quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A condição de mártir de Assange prejudica ainda mais a reputação dos EUA

A prisão em Londres do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi manchete em todos os grandes jornais alemães na quarta-feira. Vários dos órgãos de imprensa observaram como a notícia foi bem recebida nos Estados Unidos e os editorialistas questionaram qual é o significado do conceito de liberdade de informação na última superpotência restante no mundo.

Assange, que se entregou a autoridades da Scotland Yard na manhã de terça-feira, teve o pedido de libertação mediante pagamento de fiança negado pelo juiz britânico encarregado do caso. Ele foi acusado na Suécia de cometer estupro, coação ilegal e dois atos de abuso sexual, em incidentes supostamente ocorridos em agosto deste ano. A promotoria pública sueca emitiu um pedido de prisão de âmbito europeu a fim de que Assange seja extraditado para aquele país para ser interrogado.

A prisão ocorreu no momento em que Assange, o fundador do WikiLeaks, de 39 anos de idade, enfrenta pressões crescentes de todas as partes do mundo – da Suécia, dos Estados Unidos e até mesmo do seu país natal, a Austrália –, após a divulgação de vazamentos diplomáticos dos Estados Unidos que foram publicados pelo seu website e por várias organizações de imprensa, incluindo “Der Spiegel”.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, declarou a jornalistas no Afeganistão, na terça-feira: “A prisão dele soa como uma boa notícia para mim”. Vários políticos famosos vinham pedindo a prisão do australiano, e a ex-candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin, disse que ele deveria ser “rastreado e caçado como Osama Bin Laden”. A primeira-ministra australiana Julia Gillard afirmou que a publicação por parte de Assange das mensagens diplomáticas sigilosas norte-americanas no seu website foi um ato ilegal.

Na sua resposta publicada na quarta-feira no jornal “The Australian”, Assange chama a sua organização de “underdog” (vítima de injustiça e perseguição) e escreve: “A primeira-ministra Gillard e a secretária de Estado Hillary Clinton não reservaram uma só palavra crítica para as outras organizações de mídia porque “The Guardian”, “The New York Times” e “Der Spiegel” são instituições grandes e antigas, enquanto que o WikiLeaks é ainda jovem e pequeno”.

Ele afirmou ainda que o governo australiano está tentando “matar o mensageiro porque não deseja que a verdade seja revelada, incluindo informações sobre as suas próprias atividades diplomáticas e políticas”.

O ministro australiano das Relações Exteriores, Kevin Rudd, disse que Assange contará com apoio consular no Reino Unido e declarou ao “The Australian”: “O que fazemos em relação a australianos em dificuldade em qualquer lugar do mundo é assumir a nossa responsabilidade de garantir o acesso aos direitos consulares e legais de todos australianos no exterior. E isso inclui o senhor Assange”.

A porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, escreveu no Twitter: “Nós não seremos amordaçados, seja por ação judicial seja por censura corporativa”.

A organização de notícias Agence France Presse noticiou na quarta-feira que hackers simpatizantes de Assange atacaram o sistema de e-mail da promotoria pública sueca em resposta à prisão.

Alguns políticos norte-americanos bem conhecidos estão agora intensificando as suas acusações e críticas: “Na minha opinião, o jornal 'The New York Times' cometeu no mínimo um ato de má cidadania, mas para que se determine se eles cometeram um crime, será necessária uma investigação intensiva por parte do Departamento de Justiça”, declarou o senador dos Estados Unidos Joe Lieberman à rede televisiva direitista Fox News.

Enquanto isso, os jornais alemães mostraram-se divididos em relação ao verdadeiro significado da prisão de Assange: seria este um caso de justiça sueca ou uma maneira conveniente de silenciá-lo? Alguns questionaram como um país que é há muito admirado por prezar a liberdade de informação possa agora ter se voltado contra ela. E eles dizem que os danos à reputação dos Estados Unidos só aumentam.

O jornal de esquerda “Berliner Zeitung” disse: "A reputação dos Estados Unidos foi prejudicada pela divulgação controlada de documentos secretos pelo WikiLeaks. Isso é verdade... Mas a reputação dos Estados Unidos está sendo muito mais prejudicada neste momento à medida que eles tentam – com todos os meios ao seu alcance – amordaçar o WikiLeaks e o seu diretor, Julian Assange. Ao fazerem isso, os Estados Unidos estão traindo um dos mitos originais da sua fundação: a liberdade de informação. E eles estão fazendo isso agora porque, pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria, veem-se diante do risco de perder o controle mundial das informações.

'A primeira guerra real da informação teve início', escreveu o ativista de direitos civis dos Estados Unidos John-Perry Barlow. 'E o campo de batalha é o WikiLeaks.' Ele tem razão. Com a doutrina do 'Livre Fluxo de Informações' os Estados Unidos dominaram a transmissão de informações e a maior parte do conteúdo informado durante décadas. Eles diziam que toda pessoa tinha o direito, em qualquer lugar, e sem limitações, de coletar informações e de transmiti-las por rádio e televisão e de disseminá-las. Essa era uma doutrina tremenda, com a condição de que apenas as companhias norte-americanas tivessem o poder, os meios e as capacidades logísticas para fazer uso dessa liberdade. Essa situação mudou um pouco com a internet, mas companhias como a Apple, a Microsoft, o Google, o Facebook e a Amazon ampliaram o domínio dos Estados Unidos no supostamente democrático ciberespaço. Julian Assange e o WikiLeaks são os primeiros a usar o poder da internet contra os Estados Unidos. É por isso que eles estão sendo impiedosamente perseguidos. E é também por isso que o governo norte-americano está traindo um dos princípios da democracia”.

Já o conservador “Die Welt” disse o seguinte:“A promotoria pública sueca deseja simplesmente questionar o australiano Assange a respeito de sérias acusações que foram feitas contra ele. Até o momento, Assange recusou-se a explicar os fatos. Os seus simpatizantes acreditam que isso tudo não passa de uma armação e que as acusações de estupro foram fabricadas com o objetivo de atingir o projeto WikiLeaks.

Se isso for verdade, tanto as suecas, que Assange não nega conhecer, quanto a promotoria sueca devem estar seguindo uma agenda secreta ditada pelos Estados Unidos. Até agora, não houve um fragmento de prova sequer que pudesse fazer com que tal hipótese fosse levada a sério. Na Suécia, a questão não diz respeito aos danos políticos causados pelo ativista do WikiLeaks.

Obviamente, ele assumiu que a elasticidade da lei e da ordem na internet aplicava-se também à sua vida real. Mas foi aí que ele cometeu um erro. A sua prisão é a prova de que, na vida real, o império da lei pode ter consequências duras”.

O “Financial Times Deutschland” manifestou-se desta maneira:“A prisão é tão potencialmente escandalosa quanto supérflua. A operação produziu um mártir, e ele perguntou se tudo isso diz realmente respeito à explicação legalmente oferecida de que há acusações de estupro. Ou se, em vez disso, o objetivo maior é tirar de cena um homem que, segundo vários políticos dos Estados Unidos, é o Inimigo Público Número Um.

E este é de fato o caso, ainda que ninguém seja capaz de explicar que crimes Assange supostamente cometeu com a publicação dos documentos secretos, e tampouco por que a publicação por parte do WikiLeaks seria um crime, mas pelo “The New York Times” não.

A reputação já prejudicada dos Estados Unidos sofrerá uma degradação ainda maior com o novo status de mártir de Assange. E é questionável a esperança declarada dos Estados Unidos de que o WikiLeaks desaparecerá de cena juntamente com Assange. Uma plataforma como o WikiLeaks deverá conseguir sobreviver sem um líder específico, que era tão glamouroso quanto polarizador, e cuja estilo autocrático de liderança lhe custou importantes funcionários há alguns meses”.

O jornal “Die Tageszeitung”, que tem uma linha de esquerda, manifesta-se assim:“Na chamada 'guerra contra o terror' as democracias dos Estados Unidos e da Europa não só instigaram guerras sem razões satisfatórias, mas também tentaram reduzir a privacidade, os direitos civis e as liberdades dos seus cidadãos. Mais poder para o Estado, mas menos transparência para as pessoas – esse conflito assimétrico é auto infligido por países como os Estados Unidos e isso criou a necessidade de uma plataforma como o WikiLeaks.

Os novos poderes para a luta contra o terrorismo tornaram difícil trazer críticas para o domínio público. Mas agora é muito mais fácil descobrir 'quando alguém falou com quem sobre o que'. Não importa se essa ameaça seja mais imaginária do que real – ela ainda assim fez surgir a necessidade de um canal confiável. A mídia clássica não foi capaz de preencher essa necessidade: ela não tem uma consciência clara do novo e generalizado sentimento de sentir-se ameaçado, e tampouco o conhecimento técnico necessário. Já o WikiLeaks conta com ambos.

Julian Assange é o astro do WikiLeaks mas a necessidade que existe pelo seu website é maior do que a necessidade dele. Se o WikiLeaks não sobreviver aos atuais ataques, sites similares ocuparão o lugar dele, contanto que haja uma necessidade para sites desse tipo”.

O diário berlinense “Der Tagesspiegel” manifestou-se desta forma:“O mesmo indivíduo que para uma pessoa é um terrorista, para outra é um combatente pela liberdade: esse ditado anglo-saxão ainda é válido na era da internet. Para os Estados Unidos, Assange é um terrorista; para a comunidade da Internet, ele é um pioneiro da liberdade. A opinião favorável em relação a Assange parece ser mais forte aqui na Alemanha – de qualquer forma, as discussões utilizam as palavras 'plataforma para exposição' e não 'espionagem'. Entretanto, essa percepção baseia-se na premissa não comprovada de que Assange foi movido por motivos puros – e não pelo desejo de aparecer.

Ninguém precisa de uma teoria da conspiração para ter dúvidas. A publicação maciça de documentos secretos no WikiLeaks não exibe nenhuma estratégia particular, a não ser o desejo de expor instituições poderosas. Assange sem dúvida deseja desestabilizar o sistema – ou todos os sistemas. O conteúdo, bem como a quantidade maciça de dados, deverão garantir isso. A alegria clandestina sentida por muita gente devido a essa estratégia anarquista de obstrução é um sinal político. É por isso que o conflito com Assange não pode ser vencido por meios políticos ou econômicos. As instituições que o WikiLeaks ataca precisam demonstrar a legitimidade das suas ações. Se isso acontecer, Assange terá de fato feito alguma coisa pela democracia.”(Dear Spiegel)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Jobin, o traidor da Pátria.Relatos de Jobim à diplomacia americana irritam Itamaraty

Alvo dos mais recentes vazamentos de documentos da diplomacia dos Estados Unidos, pelo site Wikileaks, o ministro da Defesa, Nélson Jobim, irritou a diplomacia brasileira devido à informação de que teria confirmado ao governo americano o diagnóstico de câncer no presidente da Bolívia, Evo Morales. Segundo telegrama de 2009 a Washington, do embaixador Clifford Sobel, Jobim, após um encontro em La Paz entre Morales e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria informado aos EUA que o governo brasileiro até ofereceu tratamento em São Paulo para o presidente boliviano.

A transmissão, a outro governo, de um suposto segredo de Estado de um aliado do Brasil é uma falta "grave", na avaliação de um graduado diplomata. No Palácio do Planalto, porém, o caso foi minimizado. Segundo um assessor de Lula com trânsito na equipe da presidente eleita Dilma Rousseff, o governo está decidido a não dar atenção a "telegramas de embaixador", e eventuais comentários de Jobim sobre Morales não teriam poder de afetar a relação com o governo da Bolívia. O governo boliviano negou ontem que Morales tenha tido câncer e informou que ele foi operado por médicos cubanos de um "desvio de septo".

Jobim também divulgou nota negando ter acusado o ex-secretário-geral do Itamaraty Samuel Pinheiro Guimarães de ter "ódio aos EUA", como consta em outro telegrama vazado no Wikileaks. Mas nada falou sobre Morales - que, recentemente, em uma cerimônia em La Paz, com Jobim, acusou os EUA de apoiarem conspirações contra o governo boliviano.

A rivalidade entre o Itamaraty e Jobim, cotado para permanecer ministro no governo Dilma Rousseff, é evidente na leitura dos telegramas confidenciais vazados na internet pelo Wikileaks. Os textos escritos em 2008 e 2009, pelo então embaixador Clifford Sobel, mostram que os americanos viam Jobim como seu maior aliado contra o Ministério de Relações Exteriores, no esforço para firmar acordos na área de Defesa com os EUA.

O acordo, alvo de repetidos contatos e viagens de autoridades dos dois governos, foi firmado apenas em abril de 2010, mas incluiu, discretamente, até permissão para missões de fiscalização em instalações militares e civis dos dois países.

O ministro Jobim é descrito, pelo embaixador, como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil". Sobel lembra que o ministro pertenceu ao Supremo Tribunal Federal e afirma que "ele mantém uma forte reputação de integridade que é rara entre os líderes brasileiros". Notando que o Itamaraty procurava encurtar e esvaziar a visita de Jobim aos EUA, onde o ministro queria tratar do acordo de Defesa, Sobel descreveu o ministro da Defesa como um homem decidido a "desafiar a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas de política externa".

Numa avaliação do que significava ter Jobim no ministério, na época, Sobel prevê que Lula teria de dar a última palavra na disputa "entre um ministro da Defesa invulgarmente ativo e interessado em desenvolver laços mais firmes com os EUA e um Ministério de Relações Exteriores que está firmemente comprometido em manter controle sobre todos aspectos da política externa e manter uma distancia calculada entre o Brasil e os Estados Unidos".

Pelo relato de Sobel, Jobim se mostra um ministro afinado com algumas linhas gerais do governo Lula, como a reivindicação de transferência tecnológica no campo militar, a defesa de uma política de contenção, sem hostilidades, do governo de Hugo Chávez na Venezuela, a relutância em aceitar acusações de apoio às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia por parte de governos vizinhos e a crítica aos EUA pelos obstáculos colocados no passado à venda de aviões da Embraer aos venezuelanos.

Mas, enquanto os diplomatas são descritos como um "problema" no esforço por um acordo de Defesa, Jobim foi descrito como um aliado que permitiria uma aliança com o Brasil nesse campo passando por cima do Itamaraty. O acordo assinado somente em 2010, de fato, colocou o ministério da Defesa como único responsável pelas medidas necessárias para por em prática a cooperação entre Brasil e EUA.

O comportamento de Jobim descrito por Sobel nos telegramas confidenciais vazados ontem mostra que, na tentativa de assegurar a confiança dos americanos, o ministro chegou a entrar em detalhes sobre o delicado tema da doença de Evo Morales, tratado com Lula durante visita do brasileiro a La Paz, em janeiro de 2009. Jobim, diz Sobel, teria dito que Lula ofereceu a Morales exames e tratamento em um hospital de São Paulo.

Embora houvesse relatos públicos de que Morales sofria de "sinusite aguda", Jobim, segundo Sobel, teria dito que os problemas sentidos pelo boliviano eram "na verdade, causados por um sério tumor e a cirurgia seria uma tentativa de removê-lo". Jobim teria dito, inclusive, que o tumor poderia explicar por que Morales parecia extraordinariamente distraído nos encontros da época. O tratamento teria sido adiado, porém, segundo o ministro, até o referendo constitucional previsto para o fim daquele mês, na Bolívia. Valor Econômico

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Oposição parlamentar critica, mas não consegue articular ações contra o projeto

No que depender de articulação da oposição, o governo pode ficar tranquilo que o trem-bala já é um fato consumado. A série de questionamentos acerca da viabilidade financeira do projeto não foi suficiente para sensibilizar senadores e deputados. Os poucos que se colocaram contra a empreitada mais cara dos oito anos do governo Lula não conseguiram fazer coro.

"Acho difícil qualquer mudança de rumo neste momento. O governo disse claramente que está disposto a cobrir qualquer conta para levar o projeto adiante", diz o senador Eliseu Resende (DEM-MG), vice-presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, presidida pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), da base aliada. Collor, procurado, não comentou o assunto.

Se o projeto não provoca debate, a garantia de financiamento subsidiado pelo BNDES com recursos da União foi o mote encontrado por alguns poucos parlamentares para criticar a obra. "É onde podemos agir, no questionamento dessas garantias absurdas que o governo quer dar para viabilizar o trem-bala", diz o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA).

Na semana passada, o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação direta de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória 511, que garantiu recursos de até R$ 20 bilhões para o financiamento por meio do BNDES, mas ele próprio confessa não ter muitas expectativas de que a ação prospere. "A realidade é que a oposição está em crise de identidade e perdeu a capacidade de criticar", diz. "Ela perdeu a confiança em si e continua em sua paralisia, vendo o governo costurar alianças com as grandes empreiteiras."

O projeto do trem de alta velocidade passou pelo crivo do Tribunal de Contas da União, que ratificou sua viabilidade financeira. Foram 18 meses de análise e uma dezena de reuniões técnicas para ajustar o projeto, o que culminou na recomendação de que a tarifa-teto do percurso entre Rio e São Paulo fosse reduzida de R$ 217 para R$ 199.

As aspirações que levaram o governo a encampar o projeto do trem-bala em setembro de 2007, quando o presidente Lula viajou em um transporte desse tipo entre as cidades espanholas de Madri e Toledo, ganharam força com a confirmação do Brasil para ser sede a Copa do Mundo de futebol de 2014 e da Olimpíada em 2016. Poder viajar 511 km de distância em uma hora e meia seria crucial nesses eventos esportivos. Os prazos já foram revistos e agora o governo admite sua conclusão só em 2017.

Além do prazo de execução da obra, há dúvidas sobre o custo do projeto. Os consórcios acham que o preço de R$ 33,1 bilhões é subestimado. A exceção é o coreano, o mais bem cotado na disputa.

A comparação com o setor ferroviário indica o que representa o custo do trem-bala. Nos últimos 14 anos, desde a privatização da malha ferroviária no país, as concessionárias que atuam no setor investiram R$ 22 bilhões em 28,5 mil km de malha ferroviária. A malha, ainda assim, não é suficiente. O escoamento de carga do país necessita de mais 50 mil km de trilhos.

"Corremos o risco de que aconteça no Brasil o que estamos assistindo na Itália", diz Mansueto Almeida Júnior, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Orçado em € 30 bilhões, o "Treni Alta Velocita" (TAV) começou a ser construído em 1991, com a participação de 57% da iniciativa privada e 43% do governo. Em 1998, com as obras atrasadas, o consórcio responsável pela obra caiu fora e o governo italiano teve de estatizar o TAV. Os cofres públicos bancaram € 16 bilhões em dívidas e uma segunda parcela segue em aberto porque o governo reconheceu até agora apenas metade do custo de € 32 bilhões da linha Turin-Milão-Nápoles. "Além de ser considerado o maior investimento público da história na Itália, o projeto também é o de maior risco fiscal para o país", diz Almeida Júnior.
Valor

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

No Twitter, Xico Graziano ataca Aécio

Coordenador do programa de Serra ironiza derrota em Minas; tucanos reagem a crítica de Lula a seu candidato

Era perto das 20 horas. Ainda não estava confirmada a vitória de Dilma Rousseff, mas no Twitter o coordenador do programa de governo de José Serra, Xico Graziano, já tinha começado a lavar a roupa suja da campanha tucana, mandando uma indireta ao senador eleito Aécio Neves. "Perdemos feio em Minas Gerais. Por que será!?", ironizou.

O presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra, saiu em defesa de Aécio. "Não faz o menor sentido, não posso concordar com isso", disse, sobre a suposta traição do mineiro. Depois, repreendeu Graziano. "Ele não tem autorização do partido para falar uma coisa dessas e está completamente equivocado."

Horas antes, ao votar numa escola da zona sul de Belo Horizonte, o senador eleito já tinha se adiantado a cobranças sobre seu papel na campanha. "Fizemos nosso dever de casa. Apoiamos Serra com todo entusiasmo."

Aécio foi generoso nos elogios ao presidenciável, definido como "um leão" e "um lutador" na campanha. "O seu esforço pessoal, físico, foi enorme. Ele fez o que poderia fazer. É claro que, depois que termina uma eleição, você sempre encontra problemas aqui, acolá. Mas eu acho que o saldo final é muito positivo."

A movimentação dos oposicionistas ontem não se limitou ao fogo amigo. Eles também revidaram a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que Serra saiu da eleição "menor" do que entrou. "Quem sai menor é o Lula, pela forma como ele se envolveu na eleição, quebrando as regras do decoro presidencial e da própria legislação", disse o senador eleito por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira.

O candidato a vice de Serra, Índio da Costa (DEM-RJ), também disse que quem encolheu politicamente foi Lula. Para ele, o presidente "sai do tamanho de um Playmobil" da campanha.

A manifestação mais extensa sobre o assunto partiu do próprio Aécio, em nota divulgada depois da confirmação da eleição de Dilma. "O PSDB sai das eleições maior do que entrou. E isso é bom para o Brasil."

"O PSDB se orgulha do candidato e das propostas que apresentou ao País", disse o ex-governador no texto. "Ao defender os valores democráticos e éticos, ao criticar o aparelhamento da máquina pública, o PSDB se transformou na voz de setores importantes da nossa sociedade, que levaram as eleições presidenciais para o segundo turno."

Apontado como futuro líder da oposição no Congresso, Aécio já deu sinais do papel que pretende exercer. Afirmou que pretende costurar apoios para criar uma agenda própria do Parlamento, evitando a "submissão" ao Executivo. Também pediu uma mudança de atitude do PSDB. "Temos de ampliar nosso leque de alianças, que não pode ficar exclusivamente com DEM e PPS." /

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Na eleição de Obama internet serviu mais à mobilização do que a ataques de candidatos


O uso da internet pelo hoje presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, marcou as eleições presidenciais de 2008 e lançou para o Brasil a expectativa de que o fenômeno pudesse se repetir nas eleições deste ano. Mas já ao iniciar a sua ofensiva cibernética Obama se deparou com cenário diferente do brasileiro: segundo dados compilados pelo cientista político Wilson Gomes, professor de Comunicação Social na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em seu artigo Politics 2.0 - a campanha online de Barack Obama, 35% dos eleitores americanos já haviam assistido a vídeos on line em junho de 2008 e 10% usavam a rede social Facebook para atividades políticas.

No ano em que Obama se elegeu, nada menos que 200 milhões de americanos, ou 73% da população adulta do país, tinha acesso regular à internet. A rede de vídeos You Tube e a de microblogs Twitter haviam sido criadas em 2006. O objetivo do candidato democrata era mobilizar o eleitorado, sobretudo o jovem, a votar e a contribuir financeiramente com a campanha de Obama. Um dos criadores do Facebook, Chris Hughes foi contratado, e uma rede social própria foi criada a MyBO. O então candidato chegou a ter 4,6 milhões de amigos nas redes de relacionamento.

A campanha de Obama montou três canais de vídeo no You Tube, que é o terceiro site mais visitado da internet no mundo. Foram postados nada menos que 1,8 mil vídeos, que tiveram 20,6 milhões de acessos. No Flickr, um site de armazenamento de fotos, foram colocadas 53 mil imagens da campanha. Sua conta no Twitter chegou a 144 mil seguidores.

O candidato investiu em publicidade para buscas patrocinadas no Google. Quem usasse o buscador da internet para informações sobre saúde pública, por exemplo, via a página do candidato como um dos primeiros links. O uso de mensagens SMS por telefone celular, instrumento pelo qual Obama informou em primeira mão a escolha do vice-presidente Joe Biden, também não foi pequeno: 803 milhões de mensagens foram expedidas.

Pouco disso foi usado para campanhas de desconstrução da imagem do adversário John McCain, ainda que Obama tenha usado a rede na internet para reagir a ataques. Sobretudo nas primárias, Obama utilizou a internet como instrumento mobilizar e não é possível compreender a sua eleição sem analisar a sua atuação na rede virtual, disse Antonio Lavareda, cientista política e dono do instituto de pesquisas Ipespe

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

José Serra quer acabar com a plantação de fumo no Rio Grande do Sul

Conhecido nacionalmente pelas restrições ao cigarro que patrocinou quando ministro da Saúde e governador de São Paulo, José Serra (PSDB) tenta amenizar a fama de antitabagista para ganhar o voto de agricultores do Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro de fumo.Mas, corre a notícia que José Serra além de não dar encentivo para os agricutores nessa área, também quer acabar com o plantio de fumo

Agora, depois que foi descoberto a idéia de José Serra os aliados do tucano estão fazendo circular uma carta em que o candidato promete assistência técnica e crédito para as lavouras de tabaco.

No Estado, responsável por cerca de metade da produção nacional, Dilma Rousseff (PT) venceu o primeiro turno por 47% dos votos válidos, contra 41% de Serra.

A vantagem da petista foi mais ampla nas regiões gaúchas que mais dependem economicamente do fumo.

Dilma superou Serra nas dez cidades que lideram a produção no Rio Grande do Sul e, em oito deles, com percentuais entre 56% e 81%. Em Venâncio Aires, campeã nacional da cultura, ela bateu o tucano por 67% a 23%.

Trata-se de uma inversão do resultado de 2006, quando o tucano Geraldo Alckmin prevaleceu sobre Lula em 9 dos 10 principais municípios fumageiros gaúchos.

A carta é um antídoto contra boatos de que Serra, se eleito, trabalharia para extinguir a produção de fumo.

Serra também tenta musar o discurso para conseguir votos:"Minha luta contra os malefícios do cigarro são notórias, desde quando comandava o Ministério da Saúde. Jamais, porém, combati nem denegri o agricultor que luta, através da produção de fumo, para garantir o sustento de sua família", diz Serra em trecho do documento.

"Em algumas cidades, a Dilma teve mais de 80% dos votos. Por isso pedimos que a carta fosse redigida", afirma o deputado ruralista Luís Carlos Heinze (PP-RS).

O Brasil é o segundo maior produtor e o principal exportador mundial de fumo. O Sul concentra 90% da atividade.

sábado, 23 de outubro de 2010

PSDB recua e desiste de mover ação contra presidente

Um dia depois de anunciar que questionaria na Justiça o presidente Lula por ter declarado que a agressão sofrida por José Serra na última quarta, no Rio, foi uma "farsa", o PSDB recuou e desistiu de interpelar o presidente.

A campanha de Serra, porém, decidiu entrar com representação na Procuradoria-Geral da República por crime eleitoral contra dois militantes do PT, acusados de ter impedido Serra de fazer propaganda eleitoral.

São eles o candidato a deputado estadual pelo PT Sandro Alex de Oliveira Cezar e o diretor do Sindicato dos Agentes de Combate a Endemias José Ribamar de Lima.

O senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, que anteontem afirmou que o partido entraria na Justiça contra o presidente, não comentou o recuo: "Por enquanto não vamos fazer nada [em relação a Lula]. Do ponto de vista legal, o que o partido tinha que fazer foi feito agora".

Segundo o advogado da coligação, Ricardo Penteado, a representação contra Lula não é urgente: "Precisa aplicar multa no Lula para deixar o Serra andar em paz?"

Penteado diz não saber se efetivamente tomará alguma medida judicial contra Lula.

Já o médico Jacob Kligerman, que atendeu Serra após o confronto, disse esperar retratação de Lula e não descarta uma ação judicial contra ele. "Não posso permitir que eu seja acusado de farsante", afirmou o médico.

Nos discursos, líderes da campanha foram unânimes ao acusar Lula de estimular a violência. "Nós queremos responsabilizar o presidente da República por qualquer ato de violência que aconteça", disse o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP).

O ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC) disse que, "Lula é o aloprado de 2010". A agressão contra Serra foi chamada pelo senador eleito Aloysio Nunes (PSDB-SP) de "tecnologia fascista".

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Serra e Maia. Dois demagogos e mentirosos

Qualquer cidadão tem que se indignar com a violência, mas também deve se indignar com campanhas políticas baixas, seja de que lado for. É notório, e nós cariocas sabemos bem disso, que o sr. Cesar Maia é o maior criador de factoides da política brasileira.

Agora, cruzar 50 km do Rio de Janeiro para ser atendido por um cancerologista, após uma pancada na cabeça, é no mínimo curioso. Mas é isso que existe no Brasil.

A polícia deve intimar para prestar depoimento o filho da deputada estadual eleita Lucinha, do PSDB. Conhecido como Júnior, ele é apontado pelos petistas como um dos agressores dos manifestantes a favor de Dilma. Segundo policiais, ninguém do PSDB registrou queixa pela agressão sofrida por Serra.

O PSDB já definiu quem responsabilizar pelo incidente envolvendo Serra. O partido pretende processar dois dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias que lideravam a manifestação. Um deles é Sandro Alex de Oliveira Cezar, de 36 anos, conhecido como Sandro Mata-Mosquito, que disputou a eleição para deputado estadual como candidato do PT. Recebeu 5.404 votos e não se elegeu. Agente de saúde, ele diz trabalhar nas visitas domiciliares a serviço da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para combater a proliferação da dengue na Baixada Fluminense.

Além disso, ele responde como secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias (SintsaúdeRJ) desde 2005.

- Sou servidor público da Funasa e já trabalhei em todas as funções dos agentes de campo, com bomba nas costas, no fumacê - conta Oliveira Cezar, que mora em Campo Grande.

Outro alvo do departamento jurídico do PSDB é José Ribamar de Lima, de 42 anos, diretor do SintsaúdeRJ. Ele diz atuar na função de agente de campo na coordenadoria da Funasa no Rio de Janeiro, localizada no bairro da Saúde.

- Fui contratado pela Funasa em 95, mas acabei demitido quatro anos depois, quando o Serra era Ministro da Saúde. Fui readmitido em setembro de 2003 - diz Ribamar de Lima.

Os dirigentes sindicais cogitam protestar contra o tucano amanhã no Rio, na caminhada do PSDB em Copacabana.

PT vai à PF contra ''arapongas'' do PSDB

A cúpula do PT requereu à Polícia Federal investigação sobre suposto núcleo de arapongagem do PSDB que teria bisbilhotado o senador eleito Aécio Neves. A base do pedido são informações que a própria PF divulgou sobre investigação que revela a atuação de outro grupo de inteligência, este do próprio PT, que teria sido montado para espreitar políticos tucanos e familiares do presidenciável José Serra.

A ofensiva do PT amplia o fogo cruzado com os tucanos a oito dias das eleições presidenciais. Em petição ao delegado Hugo Uruguai, que conduz o inquérito 839/2010 para apurar a violação de sigilo fiscal de Verônica Serra e de seu marido Alexandre - filha e genro do candidato do PSDB à Presidência -, o diretório nacional do PT solicita inicialmente comunicação à Procuradoria-Geral da República pelo fato de o deputado e delegado da PF Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) ter seu nome citado no episódio.

O PT cobra apuração "na forma da lei, sobre a forma de atuação e os métodos do suposto grupo de inteligência que teria sido coordenado pelo deputado federal Marcelo Itagiba e organizado por membros do PSDB para obtenção de informações e dados sobre o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves".

O documento petista à PF é subscrito pelos advogados do partido Pierpaolo Bottini e Danyelle Galvão. Eles usam como argumento central divulgação que o comando da PF realizou, quarta-feira, de dados do inquérito 839 - inclusive trechos do relato do jornalista Amaury Ribeiro Jr., apontado como violador do sigilo dos tucanos.

Amaury declarou à PF, dia 15, que, em 2007, "teve ciência de que um grupo de inteligência clandestino estaria investigando o governador de Minas e que tal grupo seria comandado pelo deputado Marcelo Itagiba, a mando de José Serra". A partir daí, o jornalista "teria iniciado trabalho de sistematização de dados e informações de membros do PSDB, elaborando dossiês".

O PT requereu, ainda, suspensão do sigilo sobre as investigações, "com o resguardo das informações eventualmente protegidas por sigilo legal".

Marcelo Itagiba rechaçou a vinculação de seu nome a qualquer grupo de espionagem. "Na condição de delegado, sempre investiguei crimes em inquéritos policiais. Como deputado, me cabe fazer leis e fiscalizar o Executivo, não preparar dossiês", asseverou. "Essa é uma prática do grupo incrustado dentro da campanha de Dilma Rousseff."

O parlamentar anotou que, em 10 de junho, encaminhou à PF, à Procuradoria da República e ao então presidente da Câmara, Michel Temer, pedido de investigação sobre a inteligência da campanha petista. "Me senti vítima do grupo que procurava bisbilhotar, arapongar a vida de políticos, entre eles eu", afirmou. "Estava sendo aviltado no exercício do meu mandato."

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mercado perde fé nas chances de Serra


Durou muito pouco o entusiasmo do mercado financeiro com a possibilidade de uma virada no segundo turno da eleição presidencial.

O acirramento da disputa levou muitos investidores a refazer suas apostas na semana passada para considerar a possibilidade de uma vitória do tucano José Serra, mas novas pesquisas fizeram esse otimismo desaparecer.

Os sinais mais visíveis dessa inflexão apareceram no mercado de juros futuros, em que os investidores negociam contratos para se prevenir contra variações inesperadas nas taxas de juros.

As taxas negociadas nesse mercado caíram por dois dias na semana passada, logo depois da divulgação de uma pesquisa CNT/Sensus que indicou Serra e a petista Dilma Rousseff quase empatados.

Mas os juros voltaram a subir nesta semana. Dúvidas sobre o comportamento da inflação foram o principal motivo, mas analistas também apontaram a vantagem folgada de Dilma nas últimas pesquisas como um fator.

Contratos com vencimento em janeiro de 2012 eram fechados com taxa de juros equivalente a 11,44% antes do primeiro turno da eleição. A taxa desses contratos caiu para 11,22% na sexta-feira e subiu ontem para 11,34%.

CRENÇA
Esse movimento reflete a crença dos investidores de que Serra seria mais rigoroso que Dilma no controle dos gastos públicos e isso contribuiria para reduzir a taxa de juros necessária para conter a inflação, dizem analistas.

Serra não apresentou um plano de governo e tem feito promessas que podem causar estrago nas contas públicas, como a de aumentar o valor do salário mínimo para R$ 600 no dia da posse, mas ninguém se assusta com isso.
"O mercado não leva em conta as promessas", disse Tony Volpon, um analista da corretora Nomura Securities em Nova York. "O histórico de Serra aponta para uma política fiscal mais austera."

Analistas também atribuíram a Serra a valorização sofrida pelas ações da Eletrobrás na última semana. Eles dizem que a interferência do governo na gestão da estatal seria menor com Serra.

"Dilma aumentaria a intervenção do governo na economia", escreveu o economista José Carlos Faria, do Deutsche Bank, em nota para clientes ontem. "Por outro lado, o BC provavelmente teria mais autonomia com ela."

Para Christopher Garman, um analista da consultoria Eurasia Group, o comportamento dos investidores nos últimos dias refletiu uma visão excessivamente otimista sobre o que Serra faria.

"A leitura do mercado está errada", disse Garman. "A equipe de Dilma sabe tão bem quanto Serra que precisa frear o crescimento das despesas do governo." Nota distribuída na terça-feira pela Eurasia estimou em 70% as chances de uma vitória de Dilma no segundo turno.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Metade das subprefeituras de SP está na mão de coronéis aposentados da PM


Para tentar diminuir a sensação de desordem na cidade e melhorar a eficiência dos serviços de zeladoria, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) já passou metade das chefias de subprefeituras de São Paulo para as mãos de oficiais da reserva da Polícia Militar. Por enquanto, 14 dos 31 subprefeitos são coronéis aposentados e outros dois devem ser indicados para Guaianases e Vila Prudente, na zona leste.

Outros 17 oficiais são chefes de gabinete, braço direito dos subprefeitos, e 24 trabalham em posições de segundo escalão, como coordenadorias de planejamento e desenvolvimento urbano ou de projetos e obras. Ao todo, 54 oficiais aposentados trabalham nas subprefeituras. Contando as vagas em outras secretarias da administração municipal, os policiais já chegam a 78. Já há mais oficiais da reserva trabalhando na administração municipal que coronéis na ativa - são 61 atualmente na Polícia Militar em todo o Estado.

A estratégia de usar a mão de obra da PM na Prefeitura, que teve início em julho de 2008 com a indicação do coronel Rubens Casado para a Subprefeitura da Mooca, se disseminou rapidamente. Em um ano, o total de oficiais da reserva exercendo cargo de subprefeito se multiplicou por cinco e dobrou o número de policiais na máquina municipal. "São pessoas com excelente formação e com ampla vivência na gestão de grandes estruturas, que acabam se aposentando no auge da capacidade profissional", defende o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo. "A parceria entre a Polícia Militar e a Prefeitura nunca esteve tão estreita."

O uso dessa mão de obra ocorre paralelamente à mudança de papel das subprefeituras, idealizada pela atual gestão. Durante a administração de Marta Suplicy (PT), as subprefeituras tiveram a missão de descentralizar a gestão de áreas importantes, como Saúde, Educação e Obras. O prefeito José Serra (PSDB) diminuiu os encargos dos subprefeitos, que passaram a atuar em tarefas cotidianas, como pequenas obras, administração de centros esportivos, fiscalização de ambulantes, limpeza e recapeamento.

Kassab voltou a centralizar a administração municipal, diminuindo o orçamento e as tarefas dos subprefeitos. Cabe às subprefeituras atualmente cumprir com a tarefa da zeladoria, cuidando de serviços como tapa-buraco e cortes de vegetação.

A nova condição tem motivado reclamações de moradores e associações que anteriormente tinham trânsito mais fácil nesses postos regionalizados. Muitos reclamam das dificuldades em ser recebidos e da falta de jogo de cintura dos coronéis para lidar com impasses políticos ou para solucionar problemas que teoricamente não estão na sua alçada. "Você sabe que sou apenas um zelador", é uma das frases mais ouvidas.Valor

Pressionados pela bancada, Fogaça e Rigotto anunciam apoio a Serr

Sob pressão da maior parte das bancadas estadual e federal do partido no Rio Grande do Sul e com a bênção dos correligionários e aliados que venceram a eleição em Santa Catarina, os candidatos derrotados do PMDB gaúcho ao governo do Estado e ao Senado, José Fogaça e Germano Rigotto, respectivamente, abriram ontem o voto para o candidato do PSDB à Presidência, José Serra. As bancadas nos reivindicaram essa manifestação, disse Fogaça.

A comitiva catarinense que participou do anúncio a convite de Rigotto incluiu os senadores eleitos Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Paulo Bauer (PSDB), o governador eleito Raimundo Colombo (DEM) e o vice Eduardo Moreira (PMDB), além de Casildo Maldaner (PMDB), ex-suplente que assumirá a vaga de Colombo no Senado. Os partidos concorreram coligados em Santa Catarina. No discurso, Silveira disse que eles vieram prestar solidariedade e aplaudir a decisão dos colegas gaúchos. Depois afirmou que, se for preciso, visitará outras vezes o Rio Grande do Sul para reforçar a campanha local pró-Serra.

No primeiro turno, Fogaça e Rigotto haviam abraçado a posição oficial de neutralidade adotada pelo partido, que temia um racha entre a ala serrista e os apoiadores da candidata do PT, Dilma Rousseff, representados principalmente por prefeitos da sigla e pelo deputado federal Mendes Ribeiro Filho. O PMDB também concorreu ao governo estadual coligado com o PDT, que apoia Dilma e pressionou contra a adesão a Serra.

Agora Fogaça decidiu migrar para o lado serrista devido à trajetória política muito mais próxima do projeto que Serra representa. Sem dar detalhes, ele disse que no dia 3 votou pela neutralidade defendida oficialmente pelo partido, enquanto Rigotto, que aderiu ao tucano em nome da alternância no poder e da posição da maioria do PMDB no Estado, revelou ter votado na candidata do PV, Marina Silva, no primeiro turno.

Mas nenhum dos dois pretende assumir qualquer papel na linha de frente da campanha de Serra no Rio Grande do Sul. Eles admitem participar de atividades como reuniões e até comícios, mas segundo Fogaça, a tarefa de sair em busca de votos para o tucano deve ser cumprida pelos aliados que têm mandato ou se elegeram no dia 3. Quem teve o resultado que nós tivemos tem que se colocar no seu devido lugar, comentou.

A eleição para o governo gaúcho foi vencida no primeiro turno pelo candidato do PT, Tarso Genro, com 54,35% dos votos válidos. Fogaça ficou em segundo, com 24,74%, ou 1,554 milhão de votos, que somados aos 1,156 milhão obtidos pela governadora tucana Yeda Crusius superou em apenas 111 mil votos o desempenho de Serra no Estado. E, mesmo assim, ele reconheceu que parte dos votos que recebeu é do PDT (e consequentemente de Dilma, que foi a escolhida de 3 milhões de eleitores no Estado).

Enquanto no Rio Grande do Sul a candidata do PT encerrou o primeiro turno com 407 mil votos de vantagem sobre Serra, em Santa Catarina o tucano ficou 256 mil votos à frente de Dilma, que recebeu 1,402 milhão de votos no Estado. No segundo turno, conforme Silveira, a previsão é elevar a vantagem para 1 milhão de votos. O número equivale à diferença entre a soma das votações de Colombo e da ex-candidata ao governo Ângela Amin (PP) - que abriu o voto para o candidato do PSDB - e o desempenho do próprio Serra (2,672 milhões contra 1,658 milhão de votos, respectivamente).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Soninha reclama do blog Os amigos do Presidente Lula. Da-lhe Helena. Pra cima do tucano Serra!

Petistas e tucanos se acusam mutuamente de usar o ambiente digital da rede mundial de computadores para espalhar boatos contra adversários

Perfis falsos nas redes sociais, rumores replicados em forma de mensagens em blogs anônimos, mentiras em cascata no Twitter.

O segundo turno da eleição presidencial está sendo marcado por uma guerra sem precedentes no vasto mundo da internet. No comando petista é consenso que o partido falhou no primeiro turno ao não captar a tempo o poder das correntes religiosas divulgadas na rede com supostas declarações de Dilma Rousseff sobre o aborto. Entre as medidas de redução de danos, o partido vitaminou sua estratégia nas redes sociais.

As chamadas correntes com "denúncias" contra as candidaturas e "revelações" sobre as vidas pregressas dos candidatos não são novidade. O que impressiona dessa vez é o alto grau de sofisticação, o baixo nível da munição e o alcance dos rastilhos de pólvora usados contra José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Como o ambiente virtual favorece o anonimato, é muito difícil identificar a origem dos disparos, o que deixa sem ação os departamentos jurídicos dos partidos.

A saída encontrada foi instalar centrais de informação e contra-informação para identificar e desmentir boatos em grande escala. Os dois lados se acusam mutuamente de usar suas estruturas de defesa para atacar. "Eu estava tentando fazer um placar das mentiras de um lado e de outro e identifiquei que muitas coisas sobre o Serra começaram em canais do PT. O blog "Amigos do Lula", por exemplo, chama Serra de fujão porque ele foi para o exílio", afirma Soninha Francine, responsável pelas estratégias virtuais da campanha tucana.

Ela também acusa o PT de criar hash tags em cascata com boatos. O hash tag é uma palavra chave usada no Twitter para que o usuário seja identificado com um tema comum.

A soma de muitas hash tags na rede de microblogs faz com que um assunto entre para os tradings topics, o ranking dos assuntos mais comentados do momento.

"A campanha do PT criou um hash tag dizendo que o Serra não tem diploma", diz Soninha.

"Ohash tag 'Serra sem diploma' foi uma brincadeira que pegou.

Não existe nada de ilegal, imoral ou antiético em usar essa ferramenta.

A campanha do PSDB envia diariamente uma enxurrada de emails fraudulentos contra a Dilma", rebate Marcelo Branco, coordenador de internet da campanha de Dilma.

Ele revela que o comando do partido decidiu criar uma "central antiboatos" devido ao efeito devastador dos rumores sobre a posição da candidata em relação ao aborto e religião no primeiro turno. "A nossa conclusão coletiva foi de que a campanha demorou demais para responder aos ataques das correntes virtuais", conta Branco. Para o jornalista Renato Rovai, vice presidente da Altercom (Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação), o PT foi mais prejudicado que o PSDB pelos ataques virtuais.

"Existem 50 pessoas do PSDB trabalhando em um bureau de campanha negativa.

Cheguei a receber um e-mail com foto da Dilma ao lado de uma metralhadora. Outro diz que ela é lésbica. E tem também o famoso caso da ficha falsa da Dilma no Dops, onde se lê "terrorista" e 'assalto a bancos'", reclama. A tal ficha chegou a ser divulgada como verdadeira por alguns jornais. Soninha Francine se exalta ao ouvir as acusações. Ela afirma que existe apenas uma pessoa responsável por monitorar as redes.

"Temos uma rede de blogueiros amigos que colaboram com a campanha da Dilma.

Cada blog tem autonomia.

É a campanha do PSDB que envia e-mails fraudulentos"

Marcelo Branco Coordenador de internet de Dilma

"Navegando pela internet você identifica que muitas coisas contra o Serra começam em canais do PT. O blog 'Amigo do Lula' chamou o Serra de fujão porque ele esteve no exílio" Matéria do jornal | Brasil Econômico

sábado, 16 de outubro de 2010


Uma gráfica no bairro do Cambuci, região sudeste da capital paulista, estava imprimindo, na manhã deste sábado, panfletos com um texto de um braço da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) contra o PT e a presidenciável Dilma Rousseff.

Segundo o contador da gráfica, Paulo Ogawa, a encomenda foi feita pela Diocese de Guarulhos (SP). Em julho, o bispo da cidade, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, foi pivô de uma polêmica mobilização contra a Dilma.

Os papéis são idênticos aos distribuídos em Aparecida (SP) e Contagem (MG) no feriado do último dia 12, durante missas em homenagem ao Dia de Nossa Senhora Aparecida. Eles fazem um "apelo" para que os eleitores não votem em quem é a favor da descriminalização do aborto.

Ogawa, que é pai do dono da Pana Editora e Gráfica, afirma que um assessor do bispo, chamado Kelmon, encomendou a impressão de 2,1 milhões de panfletos --1 milhão no primeiro turno e 1,1 milhão no segundo.

De acordo com o contador, o assessor queria imprimir 20 milhões de panfletos. No entanto, a gráfica não aceitou a encomenda por falta de capacidade.

A gráfica foi descoberta pelo diretório estadual do PT. O deputado estadual Adriano Diogo (PT) afirmou já ter entrado em contato com a direção nacional da campanha de Dilma. Segundo o presidente do PT paulista, Edinho Silva, os advogados da campanha irão à Justiça Eleitoral para impedir a continuidade da impressão.

Bispo do Diabo, ele ao invés de difamar a Presidenciável Sra. Dilma Rousseff, deveria se preocupar em reparar e acabar com a pedofilia dentro da Igreja, abafada por padres e bispos inescrupulósos, se preocupar com a verdadeira mensagem de Cristo para o Mundo.

Coitados dos católicos, cada dia que passa fica mais claro que o interesse da Igreja é dinheiro e poder.

E ainda se dizem representantes de Cristo.

Lastimável.

Os palhaços são os padres, que acreditaram no Serra


Que maravilha. Parece que os "tucanos" estão conseguindo até mesmo colocar a Igreja numa lambança. Deus que os perdoe.

Obrigado aos BISPOS E A IGREJA CATOLICA, por fazer a nos fieis e dedicados a igreja com cara de palhaços!!!! Depois de tantos escan.dalos dentro da igreja mais este passo errado na direção politica..

Uma das testemunhas da confissão de aborto de Mônica Serra é filha da ex-vice prefeita de Osasco do próprio PSDB.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Paulo Preto é o homem caixa dois da campanha de José Serra

O PT de São Paulo apresentou ontem ao Ministério Público representação na qual pede que as relações entre Paulo Vieira Souza, o Paulo Preto, e construtoras que participavam de obras da Dersa sejam investigadas.

Paulo Preto foi diretor da empresa pública paulista de 2007 até o início deste ano. O ponto central do pedido do PT é a atuação da filha dele, Priscila Arana de Souza, como advogada de empreiteiras contratadas pela Dersa.

Em dezembro de 2009 a Folha publicou que Priscila defendia construtoras que atuavam, por exemplo, nas obras do Rodoanel -que são administradas pela Dersa.

Vendas no comércio sobem 2% e caminham para recorde no ano

As vendas no comércio varejista no Brasil tiveram crescimento de 2% em agosto na comparação com o mês anterior, e caminham em direção a um recorde histórico da série até o fim do ano. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento é de 11,3% no acumulado de 2010, contra alta de 5,9% no ano passado. Frente a agosto de 2009, o aumento é de 10,4%. A receita nominal, por sua vez, cresceu 1,6% em agosto, frente a julho, pela oitava vez seguida. No acumulado do ano, a expansão foi de 14,3%.

"Esse ano, como não teve crise, acredito que fecharemos o ano com taxa de dois dígitos", diz o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Reinaldo Pereira.

Para ele, o crescimento tem a ver com a expansão do emprego, da renda, da oferta de crédito e com a estabilidade dos preços, facilitada pela taxa de câmbio favorável à importação.

"De forma geral, o desempenho favorável da renda das famílias, do crédito e da confiança do consumidor tem permitido que as vendas no varejo se mantenham aquecidas", concorda o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, em relatório. A estimativa do banco é de que o crescimento da taxa seja de 10,3% neste ano.

O departamento econômico do Bradesco também destaca o desempenho na margem foi positivo em todas as dez atividades consideradas na pesquisa. Os destaques mensais ficaram com móveis e eletrodomésticos (2,9%); artigos farmacêuticos (2,6%); super e hipermercados (2,1%) e combustíveis e lubrificantes (1,2%).

Importações em alta

A economista Thaís Zara, da Rosenberg Associados, destaca que o comércio vem crescendo a um ritmo superior ao da produção da indústria. Segundo ela, parte dessa diferença pode ser atribuída à queima de estoques,mas a maior influência vem mesmo do aumento das importações.

"A indústria está estacionada desde abril. A gente teve queda na margem de produção em abril, maio e junho, um pequeno crescimento em julho, e outra pequena queda em agosto. Já o comércio cresceu nos últimos quatro meses seguidos".

A estimativa da economista é de que o indicador fique acima de 10% no ano. Como o comércio havia se recuperado nos três últimos meses de 2009, a base de comparação será maior, o que dará origem a uma variação mais baixa de crescimento de outubro a dezembro desse ano.

Expansão do crédito

A expansão do crédito, um dos motivos para a alta, está sendo beneficiada pela queda nas taxas dos financiamentos e pelo crescimento da economia. Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostrou que a taxa média para empréstimos à pessoa física chegou a 6,74% ao mês, apesar do aumento da taxa básica de juros Selic, de 8,75% em dezembro de 2009 para os atuais 10,75%. Foi a menor taxa média na história da pesquisa, desde 1995. Mas ela ainda fica em 118,99% ao ano.

Colaborou Daniel Haidar

ACUMULADO NO ANO

11,3%

É o aumento das vendas do comércio no acumulado do ano. Em 2009, indicador ficou em 5,9%. Maior alta da série até agora havia sido em 2007: 9,7%.

RECEITA MAIOR

14,3%

É o aumento da receita nominal das vendas do comércio varejista neste ano. Em agosto, o aumento foi de 1,6%, considerando os ajustes sazonais.

ALIMENTOS E BEBIDAS

34,1%

foi o peso de hiper e supermercados, alimentos, bebidas e fumo sobre a taxa global do varejo, fruto do aumento do poder de compra.

Armações contra Agnelo dão errado


Uma falsificação de inquérito policial e duas tentativas de comprar testemunhas. Essas três tentativas de envolver Agnelo Queiroz, candidato do PT ao GDF, em crimes, com base em documentos e testemunhos falsos, vieram a público para prejudicar sua campanha eleitoral. As três armações contra Agnelo foram descobertas e serão investigadas.

Por isso, o candidato foi hoje ao Ministério da Justiça pedir ao ministro Paulo Barreto que a Polícia Federal investigue os casos. Além disso, Agnelo também vai entrar com processo no Tribunal Regional Eleitoral pedindo a impugnação e inelegibilidade de Weslian (PSC) por crimes eleitorais.

com o ministro

Agnelo afirmou que a ação constitui crime eleitoral, e mencionou que eles tiveram acesso às informações por meio da polícia de Goiás. Ele creditou ao "desespero" dos adversários essa manobra, que classificou como "ações sórdidas e criminosas", que são uma "tentativa de mudar a vontade do eleitor".

Uma é decorrente da operação Shaolin, que apura desvios de verbas públicas no Ministério dos Esportes. Envolvido na operação, o contador Miguel Santos Souza denunciou à Polícia Civil do DF que um advogado o procurou, em nome da campanha de Roriz, para oferecer a ele R$ 200 mil em troca de um falso testemunho que prejudicasse Agnelo.

O contador procurou a polícia para denunciar a tentativa de compra de testemunho e entregou uma gravação na qual o advogado, que disse ser intermediário da coordenação de campanha de Roriz, pede ao contador que testemunhe dizendo que viu Agnelo manusear dinheiro sujo.

A polícia identificou o tal advogado como sendo Clauber Madureira Guedes da Silva. O advogado promete, além dos R$ 200 mil, um cargo no governo caso Roriz fosse eleito. Nas gravações, Clauber afirma que quem pagaria os R$ 200 mil seria "o pessoal dos coordenadores de campanha [de Joaquim Roriz]".

A outra tentativa de incriminar Agnelo é ainda mais grosseira. Trata-se de um documento falso que tenta ligar Agnelo a caso de pedofilia ocorrido em Aparecida de Goiânia, Goiás, em 1985. A Secretaria de Segurança Pública de Goiás, entretanto, apontou que o inquérito é uma fraude, pois há vários indícios de que se trata de uma falsificação.

Indícios de que documento é falso

A primeira indicação da falsidade do documento de Goiás é que a capa foi digitada e impressa em fonte Verdana, uma fonte muito popular e usada hoje em dia nos computadores. Porém, as delegacias de Goiás, em 1985, não tinham computador, usavam máquina de escrever ou produziam seus documentos à mão mesmo.

Outro indício é que o logotipo da Polícia Civil que aparece no documento só foi adotado anos depois e não era usado na época. Além disso tudo, aparentemente, os policiais que assinam a autuação não existem. Não há registros de seus nomes nem de suas matrículas. Por fim, a autuação dá como cidade natal de Agnelo, Itapetinga, em São Paulo. Porém, Agnelo é natural da cidade de Itapetinga na Bahia.

O 2º turno tende a repetir o 1º

Sou torcedor do Fluminense. Faltando dez rodadas para o fim do campeonato brasileiro de 2009, o meu time tinha 99% de chances de ser rebaixado. O Fluminense escapou do rebaixamento da seguinte maneira: na última rodada, por um ponto, em um jogo em que empatou com o Coritiba (que acabou rebaixado). Se o Coritiba marcasse um gol venceria e o Flu seria rebaixado. Além disso, para sair dos 99% de chances de ser rebaixado, o Fluminense precisou ganhar praticamente todos os jogos que teve pela frente.

O fato de o Fluminense ter escapado do rebaixamento mesmo tendo 99% de chances de ter sido rebaixado não significa que a probabilidade de 99% estivesse errada. O Fluminense se enquadrou no improvável 1% de chance. Qualquer indivíduo normal, não iluminado, sem brilhantismo, de posse da probabilidade de 99% afirmaria que o Fluminense seria rebaixado. Quando se lança mão de procedimentos científicos (e, nesse caso, da estatística) a previsão, aquela afirmativa que diz que uma determinada coisa vai acontecer, fica sempre do lado da maior probabilidade. No ano passado, dez rodadas antes de o Brasileirão acabar, afirmar que o Flu seria rebaixado é idêntico a afirmar que havia 99% de chances de rebaixamento.

Afirmar que Dilma Rousseff derrotará José Serra no segundo turno é equivalente a afirmar que as chances de ela vencer são muito elevadas, da ordem de 90 a 95%. As probabilidades não estarão erradas, nem a previsão, se Serra vencer. Terá ocorrido o mais improvável, os tucanos terão aproveitado os 5 a 10% de chances que tinham e têm de derrotar a candidata do governo.

O fato de a eleição ter ido para o segundo turno não altera a probabilidade inicial de vitória de Dilma. A probabilidade de que um acontecimento caminhe em uma determinada direção não deve ser confundida com a intensidade desse acontecimento. As chances de vitória de Dilma não se alteraram, ainda que essa vitória possa ser de 51 ante 49% de votos válidos agora no segundo turno. É importante dizer isso porque nos últimos dias está ocorrendo uma confusão entre chance de resultado com intensidade do resultado. Para esclarecer isso basta um exemplo simples. Muitas vezes é fácil prever que o Banco Central vai aumentar os juros, o que muitas vezes é difícil fazer é prever qual será o tamanho do aumento dos juros. A direção do acontecimento é previsível, a intensidade dele, nem tanto. Repito, isso se aplica à provável vitória de Dilma.

O balanço dos resultados do primeiro turno, por exemplo, indica favoritismo de Dilma: o PT conquistou a maioria na Câmara dos Deputados; o PT conquistou o maior número de deputados estaduais em todo o Brasil; o PT foi o partido que mais aumentou o número de senadores; o PSDB manteve dois governos que havia conquistado há quatro anos: São Paulo e Minas. Trocou o RS pelo PR. O PSDB verá o retorno de dois ex-governadores de sucesso: Marconi Perillo, em Goiás, e Simão Jatene, no Pará. Ambos se enquadram na seguinte lógica: foram sucedidos por governadores que fizeram uma gestão muito ruim e estão sendo chamados de volta pelo eleitorado para retomar as suas gestões.

Isso nada tem a ver com a eleição nacional. O PT aumentou a quantidade e importância dos governos estaduais sob o seu controle. Tem agora o RS e manteve BA, SE e AC. Tende a ganhar o DF, que entraria na conta dos governos importantes. Isso também não tem nada a ver com a eleição nacional. Em razão dos três primeiros itens acima, por maior que seja o viés de qualquer análise é inegável que o PT tenha sido o grande vencedor do primeiro turno.

Comparativamente, a agenda propositiva de Serra tem menos aspectos relevantes do que a de Dilma. Dilma defende a continuidade do que vem dando certo. A campanha de Serra é pior do que a campanha de Dilma em alguns aspectos relevantes: a quantidade de apoios regionais de Serra é menor do que a de Dilma; Serra não tem Lula ao lado dele, Dilma tem; a avaliação do governo está ao lado de Dilma e não de Serra; Serra não tem um discurso de campanha coerente, o que Serra defende? Dilma tem duas coisas: a continuidade de um governo bem avaliado e a ascensão dos pobres à classe média. Elenquem-se outros elementos relevantes e em praticamente todos Dilma leva vantagem, com exceção do apoio da mídia.

Apesar disso tudo, Serra poderá vencer as eleições. Caso isso aconteça, será a vitória do aleatório. Será um dos maiores "cases" mundiais de resultado na direção contrária ao previsto por qualquer teoria de comportamento eleitoral. Ainda assim, repito, isso pode ocorrer. Note-se que Serra não leva vantagem sobre Dilma nem no conteúdo nem na forma. Ele só chegou ao segundo turno por causa de Marina Silva e de uma campanha negativa: as denúncias contra Erenice Guerra e talvez a temática do aborto (creio que o aborto não tenha influenciado muito, trata-se de mais um mito, não há provas concretas disso, talvez tenha tirado de 0,5 a 1 pontos percentuais de votos de Dilma).

A questão é que racionalmente não é possível fazer o ponto de que Serra tem mais chances de que Dilma ou ainda de que as chances de Serra tenham aumentado. Aliás, atualmente, afirmar que Serra tem mais chances do que Dilma é uma afirmação mais resultado de torcida do que de análise.

Vale aqui retomar o tema do primeiro turno, quando fiz a previsão de que Dilma venceria com uma margem de 15 a 20 pontos de vantagem. Dilma abriu uma vantagem de 14 pontos percentuais, 1 abaixo da previsão. O que estava fora do modelo de previsão foi o caso Erenice e o crescimento de Marina em cima dos votos de Dilma. De acordo com minha análise, Marina se enquadrava no rol de candidatos de primeira eleição, com pouco tempo de TV e reduzido apoio político. Ciro Gomes foi isso em 1998 e teve pouco menos de 12% de votos válidos; Garotinho teve 17% em 2002. Garotinho era o ex-governador bem avaliado do terceiro maior colégio eleitoral do Brasil.

É um equívoco cobrar dos analistas a previsão de crescimento de Marina até praticamente 20% de votos válidos. Não havia base científica para essa previsão, portanto, se alguém a fez talvez esse alguém tenha sido um palpiteiro, uma cartomante ou um especialista em cartas de tarô.

A eleição, portanto, não foi para o segundo turno porque a campanha eleitoral de Dilma tenha cometido erros ou porque Serra tenha acertado. A propósito, a julgar pelo início da propaganda na TV de Dilma, pode ser que o seu comando de campanha tenha feito a avaliação equivocada de que eles erraram no primeiro turno e por isso precisam mudar a estratégia. Não houve erro e, por isso, a estratégia correta para vencer agora é a mesma utilizada no primeiro turno. O motivo disso é simples: a candidatura do governo, em razão da enorme avaliação positiva de Lula, tem mais credibilidade do que a oposição para prometer mais melhorias concretas para os brasileiros nos próximos quatro anos. Se isso for feito na campanha de Dilma, ela mantém elevadas suas chances de vitória.

É preciso ignorar o que falou Mônica Serra, algo de que talvez menos de 1% do eleitorado tenha tomado conhecimento, e falar sobre o que atinge todo o eleitorado: consumo, emprego, geração de renda, crédito pessoal, acesso a bens como automóveis, viagens aéreas, casa e coisas desse tipo.

O primeiro mandato de Lula fez com que o PT conquistasse por definitivo o voto dos pobres graças à ênfase no Bolsa Família e afastou, também em definitivo, segmentos importantes da classe média por causa do mensalão. Os mapas eleitorais do primeiro turno em 2006 e em 2010 são idênticos. A candidatura do PT vence onde há mais pessoas de baixa renda e a candidatura do PSDB onde há menos pessoas de baixa renda. Essa divisão eleitoral do mapa do Brasil veio para ficar. Partidos social-democratas e de esquerda, como o PT, têm esse perfil de votação em qualquer lugar do mundo. Partidos de oposição ao partido de esquerda, o que é o caso do PSDB, também têm o mesmo perfil de votação.

A regularidade é tão grande que se expressa em resultados aparentemente surpreendentes. Dilma venceu praticamente em toda a Bahia e em todo o Piauí. Lula também teve desempenho idêntico em 2006. Também ambos foram derrotados pelo candidato do PSDB em Vitória da Conquista (BA) e em Uruçuí (PI). Esse é mais um indicador da regularidade do voto no Brasil.

É justamente essa regularidade que cria uma oportunidade única para o PSDB: tornar-se o grande partido de centro-direita do país. Assumir-se como centro-direita não levará o partido a ser abandonado pelos eleitores de Vitória da Conquista, de Uruçuí, nem do Estado de São Paulo, da Região Sul e do corredor do agronegócio do Centro-Oeste. A maior parte dos eleitores dessas regiões quer ver-se representada por um partido que não tenha receio de defender o mercado, as privatizações e a redução da tutela estatal sobre os indivíduos.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" e "O Dedo na Ferida: menos Imposto, mais Consumo".

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Coisas inuteis dos tucanos

São Paulo ganhou equipamento capaz de alertar para enchentes com 2 horas de antecedência.

Antes de a água bater no tornozelo, o paulistano já vai estar sabendo que ela vai chegar ao umbigo.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tucano de memória curta

Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB que hoje acusa o BB (Banco do Brasil) de quebrar seu sigilo bancário, também foi envolvido em caso semelhante quando era secretário-geral do governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 1996, uma lista explosiva com o sigilo de nove deputados extraída do Banco do Brasil circulou no Congresso. Apontado como autor, o então ministro Luiz Carlos Santos, da Coordenação Política, resolveu investigar. Concluiu, e divulgou, que o responsável por ela era Eduardo Jorge.

Marina laranja e os tucanos

O vereador José Luiz Penna (PV-SP), presidente nacional do Partido Verde e espécie de patrono da campanha de Marina Silva (PV) à Presidência, diz que, se o crescimento da candidatura da senadora forçar o segundo turno da eleição, "já será uma grande vitória", ainda que ela fique em terceiro lugar.

"Não poderíamos aceitar o Fla/Flu na eleição. O que [o presidente Lula e o PT] fizeram, de juntar todo mundo sem critério, era um acinte." Penna faz parte da base de apoio da prefeitura tucano-demista de SP.

Quando Marina ainda relutava em sair do PT, no ano passado, Penna levou a ela uma pesquisa do instituto Ipespe que dizia que, depois que se tornasse conhecida, a verde poderia chegar a 12% dos votos. Com possibilidade de subir a até 17%. Ninguém acreditava. "O resultado mostra que fizemos um cálculo político certíssimo."

ANJ e OAB criticam decisão contra Datafolha no PR

A ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) criticaram a decisão judicial que proibiu a divulgação de pesquisas eleitorais no Paraná. A proibição foi pedida pelo candidato do PSDB ao governo, Beto Richa."A ANJ considera medidas judiciais dessa natureza como censura prévia e violação ao princípio da liberdade de expressão assegurada pela Constituição", diz nota da entidade de jornais.

"O intuito de subtrair à opinião pública informações sobre o andamento da disputa eleitoral fica evidenciada pelo fato de que as edições anteriores das mesmas pesquisas, enquanto apontaram vantagem do reclamante, não foram por ele questionadas", continua o texto.

O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, afirmou ontem que é "preocupante" o impedimento de publicação de pesquisas. "Quando candidatos e partidos, sob qualquer argumento, inibem a divulgação de pesquisas eleitorais estão bloqueando informação para o eleitor", disse.

Foi a segunda vez que Richa barrou a divulgação do Datafolha, alegando irregularidades no levantamento.

A decisão foi do juiz Nicolau Konkel Júnior, do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná). Ele disse ontem ter ficado surpreso que o Datafolha tenha, na segunda pesquisa impugnada por ele, incorrido no que ele considera as mesmas irregularidades que motivaram a proibição de outro levantamento.

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, contestou as críticas. Disse que "não há vício na pesquisa" e que "todas as exigências do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] foram cumpridas".

domingo, 26 de setembro de 2010

Frente de esquerda pode dar novo papel a Lula

Defendida e já previamente articulada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a união dos partidos de centro-esquerda numa frente para dar sustentação a um eventual governo de Dilma Rousseff (PT) esbarra nas pretensões eleitorais para 2014 e no poder que o PMDB poderá alcançar nos próximos quatro anos.

Juntos, PT, PSB, PCdoB e PDT poderão ter no próximo mandato, conforme projeções feitas pelos próprios partidos, cerca de 200 parlamentares na Câmara. Juntas, as futuras bancadas teriam o equivalente a quase 40% dos votos no Legislativo.

Lula tem dito aos presidentes de partido de centro-esquerda que, fora da Presidência da República, pretende atuar na união das siglas, formando uma rede política semelhante à Frente Ampla no Uruguai.

Essa é uma antiga ideia do presidente, cogitada desde a reeleição em 2006, mas que nunca prosperou. Segundo aliados, é a partir da liderança deste debate sobre a união das esquerdas no Brasil e na América Latina que Lula pretende se reinserir no cenário político logo no início do próximo governo.

"O presidente é um líder nato, e independentemente de ser presidente da República, terá forte influência e liderança entre todas as forças populares e democráticas de esquerda", afirma o ministro do Trabalho Carlos Lupi, presidente nacional do PDT.

Lula acredita que sem o mandato, mas desfrutando de alta popularidade, poderá viabilizar a organização dos partidos numa frente, o que seria uma experiência inédita no Brasil.

"Se a gente se reúne na eleição em torno de candidaturas e programas, por que não podemos discutir um programa, uma agenda de desenvolvimento sustentável e as reformas importantes que precisam ser operadas no país?", questiona o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

O governador admite que já teve conversas com Lula sobre a proximidade das esquerdas. "O presidente, em conversas ao longo de muitos anos, sempre falou que não compreendia porque a gente não era um partido só. Hoje ele percebe a dificuldade, que não tem como. Mas têm fórmulas políticas comuns. Seria uma fórmula política que imitaria a Frente Ampla do Uruguai, um polo aglutinador de ideias", explica Eduardo Campos.

Para o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, "a criação de uma frente é possível, mas o partido não está de acordo com a fusão de legendas". "O PCdoB tem um programa e ideias bem definidos", complementa Renato Rabelo.

Ponto Morto. A ambição de Lula, segundo o presidente do PCdoB, terá como obstáculo a inexistência de um mecanismo legal que possa viabilizar a chamada "federação de partidos". Rabelo lembra que isso já foi discutido quando o Congresso tentava votar uma reforma política, "mas ficou no ponto morto". "A Frente Ampla do Uruguai atua como partido. Nas eleições, funciona como um partido", explica o presidente do PCdoB.

A preocupação do presidente Lula, diz Renato Rabelo, é garantir mecanismos para que essa frente possa atuar também em conjunto nas eleições, tendo objetivos e candidaturas comuns.



Eleitor catarinense une PT ao DEM

No último dia 13, o presidente Lula fez um dos discursos mais inflamados de toda a campanha eleitoral. Durante comício para 12 mil pessoas em uma praça no centro de Joinville, disse que o DEM era um partido que deveria ser "extirpado" da política brasileira.

Foi um recado claro aos Bornhausen, família das mais influentes na política estadual, e em especial ao ex-senador Jorge Bornhausen. Há cinco anos, no auge da crise do mensalão, Bornhausen previu a derrocada do PT. "Estou é encantado, porque estaremos livres dessa raça pelos próximos 30 anos", disse então, numa referência aos petistas.

Mas os eleitores catarinenses estão mostrando que nem Lula nem Bornhausen estavam certos. Em Santa Catarina, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ultrapassou José Serra (PSDB) e lidera a pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope em 10 de setembro, com 42%, contra 37% do tucano.

Já para o governo do Estado, quem ocupa o primeiro lugar nas sondagens é Raimundo Colombo (DEM), afilhado político dos Bornhausen, que ultrapassou Angela Amin (PP). De acordo com a pesquisa Ibope de 10 de setembro, Colombo tem a preferência de 34% dos eleitores, ante 27% de Angela. Além do Rio Grande do Norte, onde Rosalba Ciarlini (DEM) lidera a pesquisa Ibope divulgada em 11 de setembro, com 50% das intenções de voto, Santa Catarina é o único Estado onde candidatos do DEM têm chances reais de vitória no País.

Prefeito de Lages por três vezes (1989-1992 e 2001-2006), cargo que deixou em 2006, quando venceu as eleições para o Senado, Raimundo Colombo se tornou candidato ao governo catarinense quando ninguém mais acreditava na manutenção da tríplice aliança, como é conhecida a coligação entre PMDB, PSDB e DEM no Estado, formada há quatro anos. Em 1998 e 2002, o DEM, ex-PFL, esteve ao lado de Esperidião Amin (PP), que na época era um dos políticos mais influentes no Estado. Amin venceu as eleições para o governo em 1998 ainda no 1.º turno e saiu na frente em 2002, mas, na disputa do 2.º turno, perdeu para Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que teve apoio de Lula e obteve uma vantagem de apenas 20 mil votos.

Pavan. Em 2006, Luiz Henrique foi reeleito governador de Santa Catarina, novamente contra Amin, mas, dessa vez, com o DEM a seu lado e na oposição ao governo Lula. Luiz Henrique renunciou ao cargo de governador em março deste ano para concorrer ao Senado, e o candidato natural à sua sucessão era o vice-governador, Leonel Pavan (PSDB). No fim de 2009, contudo, Pavan perdeu força depois que foi denunciado pelo Ministério Público por supostamente ter recebido R$ 100 mil para reabilitar a inscrição estadual de uma empresa suspensa pela Secretaria Estadual da Fazenda.

A disputa pela indicação para a vaga de governador em 2010 envolveu Pavan (PSDB), Colombo (DEM) e Eduardo Pinho Moreira (PMDB), presidente do Diretório Estadual do partido. Com três nomes fortes, nenhum dos partidos da tríplice aliança admitia recuar e a coligação esteve muito próxima de ruir. Confiando nessa hipótese, Pavan afirmou que desistiria da eleição caso PMDB e DEM se acertassem, algo que parecia remoto àquela altura. No fim de março, contudo, Luiz Henrique entrou em cena. Ele se reuniu com Jorge e Paulo Bornhausen, Colombo e Pinho em Joinville e no dia seguinte anunciou o acordo que lançou Colombo para o governo, Pinho para vice. Pavan ficou sabendo da decisão pela imprensa. Magoado, decidiu não participar da campanha.

É no mesmo lugar da reunião, a casa de Luiz Henrique Silveira, que Colombo e Pinho Moreira comemoram os resultados das últimas pesquisas. Tranquilos e satisfeitos ao fim de um dia de campanha por Joinville e arredores, os três fazem campanha juntos. "Há uma harmonia muito grande entre nós, algo que dá leveza à campanha. Não há disputa de personalidade nem conflitos", diz Colombo. "Foi difícil, mas o nosso "casamento" deu certo", conta Pinho. "Não foi uma obra individual, foi uma construção coletiva", diz Luiz Henrique.

sábado, 25 de setembro de 2010

O candidato


Evitei escrever sobre eleições, mas, às vésperas do pleito, devo fazê-lo, por insistência de amigos, que vivem perguntando em quem vou votar. Bem, não darei a resposta clássica - "o voto é secreto" - porque, mais do que secreto, ele deve ser consciente.

No artigo de hoje eu deveria estar encerrando a série sobre a Rússia, o que farei proximamente, mas, devido à insistência, não vacilarei em falar do pleito.

Emprimeiro lugar, acho importante votar.

No Brasil, mais do que escolher o melhor, o voto é uma forma de exprimirmos o nosso desagrado com o baixo nível da vida pública.

Tal como vem sendo utilizado em nosso País, não chega a ser um instrumento deafirmação democrática, pela falta de independência de grande parte do eleitorado. O pior, porém, é não ter voz, pois sempre vale a pena acreditar que o voto comprado venha a ser alterado na boca da urna, por um lampejo de dignidade política e pessoal do eleitor.

Confesso que ainda não tenho voto para a Presidência, mas, honestamente, devo revelar que não votarei no candidato do PSDB.

Incomoda-me a excessiva vinculação de Serra com as ideias conservadoras do seu partido e sobretudo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que sempre aparece na mídia como seu tutor, sem que Serra aja para evitar a incômoda parceria.

Dizem que o eleitorado é desmemoriado.

Nem sempre. Afinal, não há como negar que FHC caiu no ostracismo em consequência de deliberada decisão do povo brasileiro. Além da habitual arrogância, que o levou a instituir o garrote brutal contra funcionários e assalariados, podemos citar contra seu governo a grave decisão de instituir a reeleição para prolongar lhe permanência no poder,num país de persistência do voto de cabresto. Imperdoável.

Escândalos como o do projeto Sivam, de controle do espaço área da Amazônia, com denunciada corrupção de influente (e protegida) personalidade ligada ao governo, em fatos obscuros, acabaram em segundo plano, mas não o da compra de votos no Congresso para facilitar a reeleição. E, sobretudo, a grave crise de energia que corroeu o Brasil, com desastrosos efeitos na economia, pela clara incompetência na condução da política energética fundamental para o País.

A tudo isto somemos as privatizações sem critério, transferindo o patrimônio público através de vendas irrisórias, para ceder à globalização.

Não foi à-toa queum jovem político em ascensão, como Aécio Neves,recusou o convite de Serra para disputar a vice-presidência, o que deu lugar aos absurdos nomes de políticos sem experiência ou história então lembrados e que apareceram namídia, para espanto de todos.

Às tontas, pressionado por seus correligionários, o PSDB decidiu-se pelo folclórico e inexpressivo Índio da Costa, logo depois de ter ventilado até o ACM Neto, político regional, sem a menor repercussão no País ou tradição política e administrativa. Era um jogo cego e absurdo. Em suma, Serra, desarvorado, não pensou sequer no exemplo de Tancredo, para convencer-se de que a vice presidência é um cargo que deve ser respeitado.

E olhem que ele é um candidato com mais de sessenta anos de idade.

Bem, tire o leitor suas conclusões. Mas continuarei a não revelar o nome da minha preferência para a Presidência, pelo simples fato de que ainda analiso três deles... Direi apenas que, se morasse em São Paulo, já teria pelo menos um candidato para deputado federal: Protógenes Queiroz. Pela luta brilhante desse ex-delegado da Polícia Federal contra a corrupção, enfrentando o poder econômico, político e jornalístico em meio a todas as perseguições.

Com ele já conversei longamente, e senti que é um jovem resoluto em suas convicções. Um nome de compromisso e renovação.

Não é todo dia que alguém sacrifica cargo e posições em favor da decência e da seriedade na vida pública.

Meu outro candidato disputa o Senado. É uma baiana da melhor tradição do 2 de Julho, voluntariosa, que enfrentou com grande coragem o carlismo em nosso Estado, sendo perseguida, mas sem nunca esmorecer. Competente politicamente, soube colocar os interesses da Bahia e do Brasil em primeiro plano, contra quaisquer ameaças: Lídice da Mata. Ambos exprimem dignidade política.

Em suma, creio que por esses dois combatentes o voto será sempre criterioso, útil e patriótico. E, sobretudo, esperançoso.JC Teixeira Gomes - Jornal A Tarde
 

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