sábado, 30 de agosto de 2008

Usar o instinto ou a tática para vencer.


O que está se passando com aquele homem que reúne multidões, que fala em esperança e diz que "sim, nós podemos"? Nada que esteja muito longe do previsível. Barack Obama está perdendo espaço para as forças estabelecidas. Barack Obama não é aceito por aqueles que comandam o poder, tanto à esquerda como à direita. Não se faz política do jeito de Barack Obama, por isso a sua campanha se desequilibra quando esse poder mais alto se levanta e começa a trabalhar lenta, mas inexoravelmente para esmagá-lo.


Eles estão ganhando e Barack Obama caiu na cilada: começa a agir usando técnicas dos inimigos. Troca o instinto pela tática. E isso pode ser a sua perdição. O instinto do candidato democrata era a sua única tática e foi assim que ele conquistou os jovens, os novos eleitores, os intelectuais, os artistas, os boêmios, los locos y también los noble elaburantes, a classe média que não concorda mais com governos forjados pela truculência, pela arrogância e também pela mentira. A armadilha daqueles que querem neutralizar Obama foi posta no caminho. E ele está prestes a cair nela.

O problema do candidato à presidência dos Estados Unidos mais importante das últimas duas décadas não está no seu opositor, John McCain. O republicano é apenas uma peça da engrenagem. O problema de Barack Obama são todos aqueles que não aceitam uma outra forma de fazer política. Aí incluídos Hillary Clinton, sua companheira de partido que disputou com ele a indicação para a candidatura. E, por incrível que pareça, o problema está principalmente nos eleitores que transformam o voto numa relação mercantil, numa transação de compra e venda de valores de consumo, que antes já foram valores morais.

É preciso saber até onde vai o compromisso de Barack Obama com aqueles que tornaram a sua candidatura irreversível. Não havendo um limite para o recuo, para o abandono dos princípios que nortearam a "obamania", não vale a pena. É melhor deixar pra lá.

Michael Moore, o diretor de "Tiros em Colombine", "Fahrenheit 9/11", no seu blog, aconselhou Obama a não se alinhar com a direita. Moore não tem postura isenta para ser consultor de coisa nenhuma. Mas o que ele diz faz sentido. Segundo o ativista político a sociedade norte-americana adotou os valores do Partido Democrata, a defesa do meio ambiente, os direitos das mulheres, o aumento do salário mínimo, a luta pelos planos de saúde para todo mundo. No entanto, diz ele, "o establishment democrata só consegue entregar as eleições para o Partido Republicano". Michael Moore pede a Obama que se concentre em recuperar o voto feminino e proponha como candidata à vice-presidência Caroline Kennedy, filha do ex-presidente assassinado John Kennedy.

O desabafo de Moore tem fundamento porque não é só ele que reclama da maneira como a cúpula dos democratas trata as coisas. Dick Morris, o conhecido homem de marketing político que fez inúmeras campanhas inclusive a de Bill Clinton, explica que os democratas falam coisas bonitas, mas quem ganha as eleições são os republicanos. Outro motivo de estranhamento é a forma com que Hillary Clinton, que faz parte do grupo que controla o partido, ainda interfere na campanha, embora tenha sido derrotada por Obama.

O caso é que Barack Obama prometeu repetidas vezes que não usaria métodos de disputa da política convencional. Mas logo em seguida da divulgação das pesquisas em que ele está em segundo lugar começou a aparecer propaganda negativa contra McCain. São anúncios vinculados em estados fundamentais na eleição de 4 de novembro porque tem uma parcela expressiva de indecisos. Os filmetes tratam o adversário republicano como um elitista, distante dos problemas e do sofrimento da classe trabalhadora do país. Obama quer ligar de forma mais estreita McCain com George W. Bush. Sua campanha faz ironia ao anunciar um livro inexistente: "Economia por John McCain: apóiem Bush 95% do tempo, sigam gastando 10 bilhões de dólares na guerra contra o Iraque".

É uma resposta clara aos ataques de McCain feitos quando Obama estava de férias no Havaí e foi acusado de ser evasivo no caso do ataque russo à Geórgia e ser mais "falador" do que "fazedor". Mas um grupo de assessores de Obama acha que a reação ainda é tímida. A campanha negativa tem que tornar-se pessoal contra McCain, tem que explicar que ele teve uma aventura adultera antes de se separar da primeira mulher, que desfruta de oito casas em todo o país e que tem aviões à sua disposição. Esse pessoal que quer partir para a briga também acha que é preciso chamar a atenção dos votantes para as mudanças do candidato republicano em temas como imigração, diminuição de impostos para os ricos e tortura.

Por tudo isso Barack Obama vai ter que tomar a sua decisão. Uma decisão difícil e que pode significar a vitória ou a derrota. Mas o que importa para a imagem que foi construída em volta do democrata é saber: como será essa vitória, ou como será essa derrota? E qual será o custo dessa decisão.

Em São Paulo, "militância paga" tem salários de até R$ 900


Antes de embarcar na perua que leva os cabos eleitorais para as ruas do centro de São Paulo, a coordenadora de equipe fez as recomendações finais: "Não é para falar com os jornalistas", disse, sem saber que falava com um deles. "Os repórteres vão te assediar, vão perguntar quanto te pagam, quem te contratou... Não dê nenhuma informação".

Para me tornar um dos "militantes de retaguarda" de Geraldo Alckmin (PSDB) - seguindo o candidato com bandeiras e panfletos, fazendo "volume" em sua agenda de rua - receberia R$ 10 em vales-refeição diários, mais R$ 900 mensais

Foi o salário mais alto que encontrei em duas semanas procurando trabalho, sem me identificar como repórter, nos comitês dos três principais candidatos à prefeitura de São Paulo.

Panfletar para Marta Suplicy (PT) renderia R$ 450, mesmo valor oferecido pelo comitê de Gilberto Kassab (DEM), que paga, ainda, R$ 10 diários para refeição.

O abismo salarial de 100% entre os valores se explica pelos diferentes patamares do "plano de carreira" dos cabos eleitorais. Os militantes que atuam no corpo-a-corpo com os candidatos são recrutados pelos comitês centrais e chegam, geralmente, por indicação. Ocupam um posto "mais alto" e têm salários maiores.

Quem coordena as equipes de rua ou desempenha funções de escritório nos comitês está em posição intermediária dessa hierarquia. No comitê central da campanha de Kassab, em São Paulo, pagam-se R$ 800 para essas duas funções.

Já os cabos eleitorais que atuam nos bairros são recrutados pelos comitês regionais e ganham valores próximos ao salário mínimo, que é R$ 415.

Há, ainda, os recrutados por candidatos a vereador, que fazem panfletagem também para os candidatos à prefeitura e têm salários parecidos aos cabos eleitorais dos comitês regionais, por volta de um salário mínimo.

Esses valores, oferecidos enquanto procurava trabalho, não podem ser divulgados pelos cabos eleitorais aos jornalistas. As campanhas das três candidaturas também se negam a fornecê-los agora. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "os candidatos são obrigados a discriminar o total de recursos gastos com cabos eleitorais ao fim na prestação de contas ao fim das eleições, mas os partidos já podem fazê-lo nas prestações de contas parciais para dar à sociedade maior transparência ao processo".

Por telefone, a assessoria de imprensa de Alckmin disse que "a maioria dos cabos eleitorais da campanha de Alckmin são voluntários, inclusive os que o acompanham nos compromissos em rua".

A assessoria de imprensa de Marta diz que "os dados a respeito das equipes de campanha são considerados estratégicos e não serão divulgados". A de Kassab também não quis dar os valores.

A "militância paga" é prática comum nas campanhas de todo país. Segundo a legislação eleitoral, os cabos eleitorais não têm "vínculo empregatício" com os candidatos nem com os partidos e, por isso, não têm direitos trabalhistas. (Uol)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Parabéns ao blog dos amigos do presidente Lula

Paes fica no centro do alvo


A temporada de ataques nas eleições municipais do Rio começou e Eduardo Paes, o candidato a prefeito que mais cresce nas pesquisas, tem sido o alvo. Ontem, o site nacional do PCdoB (http://www.vermelho.org.br/), o ex-blog do Cesar Maia e o blog Amigos do Presidente Lula (http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/) colocaram no ar um vídeo para desbancar o peemedebista.

Sob o título de Eduardo Paes: dá pra confiar?, o vídeo reúne uma seqüência de entrevistas e fotos do candidato, e relembra principalmente o troca-troca de partidos de Paes, que passou pelo DEM, PSDB e PMDB.

– O vídeo foi localizado no blog Amigos do Presidente Lula, e como é jornalisticamente relevante, divulgamos – disse Bernardo Joffily, editor do site Vermelho, do PCdoB.

Jorge Barreto, diretor regional do partido, afirma que a divulgação não partiu do Rio, e que Jandira Feghali nada tem a ver com a história.

O vídeo mostra também as declarações do candidato contra o governo Lula durante a CPI dos Correios. Paes, no entanto, não acredita que o combate à corrupção seja considerado um aspecto negativo do governo federal e descarta qualquer divisão com Lula.

– Ao contrário, a primeira parceria com o governo federal foi em minha secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, para a realização do Pan – lembrou o candidato.

Paes não teme ser a bola da vez e avalia que a campanha municipal está bastante civilizada.

– Não é preciso ficar agredindo. Tenho uma relação boa com todos os candidatos. Convivi com a deputada Jandira por oito anos no Congresso Nacional. Gabeira é meu amigo pessoal – afirmou.

A troca de acusações entre o prefeito Cesar Maia e o governador Sérgio Cabral, que vem ocupando espaço na mídia nos últimos dias, na verdade é uma forma de os dois caciques preservarem seus respectivos candidatos. Essa é a leitura que cientistas políticos fazem das rusgas entre Cabral e Maia, que têm como tema recorrente o setor de saúde na cidade.

– Os ataques em campanha têm sempre um custo elevado. O eleitor rejeita os candidatos que considera mais agressivos, pesquisas mostram isso – diz Alessandra Aldé, pesquisadora do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj).

O cientista político Manuel Sanshes, da UFRJ, diz que há outro incoveniente nos ataques.

– Solange e Paes estão se guardando para um eventual acordo no segundo turno – analisa. – Eles têm mais em comum entre si do que com o Marcelo Crivella. Os dois até fazem um contraponto, mas não podem se distanciar muito, senão depois fica difícil costurar as rachaduras.

Para Sanshes, a saúde não é tema por acaso.

– Como as UPAs são o carro-chefe do Cabral e do Paes, Maia quer esvaziá-las, porque a saúde no município é criticada.


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Crivella impedido de usar imagens de Lula


O senador Marcelo Crivella, candidato do PRB à prefeitura do Rio de Janeiro, não poderá usar imagens e áudio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), determinou ontem a Justiça Eleitoral. O juiz Cezar Augusto Rodrigues Costa, atendendo liminares do PT e do PMDB, proibiu que Crivella veicule no horário eleitoral gratuito vídeo e áudio de 34 segundos em que aparece ao lado de Cabral e de Lula.

Crivella tem 48 horas para apresentar sua defesa. O descumprimento da decisão implicará multa de R$ 20 mil sobre cada divulgação irregular. Na fundamentação, o juiz da 8a zona eleitoral do Rio afirma que as imagens revelam "apoio claro, veemente e eloqüente do presidente Lula e do governador Sérgio Cabral à campanha de Crivella, de outro partido que não os destes, o que é vedado por lei".

"Luladependentes"

Nenhum candidato à prefeitura do Rio de Janeiro personifica melhor o racha da esquerda nas eleições municipais que Chico Alencar (PSOL): ex-petista e dissidente do governo federal, hoje lança duras críticas contra Alessandro Molon (PT) e Jandira Feghali (PcdoB), a quem chama de "luladependentes".

Sabatinado em evento promovido pelo Grupo Estado, ontem Chico Alencar rejeitou ainda a idéia de "voto útil da esquerda", que tem sido pedido por Jandira aos eleitores - o que favoreceria a própria candidata, que apareceu tecnicamente empatada com Marcelo Crivella (PRB) e Eduardo Paes (PMDB) na liderança da última pesquisa de intenção de votos.

"A Jandira deveria falar com Crivella e Eduardo Paes, que são aliados dela. Todos são luladependentes, participam do governo federal, do governo estadual. Ela está batendo na porta errada", atacou Chico Alencar, que minimiza a influência das primeiras pesquisas no resultado final da disputa. Eduardo Paes também esteve na mira do candidato, que criticou seus altos gastos de campanha e a rápida mudança da oposição à base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quando deixou o PSDB para ingressar no PMDB. Chico Alencar ironizou a efêmera aliança entre o candidato do PT e o governador Sérgio Cabral (PMDB). "Molon ficou comovido e emocionado com uma aliança com o Cabral... Aliança que só não se consubstanciou porque ele tomou um pezão", disse ele, referindo-se ao nome do vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão.

Entretanto, o candidato não descartou uma aliança do PSOL com o PT ou o PCdoB no segundo turno. Caso eleito, Chico Alencar prometeu revisar contratos, concessões e contas da atual prefeitura. Um dos principais alvos pode ser a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), que hoje administra sozinha o carnaval carioca.
Alencar classificou a situação como "monopólio do espetáculo" e relembrou casos de votos combinados entre jurados dos desfiles. Construída pela gestão Cesar Maia, a Cidade da Música não seria oferecida como concessão à iniciativa privada: "A herança maldita pode ser bendita caso se consiga uma integração com as escolas da região."



Gilmar Mendes pede a Garibaldi que aprove reajuste do Supremo


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, defendeu ontem o reajuste salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de R$ 24,5 mil para R$ 25,725 mil, prevista em projeto de lei que aguarda votação na Câmara dos Deputados. A proposta eleva a remuneração dos ministros dos outros tribunais superiores. A defesa foi feita por Mendes após visita ao presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), com quem foi discutir a idéia de um "novo pacto republicano".

"Nós somos servidores do Estado, da sociedade. Se os senhores olharem o grau de responsabilidade que envolve (a função), vão perceber que essa remuneração está longe de ser excessiva", disse. Citou o fato de ser "mínima" a diferença entre o salário do juiz de primeiro grau (R$ 21 mil) e o do ministro do STF (R$ 24,5 mil), fato considerado por ele "uma distorção".

Ao ser questionado se deveria haver isonomia salarial entre parlamentares e ministros do STF, Mendes disse ser favorável a uma "remuneração adequada" para os membros do Congresso e o fim dos benefícios indiretos pagos a eles. "Temos uma série de problemas associada a essa falta de transparência. Tanto melhor que tenhamos subsídios claros. Nós (STF) ganhamos muito a partir dessa definição no âmbito do Judiciário porque encerramos todos aqueles atalhos, gratificações disso ou daquilo - os penduricalhos", disse.

Depois de conversar com Garibaldi, Mendes afirmou que ambos são "parceiros" na discussão do disciplinamento das medidas provisórias. No dia anterior, o presidente do Senado anunciou que por 45 dias não haverá leitura de MP que chegarem à Casa. O objetivo é evitar trancamento de pauta. As MPs passam a trancar a pauta de votações após 45 dias de tramitação. Haverá no período de 9 a 11 de setembro o último esforço concentrado para votação antes das eleições municipais.

"É preciso que os Poderes sentem para conversar e encontrem uma equação. Nós não podemos dispensar as MPs. Há matérias de urgência que reclamam as MPs, mas elas deveriam ficar só para as matérias de urgência. Nesse modelo atual, com trancamento de pauta e edição de número elevado de MPs, acabamos tendo uma roleta russa com todas as balas no revólver para o Congresso", disse.

O presidente do STF disse que o tribunal não quer substituir o Legislativo e defendeu funcionamento ativo do Congresso. Por isso, a necessidade, segundo ele, de um novo pacto republicano, que inclua a discussão das MPs, do funcionamento das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) - responsável por pontos de tensão entre Judiciário e Legislativo - e da legislação sobre abuso de autoridade.

Consumo brasileiro sobe 6% em julho


A demanda brasileira por energia elétrica cresceu 6,1%, em média, no mês de julho em comparação ao mesmo período do ano passado, impulsionada sobretudo pelo bom desempenho das classes residencial e comercial, de acordo com dados divulgados ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

O volume consumido no sétimo mês do ano atingiu 32.509 gigawatts-hora (GWh), o segundo maior do ano. No acumulado de janeiro a julho, a demanda pelo insumo teve crescimento de 3,8% sobre igual intervalo de 2007.

A melhora de renda da população e a maior oferta de crédito têm estimulado o consumo de energia elétrica nas residências, pontos de comércio e na área de serviços. Temperaturas acima da média histórica registradas em julho nas regiões Centro-Oeste e Sudeste - que contribuem para o maior uso de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores - também ajudaram a acelerar o consumo nacional de energia.

Nas residências, a demanda teve forte acréscimo de 8,4% em julho, sobre mesmo período de 2007, com destaque para os estados de Minas Gerais (13,1%), Pará (14,1%) e Paraná (10,6%). No acumulado do ano, o consumo residencial aumentou 5%, com destaque para as regiões Sul (avanço de 5,1%) e Nordeste (4,7%).

No período de um ano - entre julho de 2007 e julho de 2008 -, o número de unidades consumidoras residenciais cresceu 3,5% no Brasil, com a incorporação no período de 1,8 milhão de novos pontos de consumo. Estudo divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou uma melhoria no acesso da população a serviços como iluminação elétrica e linha de telefone fixo, além de bens duráveis, como geladeira, televisão, máquinas de lavar roupa e microcomputadores.

Na área comercial, o consumo teve elevação de 7,2% em julho sobre o mesmo mês de 2007, com altas significativas em todas as regiões brasileiras. A EPE aponta a diminuição do desemprego e o aumento da massa salarial, além da fartura de crédito, como fatores para a melhora do comércio e, consequentemente, a maior utilização de energia. Até julho, a demanda nessa classe acumulou crescimento de 4,3% em comparação ao mesmo período do ano passado.

O consumo na indústria também teve crescimento de 5,3% em julho em comparação ao mesmo período de 2007. No acumulado de janeiro a julho, a demanda do setor, que responde por mais de 40% do mercado de eletricidade, avançou 3,3%.

Senado aprova criação de 5.142 vagas


Quatro anos depois do último concurso com um grande número de vagas, o Hospital das Forças Armadas (HFA) autoriza seleção de novos profissionais. O Ministério do Planejamento deu sinal verde para a contratação de 1.314 médicos, técnicos e especialistas em atividades hospitalares.

A maioria das vagas é para profissionais técnicos, que devem ter nível médio, 675. Em seguida vêm as vagas para médicos (446) e para especialistas (nível superior), 193. O hospital terá até o fim de janeiro para lançar o edital.

O cronograma e as remunerações atuais não foram divulgados. Mas, na última seleção pública, realizada em 2004, os salários ficavam entre R$ 1.025,95 e R$ 2.146,33. Na época, o Cespe foi o responsável pela organização do concurso para contratação de 635 servidores. As taxas de inscrição cobradas estavam entre R$ 30 e R$ 60.

Os candidatos foram avaliados em provas objetivas com conhecimentos básicos (português e atualidades) e avaliação de títulos, no caso dos cargos de nível superior.

Haviam vagas para assistente social, enfermeiro (administração hospitalar, auditoria de contas hospitalares, do trabalho e epidemiologia/infecção hospitalar), farmacêutico, fisioterapeuta (fisioterapeuta-geral, reabilitação cardio-vascular e UTI), fonoaudiólogo, nutricionsita, psicólogo, e médico (anatomia patológica, anestesiologia, auditoria de contas hospitalares, cardiologia, clínica geral, cirurgia pediátrica, citologia, clínica médica, dermatologia, endocrinologia, gastroenterologia adulto e pediátrica, geriatria, ginecologia e obstetrícia, hematologia, infectologia, UTI adulto e neonatal, do trabalho, nefrologia adulto e pediátrica, oftalmologia, oncologia, pediatria, psiquiatria, radiologia, ortopedia e urologia). E para nível médio: citotécnico, protético, técnico (de gesso, atividades hospitalares, cito e histologia, eletroencefalograma, enfermagem, enfermagem do trabalho, função pulmonar, hemoterapia, higiene dental, laboratório de análises clínicas, medicina nuclear, necropsia e radiologia).

Alguns servidores do HFA, que está subordinado ao Ministério da Defesa, serão beneficiados pelo aumento salarial que será concedido pelo governo por meio de duas medidas provisórias, que serão publicadas hoje no Diário Oficial da União. O hospital atende as Forças Armadas, a Presidência da República, o Ministério da Defesa e a diversos convênios, entre eles, com o Corpo de Bombeiros e a população do Distrito Federal, por meio do SUS e do Incor. Nos últimos quatro anos, o Ministério da Defesa investiu em novos equipamentos, reforma das instalações, abastecimento de medicamentos, além de permitir o funcionamento do Incor em suas dependências.

INB AMPLIA INSCRIÇÕES
As Indústrias Nucleares do Brasil S/A (INB) prorrogaram até 5 de setembro a adesão ao concurso que oferece 37 vagas e formação de cadastro de reserva. Há postos para profissionais de nível médio — secretária de diretoria, técnicos em mineração, mecânico e químico. Os profissionais com graduação podem escolher entre as especialidades de assistência social, medicina do trabalho, química, física, geologia, engenharia de produto, mineração, processamento, química e produção. Os salários variam de R$ 1.103,50 a R$ 2.639,00. As inscrições podem ser feitas no www.iadenet.com.br mediante o pagamento da taxa de R$ 30 e R$ 50. As provas objetivas ocorrem em 12 de outubro.



Senado aprova contratações

Ontem foi um dia de intensas atividades no Senado, especialmente no que se refere à criação de vagas. Ao todo, estão autorizadas a contração de 5.132 profissionais para a Polícia Rodoviária Federal, a Agência Brasileira de Inteligência e tribunais. Agora, só falta a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Medida Provisória 431, que vai para sanção do presidente da República, entre outras coisas, criou 3 mil oportunidades para policiais rodoviários. A briga da PRF, para ampliar o quadro de servidores, se prolongava por mais de dois anos. Com essa vitória, poderão contar com um efetivo de 13 mil funcionários.

A MP, publicada inicialmente em maio, previa nível médio de escolaridade para a carreira. Porém, quando votada na Câmara, alterou-se a exigência para nível superior, o que provocou a volta do texto ao plenário do Senado — apesar de o presidente Lula defender como exigência o ensino médio. A remuneração foi reajustada e passa a ser de R$ 5.815,22 em vez dos R$ 5.238,94 anteriores. Também foi definido que o policial rodoviário deve permanecer no local de trabalho por, no mínimo, três anos. E, após esse período, a remoção estará condicionada a concurso interno, permuta ou ao interesse da administração.

Tribunais
Seis projetos de lei da Câmara passaram pelo crivo do Senado e permitiram a criação de 1.692 cargos em tribunais, 1.421 são vagas comissionadas e 271 efetivas. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) se beneficiou com 302 oportunidades (116 efeitos e 204 comissionados), o Tribunal Superior do Trabalho da 17ª Região, no Espírito Santo, com 158 (143 comissionados e 15 efetivos). Já no Tribunal de Contas da União são 179 cargos comissionados e outros 1.023 no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região, em Pernambuco e 12 postos efetivos no TRT da 11ª Região, no Amazonas.

Abin
No próximo dia 7, termina o prazo de inscrições do concurso para preencher 190 vagas da Agência Nacional de Inteligência e, segundo o relator-revisor do projeto, senador Romeu Tuma (PTB-SP), já conta com cerca de 40 mil inscritos. E, nos próximos dias, espera-se que o projeto de lei, aprovado no Senado, que criou 440 vagas seja sancionado. São 240 postos para oficial de inteligência e 200 para agente técnico de inteligência. A proposta reajusta a remuneração dos servidores, que passa a ser de R$ 2.948,01 a R$ 7.411,78 no início da carreira e de R$ 4.087,87 a R$ 10.277,57 no final. Em 1º de outubro deste ano, os novos valores serão de R$ 5.564,01 (início) e de R$ 13.468,76 (final) (LN)

CONFIRA AS CARREIRAS AMPLIADAS PELO SENADO
3,5 mil policiais rodoviários federal
1.692 para tribunais
440 na Agência Brasileira de Inteligência

Seleção não é prorrogada

O Banco do Brasil conseguiu uma vitória na briga para não prorrogar o concurso realizado em 2006. A juíza do trabalho Raquel Gonçalves Maynarde, da 6ª Vara do Trabalho do Distrito Federal, deu ganho de causa ao banco favorável à manutenção da seleção deste ano. A magistrada considerou improcedentes os pedidos da Procuradoria do Trabalho que exigiram a prorrogação da seleção anterior até 2010 e a não convocação dos 7.030 aprovados no DF.

A ação civil pública da Procuradoria estipulava uma multa de R$ 100 milhões por danos coletivos que deveriam ser destinados ao Fundo de Amparo ao Trabalhador. Esse pedido também foi negado. No entendimento da juíza, cada empresa tem autonomia para decidir se deve ou não prorrogar seleções conforme sua necessidade.

De acordo com a assessoria de imprensa do BB, dois mandados de segurança que beneficiam um grupo com oito candidatos aprovados em 2006, que pedem nomeação antes das novas chamadas, são os únicos empecilhos para regularizar a situação. O banco recorreu da decisão judicial e aguarda resposta.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Tempo para encontrar emprego é o menor em dez anos, diz Seade/Dieese


O tempo médio de procura de emprego na região metropolitana de São Paulo atingiu 41 semanas em julho deste ano e é o menor para o mês desde 1998, quando foi registrado 36 semanas de demora.

Segundo pesquisa da Fundação Seade e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgada nesta quarta-feira, em relação ao mês anterior --que registrou o menor período de 2008--, a espera por uma nova vaga em julho subiu uma semana.

O desemprego na grande São Paulo ficou em 14,1% em julho, ante 15% no mesmo mês de 2007, quando o tempo médio de procura de emprego estava em 49 semanas. "A taxa de 14,1% é a menor [para o mês] desde julho de 1996", afirmou o coordenador de análises do Seade, Alexandre Loloian.

No mês passado, o contingente de desempregados foi estimado em 1,487 milhão de pessoas em São Paulo --27 mil a mais do que em junho. O nível de ocupação (9,06 milhões) em São Paulo em julho cresceu 0,2% em relação ao mês anterior (9,042 milhões).

Índia volta a importar açúcar do Brasil


A Shree Renuka Sugars Ltd., a maior refinaria de açúcar da Índia, comprou 30 mil toneladas de açúcar não-refinado (demerara) do Brasil, na primeira importação aquisição desde 2006. O açúcar tem chegada prevista para outubro em Haldia, porto da costa leste da Índia e local de operação da usina da empresa, que processa 2 mil toneladas ao dia. A unidade entrou em atividade em junho, segundo o diretor executivo da Shree Renuka, Narendra Murkumbi. De acordo com ele, a commodity está sendo comprada com isenção de impostos por ser beneficiada na forma de açúcar refinado ou branco para exportação.

As compras no mercado externo por parte da Índia, a maior consumidora mundial de açúcar, deverão impulsionar os preços mundiais, que subiram 50 por cento no último período de 12 meses. A produção interna deverá totalizar 22 milhões de toneladas no período de um ano-safra a ser iniciado em outubro próximo, volume inferior ao deste ano-safra, de 26,5 milhões de toneladas, disse a Associação Indiana de Usinas de Açúcar. O país comprou açúcar da última vez no ano-safra 2005/06.

"A matéria-prima doméstica não está disponível, e comprar do mercado à vista no Brasil é mais atraente", disse Murkumbi. "`Deveremos importar mais açúcar não-refinado depois de dezembro.""" A Shree Renuka assinou um contrato com o brasileiro Grupo Copersucar em 2006 para a compra de açúcar não-refinado. O açúcar não-refinado brasileiro, ao preço de US$ 300 a tonelada FOB (com frete e seguro por conta do destinatário), é mais barato que o comercializado pelos fornecedores da Tailândia, disse Murkumbi.

"A Shree Renuka vai buscar importar do fornecedor mais barato e vender açúcar refinado ao preço mais elevado", disse Kiran Wadhwana, diretor da International Trading Co., sediada em Nova Délhi. ``Uma tarifa alta de importação vai evitar que se importe para vender no mercado local.""""

O açúcar importado para comercialização interna é taxado em 60 por cento.
As usinas da Índia, que deverão vender um recorde de 4,5 milhões de toneladas de açúcar no exterior este ano, vão suspender as exportações a partir de outubro para vender o produto no mercado interno, onde se prevê que a demanda aumentará no mês que vem, antes da festa de Diwali, comemorada em outubro, disse Wadhwana.

Emprego e renda em alta afastam risco do crédito, dizem economistas


Crédito em alta, risco à vista? Essa pergunta tem movido debates econômicos, principalmente depois que a cifra de financiamentos superou R$1 trilhão. Ontem, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, em entrevista ao jornal "Valor Econômico", mostrou sua preocupação, temendo uma bolha de crédito no Brasil que, ao estourar, abortaria o crescimento. No debate, no entanto, a visão de que a situação está sob controle prevalece. Não são necessárias medidas diretas para conter o avanço do crédito. O aperto da política monetária, com a alta de juros que vem desde abril para manter a inflação dentro da meta, vai conter o crédito.

A preocupação só teria espaço, na opinião do diretor da Nossa Caixa, Joaquim Eloi Cirne de Toledo, se emprego e salário estivessem caindo, o que poderia levar ao aumento da inadimplência.

- São dois milhões de empregos criados por ano, e a maioria com carteira assinada, não há sinais de que a situação vá se complicar no futuro.

Para que isso aconteça, terá que haver reversão forte na situação econômica do país, com choques externos que façam o dólar explodir e a inflação acelerar rapidamente:

- Nada indica isso no momento.

E a carteira assinada, na observação do professor da PUC Luiz Roberto Cunha faz o trabalhador ter acesso a crédito mais barato. Melhorando, assim, a qualidade dos financiamentos.

- Mas houve migração do crédito direto para o leasing na compra de automóveis, o que mascara um pouco a desaceleração desse indicador.

Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central, também não vê riscos na expansão do crédito, que, na sua opinião, veio em conseqüência da redução dos juros que durou dois anos (2005 a 2007).

- No último ciclo de aperto monetário (de 2004 a 2005) foi acompanhado do empréstimo consignado, o que manteve o crédito em alta. Mas o consignado foi lá atrás, e a concessão de empréstimos deve responder ao aperto monetário.

Segundo Schwartsman, não há sinais de deterioração na qualidade do crédito. Repetindo Cirne de Toledo, o desemprego em queda e o salário em alta afastariam esse temor:

- É lógico que é preciso olhar sistematicamente o setor. Mas não é possível comparar a situação do Brasil com a dos Estados Unidos. O crédito imobiliário está crescendo, mas, diante das medidas regulatórias de 2004, não são subprime, são o prime do prime. Mesmo assim, se o financiamento habitacional dobrar vai representar só 2% do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto dos bens e serviços produzidos no país).

Barack Obama também quer Brasil no G-8


Assim como John McCain, Barack Obama quer expandir o acordo sobre etanol com o Brasil e defende a entrada do país no G-8. Ele foi nomeado candidato por aclamação a pedido de Hillary, que abriu mão de seus votos.

Barack Obama já tem algumas decisões tomadas em relação ao Brasil se vencer as eleições. Uma delas é expandir o atual acordo bilateral sobre etanol, que depois de 15 meses em vigor não saiu da fase de boas intenções. Outra é criar um Fórum de Energia Global com destacada participação brasileira. Ele pensa, ainda, em negociar com os países ricos a ampliação do G-8, de forma a incluir mais cinco países - entre eles o Brasil. O republicano John McCain também tem defendido a inclusão do Brasil no grupo.

Tais iniciativas foram reveladas ontem por Dan Restrepo, conselheiro político sênior de Obama para a América Latina, ao final de um seminário na Universidade de Denver sobre as perspectivas de novas relações dos EUA com a região.

Em entrevista a jornalistas brasileiros, Restrepo contou que Obama estaria muito impressionado com a importância do Brasil no continente e também no cenário global:

- Isso é algo que tem despertado a atenção dele. E isso é uma peça importante em sua visão de ter um relacionamento robusto com os brasileiros, tanto em assuntos regionais quanto em questões globais.

Ausência de conflito racial no Brasil atrai candidato

O conselheiro acrescentou que o Brasil "certamente tem capturado a atenção de Obama" tanto em termos de país, em si, quanto de sua população. Ele teria uma forte identificação com o país devido também à sua grande população negra:

- Barack tem uma visão global e uma história de vida bem diferentes da maioria das pessoas e, certamente, daquelas que alguma vez tentaram chegar à Presidência dos EUA. O Brasil tem a maior população afro-descendente do mundo, e isso claramente chama a atenção dele.

Restrepo sugeriu que esse fato provoca algo mais do que uma simples identificação racial: o Brasil seria encarado por Obama como um modelo de convivência racial:

- Chama claramente a atenção de Barack a forma como o Brasil encarou as negociações (domésticas) com os mesmos tipos de questões com as quais os EUA lidam em termos de raça. Isso é algo que lhe interessa muito, e é uma coisa que tem surgido nas discussões de nossa equipe - revelou Restrepo.

Tanto ele quanto outro conselheiro da equipe de Obama encarregada da América Latina, Frank Sanchez, desmentiram os supostos planos do candidato de visitar o Brasil ou outros países da região pouco antes ou pouco depois das eleições.

- No curto prazo isso não vai acontecer - afirmou Sanchez.

Restrepo reforçou:

- O mais importante agora é que Obama tem um programa detalhado para a região. Ele a visitará quando for possível. Importante é ter uma visão a respeito dela. Visitá-la também é importante, mas não se trata da parte mais importante. O que não podemos é continuar fazendo a mesma coisa. Temos que romper com as políticas que estão congeladas no passado.

Ele lembrou, referindo-se especificamente ao Brasil, que a criação do Fórum de Energia Global é uma proposta concreta. A idéia seria que EUA e Brasil se sentem juntos para criar um mecanismo, com a participação de potências internacionais, para lidar com os desafios mundiais nesse setor.

- Isso mostra o quanto é importante o relacionamento entre Estados Unidos e Brasil - disse Restrepo.

Quanto ao etanol, disse que Obama tem conversado com sua equipe a respeito do modelo brasileiro, citando-o como "um exemplo de segurança e ao mesmo tempo independência energética de grande sucesso":

- Segundo Barack, os EUA têm de fazer algo parecido com isso.

Relator do STF vota por reserva contínua em RR


O ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), propôs que a reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, seja demarcada de forma contínua, com a saída dos agricultores que plantam arroz nas terras. Relator do caso, Ayres Britto rejeitou a idéia de criação de “ilhas” para populações indígenas. O relator foi o único dos 11 membros do STF a votar no primeiro dia do julgamento, pois o ministro Carlos Alberto Direito pediu vistas do processo, adiando a decisão. A causa das tribos foi defendida pela advogada Joênia Batista Carvalho, primeira índia a obter registro da OAB.

A reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, tem de ser demarcada de forma contínua e os arrozeiros que cultivam terras na região têm de abandonar o local. Esse foi, em síntese, o voto do ministro-relator Carlos Ayres Britto no julgamento que vai definir a forma de demarcação da reserva, iniciado ontem no Supremo Tribunal Federal (STF). Baseando-se em artigos da Constituição, o ministro disse que a demarcação de terras indígenas deve ser sempre contínua, rejeitando assim a proposta de alguns parlamentares e do governo de Roraima de criar "ilhas" para as populações indígenas que vivem na reserva.


"O formato de toda e qualquer demarcação indígena é o contínuo. Porque somente ele viabiliza os imperativos constitucionais", definiu Ayres Britto.

O relator foi o único dos 11 membros do Supremo a votar ontem. Já no meio da sessão os ministros davam como certo o pedido de vista. Coube a Carlos Alberto Direito, o primeiro a votar depois do relator, pedir o adiamento da sessão. O regimento do STF determina que o processo deve ser devolvido para a retomada do julgamento em até 20 dias, mas esse prazo pode ser descumprido. O presidente da Corte, Gilmar Mendes, afirmou que espera concluir o julgamento "até o final deste semestre".

CERCAS

"As terras já eram e permanecem dos indígenas", afirmou Ayres Britto, em seu voto. "Os rizicultores passaram a explorar as terras em 1992. Eles não têm direito adquirido às posses."

Segundo ele, não há problemas na avaliação antropológica feita para basear a demarcação. Além disso, afirmou, os plantadores de arroz degradam o meio ambiente com o uso de agrotóxicos.

O relator observou que os índios não se acostumam a viver cercados. "São visceralmente avessos à idéia de guetos, cercas, muros, grades, viveiros", ressaltou. "Se as terras permanecem indígenas, a despeito dos empreendimentos públicos nela incrustados, nem por isso a União decai de seu poder-dever de comandar, de coordenar o uso contínuo de tais empreendimentos."

Ainda segundo o ministro, não há nenhum impedimento para que índios vivam em faixas de fronteira. "A Magna Carta Federal não fez nenhuma ressalva quanto à demarcação em faixa de fronteira", disse.

Ayres Britto classificou como tentativa de desviar o foco da discussão o argumento de que a ocupação pelos índios poderia atentar contra a soberania nacional. "Não é por aí que se pode falar de abertura de flancos para o tráfico de entorpecentes e drogas afins, nem para o tráfico de armas e exportação ilícita de madeira. Tampouco de perigo para a soberania nacional, senão, quem sabe, como uma espécie de desvio de foco ou cortina de fumaça para minimizar a importância do fato de que empresas e cidadãos estrangeiros é que vêm promovendo a internacionalização fundiária da Amazônia legal, pela crescente aquisição de grandes extensões de terras."

ENTREVISTA

Durante o julgamento, ele citou entrevista do professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio, Viveiros de Castro, concedida aos jornalistas Flávio Pinheiro e Laura Greenhalgh e publicada pelo Estado em abril. Na entrevista, o professor falou sobre a contribuição dos índios para a integridade territorial do País. Ayres Britto citou declaração de Viveiros: "Os índios foram decisivos para que o Brasil ganhasse da Inglaterra. Dizer que viraram ameaça significa, no mínimo, cometer uma injustiça histórica."

O ministro disse ainda que o processo de demarcação das terras indígenas, previsto na Constituição de 1988, está atrasado. De acordo com a Constituição, esse processo deveria ser realizado num prazo de cinco anos.


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Essa é boa


Perdido no ar

Acredite. O vôo da TAM JJ 3947, do Rio para São Paulo, atrasou 40 minutos, ontem.

O piloto avisou que um avião particular estava perdido perto do Santos Dumont, sem saber as regras de aterrissagem.

Senado abre caminho para a Oi comprar a BrT


Ao aprovar, ontem, a indicação de Emília Ribeiro para conselheira da Anatel, o Senado pode ter dado importante contribuição para facilitar a aprovação do novo Plano Geral de Outorgas (PGO). Há oito meses, o conselho vem operando com apenas quatro integrantes. Apesar de esses quatro conselheiros serem favoráveis às mudanças no PGO, eles se mostraram divididos (dois para cada lado) quando trataram da criação de uma empresa à parte para o serviço de banda larga.

A aprovação do quinto conselheiro pode evitar um impasse no conselho. Indicada pelo senador José Sarney (PMDB-AP) e apoiada pelo ministro Hélio Costa, também do PMDB, Emília é alinhada com as preocupações do governo. Quando teve seu nove aprovado no Comissão de Infra-Estrutura do Senado, na semana passada, ela evitou opinar sobre o novo PGO. "Acho maravilhoso que aconteçam (mudanças no PGO), mas, quanto ao mérito, não posso falar sem olhar o conteúdo das consultas públicas".

A mudança no PGO é essencial para a conclusão da compra da Brasil Telecom pela Oi. As atuais regras impedem que uma concessionária de telefonia fixa adquira o controle de outra, passando atuar simultaneamente em mais de uma das áreas definidas no atual PGO. Emília é assessora da Presidência do Senado. Com o aval do plenário da Casa, ela agora só precisa da nomeação oficial do Palácio do Planalto para tomar posse

Déficit da Previdência cai 20%


O déficit da Previdência Social não passará de R$ 38 bilhões neste ano, afirmou ontem o ministro José Pimentel. A evolução das contas previdenciárias já fez o ministério rever, no mês passado, sua projeção para R$ 38,5 bilhões. Mas, segundo Pimentel, os indícios são de que o resultado será ainda mais baixo. “O Ministério está com viés de baixa em sua projeção para o resultado”, disse ele, lembrando que o Orçamento de 2008 previa déficit de R$ 46 bilhões.

Em julho, de acordo com dados divulgados ontem, o déficit foi de R$ 2,18 bilhões - valor 37% menor do que em julho de 2007, em termos reais, descontando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC). De janeiro a julho, o saldo negativo foi de R$ 20,83 bilhões, com queda real de 20,1% ante os sete primeiros meses de 2007.

Para Pimentel, a melhora nas contas resulta de uma combinação de mais empregos formais e aumento da renda - que elevam as receitas (julho teve a maior arrecadação mensal, excetuando-se meses de dezembro) e do controle das despesas por meio de medidas administrativas e gerenciais adotadas pela pasta.

A arrecadação líquida da Previdência no ano somou R$ 88,59 bilhões, com alta real de 10,2%, enquanto as despesas com benefícios atingiram R$ 109,42 bilhões, subindo apenas 2,8% ante os sete primeiros meses de 2007.

O ministro destacou o desempenho da Previdência Urbana, que registrou em julho passado superávit de R$ 461,3 milhões, ante déficit de R$ 771 milhões em julho de 2007. Segundo ele, o bom desempenho da Previdência Urbana, que reflete mais claramente tanto a melhora no mercado de trabalho como as medidas administrativas, é o principal motivo da melhora nas contas da Previdência.

No acumulado do ano, a Previdência Urbana ainda registra déficit (de R$ 1,949 bilhão), mas bem menor que o saldo negativo de R$ 7,682 bilhões de igual período de 2007. Na Previdência Urbana, os beneficiários contribuem para o sistema, ao contrário da Previdência Rural, que em julho teve déficit de R$ 2,638 bilhões e, no ano, acumula saldo negativo de R$ 18,878 bilhões.

ANTES DE 2011

O secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, ressaltou que, dado o ritmo de melhora das contas, o déficit previdenciário pode chegar antes de 2011 à casa de 1,3% do PIB. Atualmente, ele está na casa de 1,5%. O ministro José Pimentel informou que a projeção do déficit para 2009 pode ser menor que os atuais R$ 43 bilhões previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Pimentel informou ainda que está discutindo com o Ministério da Fazenda a mudança legal na contabilidade da Previdência. A mudança separaria os dados da Previdência Urbana e da Rural, que é subsidiada pelo governo.

Na prática, o Ministério já trabalha e divulga os resultados da Previdência Rural e Urbana, mas legalmente o resultado é um só. “Vamos separar o que é contributivo do que é subsidiado para dar mais transparência aos dados”, disse o ministro, que espera que as mudanças sejam implementadas em 2009.

Pimentel informou também que o governo vai se posicionar contra o aumento do limite a taxa de juros no crédito consignado dos aposentados, que foi pedido pelo representante dos bancos no Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS).

O tema será discutido hoje no CNPS. O governo argumenta que atualmente há bancos praticando taxas bem abaixo dos limites de 2,5% ao mês. “Se tem banco praticando juros de 0,89% não há porque aumentar o limite”, argumentou ele


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Decisão do STF sobre reserva de RR pode gerar conflito


A expectativa em torno da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação da Raposa Serra do Sol provoca crescentes tensões nos dois lados envolvidos na polêmica. O produtor de arroz João Paulo Quartiero, que liderou a resistência à presença da Polícia Federal na região, em abril, disse que uma decisão favorável à reserva o deixará duplamente desempregado. "Vou perder a fazenda de arroz e o cargo de prefeito de Pacaraima", explicou o arrozeiro.

A cidade está destinada a desaparecer do mapa, uma vez que se encontra no interior da polêmica reserva indígena. É pouco provável, porém, que isso ocorra de maneira pacífica, uma vez que a maior parte da população local defende a exclusão do território municipal da área da reserva.

Do outro lado, o macuxi Dionito José de Souza, coordenador do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), teme uma onda revanchista contra os índios da região caso o STF autorize as ilhas territoriais não indígenas. Ele disse que as famílias que já foram retiradas da área ameaçam voltar para os lugares que ocupavam anteriormente - e que hoje estão nas mãos dos índios. "Temos ouvido muitas ameaças", afirmou Souza. "Pode acontecer um massacre por aqui."

O governo federal começou a retirar as famílias não indígenas da área no ano passado. Segundo levantamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na zona rural existiam 180 famílias. No total seriam 33 mil hectares, distribuídos entre os municípios de Boa Vista, Bonfim e Amajari.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Puccinelli aparece em grampo da PF


Escuta telefônica feita pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, registra uma conversa do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), com Mirched Jafar Júnior, que foi denunciado pelo Ministério Público Federal sob a acusação de ter participado da montagem de uma farsa para incriminar um adversário político do governador, o ex-deputado estadual Semy Ferraz (PT). Também foram denunciados o filho do governador, André Puccinelli Júnior, e o secretário estadual de Obras, Edson Giroto. Segundo o Ministério Público, o grupo teria articulado a colocação de “santinhos” de Semy, grampeados com notas de R$ 20, no interior do carro do coordenador da campanha do deputado, Benoal Sobral.

Em depoimento à Polícia Federal, o executor da operação, Edmilson Rosa, o Rosinha, assumiu a responsabilidade exclusiva da montagem da fraude, eximindo de culpa os outros três denunciados. A operação aconteceu em 29 de setembro de 2006, dois dias antes das eleições gerais. A procuradora regional da República Luiza Frischeinsen afirma na denúncia, oferecida em 15 de julho deste ano, que os quatro denunciados, “em comunhão de esforços e conjugação de vontades”, praticaram o crime de denunciação caluniosa, já que “encarregaram-se de colocar no veículo de Benoal Sobral materiais que poderiam incriminar o coordenador de campanha e o próprio candidato, posteriormente providenciando ‘denúncia’ anônima à Polícia Federal”.

Frischeinsen considerou importante acrescentar que, no momento em que conversava com Edminson, Mirched “encontrava-se na residência de André Puccinelli (na época candidato a governador do estado), juntamente com André Puccinelli Júnior”. A procuradora afirma que isso fica confirmado nos diálogos entre Mirched e o próprio governador (dia 29, às 18h16) e depois com Edmilson (às 18h29, 18h36 e 18h45 do mesmo dia). Na conversa das 18h16, Mirched fala primeiro com André Júnior. De repente, o filho do governador interrompe o diálogo, dizendo: “Só um pouquinho!”. Surge a voz de André Puccinelli: “Oi!”. Mirched responde: “Fala, meu chefe!”. O candidato ao governo pergunta: “Você pode vir aqui em casa?”. Em seguida, André Júnior retoma o telefone. Mirched pergunta: “Quem falou? Foi seu pai?”. André Júnior confirma: “É, vem aqui no apartamento”.

Por acaso
A Operação Vintém da PF teve início por acaso. No mesmo período, a polícia monitorava os telefones do escritório dos advogados André Puccinelli Júnior e Félix Nunes da Cunha, procuradores de um empresário acusado de contrabando de cigarros. Era a Operação Bola de Fogo. As escutas acabaram revelando o plano para tentar incriminar Ferraz, que acabou não sendo reeleito deputado. Em 29 de setembro, por volta das 19h30, outros agentes da Polícia Federal encontraram os santinhos grampeados em cédulas de R$ 20 no interior do Fiat Uno, de cor verde, placas BLH 4429, pertencente a Benoal. Somente mais tarde a fraude foi esclarecida pelas gravações feitas com autorização judicial.

No depoimento à PF, Edmilson afirmou que André Júnior , Giroto e Mirched só teriam tomado conhecimento da montagem que ele fez “após o ato concretizado”. Disse que o ato da implantação do dinheiro e da lista no carro foi “exclusivamente” seu. E acrescentou que o dinheiro utilizado (R$ 740) era seu. Edmilson afirmou que foi repreendido por Mirched quando o mesmo tomou conhecimento do fato. “Não é desse jeito que se faz política. Tinha que ser feito pelos caminhos certos”, teria dito Mirched. O executor da fraude acrescentou que também teria sido repreendido por André Júnior no dia seguinte. “Ô, doutor, não devia ter sido feito, abre precedente para eles fazerem contra a gente numa próxima ocasião. A eleição está praticamente definida, não tem essa necessidade”, teria afirmado o filho do governador.

André Júnior, Mirched e Giroto também prestaram depoimentos à PF e negaram participação na trama. André e Mirched confirmaram, porém, que participaram da reunião na casa do candidato André Puccinelli em 29 de setembro. Para o Ministério Público, a participação de Mirched, presidente regional do Partido Republicano Trabalhista Brasileiro (PRTB), “remanesce cristalina, em especial pelo teor dos diálogos mantidos com Edmilson Rosa”. Nessa conversa, Mirched pergunta: “Tá com a lista do Semy?”. Edmilson responde: “Já tá lá dentro. Cê pode mandar buscar…”.

Semy Ferraz afirmou na sexta-feira que vai apresentar representação criminal ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Silva e Souza, contra o governador André Puccinelli pela prática do crime de denunciação caluniosa, na qualidade de mandante. Se a representação for aceita, o governador será processado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).


Os grampos


Dia 29 de setembro de 2006.

18h16 – André Puccinelli Júnior está em um apartamento, junto com outras pessoas que demonstram muita ansiedade, inclusive André Puccinelli, e pede para Júnior ir até lá, para resolverem algo sobre a “lista” passada por Girotto:

André Júnior: “Você recebeu uma lista?”

Mirched Jafar Júnior: “Não”.

André Júnior: “Pois é. O Girotto tinha uma lista que passou para ele, que tinha que chegar ao seu conhecimento”.

Mirched: “Não. Não chegou nada a meu conhecimento.
Eu vou ligar para ele”.

André Júnior: “Só um pouquinho!”

(Voz ao fundo, que parece ser de André Júnior mesmo): “Quer falar com o Júnior da Gráfica?”
André Puccinelli (governador): “Oi!”

Mirched: “Fala meu chefe!”

André Puccinelli: “Oi!”

Mirched: “Fala!”

André Puccinelli: “Éhh…Você pode vir aqui em casa?”

Mirched: “Onde cê mora? Alou?”

André Puccinelli: “Pode vir aqui… em casa! Tá, eu vou passar p’ro Júnior”.

André Júnior: “Ôo… Júnior!”

Mirched: “Quem que falou? Foi seu pai?”

André Júnior: “Ô, Júnior…é…vem p’ra cá! Vem aqui no apartamento”.

Mirched: “Tô chegando”.

18h36 – Rosinha dá detalhes de como “plantou” a lista e dinheiro com santinhos no carro do assessor de Semy Ferraz::
Rosinha: “Eu tenho uma cópia da lista. Só que a lista que eles me deu (sic) eu pus dentro do carro do cara… Junto com o dinheiro e os santinho grampeado (sic)… Cabamos (sic) de pôr!… Ele tá dentro… tá na frente do jornal. Entendeu?”

Mirched Jafar Júnior: “Bom, cê… se isso vai acontecer… tem que acontecer em… meia hora!”

Rosinha: “Não! Já tá lá dentro. Cê pode mandar buscar. É isso que eu tô te explicando”.

Mirched: “Que carro que é?”

Rosinha: “Um Uno verde, você quer a placa dele?”

Mirched: “Eu quero”.

Rosinha: “Tá. Eu já te ligo aí”.

18h56 – Mirched Jafar Júnior informa, de maneira clara, que foi Girotto quem acionou a Polícia Federal:

André Júnior – “Alô!”

Mirched: “Liga p’ro Girotto, manda ele parar a PF, que ele mandou a PF atrás do cara”.
Voz ao fundo: “Passei p’ro homem já”.

André Júnior: “Hã”.

Dia 30 de setembro,
11h22 – Girotto e Mirched comentam e comemoram
o sucesso da manobra, dizendo se tratar de
uma vingança:

Mirched: “O que aconteceu ontem? Deu certo?”

Girotto: “Ah! Diz que caiu tudo”.

Mirched: “É certeza isso?”

Girotto: “Ué! Levaram, prendeu!. O cara lá me falou”.

Mirched: “Hummm… Então tá! Foi jubiloso o negócio lá!”

Girotto: “Nossa vingança será maligna!”

Mirched: “Tá bom. Um abraço”.

Girotto: “O André disse que passar a campanha vai lá tomar um uiski com você lá naquela tua casa, viu?”


Internet é ferramenta de campanha


A internet é a nova ferramenta que publicitários das campanhas das principais capitais do país adotaram para aumentar a repercussão da propaganda eleitoral na TV, que começou esta semana e se prolonga até 2 de outubro. Os recursos de interação e multimídia na web tornaram-se uma boa alternativa para uma maior divulgação do candidato — sinal de que a rede assume cada vez mais um papel importante na corrida eleitoral.

“A vantagem da internet é poder buscar informação sobre o assunto quando quiser e puder”, acredita Pascoal Gomes, um dos responsáveis pela publicidade de ACM Neto (DEM), candidato à prefeitura de Salvador. O site do candidato destaca não só sua biografia e atuação na Câmara dos deputados como também oferece espaço para o internauta participar de enquetes, assistir vídeos e ouvir entrevistas do democrata. Dois perfis de ACM Neto no site de relacionamentos Orkut e vídeos no YouTube reforçam a presença do político na rede.

No fim do mês passado, a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Sul voltou atrás e eximiu a candidata à Prefeitura de Porto Alegre Manuela D’Ávila (PCdoB) de retirar do ar comunidades do Orkut e vídeos do YouTube sobre sua campanha. O juiz Ricardo Torres Hermann, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, aceitou o argumento da candidata, que afirma não poder deletar as páginas, já que não foi a responsável pela postagem do conteúdo.

Aos 27 anos, a candidata utiliza a internet como ferramenta para dialogar com o público jovem. O responsável pela publicidade da candidata, Carlos Eduardo Gumes Andrade, conta que o meio já era usado nos tempos de liderança estudantil de Manuela. Por outro lado, a candidata é alvo de críticas e acusações em sites como o próprio YouTube e em comunidades do Orkut.

Grande parte dos candidatos às prefeituras das grandes capitais do país coloca na web os vídeos e programas de rádio veiculados durante o horário eleitoral gratuito. Esse é o caso dos candidatos à prefeitura de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) e Jô Moraes (PCdoB). Lacerda (PSB), por exemplo, exibe vídeos com políticos que apóiam sua candidatura, como o atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel, e o governador do estado, Aécio Neves. O candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB) chegou a promover um chat com os eleitores assim que sua campanha foi exibida.

Legislação
Apesar de muitos candidatos já estarem utilizando a Internet, há um consenso entre os publicitários de que a legislação brasileira limita e muito o uso da internet em campanhas políticas. O publicitário Paulo de Tarso, responsável pela campanha de Jandira Feghali (PCdoB) à prefeitura do Rio de Janeiro qualifica a atual regulamentação como intimidadora e restritiva. “A internet sempre vai ser naturalmente livre”, acredita o publicitário Fábio Bernardi, da campanha à reeleição do prefeito de Porto Alegre (RS), José Fogaça.

Após muitos embates jurídicos entre candidatos por conta do uso da internet, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu que, além das normas gerais que regulam a propaganda eleitoral, a resposta da corte será dada caso a caso. A decisão já foi aplicada, por exemplo, no caso da coligação “São Paulo no Rumo Certo”, de Gilberto Kassab (DEM), contra o uso de vídeos do YouTube pelo candidato Geraldo Alckmin (PSDB). O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo permitiu a reprodução de vídeos no site do ex-governador paulista. “Esse nosso site será interativo, ouvindo, dialogando, discutindo os programas de governo. Convide seus amigos a participar do nosso site. Ele terá as últimas notícias, será em tempo real”, afirma o candidato na mensagem de boas vindas do endereço.

Entorno
A adesão aos recursos oferecidos pela internet ainda é tímida entre os candidatos do Entorno. A candidata à vereadora em Luziânia Cassiana Tormin (PT) é uma exceção. Após um mês na rede, o site dela recebeu a visita de cerca de 500 pessoas. A candidata acredita que a internet faz a diferença entre os formadores de opinião e é uma forma de divulgação a mais para aqueles que passam o dia fora da cidade e não acompanham o “barulho da campanha”.

O pesquisador sobre inclusão digital e cidadania da Universidade de Brasília Antônio Flávio Testa considera positivo o uso da internet nas campanhas políticas. Testa avalia que os recursos tecnológicos serão cada vez mais utilizados nas próximas eleições, embora a legislação sobre o assunto, segundo ele, não acompanhe os avanços nessa área.

Uso da Internet
Com a internet, os candidatos podem alcançar mais objetivamente seus eleitores, desde que eles consigam segmentar corretamente, identificar o perfil dos seus possíveis eleitores e fazer uma conexão com base numa estratégia de comunicação política mais direcionada. Isso exige uma análise mais aprofundada do comportamento do consumidor, das expectativas e da formatação de uma estratégia de campanha. Mas o resultado é sempre positivo.

Legislação
Essa legislação é um pouco defasada da realidade. O mercado funciona com um ritmo diferenciado. As expectativas dos eleitores, do movimento da sociedade, das organizações sociais e políticas têm hoje uma atuação muito mais intensa com a tecnologia de informação e comunicação. No entanto, a legislação não regulamenta objetivamente esse comportamento e assim a decisão fica a cargo de interpretações de juízes eleitorais — até mesmo casuísticas em determinados momentos —porque não há uma regulamentação, pelo menos no meu modo de entender, que seja condizente com os avanços da sociedade e tão pouco dos avanços da tecnologia que está à disposição dessa participação política organizada.

Previsões
A “sociedade do espetáculo”, no bom sentido, com certeza irá aproveitar com muita intensidade todos os avanços de tecnologia de comunicação e informação colocadas à disposição dos usuários. Estamos caminhando para um mundo cada vez mais multimídia, um mundo muito mais interativo, mais participativo. Acho que haverá uma necessidade cada vez mais objetiva de o Estado acompanhar esse movimento da sociedade e regulamentar o uso do acesso e aplicação dessas tecnologias. E tenho a impressão de que a pressão exercida pela sociedade e pelo ambiente de negócios do mundo político vai obrigar os legisladores a trabalhar de uma forma mais objetiva para definir as regras dessa nova forma de participação no Brasil. Eu acredito que a eleição para presidente da república de 2014 será uma eleição muito diferente daquela que vai acontecer em 2010 e daquela que aconteceu anteriormente, porque cada vez mais temos recursos de comunicação, tecnológicos, de multimídia à disposição daqueles que se candidatam a um cargo eletivo e, obviamente, àqueles que terão que dar aos candidatos o seu voto.

Dilma não vai a evento de Rosário

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, decidiu não participar de uma agenda com a candidata do PT à prefeitura de Porto Alegre, deputada federal Maria do Rosário, na manhã de ontem. Alegando a impossibilidade de chegar a Porto Alegre no sábado e ter que ir direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Gramado, onde ele seria homenageado, Dilma ligou para o comitê eleitoral cancelando sua participação numa passeata com a secretária especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, e Maria do Rosário no Bric da Redenção, local mais movimentado aos domingos na capital gaúcha.

Conforme informou a assessoria da ministra à Agência Estado, Dilma chegou ao aeroporto Salgado Filho pela manhã, e, de lá, dirigiu-se para a base área de Canoas, onde se encontraria com o presidente Lula. Em seguida, ambos seguiriam para Gramado, para participarem da abertura do 18º Congresso Brasileiro de Contabilidade, juntamente com os ministros da Justiça Tarso Genro e da Defesa Nelson Jobim. No entanto, Lula cancelou a viagem para o Rio Grande do Sul. Segundo o Planalto, o cancelamento ocorreu devido ao mau tempo na região. O presidente permaneceu em Brasília.

O evento de campanha de Maria do Rosário, do qual Dilma desistiu de participar, aconteceu no dia seguinte à divulgação de pesquisa do Ibope, registrada sob o número 33/2008 e divulgada pelo jornal Zero Hora, que mostrou a candidata petista com 16% das intenções de voto, ao passo que a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) passou ao segundo lugar, com 21%. Segundo a pesquisa, realizada de 19 a 21 de agosto, o prefeito José Fogaça, candidato a reeleição pelo PMDB, é o favorito, com 33%. O Ibope realizou 805 entrevistas e a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Maria do Rosário disse não se importar com resultados das pesquisas e garantiu que irá até o fim da campanha sem considerá-los. Lembrou que a Data Folha estava dando outros números e a colocava em segundo lugar, em empate técnico com a comunista Manuela D’Ávila. A caminhada da candidata aconteceu apesar da chuva que caiu no fim da manhã e juntou cerca de 500 militantes que, empunhando bandeiras, passearam por entre as bancas da tradicional feira de antiguidades da capital gaúcha.

O motoqueiro Kassab
Um dia depois da divulgação da pesquisa do Instituto Datafolha, registrada com o número 01900108 – SPPE, que demonstrou aproximação entre Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito e candidato Gilberto Kassab (DEM), tucanos prestigiaram ontem a inauguração de um comitê de campanha de Kassab em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Os vereadores Carlos Bezerra e Adolfo Quintas, o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, e o subprefeito de Itaquera, Laerte de Lima Teixeira, todos filiados ao PSDB, fizeram discursos inflamados ao lado do prefeito. A palavra-chave entre os que discursaram foi “lealdade”. O subprefeito Teixeira falou em “questão de ética”, o secretário Schneider em “coerência”, e o vereador Bezerra exaltou números da atual gestão. O reforço tucano em uma inauguração de comitê foi considerada normal por Kassab: “São todos amigos de caminhada, que vieram dar um abraço e um boa sorte para a campanha”.


Dem em apuros


Ter em mente os montantes investidos pela Prefeitura de São Paulo pode ser um bom instrumento para tentar decifrar os movimentos da disputa paulistana no plano do marketing eleitoral.

Considerando os valores já com o desconto de praxe do sobre a tabela do mercado publicitário, a Prefeitura de São Paulo gastou R$ 25,2 milhões em propaganda no ano passado, valores próximos ao de empresas como a Magazine Luiza, o Wal-Mart e as lojas Colombo. Em 2006, quando o prefeito Gilberto Kassab (DEM) assumiu, foram gastos R$ 19 milhões.

O investimento para popularizar sua gestão não foi desprezível. A verba para a publicidade cresceu 32% neste período. No levantamento feito pela PricewaterhouseCoopers e publicado no anuário da revista "Meio& Mensagem" de junho de 2008, do qual todos os números citados foram tirados, somente o governo de Minas Gerais teve no ano passado uma expansão superior na esfera pública em gastos com divulgação, ao elevar as despesas em 42%. No ranking feito pela revista, o poder comandado por Kassab passou do 17º para o 9º lugar entre os anunciantes de governo de um ano para o outro. Segundo a mesma fonte, com um orçamento cerca de quatro vezes maior, o governo de São Paulo em 2007 gastou praticamente a mesma coisa: R$ 27 milhões.

Alckmin e Kassab protagonizam o tiroteio

É razoável supor que uma eventual derrota de Kassab poderá levar a uma troca dos responsáveis pela administração desta verba. Pelo menos este é o sentimento generalizado entre personagens que trabalham no setor. Inimigo desde sempre do PSDB e do DEM, o PT de Marta Suplicy opera na guerra eleitoral sem ver no adversário um rival dentro de sua própria casa. Trafega na campanha com a certeza de ter vaga garantida no segundo turno.

Já a divisão do campo governista, com Kassab e Alckmin tentando ocupar o mesmo espaço na eleição deste ano, criou uma competição muito mais dura pela conta, que já transparece para os observadores e protagonistas dos marketing eleitoral. Projetados para quatro anos de mandato, fala-se de uma verba da ordem de R$ 100 milhões, a se considerar os valores de 2007. E a dupla candidatura dividiu equipes profissionais que até então sempre trabalharam juntas. Quando se trata de tucanos e integrantes do DEM, é uma situação que impulsiona a propaganda eleitoral dos candidatos para uma agressividade que muitas vezes não existe no plano político, onde os interesses a curto prazo, em relação ao apoio no segundo turno, e a médio prazo, tendo em vista as eleições de 2010, tendem a manter a troca de chumbo dentro de limites.

Chama a atenção que o ataque parta de Alckmin, candidato que está com pelo menos o triplo das intenções de voto do prefeito. Mas conta com três vezes menos recursos arrecadados para a campanha. No plano da propaganda, os ouvintes paulistanos de rádio escutam um sambinha tucano em que se comenta que tudo falta e nada funciona na cidade administrada pelo DEM e pelos serristas. Na página do candidato tucano à prefeitura, há nove menções a Kassab, todas evidentemente desfavoráveis. Marta Suplicy é citada uma única vez. Na de Kassab, Alckmin é mencionado quatro vezes. O marketing do prefeito se aferra na estratégia de tentar forçar a polarização com a petista. Os ataques aos tucanos, frouxos, ficam confinados a eventuais entrevistas do prefeito.

Fora das peças publicitárias, as insinuações são pesadas de lado a lado. Entre os que trabalham pelo sucesso de Kassab, fica no ar a idéia de que houve incorreções nos processos de privatização que ocorreram no Estado desde a posse de Mário Covas, em relação aos quais Alckmin teve posição relevante. Na trincheira tucana, sugere-se que a alta arrecadação obtida pela campanha do prefeito seja movida por alguma estratégia de blindagem contra caixa 2.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

STF pára CPI municipal sobre ISS de bancos


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, reconsiderou uma decisão proferida há quase dois meses e determinou a suspensão dos andamentos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada na Câmara Municipal de São Paulo para apurar eventual sonegação do Imposto sobre Serviços (ISS) por parte dos bancos.

Em 26 de junho, o ministro atendeu ao pedido da Câmara Municipal e suspendeu os efeitos de uma liminar concedida em um mandado de segurança impetrado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel) e Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A liminar do TJ sustou o funcionamento da CPI na Câmara.

O setor jurídico da Câmara recorreu ao presidente do STF, que lhes concedeu uma decisão favorável. Na ocasião, afirmara que "está demonstrado o risco de grave lesão à ordem pública (...) Parece não ser consentâneo com os princípios constitucionais estruturantes da organização política dos Poderes o ato do Poder Judiciário que impede, de modo peremptório, o funcionamento in totum de Comissão Parlamentar de Inquérito".

As entidades financeiras, entretanto, fizeram um pedido de reconsideração a Gilmar Mendes. Sempre com a alegação de que não havia fato determinado que sustentasse uma CPI, dessa vez os bancos anexaram intimações e alguns depoimentos prestados na CPI para fundamentar a tese de ausência de fato determinado que propicie o funcionamento da CPI. O presidente do STF acolheu os argumentos dos bancos e reconsiderou a decisão, determinando que os trabalhos da comissão parlamentar fossem novamente suspensos.

Na decisão, proferida em 14 de agosto, o presidente do Supremo diz que "a Constituição, ao determinar que a CPI tenha por objeto fato determinado, tem por escopo garantir a eficiência dos trabalhos da própria comissão e a preservação dos direitos fundamentais. Ficam impedidas, dessa forma, devassas generalizadas. Se fossem admitidas investigações livres e indefinidas, haveria o risco de se produzir um quadro de insegurança e de perigo para as liberdades fundamentais".

Adiante, o ministro segue sua argumentação afirmando que "é razoável entender que o ato instituidor da mencionada CPI veicula apenas enunciados genéricos, não apontando sequer um fato concreto e individualizado que possa dar ensejo ao exercício, pelo Poder Legislativo municipal, de sua função fiscalizadora".

Para o presidente da CPI, Adilson Amadeu (PTB), a decisão foi equivocada. "Estamos indignados. A mesma decisão que ele deu há dois meses agora ele cassou. Mas vamos recorrer para provar que há fato determinado pela CPI. O objeto está muito claro: o não-pagamento de quase R$ 5 bilhões de ISS por parte dos bancos". De acordo com ele, é a terceira tentativa de CPI sobre o assunto. As outras duas também foram barradas pela Justiça. Nesta, o fato gerador se deu a partir de um pedido de informações da Câmara à Secretaria de Finanças, que resultou em um levantamento constatando os débitos. Os vereadores agora traçam uma estratégia paralela à CPI: pretendem levar o assunto à Comissão de Finanças da Câmara.

O gerente jurídico da Febraban, Antonio Carlos Negrão, entende não haver fato determinado. Ele não reconhece o valor levantado pelo vereador e diz que muitos contribuintes contestam autuações fiscais. "Eles (vereadores) estavam apreciando uma série de coisas na CPI. E esse valor da dívida a gente não sabe de onde eles tiraram. Todas as empresas discutem autos de infração, tanto na esfera administrativa, quanto na judicial", afirmou.

A Secretaria de Finanças da Prefeitura de São Paulo não informa o valor do débito dos bancos com a prefeitura, por motivo de sigilo fiscal, já que elas ainda não embasam ações judiciais. Já a Secretaria de Negócios Jurídicos informou que há 1.580 ações de execução fiscal contra bancos relativas ao ISS, que somam R$ 2,3 bilhões. Desde a promulgação da nova lei do ISS em 2003, que ampliou a lista de serviços tributáveis, concentrando-se em serviços bancários, as instituições financeiras travam uma disputa judicial com as prefeituras.


Gilmar Mendes critica importância dada a militante armado


Em meio a polêmicas sobre a Lei de Anistia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticou ontem a importância dada pela imprensa a militantes que lançaram mão da luta armada para combater a ditadura. "Dá-se muito destaque na imprensa a quem pegou em armas para defender a democracia. É preciso homenagear o homem do direito, aquele que defendeu o processo democrático pela via democrática. Assim foi com Moreira Alves", declarou Gilmar, em discurso em homenagem ao ministro aposentado do STF, durante o Fórum Brasileiro de Direito Constitucional, em Brasília.

No mesmo discurso, Gilmar diminuiu a expectativa dos ouvintes ao anunciar que não se alongaria no assunto.A polêmica sobre o tema voltou recentemente quando o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu a revisão da Lei da Anistia para que militares que torturaram durante a ditadura pudessem ser punidos. A declaração provocou diversas reações, a mais contundente vinda dos próprios militares, que se reuniram no Clube Militar, no Rio, e emitiram carta de repúdio, classificando a discussão de "extemporânea, imoral e fora do propósito".

Com a tensão entre integrantes do governo e militares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em ação e encerrou o debate público sobre o tema, dizendo tratar-se de prerrogativa do Judiciário.Vannuchi quer discussão da Lei de Anistia sem espírito de vingança. Sobre a Lei da Anistia, o ministro disse que a democracia brasileira comporta avaliar e punir quem torturou durante a ditadura e voltou a negar que tenha defendido a revisão da lei.

Ainda sobre esse tema, Vannuchi fez questão de isentar os militares de culpa. "Não há nada de revanchismo. É injusto que as Forças Armadas continuem carregando nos ombros a acusação de que são as responsáveis. Mesmo sob a acusação de que houve um sistema de repressão política. O regime já foi julgado nas urnas".

Obama focaliza economia e parte para contra-ataque


Enquanto a mídia se preocupava em saber quem será seu companheiro de chapa, o candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, mudou de estratégia. A ordem agora é fazer discurso mais popular, trazer soluções para a economia americana e atacar o oponente. Em campanha no estado da Virgínia, considerado reduto republicano, ele se reuniu com o governador Tim Kane, um dos cotados para ser o vice. Em vez de apenas tentar responder as críticas, Obama aproveitou um erro do rival, John McCain, e atacou. O objetivo é não apenas se diferenciar do rival, mas também tomar distância dele nas pesquisas.

Na véspera, um repórter havia perguntado a McCain quantas casas ele tem. O candidato não soube responder — disse que depois “o pessoal” da campanha informaria. Obama, que ontem escolheu falar sobre os problemas econômicos nos Estados Unidos, não perdeu a oportunidade para fustigar o adversário. “Alguém perguntou para John McCain quantas casas ele tem, e ele respondeu: ‘Não tenho certeza, vou ter que checar com o meu pessoal’”, afirmou o candidato democrata, enquanto a platéia ria. “Acho que se você não sabe quantas casas tem, então não chega a ser surpreendente que você pense que a economia é ‘fundamentalmente forte.’”

Mais tarde, McCain disse aos repórteres que tem quatro propriedades, mas estima-se que sejam sete, na verdade. Obama tem uma casa em Chicago, no valor de U$ 1,65 milhão, e aproveitou essa “vantagem” para apontar que McCain está distante dos eleitores para entender a pobreza. “Mas se você é como eu, e tem apenas uma casa, ou se você é como milhões de pessoas que estão lutando para pagar a hipoteca e não correr o risco de perder a casa, você tem uma perspectiva diferente”, comparou.

Além de ensaiar a nova estratégia de campanha, Obama aumentou a expectativa da imprensa ao afirmar que já escolheu o vice — sem dar nenhuma pista sobre o nome. “Eu não vou comentar nada até que o mundo saiba quem será meu companheiro na campanha”, afirmou na saída de um evento em Chester (Virgínia). O democrata admitiu que a escolha foi difícil: “Tínhamos algumas ótimas opções”. Disse que procurou alguém preparado para ser presidente, caso necessário, e capaz de ajudar a fortalecer a economia. “Quero que seja independente, que possa se contrapor a minhas noções preconcebidas e me desafiar, para que tenhamos um bom debate na Casa Branca”, teorizou.

Obama e McCain estão praticamente empatados nas intenções de voto. A próxima cartada, para ambos, é a convenção partidária que oficializará cada uma das chapas — eventos de quatro dias, marcados para a semana que vem (democratas) e a seguinte (republicanos). “É uma grande exposição nacional para os candidatos, a chance de subir ao palco em um momento em que os eleitores estão realmente prestando a atenção”, afirmou à agência Reuters o consultor Chris Kofinis.

Uma pesquisa divulgada ontem pelo jornal The New York Times reafirmou a disposição da maioria dos americanos de votar “com o bolso”: 40% dos entrevistados apontaram economia e emprego como as maiores preocupações. E o candidato republicano não parou de atacar o adversário especialmente nesse tema. A campanha de McCain lançou ontem um novo anúncio de TV que mostra pessoas desanimadas e um texto afirmando que Obama vai aumentar os impostos e o preço do combustível.


PÓ SUSPEITO NO COMITÊ DE MCCAIN
Uma carta sem remetente, contendo ameaça e uma amostra de pó branco n]ao identificado, foi enviada ao comitê de campanha do republicano John McCain no subúrbio de Centennial, nas redondezas de Denver. De acordo com as autoridades, uma equipe especializada vai determinar se o material é algum composto químico perigoso. Segundo Andy Lyon, da Companhia Metropolitana de Bombeiros de Parker South, um funcionário abriu o envelope e viu o pó branco na tarde de ontem. Denver, no estado do Colorado, será o local da Convenção Nacional Democrata, que será aberta na segunda-feira e vai oficializar a candidatura de Barack Obama à Casa Branca.

Assim, assim

Candidatos acham que os leitores estão tomando conhecimento de suas propostas. Na verdade, a maior curiosidade é sobre as promessas de boa vida. É que ela no Brasil pertence ao Legislativo, e o povo colabora pouco, isto é, enviando os parlamentares como seus representantes.

Caminho livre


Depois de duas semanas mandando recados indiretos, Executivo e Legislativo acertaram os ponteiros. Em um encontro ocorrido ontem, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiram as prioridades de cada Poder, mas concordaram que o impasse em torno do aumento de salários do funcionalismo precisa ser superado. Chinaglia disse a Lula que a Câmara não criará obstáculos para as medidas provisórias que vão beneficiar cerca de 300 mil servidores federais. Lula gostou da conversa e sinalizou que a solução virá nos próximos dias.

Arlindo Chinaglia fez um resumo de como está o clima entre os partidos e explicou ao presidente que as obstruções atrapalharam bastante o rendimento da Casa. O deputado aproveitou para entregar a Lula um calendário detalhado de temas pendentes que passarão a trancar a pauta. Em relação aos servidores, Chinaglia confidenciou ao presidente da República que obteve sinais positivos tanto da base governista como da oposição para votar as MPs assim que os textos chegarem ao Congresso Nacional. “Apesar de todo o meu posicionamento, quando medida provisória tem as características de urgência e relevância, como é o caso de reposição de perdas do funcionalismo, acho que se justifica”, resumiu Arlindo Chinaglia.

Na avaliação dos sindicatos, nada mais impede que o Palácio do Planalto envie as propostas. “Com o caminho político livre, não tem mais desculpa”, resumiu um representante de classe que esteve com Chinaglia. Do ponto de vista técnico, no entanto, restam ajustar pequenos detalhes. Isso porque, até ontem, a Casa Civil não havia concluído o processo de checagem e análise dos termos de acordo fechados com as 54 categorias contempladas. O pente-fino, iniciado há 10 dias, está quase pronto.

Tempo
Os problemas estão concentrados na MP que aumentará os salários de cerca de 220 mil pessoas de 40 setores. O texto tem mais de 340 artigos e 400 páginas. Índices de aumento não serão modificados, segundo o governo, mas percentuais de gratificação para aposentados, por exemplo, podem ser alterados. Na outra medida provisória estarão agrupadas as chamadas carreiras típicas de Estado (91 mil servidores) — ciclo de gestão, Banco Central, grupo Fisco, advocacia pública — que deixarão de receber vencimento básico e gratificações para passar a subsídio (fusão de todos os penduricalhos do contracheque).

Diferentemente de outras ocasiões, o governo agora trabalha sob pressão. É que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2009 define que o reajuste de servidores da União só poderá ser autorizado se o instrumento legal utilizado pelo Planalto estiver em tramitação no Legislativo até o dia 31 de agosto de 2008. A data-limite, portanto, é a próxima sexta-feira, dia 29. A segunda rodada de aumentos para o funcionalismo deveria ter sido encerrada há cerca de dois meses, mas a maior parte dos acordos com as categorias não foi finalizada a tempo.

Sindicatos ligados a setores estratégicos da burocracia federal estiveram ontem à tarde com o presidente da Câmara. As entidades receberam a confirmação de Arlindo Chinaglia de que o Ministério do Planejamento não cogita mexer nas tabelas salariais ou nos acordos firmados — ao ponto de prejudicar os funcionários. Embora convencidos, os representantes dos servidores informaram que continuam com as bases mobilizadas. “A pressão sobre o Planejamento está muito grande. Não acredito em mais um descumprimento de prazo”, completou um presidente de sindicato.


Apesar do meu posicionamento, quando mp tem as características de urgência e relevância, como é o caso da reposição de perdas do funcionalismo, acho que se justifica

Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara

Servidores fazem nova ameaça
No mesmo dia em que intensificaram o lobby político no Congresso Nacional, as entidades representativas das carreiras de Estado organizaram ontem um ato conjunto que incluiu paralisações de advertência e redução da jornada de trabalho em determinados órgãos. O protesto ocorreu no Distrito Federal e em outras partes do país, como Rio de Janeiro e São Paulo. Auditores-fiscais da Receita Federal e funcionários do Banco Central (BC), entre outros, aderiram.

Com o movimento, os sindicatos tentaram dar uma demonstração de força. Desde o início da semana, as entidades vinham sendo criticadas pelo imobilismo e falta de coordenação. O movimento conjunto amenizou, em parte, os ataques dos servidores filiados. Aos olhos do governo, o protesto não chegou a incomodar, pois se concentrou em nichos da máquina pública e não prejudicou o funcionamento dos órgãos.

Em Brasília, servidores do BC fizeram uma paralisação de 24 horas. Os que participaram do ato desligaram computadores e não atenderam telefones. Os funcionários do banco na capital paulista foram mais longe. A categoria decidiu em assembléia que se até a próxima quarta-feira as medidas provisórias não forem publicadas todos vão parar por tempo indeterminado a partir do dia seguinte.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

EUA e Brasil seguem líderes em etanol


O desenvolvimento do mercado mundial de biocombustíveis dependerá do comportamento dos preços do petróleo, disponibilidade de alimentos, ação de políticas governamentais, descoberta de novas tecnologias e competição com combustíveis fósseis. Essa foi a conclusão do estudo sobre etanol e biodiesel apresentado ontem pelo economista Fábio Silveira, da RC Consultores, na Fecomércio.

A análise da RC indica que essa combinação de fatores em escala global determinará as condições de oferta e demanda dos biocombustíveis no Brasil.

Conforme o estudo, em 2015 a liderança na produção mundial de etanol continuará pertencendo aos Estados Unidos e ao Brasil, que juntos produzirão 106 bilhões de litros do combustível por ano. O avanço americano será por incentivos do governo. Já no Brasil, custos baixos e clima favorável continuarão estimulando a produção.

Brasil será auto-suficiente em diesel em 2012


A Petrobras estima que a entrada em operação das refinarias de Abreu Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) tornem o país auto-suficiente na produção de óleo diesel a partir de 2012.

Para o curto prazo, a projeção da companhia é reduzir a importação do produto em mais de 30% este ano graças à instituição da mistura de 3% de biodiesel ao óleo e à entrada em operação de uma nova unidade de conversão de coque na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Estado do Rio de Janeiro.

Atualmente, a Petrobras importa cerca de 100 mil barris de diesel por dia. De acordo com o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, a compra do produto do exterior aumentou este ano devido à geração de energia a partir de termelétricas a diesel. Segundo ele, a adoção do B3 - que entrou em vigor em 1º de julho - contribuirá para a redução de 20% desse volume, enquanto outros 12 mil barris por dia deixarão de ser importados graças à nova unidade da Reduc, que entrou em operação há três semanas.

"Já reduzimos de 100 mil para 68 mil barris por dia de diesel em termos de importação. Esses dois fatores vão ser bastante importantes em termos da redução de importação e da balança de pagamentos", afirmou Costa, que participou hoje de entrevista sobre a instalação de uma nova refinaria no Ceará. A produção da unidade cearense será destinada principalmente à exportação.

STJ dá a Cacciola direito de não usar algemas


O Superior Tribunal de Justiça (STJ) garantiu ao ex-banqueiro Salvatore Cacciola o direito de não usar algemas, conforme decisão da desembargadora convocada Jane Silva, da Sexta Turma do STJ. Ela aplicou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF) que, na semana passada, restringiu o uso de algemas apenas aos casos de risco comprovado de fuga ou de periculosidade do acusado. "Tal súmula somente veio a consagrar o entendimento, não só daquela Suprema Corte, como também deste STJ de que, excetuando-se casos de resistência, receio de fuga ou risco à integridade física própria ou alheia, garante-se ao paciente (Cacciola) o direito de permanecer sem algemas", justificou a desembargadora.

Os advogados de Cacciola fizeram uma série de pedidos ao STJ. Eles queriam a garantia de que ele não fosse exposto algemado perante a imprensa, autoridades e o público em geral. Requisitaram a concessão de ordem para que os repórteres fossem mantidos longe do ex-banqueiro. Os advogados pediram ainda para que ele não fosse conduzido na "gaiola" das viaturas da polícia, mas no banco traseiro. E, por fim, que Cacciola ficasse em cela especial pelo fato de ele ter diploma superior.

Jane Silva concedeu o direito de ele não ser algemado e deixou para o julgamento do mérito do pedido, o exame sobre o pedido de manter Cacciola longe dos repórteres. Com relação ao pedido de cela especial, a desembargadora ressaltou que não foi juntado aos autos qualquer documento que comprovasse o diploma superior de Cacciola.

Cacciola é acusado de ter obtido dólares a preços mais baratos do que os de mercado junto ao Banco Central, em janeiro de 1999, quando houve o fim da paridade entre o dólar e o real. Em outubro de 2005, a Justiça do Rio o condenou a 13 anos de prisão por peculato e gestão fraudulenta de seu banco, o Marka. Ele fugiu para a Itália em 2001, após obter um habeas corpus do STF para que respondesse em liberdade. Em setembro passado, Cacciola foi preso num hotel em Mônaco pela Interpol. Em junho, o príncipe Albert, de Mônaco, concordou com a decisão da Justiça daquele país pela extradição do ex-banqueiro.

Em Recife e Salvador, duelo entre PT e DEM


Na estréia da propaganda eleitoral da televisão, o candidato do Recife que mais recebeu menção dos aspirantes a vereadores foi o petista João da Costa. Além de reunir uma coligação com 16 partidos, o postulante foi o mais citado nos vídeos. Alinhados com a estratégia de campanha de João da Costa, os candidatos disseram que, junto com o petista, pretendem continuar o trabalho que está sendo feito pelo atual prefeito, João Paulo (PT).

A expectativa da equipe de João da Costa, segundo o Valor apurou, é que o bom momento que o país e o Estado de Pernambuco vivem alavanque votos para o candidato, que é apoiado tanto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto pelo governador Eduardo Campos (PSB).

Nas inserções dos postulantes na televisão, um dado mostrava em seus lados Lula, o governador Eduardo Campos (PSB) e João Paulo. Na quarta face, aparecia "Frente do Recife", nome da coligação.

Mendonça (DEM), que aparece em segundo lugar nas pesquisas, também foi citado por alguns vereadores. Antes de os candidatos começarem a se apresentar, uma voz afirmou: "começa o programa dos vereadores que estão com Mendonça".

Raul Henry (PSDB), que aparece em quarto nas pesquisas, surgiu na propaganda de forma mais indireta. Um vídeo mostrou a cidade e vários santinhos com sua imagem. Nas inserções, quem o apresenta à população é seu padrinho político Jarbas Vasconcelos (PMDB). O candidato do PSC, Cadoca, só colocou seu nome ao lado da imagem dos candidatos a vereadores.

Em Salvador, o prestígio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, por tabela, do governador da Bahia, Jaques Wagner, foi usado de forma explícita pelos vereadores da chapa encabeçada pelo PT no primeiro horário eleitoral: "Vote no time de Lula e Wagner" era o slogan da coligação.

Já o DEM usou a imagem do senador Antonio Carlos Magalhães de forma comedida e sutil, como quem pisa em ovos. Mostrou fotos de um ACM jovem, responsável pela reforma que restituiu à Câmara de Vereadores a sua fachada original. O primeiro vereador a aparecer no programa foi Paulo Magalhães Jr., que disse que junto com ACM Neto, seu primo candidato a prefeito pelo DEM, será possível melhorar a cidade. Já o programa de Walter Pinheiro (PT) e da vice Lídice da Mata (PSB) foi dirigido àqueles que votaram em Lula e em Jaques Wagner. "Viu como o Brasil mudou e como a Bahia está mudando?", questionou a locutora.

Na surdina, Câmara aumentará servidores


Sem alarde e às vésperas de mais um recesso "branco", por causa das eleições, integrantes da Mesa Diretora da Câmara articulam reajuste para mais de 3 mil servidores da Casa que seriam beneficiados por um adicional de "especialização". O adicional seria concedido aos funcionários com cursos de mestrado, doutorado ou especialização reconhecidos pelo Ministério da Educação. A proposta, em análise pela Mesa Diretora, poderia aumentar os salários de servidores legislativos em até 30%, de acordo com os títulos obtidos por cada um.

Apesar do reajuste estar sendo discutido por integrantes da Mesa, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), negou, ontem, que a proposta esteja na pauta da Casa. Segundo Chinaglia, não há nenhum reajuste de servidores em estudo pela direção da Câmara. ­

- Isso não está previsto -­ disse. ­ Há várias reivindicações do sindicato dos servidores e não creio que haja, neste momento, sob nenhum aspecto, algum cenário (de reajuste) existente. Ao contrário, nós já concedemos reajustes anteriormente. Isso é apenas uma reivindicação do sindicato.


Custo adicional


Se o reajuste for aprovado pela Mesa Diretora, a Câmara poderá ter gastos extras de até R$ 35 milhões anuais, uma vez que o pagamento também seria estendido aos servidores aposentados com títulos obtidos mesmo depois que deixaram a Casa.

Em abril deste ano, a Câmara autorizou o aumento na verba de gabinete dos deputados para o pagamento de salários a servidores. Com o reajuste, a verba passou de R$ 50,8 mil para R$ 60 mil mensais.

O dinheiro da verba de gabinete é destinado ao pagamento dos funcionários não-concursados empregados no gabinete dos deputados. Cada parlamentar pode empregar de cinco a 25 servidores.

Em vez de aumentar os gastos da Câmara com um novo reajuste, Chinaglia disse estar disposto a manter a economia nos cofres da Casa. O deputado disse que vai continuar com a prática de encerrar as sessões legislativas antes das 19h quando não houver necessidade de estender as votações no plenário. O regimento da Câmara prevê o pagamento de horas extras aos servidores sempre que os trabalhos terminam após às 19h. ­

-Depois de um ano e meio na presidência, por que eu mudaria? ­ argumentou. ­ O importante é todos os parlamentares se organizarem para cumprir o horário definido pelo regimento. Se tem necessidade política, adentramos a noite. Mas se a Câmara não tem necessidade, prorrogar para quê as sessões plenárias?.

O rigor de Chinaglia não agrada aos servidores da Câmara, que criticam a pontualidade com que o parlamentar encerra os trabalhos do plenário. O petista, no entanto, admite nos bastidores que o seu rigor é visto com bons olhos pela opinião pública diante da necessidade de redução dos gastos.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Resultado positivo no início de agosto


A balança comercial brasileira registrou o maior superávit semanal do ano, de US$ 1,66 bilhão, entre os dias 11 e 17deste mês. Os dados, divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, levam em conta exportações de US$ 5,304 bilhões e importações de US$ 3,638 bilhões. Em agosto, o saldo da balança está positivo em US$ 2,119 bilhões.

A média diária das exportações, de US$ 1,060 bilhão, foi a segunda melhor do ano – também considerando dados semanais. Essa cifra é 8,1% maior que a média registrada até a segunda semana de agosto e reflete um crescimento nas vendas externas de produtos básicos, como petróleo bruto e soja em grão, e manufaturados, com destaque para gasolina e autopeças. Já as exportações de semimanufaturados registraram queda de 23,7%.

Na mesma comparação, as importações apresentaram recuo de 19,7% devido, principalmente, à redução nos gastos com produtos como combustíveis e lubrificantes, adubos e fertilizantes e equipamentos eletroeletrônicos.
No ano, o superávit comercial está acumulado em US$ 16,772 bilhões e a expectativa do mercado financeiro, segundo pesquisa do Banco Central, é de que feche 2008 em US$ 23,3 bilhões.

A expectativa dos analistas para o saldo da balança comercial em 2008 subiu de US$ 23,10 bilhões para US$ 23,30 bilhões.

Embraer treina equipe da Azul


A Embraer deu inicio aos treinamentos dos profissionais da Azul Linhas Aéreas, conforme estabelecido no acordo de aquisição de aeronaves. A mais nova operadora de linhas comerciais do Brasil iniciará suas operações em janeiro de 2009. Cerca de 40 empregados da Azul se encontram neste programa que promove um maior conhecimento técnico das aeronaves da Embraer que serão empregadas nas rotas nacionais.

O treinamento tem 14 técnicos em manutenção. Esses permanecem 40dias na sede da fabricante, em São José dos Campos, onde se encontra o grupo formado por 13 comissárias de bordo.

A etapa teórica em sala de aula, desenvolvida nas novas dependências específicas para treinamentos da Embraer, foi concluída por 10 pilotos. No próximo estágio, eles seguiram direto para Orlando, na Flórida, Estados Unidos, para colocarem em prática o aprendizado em simuladores de vôo de aeronaves da Embraer. Os primeiros jatos 195 da Azul Linhas Aéreas serão entregues ainda no segundo semestre de 2008.

"Estamos comprometidos em oferecer treinamento ao pessoal operacional e técnico da Azul para uma operação e manutenção segura da frota de aviões da Embraer", afirmou por comunicado o gerente de treinamento de clientes da Embraer, Simon Newitt.
Segundo Newitt, o objetivo principal é preparar os profissionais de acordo com os mais exigentes padrões internacionais em termos de qualidade e segurança. Isto foi uma exigência contratual da Azul para o início de suas operações.

Comandada pelo empresário David Neeleman, a Azul firmou um acordo com a Embraer em março deste ano para a compra de 36 jatos 195. O negócio inclui ainda opções para outras 20 aeronaves e direitos de compra para mais 20.

O jato comercial 195 da Azul será configurado em classe única, destinado a abrigar118 passageiros. Entre as novidades nesta aeronave está um sistema de entretenimento de última geração, com canais de vídeo ao vivo e telas individuais.

TV, a arma para virar o jogo


Os integrantes das campanhas a prefeito nas cinco maiores capitais do país enxergam a propaganda eleitoral na televisão como o momento para dar fôlego aos candidatos que até agora figuram na rabeira das pesquisas eleitorais. Bem-sucedido, o horário gratuito poderá fortalecer o concorrente trazendo mais dinheiro e mais recursos para a empreitada. Do contrário, o aspirante a prefeito pode se ver preso numa campanha murcha e sem perspectivas.

Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, os comitês de Gilberto Kassab (DEM), Fernando Gabeira (PV), Márcio Lacerda (PSB), Walter Pinheiro (PT) e Manuela d’Ávila (PCdoB) esperam que a televisão ajude a dar visibilidade a seus candidatos e fortalecer a campanha de rua. A meta não é só transmitir ao eleitor a biografia dos candidatos, mas garantir que até o início de setembro esses nomes passem a figurar como competitivos e não apenas coadjuvantes nas eleições.

Os assessores de Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte esperam que os eleitores o abracem como candidato do prefeito Fernando Pimentel (PT) e do governador Aécio Neves (PSDB). Na campanha, vale até reforçar os laços com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visto como forte aliado. Tudo isso para dar fôlego ao crescimento de Lacerda. Na última pesquisa Ibope, feita entre 11 e 13 de agosto e registrada no TRE de Minas com o número 53863/2008, o socialista tem 9%. Ele aparece atrás de Jô Moraes (PC do B), com 18%, e Leonardo Quintão (PMDB), que tem 10%. O levantamento possui margem de erro de três pontos.

O petista Walter Pinheiro usará a imagem do presidente e do governador Jaques Wagner (PT) para alavancá-lo da quarta posição que ele aparece na pesquisa Ibope realizada entre 2 e 4 deste mês, registrada no TRE-BA sob o número de 220/2008 e com margem de erro de quatro pontos percentuais.

“O nosso candidato tem a mesma origem sindical do Lula e do Jaques Wagner. Por isso, queremos fazer o alinhamento dos astros: o PT na Presidência, no governo estadual e a oportunidade de ter no governo municipal”, afirmou Fábio Lima, um dos responsáveis pelo marketing de Pinheiro.

Parceria
E não só petistas pretendem aliar a imagem a Lula. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, quer destacar a boa parceria entre a prefeitura, estado e o governo federal. Poupar Lula, mas criticar a petista Marta Suplicy, pelo menos essa é a estratégia do democrata. O foco da campanha é bater na comparação entre as suas realizações e os quatro anos que a ex-ministra administrou a capital paulista.

Se a propaganda ajuda a engordar os caixas, serve também para garantir que empreitadas que começaram bem não percam a força. É o caso de Manuela d’Ávila (PCdoB) que concorre à Prefeitura de Porto Alegre. Apesar de ter sido a deputada mais votada em 2006, a cúpula da campanha preferiu utilizar os primeiros dias do horário eleitoral para dar destaque à biografia da comunista.

“As pessoas que já ouviram falar dela vão saber o que a Manuela pensa e propõe”, afirmou o coordenador-executivo da candidatura Adalberto Frasson. Depois de apresentá-la, será o momento de mostrar as diferenças entre os outros candidatos: o prefeito José Fogaça (PMDB) e a petista Maria do Rosário. A estratégia visa firmá-la como concorrente a um eventual segundo turno.

No Rio de Janeiro, a campanha do deputado Fernando Gabeira (PV), sob a batuta do publicitário Lula Vieira, prepara um programa centrado na credibilidade da vida política construída em Brasília com depoimentos de artistas como Caetano Veloso e Nelson Motta. Gabeira tem mais entrada na Zona Sul carioca e planeja aumentar sua participação na fatia das regiões mais pobres.

Veja o calendário eleitoral

Propaganda inicia hoje

A campanha eleitoral começa a esquentar a partir de hoje, com o início do horário gratuito no rádio e na televisão — arma considerada fundamental pelos candidatos para a vitória nas urnas. Seja com poucos segundos ou abastados minutos na mídia eletrônica, é o momento em que aqueles que almejam uma vaga de vereador ou o comando de uma cidade têm para se apresentar ao eleitorado, reafirmar posições e propostas. E para chegar àqueles que optam por desligar o aparelho durante os 30 minutos de propaganda, os candidatos têm uma alternativa poderosa: as inserções durante a programação normal das emissoras.

No primeiro dia, o eleitor vai conhecer os candidatos a vereador. Quem concorre a uma vaga na Câmara, vai aparecer às terças-feiras, quintas e sábados, das 7h às 7h30 e das 12h às 12h30 no rádio e das 13h às 13h30 e das 20h30 às 21h na TV. A propaganda para prefeito vai ser veiculada às segundas, quartas e sextas-feiras, nos mesmos horários, até 2 de outubro, três dias antes das eleições.

O sociólogo e pesquisador Marcos Coimbra afirma: “O impacto da propaganda política varia conforme as eleições.” Em Belo Horizonte, Coimbra diz que esse impacto será grande.




 

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