversa com o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), Serra limitou-se a chamar o texto de "inteligente". Em público, evitou fomentar a polêmica.

Segundo interlocutores do governador, é um erro estratégico dar uma largada na campanha desmentindo críticas do PT. Ainda assim, a avaliação é de que, se restrita aos jornais, a discussão não provocará dano à candidatura tucana, desde que encerrada agora.

Petistas aproveitaram o artigo para reforçar, em entrevistas e em redes sociais, a estratégia de comparar governos.

Em público, no entanto, lideranças tucanas evitaram criticar FHC. "O momento de discutir esses dados é agora. Não na campanha. Ninguém vai ficar olhando para trás na campanha", disse Sérgio Guerra.

Na mesma linha, o deputado José Aníbal acha que é necessário rebater dados apresentados pelo governo sobre a gestão tucana. "A eleição não vai ser plebiscitária como eles querem, mas nós não vamos ceder mais a esse ativismo propagandístico e acusatório do PT", disse o deputado José Aníbal (SP).

O artigo foi publicado num momento em que o comando tucano trabalha para convencer o governador de Minas, Aécio Neves, a ocupar a vice de Serra. Há quem argumente que o momento é de focar esforços na construção dessa chapa.

Se dependesse de Serra, FHC ficaria afastado da linha de frente da campanha, mas o ex-presidente avalia que, se o partido não defende seu governo, cabe a ele fazer esse debate.

Nas duas últimas eleições presidenciais, os candidatos do PSDB, Serra (2002) e Geraldo Alckmin (2006), não fizeram a defesa dos dois mandatos do partido, o que é considerado um erro por alguns tucanos.

O ex-presidente participou ontem da inauguração da Biblioteca de São Paulo, obra do governo estadual. Ele deixou o local antes da chegada de Serra.

Indiferente à estratégia de evitar polêmica, FHC não só fez novas críticas a Dilma e a Lula como citou abertamente Serra como o candidato da oposição.

José Serra manda bater, jogar gás pimenta em manifestantes


Policiais militares reagiram ontem com spray de gás de pimenta e golpes de cassetete a uma manifestação que reuniu cerca de 200 moradores de vários bairros da região da Várzea do Tietê, onde fica a Favela Pantanal, alagada há 60 dias. O protesto foi diante da prefeitura da capital.

Inconformados com a demora dos manifestantes para se afastarem da entrada do prédio da prefeitura, no Viaduto do Chá, e de não obedecer a uma linha de isolamento imposta pelo esquema de segurança, PMs dispararam gás pimenta nos manifestantes, inclusive em deputados federais e estaduais, além de vereadores de partidos de oposição ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) que apoiavam a mobilização, como PT, PSOL e PCdoB.

O vereador José Ferreira dos Santos (PT), o Zelão, foi ferido no braço esquerdo. Ele disse ter levado dois golpes de cassetete quando se defendeu do policial que mirava sua cabeça.

— Duas pauladas me acertaram.

Queriam me acertar na cara, mas segurei com o braço.

Parece que sentem prazer em agredir — disse Zelão, após ser medicado no serviço médico da Câmara de Vereadores e voltar ao ato contra o prefeito, com um curativo feito no braço.

Major diz que não houve “procedimento letal” O vereador José Américo, presidente do diretório municipal do PT, contou que o deputado federal Carlos Zaratini (PT) também foi agredido com spray de pimenta nos olhos.

— Ele se identificou como parlamentar e o policial disse simplesmente “ah é?”, e mandou gás de pimenta no seu rosto — contou o dirigente petista, que também foi à manifestação.

Américo disse que entrará com uma representação na corregedoria da Polícia Militar para apurar a responsabilidade do comandante da operação.

— Não é possível que a nossa segurança seja feita com policiais despreparados como vimos aqui — protestou.

O major da PM Marcos Antonio Rangel Torres, comandante da operação, disse que na repressão ao protesto não houve “procedimento letal”.

— Houve um acirramento grande. Os policiais não tiveram opção se não usar o gás de pimenta — justificou o major, que não quis informar o número de policiais envolvidos na operação.

Logo após o tumulto, com pelo menos dois feridos — o vereador Zelão e um dos manifestantes, identificado como Renato Silveira Martins, que foi levado a um pronto-socorro com falta de ar —, uma comissão de moradores da Várzea do Tietê foi recebida pelo secretário municipal de Relações Institucionais, Antonio Carlos Malufe.

Prefeito responderá a uma lista de reivindicações Na reunião, de cerca de uma hora e meia, que teve a presença de vários parlamentares, entre os quais o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ficou decidido que Kassab ouvirá a comissão e responderá à lista de reivindicações protocolada ontem.

Eles querem deixar as casas alagadas e serem alojados em outras moradias de forma definitiva, e que as comportas do Tietê sejam acionadas de forma que evite novos alagamentos.

Nos 15 bairros atingidos pelo problema, moram pelo menos 40 mil pessoas.

Jornal de oposição ao governo Lula sai em defesa de Serra

Ao criticar a ministra Dilma Rousseff, o expresidente Fernando Henrique assume um vazio na articulação do governador José Serra (PSDB) para a campanha presidencial deste ano, analisaram especialistas ouvidos pelo jornal O Globo.

Roberto Romano, professor de ética e política da Unicamp, diz que FH parte para o ataque para cobrir uma falha de estratégia do PSDB nesta campanha. Segundo ele, Fernando Henrique tenta proteger o partido e seus dois governos ao perceber a falta de coordenação dos tucanos.

— Há um vácuo na campanha tucana que acaba sendo assumido por Fernando Henrique, até porque ele precisa defender o seu governo, sempre muito criticado por Lula.

FH não é político de fulanizar, ele prefere o discurso teórico e intelectual. O problema é que falta alguém no PSDB pronto a polemizar com o presidente Lula — diz Romano.

O professor da Unicamp diz que é de se esperar “novos ataques de fúria” de Fernando Henrique, até que José Serra se decida oficialmente pela candidatura e passe a fazer críticas duras ao atual governo. Para Romano, caso Serra continue silencioso diante das críticas de Lula, pode parecer que o candidato do PSDB à sucessão não tem tanta força para assumir uma campanha como esta.

— É preocupante o padrinho de Serra ter que vir constantemente a público defender o seu governo. O tempo pode passar, e o PSDB pode não conseguir revidar os ataques do atual governo. O pescador precisa saber o momento exato para lançar a rede e fisgar o peixe mdash; diz Romano.

Para Marco Antonio Vila, historiador da Universidade Federal de São Carlos, desde que deixou o governo, Fernando Henrique não encontrou uma pessoa que pudesse defendêlo dos ataques do PT: — O presidente Lula, desde o início do seu governo, diz que recebeu uma herança maldita de Fernando Henrique. Ele falou o que quis sem nunca ter uma resposta à altura da oposição.

Lula encontrou uma oposição que não sabe se defender e voou em céu de brigadeiro durante todos esses anos.

Para o professor de sociologia da Unicamp Ricardo Antunes, o PSDB se mostrou com pouca capacidade de se defender das críticas do atual governo, o que levou Fernando Henrique a tomar uma postura mais agressiva em relação a Lula.

— Fernando Henrique sabe que a ausência de um candidato oficial do PSDB só fortalece a ministra Dilma. A prova disse é que a candidata de Lula cada vez mais sobe nas pesquisas eleitorais — afirma Antunes.

Outros vêem um fato positivo para a campanha de Serra: — FH ajuda a construir a imagem de Serra e permite que o governador de SP continue esperando o melhor momento para aparecer. Ele vem sendo poupado porque todos sabem que a artilharia vai ser pesada na hora em que assumir que é candidato — diz Ricardo Ismael, professor de Ciência Política da PUC-RJ.

Para Ricardo, Serra corre o risco de já ter perdido o momento certo de assumir que concorrerá à sucessão: — A imagem da Dilma como estadista está sendo construída. A estratégia de poupá-lo é boa, já que Serra lidera as pesquisas, mas o partido não pode esquecer que a campanha começou

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Comissão de Anistia indeniza família de Covas

O ex-governador de São Paulo Mario Covas, morto em 2001 em decorrência de um câncer no intestino, foi considerado ontem pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça vítima da ditadura militar, e sua família receberá uma indenização de R$ 100 mil. A decisão foi anunciada em São Paulo pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, durante reunião da Caravana da Anistia, na sede da Força Sindical, onde foram julgados 88 processos de pessoas perseguidas politicamente durante o regime militar, de 1964 a 1985.

A família de Covas queria uma indenização de R$ 2,3 milhões, referentes ao salários que ele deixou de receber durante dez anos como deputado federal. Covas teve o mandato cassado em 1969, mas a Caravana da Anistia não reconheceu esse pleito e fixou a indenização em R$ 100 mil.

A reunião foi presidida por Tarso. Desde 2008, quando foi criada, a caravana já passou por 17 estados e julgou mais de 700 pedidos de anistia.

— A Caravana da Anistia não visa a revirar ódio, promover revanchismo ou vingança. Ela alerta para o que aconteceu no passado, o que o regime de força nos submeteu — disse Tarso.

Aécio recua e já pensa em ser vice de José Serra

Cotado para ser vice na chapa do PSDB que disputará a Presidência, o governador mineiro, Aécio Neves, tomará uma decisão entre a abril e maio deste ano e, até essa data, pretende ponderar o desempenho de José Serra nas pesquisas de intenção de voto, dizem aliados. Se avaliar que o paulista sustenta a dianteira, é provável que abrace a causa. Do contrário, se dedicará à eleição em Minas.

Aécio diz que não está nos seus planos compor a vice. A cautela, no entanto, baseia-se no temor de que o favoritismo de Serra seja recall das eleições passadas e a tendência do governador seria perder espaço para os demais candidatos. Para os aliados de Aécio, ele não pretende entrar num projeto que, além de não ser seu, tem chances de derrota.

A cúpula do PSDB está convencida de que a chapa puro-sangue é a forma de vencer a candidatura governista da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Ter um bom desempenho em Minas, dizem os caciques, seria a única forma de compensar a provável derrota no Nordeste. "Serra será candidato em qualquer circunstância, mas sabe que com Aécio a vitória fica mais próxima", afirmou um líder do partido.

Mas, enquanto Aécio caminha cautelosamente e pondera as chances de vitória do projeto tucano, os caciques do PSDB avaliam que a união entre os governadores seria o ingrediente que falta para abrir uma dianteira maior entre Serra e Dilma. Parte do PSDB sustenta a avaliação de que a consolidação do nome da ministra junto ao eleitorado, o ambiente econômico e a alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são fatores suficientes para Aécio decidir a favor da composição.

O governador de Minas vem repetindo publicamente de forma sistemática que pretende disputar o Senado e se dedicar à eleição de seu vice, Antonio Anastasia, no Estado. "No Nordeste a vantagem do PT é esmagadora, seja com qualquer candidato. Mas em uma chapa Serra-Aécio levaríamos vantagem nos maiores colégios eleitorais do País de maneira a equilibrar e até ficarmos com vantagem", observou um importante líder dos tucanos. São Paulo e Minas são os dois maiores colégios eleitorais no País. No terceiro, o Estado do Rio, os tucanos acreditam também ter vantagem em relação ao PT, se tiverem na disputa "a dupla do Sudeste".

"Há um compromisso no PSDB, inclusive do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de não tratar disso agora", afirmou ontem o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), na tentativa de pôr um fim na discussão.

AFAGO

Tucanos próximos a Aécio acreditam que uma possível adesão do mineiro ao projeto de Serra também dependerá de um gesto do governador de São Paulo. "A habilidade política do Serra vai pesar muito. Ele vai precisar fazer um afago no Aécio", anotou um parlamentar.

Na tentativa de sensibilizar Aécio para o projeto do PSDB, um discurso deverá ser repetido como mantra nos próximos dias. "É hora de pensar no partido, de pensar no todo, de pensar no Brasil. A democracia pode estar em risco." Na segunda-feira, o presidente do PSDB desembarca em Minas.

No partido, a relação entre Serra e Aécio, que sempre foi de altos e baixos, tem sido avaliada como "a melhor possível" pelo momento e pela atual conjuntura política. "Eles não morrem de amores um pelo outro, mas se respeitam", avaliou outro líder do PSDB.

No caso de Aécio decidir ficar de fora do projeto Serra, outro nome tucano começa a circular nos bastidores. É o do senador Tasso Jereissati (CE). A explicação é simples: ele é do Nordeste e tem ótimo trânsito com o empresariado. "São duas importantes características que o Serra não tem", resumiu um integrante do PSDB.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

‘Descarrego’ tucano atinge Kassab

Em dinâmica de bancada, deputado aponta DEM na vice e chuvas na capital como ‘ameaças’ ao partido

Na tentativa de afinar o discurso para a eleição presidencial, os tucanos apelaram a espécie de dinâmica de grupo empresarial. Na primeira reunião da bancada de deputados federais do ano, em Brasília, os parlamentares aderiram à terapia de grupo para descobrir quais são os “desafios” e “fraquezas”, além das “ameaças” aos tucanos na disputa eleitoral de outubro. Na sessão de descarrego, sobrou até para o aliado DEM e o prefeito Gilberto Kassab.

Liderados por Luiz Felipe D’Avila, especialista em desenvolvimento e formação de líderes políticos, os tucanos eram estimulados a escrever em papéis com as cores verde, amarela, azul e branca o que consideravam ser as dificuldades e qualidades do partido.

Uma assistente escrevia em painéis o que os parlamentares citavam como os valores pelos quais o partido deveria se orientar. Quando questionado sobre qual era uma das ameaças do partido, um dos parlamentares disse: “Ter o DEM como vice”. Também foram citadas as enchentes que têm castigado São Paulo. “Temos de criar o Balsa-Kassab”, afirmou outro participante.

Depois, os tucanos foram instados a se reunir em grupos de três ou quatro para discutir os temas levantados. A iniciativa não caiu bem entre os deputados. “Parecia uma escolinha do professor Raimundo”, comentou um deles. Este ano, a bancada será liderada por João Almeida (BA), em substituição a José Aníbal (SP).

Passagem de avião já pode ser paga em até 5 anos

Na busca por mais clientes, as companhias aéreas já oferecem parcelamento em até 60 vezes para a compra de passagens. Essa estratégia conta com parcerias entre as empresas de aviação e bancos para financiar a compra de viagens pelo País.

A Azul fechou parceria com o Banco do Brasil e passou a oferecer recentemente o parcelamento em até 60 vezes, com juros a partir de 1,99% até 3% ao mês para clientes do banco. A empresa já tinha um acordo com o Itaú, que oferece pagamento em até 48 vezes para clientes da instituição.

“Estamos buscando parcerias com os principais bancos que atuam no Brasil. São linhas de crédito pré-aprovado. O objetivo é trazer quem não costuma utilizar o transporte aéreo”, explica o diretor financeiro da Azul, Alexandre Malfitani.

A Azul também oferece o parcelamento em até dez vezes sem juros para passagens compradas até o dia 10 de fevereiro. Depois disso, volta ao parcelamento de até seis vezes sem juros. “E para quem programa a compra com antecedência de 30 dias, há bons descontos no valor da tarifa”, explica o diretor sobre as campanhas permanentes da empresa.

Outra companhia que também usa essa estratégia é a TAM. A companhia trabalha desde o fim do ano passado em conjunto com Itaú e Banco do Brasil para parcelamento de passagens aéreas. A empresa aceita o pagamento em até 48 vezes, mas nem ela nem os bancos informaram a taxa de juros cobradas para compras feitas por correntistas dos bancos.

Além disso, quem tem cartão TAM Itaucard consegue dividir o valor em até dez vezes sem juros. A TAM cobra juros de 2,7% para demais formas cujo pagamento pode ser feito de quatro a dez meses. Para o acerto em três parcelas não há juros.

Os clientes que preferirem a Gol/Varig e possuírem o cartão Voe Fácil podem quitar as passagens em até 36 vezes, com a taxa de juros de 5,99% ao mês. Ainda há a opção dividir em 12 meses em todos os cartões com juros de 2,99% mensais ou em até seis prestações sem acréscimo.

Já as companhias OceanAir e Webjet não trabalham com parcelamento com juros. No caso da OceanAir é possível pagar em seis vezes; na Webjet, em até 12.

A Webjet está com o programa Vai Voando, que funciona como um sistema pré-pago: ele divide o valor da passagem em até 12 vezes e quando acabar de pagar, ele pode viajar.

O consumidor precisa avaliar se vale a pena parcelar em muito meses por causa dos juros. “Sessenta meses são cinco anos. Se o consumidor gosta de viajar todo o ano, ele vai ficar pagando passeios que já foram feitos há muito tempo”, diz o professor de finanças da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), Marcos Crivelaro.

Uma alternativa para fugir de juros altos, diz Crivelaro, pode ser o crédito consignado. “A taxa média nessa modalidade é de 2%, abaixo das oferecidas por algumas empresas. Pode valer mais a pena pegar esse crédito e pagar a passagem em menos parcelas”.


OPÇÕES DO MERCADO AÉREO

www.voeazul.com.br

Parcelamento
Em até 60 vezes para clientes Banco do Brasil, 48 vezes para clientes do Itaú ou 10 vezes
sem juros em todos os
cartões de crédito

Juros
De 1,99% a 3% ao mês para clientes BB (Itaú não divulgou a taxa de juros)
www.voegol.com.br

Parcelamento
Em até 36 vezes no cartão Voe Fácil, 12 vezes nos cartões de crédito ou 6 vezes sem juros em todos os cartões

Juros
5,99% para o Voe Fácil ou 2,99% ao mês para 12 vezes



www.oceanair.com.br

Parcelamento
6 vezes

Juros
Não tem


www.tam.com.br

Parcelamento
Em até 48 vezes para
clientes Itaú e Banco do
Brasil, 10 vezes sem juros
para compra no cartão TAM
Itaucard, de 4 a 10 vezes
com juros ou 3 vezes sem juros

Juros
A partir de 1,99% para
clientes BB, 2,7% para
4 a 10 vezes em todos os
cartões (Itaú não divulgou a taxa de juros)

www.webjet.com.br

Parcelamento
Em até 12 vezes (compra pré-paga no programa Vai Voando)

Juros
Sem juros


Fonte: Companhias aéreas

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Kassab teve 33% de doações ilegais em 2008, diz perícia

Um parecer técnico contábil da Justiça Eleitoral de São Paulo indica que 33% do total arrecadado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), na campanha eleitoral de 2008 teve origem em fontes de doações consideradas ilegais pelo Ministério Público Eleitoral.

O laudo, concluído em outubro e obtido pela Folha, indica o risco de que Kassab seja condenado em primeira instância à perda do cargo. Em casos semelhantes, o juiz Aloísio Silveira, responsável pela ação, cassou o mandato de 16 vereadores da capital. Ele tem adotado como critério para condenar à perda de mandato contas de campanha que apresentem mais de 20% dos recursos provenientes de fontes vedadas.

A execução de sentença contra os vereadores foi suspensa até que os recursos deles sejam julgados em 2ª instância pela Justiça Eleitoral de São Paulo.

A data ainda não foi marcada. Avisado pelos assessores sobre o risco de condenação, Kassab já desistiu da possibilidade de uma vitória em primeira instância e aposta suas fichas no Tribunal Regional Eleitoral.

Em maio do ano passado, o promotor eleitoral da capital Maurício Antonio Lopes apresentou à Justiça representações para promover a revisão e a rejeição das contas dos candidatos Kassab, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) e de vereadores eleitos. Pareceres semelhantes foram elaborados em setembro passado para as representações contra Marta e Alckmin. O laudo relativo à petista indica que ela teria recebido R$ 3,8 milhões de fontes apontadas como ilegais pela Promotoria.

O levantamento sobre as contas de Alckmin aponta o recebimento de R$ 2,1 milhões de doadores impedidos pela legislação segundo os critérios da promotoria. Nos dois casos os valores não ultrapassam os 20% de doações de fontes vedadas, usados como critério de condenação pelo juiz Silveira.

Fontes vedadas

Na representação contra o prefeito, o promotor indicou três tipos de fontes de doação que seriam ilegais. A primeira é a AIB (Associação Imobiliária Brasileira), entidade que, segundo Lopes, funcionou como fachada do Secovi (sindicato do setor imobiliário) para fazer doações a políticos.

Pela legislação, as entidades sindicais não podem fazer contribuições eleitorais. O Secovi nega qualquer vínculo com as doações.

O parecer da Justiça Eleitoral aponta que, segundo os critérios do Ministério Público paulista, a AIB doou ilegalmente R$ 2,7 milhões para Kassab.

Para a Promotoria, também foram fontes ilegais de recursos construtoras que são acionistas de concessionárias de serviços públicos. A lei proíbe as concessionárias de realizarem contribuições para as campanhas.

De acordo com o promotor, as empresas "não são diretamente concessionárias de serviços públicos, mas apenas integrantes, acionistas, investidoras, associadas em consórcio ou sob a forma de holding ou conglomerado econômico que, em derradeira análise, seriam os concessionários diretos".

São apontadas na representação as empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, Serveng Silvisan, CR Almeida, Carioca Christiani Nielsen, S.A. Paulista e Engeform. O levantamento da Justiça Eleitoral conclui que o total das doações dessas companhias foi de R$ 6,8 milhões.

Outro doador considerado ilegal pelo promotor foi o Banco Itaú S.A. De acordo com a representação, ele não poderia fazer contribuições ao então candidato Kassab porque a Prefeitura de São Paulo efetua pagamentos para parte dos funcionários pelo banco.

Em 2008, a instituição financeira doou R$ 550 mil para a campanha do atual prefeito, segundo o laudo da Justiça.

Incompetência:Serra culpa crise mundial por aumento de cimes em S.Paulo

Diante do aumento no volume de diversos crimes, o governo de São Paulo avaliou ontem que a crise econômica mundial e a greve da polícia de 2008 foram fatores que colaboram para o salto dos índices de violência no estado.

“No primeiro semestre de 2009, com a crise econômica mundial, os índices de criminalidade haviam oscilado ligeiramente para cima”, diz documento distribuído pela Secretaria de Segurança Pública.

O governador José Serra (PSDB) e o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, não comentaram o aumento da criminalidade.

A ideia de que a crise econômica mundial colaborou para aumentar a violência em São Paulo é rechaçada por especialistas.

— Tratar essa violência como reflexo da crise econômica é uma análise inadequada do fenômeno.

Não dá para fazer essa relação entre pobreza e aumento da violência, já que a violência é uma questão que passa por fatores educacionais, demográficos e também pela ação do poder público — avalia o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Marcelo Batista Nery.

Crimes crescem em São Paulo

Pela primeira vez em dez anos, o número de homicídios cresceu em São Paulo em 2009, puxado pelo aumento dos crimes no interior do Estado.

No ano passado, as polícias paulistas registraram 4.557 homicídios (4.771 vítimas no total, porque há casos com mais de um morto). Em 2008 foram 4.426 casos (4.690 vítimas).

Nas cidades do interior e do litoral, essa evolução se reverteu e a violência voltou a níveis similares ao de 2007.

O resultado disso é que o governo José Serra (PSDB) não atingiu a meta de tirar o Estado da faixa considerada "epidêmica" para homicídios -menos de 10 casos por 100 mil habitantes, de acordo com critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde)-, conforme anunciou em outubro de 2008 o sociólogo Túlio Kahn, da Secretaria de Segurança Pública. Em 2009, foram 10,95 no Estado.

O registro de queda da violência que vinha ocorrendo em outros tipos de crime na última década -furtos e roubos/ furtos de veículos- também se reverteu em 2009. O número de roubos já havia crescido no ano passado.

O governo sempre atribuiu a redução geral nos índices de criminalidade aos investimentos nas polícias, no aumento da apreensão de armas e na construção de mais presídios.

Agora, questionado sobre o assunto, o delegado-geral da Polícia Civil, Domingos Paulo Neto, não soube explicar o motivo do aumento dos assassinatos no interior. Ele disse que precisava se reunir com os delegados para analisar os dados.

As duas áreas mais violentas do Estado são ligadas aos Deinter (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo - Interior) 1 -São José dos Campos, que abrange todo o Vale do Paraíba e litoral norte- e ao Deinter 6 -com sede em Santos, que atende a região da Baixada Santista e o litoral sul.

Os índices de homicídios chegam próximos de 16 por 100 mil habitantes nessas duas regiões. São superiores, inclusive, à região metropolitana de São Paulo, onde o índice por 100 mil habitantes é de 12,3.

Foi o Deinter 6 (Santos) que teve o maior crescimento no número de homicídios em 2009 -37,05% sobre 2008.Na capital, houve queda de 2,22% no número de mortes. Na Grande SP, a redução foi mais significativa: 10,4%.

"Em locais onde, em 2000, havia quase 15 mortes por dia, agora há 3,4", disse Paulo Neto.Mesmo algumas regiões do interior tiveram menos homicídios no ano passado. São os casos do Deinter 4 (Bauru), com menos 7,8%, e do Deinter 8 (Presidente Prudente), queda de 13,5% no número de casos.

Segundo o delegado-geral, o aumento de alguns índices criminais se deve também à crise econômica pelo qual o país passou no final de 2008 e no primeiro trimestre de 2009. "O ciclo se encerrou no fim do primeiro trimestre. Por isso temos alguns índices em elevação."

Equação complexa
Na avaliação de Marcelo Batista Nery, sociólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, só a questão econômica não justifica o aumento dos índices. "Segurança pública é uma questão muito mais complexa do que a situação socioeconômica. Ela envolve a ação da polícia, a sociedade civil e as empresas privadas."


Para Nery, apesar da redução em relação ao início da década, os crimes de homicídios deixaram de ser concentrados em regiões tidas como mais violentas e se espalharam pelo Estado.

Aplausos para José Alencar

A abertura do ano legislativo teve o vice-presidente José Alencar como estrela. Foi aplaudido de pé, quebrou o protocolo, fez críticas indiretas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi o único que recebeu atenção total de senadores e deputados que participaram do ato no plenário da Câmara.

Mensagem de Lula, discursos dos presidentes do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não foram suficientes para prender a atenção da audiência no plenário do Congresso. Nem sequer a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, manteve-se atenta à sequência de sermões.

Alencar, por sua vez, conseguiu prender a atenção de todos. Sentiu-se estimulado a falar depois que foi ovacionado em pé por cerca de um minuto quando Temer o homenageou pela batalha contra o câncer que trava desde 1997. O vice levantou-se, agradeceu os aplausos, socou o ar em tom de vitória, aguardou o fim das palavras do presidente da Câmara e pediu para fazer um comentário.

Por cerca de cinco minutos, disse sentir saudade do legislativo, elogiou o presidente Lula, fez campanha indireta a favor de Dilma e discorreu sobre o câncer. Protocolo quebrado, Alencar lembrou que só se tornou vice graças aos votos dados nas duas eleições a Lula e fez uma referência ao número do PT nas urnas. “O Lula me elegeu com o 13”, disse. “Esse mesmo 13 que me homenageia em Minas me conferindo o título de filiado de honra do partido. Então, vejam que as coisas estão indo bem”, emendou Alencar, arrancando um sorriso da ministra Dilma e novos aplausos do plenário.

Houve espaço até para o vice brincar com as manifestações de solidariedade que recebe por conta da doença. “Sou consciente que todo esse apreço que recebi por toda a parte por onde passo advém da solidariedade pela luta contra uma moléstia pesada, que é o câncer, durante muitos anos e 15 cirurgias”, disse e emendou. “Daí que eu não tenho a ilusão de que isso vai se reverter em votos na eleição. Se eu tivesse esse pensamento, confesso que estaria preparado para receber 100%”.

TCU

O momento de descontração logo virou catarse para o vice. Alencar falou abertamente sobre a doença e a expectativa de morrer. “Eu sei que ninguém tem a ver com o câncer do Zé Alencar, mas todo mundo tem a ver com o câncer do vice-presidente. Eu não tenho medo de morrer. Se Deus quisesse me levar, ele não precisaria do câncer”, afirmou. “E tudo indica que ele não quer me levar”, acrescentou.

Depois, em entrevista, o vice-presidente encontrou tempo até para lançar críticas, ainda que indiretas, à resolução de Lula de liberar o andamento de obras embargadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Alencar disse desconhecer os detalhes da decisão do presidente, mas, em tese, afirmou ser favorável às análises do tribunal por entender ser preciso cuidado com o bem público. O vice evitou afirmar já estar decidido sobre a candidatura ao Senado. “Eu ainda não decidi”, limitou-se a dizer.

ATÉ NA CÂMARA
Uma terceira via para o destino político de Alencar seria a candidatura para a Câmara, numa estratégia do PRB para formar uma bancada forte de deputados federais. Nesse cenário, a hipótese de coligação estaria descartada pelo presidente do PRB em Minas, Rogério Colombini. “Tudo está sendo discutido com o Alencar. Precisamos primeiro definir isso internamente para então começarmos as conversas com PCdoB, PHS, PSB, PMDB e PT.”

Chance de apaziguar

Daniela Almeida

A alternativa que parecia ser apenas um recado do Palácio do Planalto para colocar um fim no racha da base petista em Minas Gerais pela corrida ao governo estadual começa a ganhar corpo. Segundo o presidente do PRB no estado, Rogério Colombini, a candidatura do vice-presidente José Alencar (PRB) ao Palácio da Liberdade está sendo fortemente discutida pelo partido e tem o apoio do governo federal. Em entrevista recente, Alencar admitiu a possibilidade de concorrer ao governo mineiro ao afirmar que só não poderia ser candidato a prefeito ou vereador porque não haveria eleição municipal. Disposição essa que foi confirmada por Colombini. “Nosso compromisso é com o governo Lula. Queremos unir Minas e acabar com a situação que está aí”, afirmou.

Ontem, durante a abertura dos trabalhos no Congresso, o vice revelou que sua entrada na corrida pelo Senado ainda não está definida, como havia dito anteriormente. Apesar de afirmar-se “animado” com a possível candidatura, disse que o tema ainda terá de ser discutido com amigos e o PRB. “Estamos animados, mas por enquanto é cedo. Não somos ainda candidatos. Estamos apenas ouvindo amigos, companheiros, lideranças.”

Impasse

Uma eventual candidatura de Alencar começou a ser aventada como um caminho para decidir a briga entre PT e PMDB. Os partidos não abrem mão da cabeça de chapa em uma coligação refletindo o acordo nacional entre os partidos. O impasse enfraqueceria o palanque da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a Presidência em um estado que é o segundo colégio eleitoral do Brasil. Atualmente, a vaga para o Palácio da Liberdade é pleiteada pelo ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), o ministro do Combate à Fome e Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), e o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).

No caso de Alencar concorrer ao Palácio da Liberdade, o PRB faria coligação para vice com um dos partidos da base (PT ou PMDB). Mas, ainda segundo Colombini, a candidatura de Alencar ao Senado, primeira possibilidade colocada pelo vice-presidente, não é descartada pela legenda.
 

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