sexta-feira, 30 de julho de 2010

Com Lula e Dilma no palanque, Genro mostra peso político no RS



Mais do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou a candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, foi o candidato petista ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, quem marcou pontos no comício realizado no Gigantinho na noite desta quinta-feira em Porto Alegre. Genro conseguiu dar uma demonstração de prestígio e "peso político" não só por juntar um público de cerca de 10 mil pessoas, naquele que está sendo considerado pelos petistas gaúchos o maior ato de campanha (inclusive de Dilma) até o momento.

Mas também por ter reunido, no mesmo palco, além de Lula e de Dilma, quatro ministros (Márcio Fortes, Alexandre Padilha, Guilherme Cassel e Altemir Gregolin) e dois ex-governadores (o petista Olívio Dutra e o pedetista Alceu Collares, que abriu uma dissidência em seu partido). De quebra, ouviu Lula dizer de público o que almejava há muitos meses. "Quero dizer aqui, em alto e bom som, para que ninguém tenha dúvida, que no Rio Grande tenho número, tenho partido e tenho nome. Sou 13, sou PT e sou Tarso", resumiu Lula.

No Rio Grande do Sul o principal adversário de Genro na eleição é o peemedebista José Fogaça. E o PMDB, como se sabe, na aliança nacional não só está com Dilma, como indicou o vice na chapa, o deputado federal Michel Temer. Apesar disso, o PMDB gaúcho, por ser mais inclinado ao candidato do PSDB à presidência, José Serra, optou pela neutralidade em relação a disputa presidencial, o que teve efeito imediato. Em 6 de julho, quando começou a campanha por Porto Alegre, Dilma já havia deixado claro que seu palanque no Estado era o palanque petista. Faltava Lula.

Para Genro as manifestações públicas de Lula e Dilma têm um "sabor especial" porque acontecem depois de ele ter que ouvir durante cerca de um ano que Dilma teria mais de um palanque no Estado. Quando o acordo com o PMDB nacional já estava consolidado, o ex-ministro por reiteradas vezes precisou responder que a possibilidade de palanque duplo no RS era "natural" e não o incomodava. Após ter certeza de que, pelo menos no primeiro turno, o PMDB não daria espaço a Dilma no Rio Grande do Sul, as lideranças do PT gaúcho, Genro entre elas, usaram da ironia e passaram a cobrar o apoio dos adversários na eleição estadual à candidata petista. Mas, agora, colocam o PMDB na posição em que sempre o consideraram nos pleitos locais: do lado oposto.

Genro ouviu de Lula uma declaração forte de apoio, mas o presidente também não se furtou a tocar em uma questão que é problemática para o PT gaúcho: a política de alianças. Para estas eleições, o partido conseguiu voltar a fechar coligação com dois antigos aliados: o PSB e o PCdoB. E a beliscar apoios no PDT, que integra a aliança com o PMDB no Estado. Mas a costura do acordo com socialistas e comunistas foi difícil. Os hoje novamente aliados acusavam o PT de não dividir espaços e poder e as disputas, internas ou com coligados, são apontadas internamente como responsáveis pelo fato de o partido ter sido desbancado tanto da prefeitura da Capital, Porto Alegre, em 2004 (pelo mesmo José Fogaça), como do governo do Estado, em 2002 (por outro peemedebista, Germano Rigotto, que agora disputa o Senado). E de, em 2006, Olívio Dutra ter perdido o segundo turno para o azarão daquela eleição, a hoje governadora e candidata à reeleição Yeda Crusius (PSDB).

No discurso no Gigantinho Lula foi direto ao ponto: "eu nunca me conformei de o PT estar fazendo campanha neste Estado deixando de lado o PCdoB, o PSB e o PDT", declarou, referindo-se a eleições passadas. "O PT começou a ser derrotado quando se encheu de autossuficiência e pouca humildade e acreditou que não precisava de alianças para ganhar as eleições", emendou.

Ao final do discurso, Lula ainda deu mais uma declaração que os articuladores de campanha de Genro consideraram "desnecessária". Ao falar sobre a passagem do gaúcho pelo Ministério da Educação e das realizações do governo na área, disse que Genro levou para trabalhar com ele no ministério um "gênio" chamado Fernando Haddad e que este (sucessor de Genro na pasta) passará para a história como o maior ministro da Educação que o país já teve.Terra

TRE cassa todos os candidatos do PSOL e PCO no Piauí

O Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE) cassou no início da noite desta quinta-feira (29) os registros de todos os candidatos do PSOL (16) e PCO (10) no Estado. Com a decisão, os candidatos ao governo Romualdo Brazil, do PSOL, e Lourdes Melo, do PCO, estão impedidos de fazer campanha.

O pleno do Tribunal indeferiu os registros dos candidatos das duas agremiações tanto para governador e vice como para senador, deputados estaduais e federais. O PSol tinha falhas no demonstrativo de atos partidários, documento exigido pela legislação.

O procurador Regional Eleitoral, Marco Aurélio Adão, informou que o PCO apresentou registro de diretório irregular. De acordo com o procurador, existem informações incompatíveis entre a ata da convenção do partido e os registros feitos na justiça eleitoral.

O candidato Romualdo Brazil disse que não sabia dos motivos do indeferimento de sua candidatura e que estava sendo informado pela imprensa. Ele garantiu que vai recorrer da decisão ao TSE.

"Acho estranho, pois estive hoje no TRE e não havia pendências", disse.

Lourdes Melo também garantiu que vai recorrer da decisão do Tribunal em Brasília. No Piauí, agora, são sete candidatos disputando o governo do Estado. Notícia do Terra

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Aécio: presidente do Congresso

Autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela candidata à Presidência Dilma Rousseff, o PT mandou, nos últimos dias, por meio de emissários do partido, uma série de recados ao ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB). O mais relevante deles: que Aécio, caso eleito senador, como tudo indica, terá o apoio do PT para ser presidente do Senado em 2011 ou 2013. Para isso, basta o grão-tucano mineiro deixar correr solto o movimento de políticos ligados a ele, recentemente batizado de Dilmasia, que pretende apoiar Dilma para presidente e Antônio Anastasia para governador do Estado. Pode ser que sm, mas pode ser que não. Foi publicado na revosta IstoÉ

Dilma: não é 'civilizada' a campanha da oposição

Candidata promete, em Natal, erradicar a miséria e levar os brasileiros à classe média


A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, acusou ontem o PSDB e o DEM de não fazerem uma oposição civilizada ao governo do Lula. "Eles fizeram uma oposição não racional. Foram contra o Prouni, contra a transposição do Rio São Francisco", disse a petista.


Ela afirmou que a oposição "fez menos", quando esteve no governo. "Nós nunca viramos as costas para o Nordeste. Trouxemos água para esta região."

Ao mesmo tempo em que mirou no principal opositor, José Serra, a petista também prometeu erradicar a miséria. Afirmou que sua meta é conduzir todos os brasileiros ao padrão de vida de classe média.

"De nada adianta um ponto porcentual no PIB se não melhorar a vida do brasileiro. O primeiro compromisso que eu tenho é com a erradicação da miséria neste país. Isso não é anexo, não é colorido, ele é o cerne do plano de governo. O desenvolvimento que queremos é para os 190 milhões de brasileiros", ressaltou.

A petista afirmou que o governo federal elevou 31 milhões de brasileiros para classe média e destacou que esse é o padrão mínimo que deseja para os brasileiros. "Temos de fazer com que o País se eleve. Quase 70% da população está acima da classe C. Temos de conduzir todos os brasileiros ao padrão de vida de classe média. Essa é a nossa missão e nosso compromisso primeiro."

Marina. Ela classificou de "infundadas" as afirmações contidas na biografia oficial de Marina Silva. No livro, a presidenciável do PF afirma que Dilma poderá não ser rígida na concessão das licenças ambientais para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"Nós levamos a sério as licenças ambientais das obras do PAC. Levamos a sério quando ela era ministra do Meio Ambiente e levamos a sério quando o (Carlos) Minc era ministro. Tanto levamos a sério que neste último período, sem Marina ser ministra, o ministro Minc mostrou os dados do desmatamento e caiu de 27 mil quilômetros para 7 mil quilômetros. Tivemos o compromisso de levar adiante política rígida em relação à comercialização de madeira. Isso (o que está no livro) é absolutamente infundado."

No mesmo palanque de Dilma, estavam o governador Iberê Ferreira (PSB), o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT), ambos candidatos ao governo do Estado, e quatro concorrentes ao Senado. A petista elogiou o que chamou de "unidade" dos candidatos em torno do nome dela para a Presidência.

SBPC. Dilma também esteve na 62.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Natal, que reúne pesquisadores e estudantes universitários. Ela afirmou que tem como meta chegar a um total de 220 mil mestres e doutores no País, um aumento de 300% em relação ao número atual.

Durante seu discurso, ela afirmou ainda que vai expandir as universidades federais. "Se tem uma coisa que me dá orgulho é a interiorização das universidades federais por todo o País. Essa é uma das nossas maiores conquistas e podem ter certeza que vou expandir ainda mais."

Dupla militância

A caminhada realizada pela candidata Dilma Rousseff, no bairro do Alecrim, em Natal, teve uma peculiaridade: contou com a presença de dois candidatos adversários no pleito estadual: o governador Iberê Ferreira, que disputa a reeleição pelo PSB, e o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo, que concorre ao cargo pelo PDT.

A petista fez elogios aos dois candidatos,cujos partidos integram a base aliada ao governo federal. "Eles me apoiaram e eu os apoio. Juntos vamos ganhar essa eleição", declarou a presidenciável.

'Enquanto eu for presidente, Oi será nacional', diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, enquanto for presidente, a Oi terá o controle brasileiro, ao comentar a operação de entrada da Portugal Telecom (PT) na "supertele" nacional. "A única coisa que eu posso garantir para vocês é que, enquanto eu for presidente, a empresa vai continuar uma empresa nacional", disse.

Lula disse que a Oi, agora com a participação do grupo português, vai ter papel importante para ajudar o País a implantar o seu Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Embora se saiba que o presidente teve atuação fundamental para permitir o acordo, Lula observou que desconhece os detalhes das negociações. Segundo ele, o processo está sendo acompanhado pela equipe técnica do BNDES. Lula disse ainda que novos investimentos no Brasil serão sempre bem-vindos, desde que o controle continue nacional. Por fim, disse que "a Oi continuará a ser uma empresa brasileira da Silva".

José Serra vai usar mensalão e Lina contra Dilma

Criticar diretamente propostas mais radicais do PT e recordar temas como o mensalão, fazem parte da nova estratégia traçada pela direção do PSDB e pelo candidato José Serra. O objetivo é reforçar um discurso anti-Dilma e anti-PT.

Na visão dos tucanos, Lula passou o final do primeiro mandato e a maior parte do segundo mandato evitando discutir determinados assuntos que abateram o PT, sobretudo a crise do mensalão, durante a qual viveu o pior momento de seus quase oito anos no poder.Além do mensalão, outro alvo dos tucanos é o caso da ex-secretária Lina Vieira, da Receita Federal que acusou a então ministra Dilma Rousseff de tê-la pressionado a afrouxar investigações sobre empresas da família Sarney. A hoje candidata do PT nega ter feito pressão, mas o caso nunca foi plenamente esclarecido.

Para o PSDB, a crítica a Lula é improdutiva, devido à alta popularidade do presidente, restando, desta forma, o ataque ao PT e a Dilma. A estratégia foi discutida com dirigentes da sigla e do DEM nas últimas semanas.

A avaliação do comando político da campanha é que Lula não entrará numa cruzada em defesa de Dilma quando os temas trazidos à arena eleitoral forem espinhosos para ele. Entrariam nesse rol de assuntos delicados para o governo Lula, por exemplo, as relações do PT com as Farc e o MST e a proximidade do governo com o regime do venezuelano Hugo Chávez.

Essa nova estratégia explicaria o fato de Serra ter citado as relações do PT com o movimento dos sem-terra e também ter endossado as críticas de seu companheiro de chapa, Índio da Costa (DEM), ao partido de Dilma.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

"Serra não criou o FAT, genérico e não implementeu programa de combate à AIDS".



Serra nega ‘paternidade’ dos genéricos e diz apenas ter implantado a ideia

“Não fui eu quem inventei genérico. Os genéricos, já existia. Eu nem sabia quando eu assumi o Ministério [da Saúde], afirmou.

Além de negar a paternidade dos genéricos, Serra disse que também NÃO implementou no Ministério da Saúde o programa de combate à AIDS

Em meio à polêmica sobre a paternidade dos medicamentos genéricos no país, o candidato José Serra (PSDB) admitiu nesta terça-feira que não "inventou" esse tipo de remédio. O tucano disse que a ideia já existia e apenas trabalhou para colocá-la em prática enquanto esteve no comando do Ministério da Saúde.

"Não fui eu quem inventei genérico. Os genéricos, já existia a ideia. Eu nem sabia quando eu assumi o Ministério [da Saúde]", afirmou.

Serra disse que o ex-deputado Ronaldo Cezar Coelho (PSDB) lhe falou sobre os remédios genéricos, por isso decidiu trabalhar pela sua implementação. O tucano afirmou que, como o projeto em discussão sobre a quebra de patentes dos medicamentos tinha falhas, fez alterações para garantir o atual modelo de produção dos remédios genéricos.

O PSDB chegou a colocar em seu site na internet texto no qual sustentou que o candidato apresentou a "Lei dos Genéricos", e destacou a promessa do partido de "turbinar" esse tipo de medicamento.

A reação tucana veio depois que a candidata Dilma Rousseff (PT) reivindicou a paternidade dos genéricos para o ex-ministro do governo Itamar Franco, Jamil Haddad - já que o tema era uma das principais bandeiras da campanha de Serra.

Além de negar a paternidade dos genéricos, o candidato disse que também não implementou no Ministério da Saúde o programa de combate à AIDS, em vigor no país. "Eu toquei o programa da Aids para acontecer na prática, mas não foi ideia minha."

Em discurso para aliados políticos no Tocantins, Serra partiu para o ataque contra Dilma. O candidato acusou a petista de promover "mentiras, insultos e truques" na campanha para fugir do debate, sem citá-la nominalmente. O tucano disse que "cabos eleitorais petistas" espalharam o boato de que privatizaria a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) caso eleito, ideia que ele diz nunca ter passado pela sua cabeça.

"É tudo cabo eleitoral, não é gente que entende de abastecimento. Quem vai perder o emprego é esse pessoal, que está lá por nomeação política e não entende nada do assunto", disse.

O candidato afirmou que soube dos boatos na Ceagespe por intermédio do seu tio, que trabalha na empresa. "A filha dele me mandou e-mail dizendo que foram lá dizer que eu vou privatizar a Ceagespe. Está todo mundo apavorado, nunca tive essa ideia. Até porque já é privatizada. Só a administração é publica."

Serra afirmou que a estratégia faz parte da "espionagem" que seus adversários fazem em meio à campanha eleitoral. O tucano mencionou o caso da quebra do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, que teve os dados do seu Imposto de Renda violados pela Receita Federal. "Tem um jogo aí e não se debate ideias"

Serra também alfinetou o senador Aloizio Mercadante (PT), que disputou com o tucano o governo de São Paulo nas eleições de 2006. "Estou na minha nona campanha. Perdi três [eleições], ganhei cinco. A última para o governo de São Paulo ganhei com o pé nas costas, em primeiro turno, com um candidato fraco, sem credibilidade. O sonho de qualquer candidato."

Mercadante disputa novamente este ano o governo de São Paulo com Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador do Estado.

O tucano discursou para cerca de duas mil pessoas na noite desta terça-feira, em evento político organizado pela senadora Kátia Abreu (DEM), em Palmas. A democrata convidou aliados políticos, prefeitos da região e correligionários do ex-governador Siqueira Campos (PSDB) para ouvir as propostas de Serra em sua campanha. Campos é candidato ao governo do Estado No blog Amigos do presidente do Lula

Programa de Marina com jeitinho petista

Há mais semelhanças entre os programas de governo das candidatas Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT) do que pode julgar um desavisado eleitor. Apesar de Marina — ao menos no discurso — se apresentar como alternativa às candidaturas petista e tucana, as diretrizes da segunda versão do programa da senadora licenciada, apresentado ontem, em São Paulo, aproximam-se do programa de Dilma em pontos cruciais, como educação, política econômica, política social e segurança.

Tanto o programa verde quanto o plano petista defendem, por exemplo, o aumento de qualidade na educação básica (leia quadro). Ambos citam textualmente a criação de um sistema nacional, a execução daquilo de chamam de “economia solidária”, com ações que levem em conta a sustentabilidade e o social, e a modernização das Forças Armadas. Os textos preveem ainda a construção de políticas para a promoção da igualdade racial.

E se a relação é de proximidade entre as diretrizes verdes e petistas, ao que parece, os dois programas estarão distantes das propostas apresentadas até o momento pela campanha tucana. Em discursos e eventos, José Serra (PSDB) tem defendido pontos mais relacionados a uma política econômica com a queda dos juros reais, a revisão de tributos e maior investimento governamental. Na educação, Serra tem colocado o ensino técnico como prioridade. O programa tucano está em construção e deve ser divulgado aos poucos, no site do candidato.

O único ponto de convergência entre os três textos é o Bolsa Família, principal programa social do governo Lula e um dos responsáveis pelos altos índices de popularidade do presidente. Dilma, candidata do governo e pupila de Lula, prometeu o reforço do ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, pasta que coordena o programa. Marina anunciou a manutenção do Bolsa Família e seu aprimoramento para o que chamou de programas de terceira geração. Serra garantiu que, caso eleito, dobraria o número de famílias beneficiadas pelo recurso.

Polêmica
Depois de ter se manifestado contra a atitude de seus adversários em relação aos programas de governo, Marina apresentou ontem a segunda versão de suas diretrizes de governo no lugar de um plano propriamente dito, conforme havia anunciado. A senadora chegou a criticar Dilma por ter apresentado três versões do programa petista e Serra por ter divulgado uma coletânea de discursos como projeto tucano.

Segundo o coordenador da campanha verde, João Paulo Capobianco, “a ideia é ter, no início de setembro, estratégias consolidadas”. Ele ainda acrescentou que o programa não está pronto, pois é necessário que haja contribuições da sociedade. “Marina explicitou um compromisso da campanha de manter, de fato, essa porta aberta na busca da contribuição”.
Ele está aprendendo essas coisas com os índios. Índio não joga conversa fora. Aliás, depende do índio. Tem índio aí que joga. Quando é índio autêntico, não joga”
Marina, sobre discurso do aliado Beto Ricardo e em referência ao vice de José Serra



Reunião com setor de cana

Marina Silva reuniu-se ontem com o conselho administrativo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). A entidade representa 60% dos produtores de cana do país, setor apontado por especialistas como um dos principais responsáveis pelo desmatamento e por casos de trabalho escravo.

Segundo a senadora licenciada, houve convergência em alguns pontos de reivindicação dos produtores, como o uso de etanol no transporte coletivo. “Recuperamos uma agenda que foi inviabilizada por setores mais conservadores”, disse, em relação a questões ambientais discutidas no período em que foi ministra do Meio Ambiente, entre elas a questão do zoneamento do plantio de cana-de-açúcar.

Marina reconheceu que não houve avanços sobre um consenso em relação à nova proposta do Código Florestal, que tramita no Congresso. O ponto de discórdia é a questão da recomposição de mata original em 20% das áreas cultivadas. A Unica defende que a recomposição não seja necessariamente em cada propriedade de cultivo, mas em outras áreas. (DA)


Similaridades

Confira algumas semelhanças entre pontos do programa de Marina com o de Dilma e o de Serra

EDUCAÇÃO
Marina: Construção do Sistema Nacional de Educação — Promover maior articulação entre União, estados e municípios para superar as disparidades na distribuição de recursos entre as regiões.
Dilma: Construir o Sistema Nacional Articulado de Educação de modo a redesenhar o pacto federativo e os mecanismos de gestão

ECONOMIA
Marina: Fortalecer a economia solidária aprofundando laços com a sustentabilidade e a inserção dos empreendimentos da economia solidária no mercado justo e sua articulação com os movimentos e redes de consumo consciente e sustentável.
Dilma: Estímulo ao cooperativismo e outras formas de economia solidária.

POLÍTICAS SOCIAIS
Marina: Institucionalizar programas que alcançaram bons resultados, tais como o Bolsa Família.
Dilma: Reforço institucional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome como espaço integrador de políticas sociais, consolidando os sistemas articulados com o Bolsa Família
Serra: Duplicação do Bolsa Família

IGUALDADE RACIAL
Marina: Políticas de igualdade racial, inclusive a manutenção das cotas para negros, serão reforçadas, como parte de um processo de restauração de equilíbrio aos desequilíbrios históricos contra as minorias
Dilma: Ampliar as Políticas de Promoção da Igualdade Racia. Do Correio

Após atacar, Serra diz que é 'trolóló'

Um dia após afirmar que as invasões de propriedades rurais, feitas pelo MST, aumentarão se a candidata do PT, Dilma Rousseff, vencer a eleição, o tucano José Serra evitou continuar a polêmica, mas desclassificou a reação da adversária.

Em campanha na capital de Tocantins, disse que é bobagem a afirmação da petista, feita em Recife, de que o tucano deseja repetir a tática do medo e fazer campanha olhando para o retrovisor, numa referência a 2002.

Isso é bobagem. Eu quero debater propostas para resolver os problemas do país e dos estados.Vou falar mais de Tocantins, se vocês não acham ruim, eu queria falar mais de Tocantins. Depois eu falo do tititi e do trolóló. Não venho nunca a Tocantins, quando venho, quero falar de Tocantins disse o tucano, demonstrando insatisfação por interromper a caminhada na Avenida JK para falar com os jornalistas.

Mais tarde, perguntado sobre a polêmica das invasões, Serra não quis se pronunciar.

Na entrevista, disse que a gestão da saúde pública no Brasil é um tema complexo, mas que é possível melhorar e ampliar todos os programas existentes hoje. Até prometeu dar um enxovalzinho para recémnascidos de famílias carentes: Vou criar o programa da mãe tocantinense. Ela vai saber em que hospital vai, o parto será acompanhado, terá um pós-natal e até enxovalzinho quando se tratar de família modesta.

É um programa de saúde.

Já foi feito em Curitiba e na prefeitura de São Paulo.

Grupo de apoiadores reforçou caminhada Serra criticou a gestão do programa Saúde da Família, que, segundo ele, mantém equipes com menos agentes do que quando era ministro da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso.

Durante a caminhada, parou numa farmácia e gravou depoimento para seu programa na TV sobre genéricos.

Nas poucas horas que permaneceu em Tocantins, Serra esteve acompanhando do candidato ao governo do estado pelo PSDB, Siqueira Campos, e da senadora Katia Abreu (DEM), que abriu mão da disputa pelo governo do estado para fortalecer o palanque de oposição.

A caminhada foi reforçada por um grupo de apoiadores cuja presença nas mobilizações custa R$ 510 mensais, cada da campanha de Siqueira Campos, segundo afirmou à reportagem uma contratada: Nós votamos no Siqueira Campos. Mas eles nos contratam para acompanhar o candidato nos eventos, para levar esse material para a rua.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Candidatos no Piauí disputam imagem de Dilma e Lula


Mesmo sem o apoio do PT, o candidato ao governo do Piauí, João Vicente Claudino (PTB) usa cartazes e panfletos em que aparece numa montagem ao lado do presidente Lula e da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. O material terminou muito parecido com o do candidato oficialmente apoiado por Dilma, Wilson Martins (PSB).

A assessoria de João Vicente alega que o candidato é que apoia Dilma, e que isso justificaria o uso da imagem da candidata.

Já o Diretório Estadual do PT critica a estratégia do petebista. Para a secretária de organização do PT piauiense, Betinha Lima, o candidato "está se aproveitando de alguma coisa que ele sabe que pode se dar bem".

Ela nega que essa forma de apoio de João Vicente possa beneficiar a candidatura de Dilma.

O partido de João Vicente não faz parte da coligação petista no Piauí e nem nacionalmente. No Estado, a coligação "Para o Piauí Seguir Mudando" reúne PRB, PT, PMDB, PTN, PR, PSB, PRP e PC do B e apoia a reeleição de Wilson
Permissão legal

Por enquanto, o PT do Piauí diz que não vai reagir ao uso da imagem de Lula e Dilma. Legalmente, ainda há dúvida sobre se é possível que um candidato nacional apareça em campanhas diferentes nos Estados.

Uma consulta do senador Marconi Perillo (PSDB-GO) sobre o tema ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não foi respondida. O julgamento foi adiado para o início de agosto.

Segundo Betinha Lima, dependendo da decisão do TSE, o Diretório poderá pedir o impedimento da divulgação do material de campanha de João Vicente.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Lula será na TV apresentador de Dilma

Ideia é mostrar a candidata como fiadora da continuidade dos atuais projetos do governo

Criador e padrinho da candidatura da petista Dilma Rousseff ao Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ser o personagem principal do primeiro programa de TV da ex-ministra. A propaganda eleitoral no rádio e na TV começa oficialmente no dia 17 de agosto.

Num papel até agora pouco comum para ele o de apresentador de TV, Lula pretende mostrar Dilma ao eleitorado não só como a responsável pelas grandes obras de seu governo, previstas nos PACs 1 e 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), mas também como a garantia de que nenhum programa social, como o Bolsa-Família e o Minha Casa, Minha Vida, será mudado caso ela seja eleita. E, se houver mudança, será para incluir mais gente nos programas.

O jornalista e marqueteiro João Santana, responsável pelos programas da candidata petista, tem feito de tudo para manter segredo sobre o conteúdo da propaganda eleitoral. O veto ao acesso aos locais onde os pilotos dos programas têm sido gravados inclui até mesmo a assessoria do comando da campanha.

A ideia, segundo os coordenadores da campanha de Dilma, é fazer um programa leve, com muita informação a respeito do governo de Lula e do que a candidata poderá fazer a mais do que o seu padrinho fez nos quase oito anos de governo. Sempre que Dilma aparecer, haverá ao lado uma bola com o Cruzeiro do Sul, num azul que, aos poucos, vai mudando de cor, até se tornar branco e, em seguida, verde-amarelo.

Como o programa é longo, com mais de 10 minutos, João Santana está armazenando o máximo possível de cenas externas, que serão enxertadas entre uma fala e outra da candidata.

Tudo às escondidas dos meios de comunicação, ele gravou uma visita de Dilma ao Chuí, aproveitando uma passagem da candidata pelo Rio Grande do Sul; levou-a a um projeto de agricultura familiar bem-sucedido em Padre Bernardo (GO), a cerca de 120 quilômetros de Brasília; e fez com que a candidata caminhasse pela Esplanada dos Ministérios por volta das 6 horas, com imagens do belo nascer do sol.

A exemplo do que fez nos programas da candidatura de Lula à reeleição, em 2006, João Santana pretende usar muitos efeitos especiais, com bastante didatismo. Sempre que fizer menção ao petróleo existente na camada do pré-sal, por exemplo, mostrará gráficos com a profundidade do óleo e a engenharia e a logística para retirá-lo. A intenção é atrair a curiosidade do telespectador.

Em tom ufanista, o programa de Dilma dirá que o Brasil tornou-se autossuficiente em petróleo devido ao apoio dado à Petrobrás pelo governo de Lula. E sempre que se falar em petróleo, haverá o contraponto da energia limpa dos biocombustíveis.

O Brasil será sempre apresentado como líder no mundo na produção de energia que não emite gases de efeito estufa, entre eles o carbônico. O tema será associado às hidrelétricas, que emitem o mínimo de gases. A construção de Jirau e Santo Antonio, no Rio Madeira, será automaticamente associada a Dilma, assim como a licitação para a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu.

Um locutor vai dizer que o País não corre mais o risco de ter um apagão na energia elétrica, como ocorreu em 2001 e 2002, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Para a propaganda de Dilma Rousseff, com Lula e a candidata, esse tipo de ameaça não existe mais.

Europa. Além das imagens em caminhadas e comícios, de gráficos e apresentação de programas do atual governo, Dilma contará ainda com imagens que pelo menos até agora seu principal adversário, o tucano José Serra, não tem. Trata-se dos encontros que manteve na Europa com os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, e da União Europeia (UE), José Manuel Durão Barroso, e com os primeiros-ministros da Espanha, José Luís Zapatero, e de Portugal, José Sócrates. Essas reuniões ocorreram imediatamente depois de Dilma ser confirmada candidata à Presidência por convenção do PT. A viagem dela à Europa durou oito dias. O encontro com Sarkozy no gabinete do presidente francês não pôde ser gravado.

Equipe de 270 pessoas atua na comunicação de Serra

Campanha do tucano alugou três estúdios na zona oeste paulistana, onde serão gravados programas de televisão

Com três minutos a menos tempo de TV que a campanha de Dilma Rousseff (PT), a equipe de comunicação do tucano José Serra começou na semana passada a discutir os programas e a estruturar os estúdios onde será gravado o horário eleitoral gratuito.

Um imóvel na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, com três estúdios, foi alugado. Lá funcionam os Estúdios Quanta, que se intitulam o "maior complexo brasileiro de locações para o setor audiovisual".

A comunicação está dividida em 14 áreas principais: da criação de impressos à coordenação, tocada pelos jornalistas Luiz Gonzalez e Woile Guimarães. Numa campanha presidencial, em que grande parte do desempenho do candidato é creditado à estratégia de comunicação, a estrutura montada para atender a demandas é enorme. Mais de 270 profissionais, entre contratados diretos e prestadores de serviços, se dividirão em equipes de criação, pesquisa, mídia e conteúdo, entre outras.

Na semana passada, houve a primeira reunião de criação da equipe de comunicação para começar a esboçar a produção dos comerciais de rádio e TV, que estreiam no dia 17 de agosto. Ainda está em discussão o formato do programa, como se haverá apresentadores. Os filmes devem apresentar Serra, destacar a biografia do tucano, explorando temas sociais como a criação do FAT e dos genéricos. Parte das imagens externas do candidato já foi colhida em 10 Estados.

A produção dos programas de TV concentra 140 pessoas. Há no grupo roteiristas, cinegrafistas, repórteres, editores e produtores. Fora maquiadores, cenógrafos e editores de pós-produção nos estúdios. Só na direção de arte dos filmes são 12 pessoas. Na produção dos programas de rádio, que segue paralela à estrutura da TV, são mais 30.

Veteranos em campanhas eleitorais dizem que a produção dos filmes e a contratação de pesquisas estão entre os itens mais caros no orçamento eleitoral. A estimativa dos tucanos é que os gastos gerais com comunicação consumam 1/3 do custo declarado da campanha - o PSDB informou ao Tribunal Superior Eleitoral que gastará R$ 180 milhões na corrida presidencial.

Sobe som. O jingle da campanha é criado e produzido por PC Bernardes, que trabalhou nas campanhas passadas de Serra.

Para definir a estratégia e calibrar o discurso do candidato, o núcleo de pesquisas tem uma equipe de cerca de 15 pessoas, coordenadas por Antonio Prado Júnior, o Paeco, especialista no assunto e figura conhecida nas campanhas tucanas.

O grupo contrata pesquisas quantitativas (por telefone e face a face) e qualitativas (focus groups tradicionais e com estímulo usando o perception analyzer, espécie de joystick que o eleitor move de acordo com sua opinião sobre um tema).

A equipe tem ainda 6 fotógrafos e 30 profissionais que atendem a imprensa, acompanham o candidato em viagens e divulgam informações da campanha.

Brasil pode atingir, este ano, PIB per capita histórico

O PIB per capita do Brasil de US$ 10.325, em 2008, é superior ao da China (US$ 6.500) e da Índia (cerca de US$ 3 mil).


Se foi insuficiente para elevar a participação do Brasil no Produto Interno Bruto (PIB) global, o crescimento mais acelerado dos últimos anos fez a renda per capita atingir níveis recordes. Nas estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o valor mais alto do PIB per capita brasileiro foi alcançado em 2008: US$ 10.325, pelo critério conhecido como Paridade do Poder de Compra (PPP, na sigla em inglês). Este ano, segundo o Fundo, deve chegar a US$ 10.289.


Mas, como essa projeção foi elaborada antes de a instituição aumentar sua estimativa para o crescimento do País no ano (de 5,6% para 7,1%), é provável que o PIB per capita de 2010 seja o maior da história brasileira.

É um valor baixo se comparado ao dos Estados Unidos, por exemplo, onde o PIB per capita supera os US$ 46 mil. Mas superior ao da China (US$ 6.500) e Índia (cerca de US$ 3 mil). É por isso que alguns especialistas argumentam que o Brasil não precisa almejar as taxas de crescimento da China e da Índia - o estágio de desenvolvimento já está mais avançado aqui.

"O problema do PIB per capita é que se trata da média. Como sabemos, o Brasil é um dos países com a maior desigualdade do mundo", lembra o economista Simão Davi Silber, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP). O Brasil tem o 9.º maior PIB do mundo, mas é apenas o 73.º no ranking do PIB per capita.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) informou que o Brasil é o 3.º país mais desigual do planeta, melhor apenas do que Bolívia, Madagascar, Camarões, Tailândia, África do Sul e Haiti.

Existem receitas variadas para reduzir a desigualdade. O ponto comum nas avaliações: investimento em educação.

PARA ENTENDER

Paridade do Poder de Compra é um método alternativo à taxa de câmbio para estimar o poder de compra em um país. É a medida mais aceita para comparações porque exclui os efeitos de valorização ou desvalorização da moeda. Em PPP, o PIB per capita da China beira US$ 6.500. Medido pela taxa de câmbio, US$ 2 mil.Estado

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Taxa de desemprego em junho é a menor do ano. Vai continuar caindo com Dilma Presidente

A redução da taxa de desocupação em junho baseou-se na saída de pessoas do mercado de trabalho e não na criação de postos de trabalho. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população ocupada ficou estatisticamente inalterada entre maio e junho, com 21,878 milhões de indivíduos, apenas mil a mais que em maio. Já a população desocupada apresentou queda de 6,6% no período, com 1,647 milhão, ou 117 mil pessoas a menos que em maio. No mês passado, a taxa de desocupação atingiu 7%, no menor nível para um mês de junho, o segundo menor para qualquer mês desde o início da série, em 2002, e o menor do ano.

Para Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), as férias de julho normalmente desestimulam a procura por emprego em junho, o que voltou a ocorrer este ano, contribuindo para a redução da população economicamente ativa, que caiu 0,5% entre maio e junho. Ao mesmo tempo, a população não economicamente ativa subiu 1,1%, em 193 mil pessoas.

"A queda da taxa em junho é explicada pelas pessoas optarem por não procurar emprego, porque são estudantes, mulheres com crianças, e também porque o aumento da renda contribui para tirar as pessoas do mercado. Pessoas que desistiram de procurar trabalho para ter disponibilidade em julho", frisou Azeredo, acrescentando que será necessário esperar os resultados dos próximos meses para determinar as tendências da criação de vagas. "Temos um quadro favorável, com evolução da taxa de desocupação. Há algumas interrogações, que vão culminar na continuação, ou não, da redução da desocupação. Se não houver geração de postos, a força de trabalho que se retirou do mercado tende a voltar e pode fazer a ocupação recuar. Por isso não fazemos previsão, temos que analisar."

Os números do IBGE mostram que os efeitos da crise econômica global já foram superados, com os resultados de desocupação, rendimento e emprego com carteira superando os índices anteriores à turbulência. "Passamos pela crise e agora estamos melhores que no período anterior a ela", afirmou, lembrando que no primeiro semestre a taxa média de desocupação foi de 7,3%, a menor da série para o período janeiro-junho.

O rendimento médio real voltou a subir em junho, depois da queda de 0,9% em maio. Em junho, a média de R$ 1.423,00 significou uma alta de 0,5% sobre maio. No primeiro semestre, a média de R$ 1.420,34 foi a mais alta da série histórica para os seis primeiros meses do ano.

Não custa quase nada e ajuda muito

A parcela de renda associada ao Bolsa Família e a outros programas sociais passou de 4,9% para 16,3% do total da renda da faixa das pessoas mais pobres, entre 2003 e 2008. No total da renda do país, a parcela duplicou no período, passando de 1,10% para 2,15%, de acordo com números do estudo "A Geografia das Fontes de Renda", elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Se os recursos do Bolsa Família impulsionam principalmente a renda dos mais pobres, que é a mais beneficiada por eles, os rendimentos de pensões e aposentadorias com valor até um salário mínimo, por outro lado, são mais significativos para a classe D (12,7% da renda total do segmento). Na classe AB, pesam mais os benefícios previdenciários acima de um salário mínimo (18,94% da renda total)

De acordo com o estudo, a renda per capita média anual do brasileiro cresceu 5,26% em termos reais (descontada a inflação e o crescimento da população), passando de R$ 458 para R$ 592 por mês. A fonte de renda que mais cresceu (20,99%) foi a de programas sociais, impulsionada pela expansão do Bolsa Família. Já a renda do trabalho cresceu 5,13% ao ano.

O estudo da FGV também indica que entre 2003 e 2008, houve redução de 43% da pobreza no país, o que representa a saída de 19,3 milhões de brasileiros da faixa de renda abaixo de R$ 137. Nas capitais, a maior queda (-80,9%), foi verificada em Palmas (TO). As menores reduções de pobreza ocorreram no Rio (-34,8%) e na periferia do Recife (-36,4%).

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Aloprado Marcelo Branco critica Dilma. Pronto! Já não precisamos mais de Serra, índio, PPS,PSDB e DEM

Na tarde de ontem pelo Twitter, Branco pediu que seus seguidores divulgassem a mensagem "quem quer Dilma no debate online de segunda-feira levante a mão". Foi uma referência ao evento do dia 26 a ser realizado pelos sites IG, MSN, Terra e Yahoo, que será o primeiro debate pela internet no Brasil.

Branco repassou mensagens de outros usuários apoiando a participação da petista. "Quero Dilma lá", reiterou ele, alguns tweets mais tarde.

Em resposta aos pedidos de seus seguidores, a própria Dilma escreveu no microblog: "Estou com presença confirmada em pelo menos cinco debates, quatro em TV, um em internet. Sempre que possível, incluímos na agenda. Mas às vezes não dá."

Remarcado. A assessoria da candidata diz que a data do debate, inicialmente agendado para 31 de agosto, foi remarcado sem consulta à campanha. José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) confirmaram presença.

Analista recebe defesa do demo

Antonia Aparecida dos Santos Neves Silva, analista.Há 15 anos analista tributária da Receita, Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva é "servidora exemplar", segundo depoimento de auditores que com ela trabalharam ou tiveram contato durante o período em que exerceu a atividade de secretária-geral da Delegacia Sindical do SindiReceita em Santo André e São Bernardo. "Antonia é muito dedicada", disse João Jacques Silveira Pena, vice-presidente do SindiReceita.

Viúva, nascida no interior de São Paulo, ela se esforçou para chegar ao Fisco. "Ela batalhou muito", disse uma cunhada. Quando passou no concurso, Antonia morava em uma casa simples na periferia de Mauá, na Rua Pedro Marcondes Leite. Hoje reside em um apartamento na Avenida Rio Branco, em São Caetano do Sul.

Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, CPF 069.093.238-31, analista tributária da Receita desde 1995, disse que não tem filiação partidária nem qualquer vínculo político, e afirmou que não se recorda de ter consultado nos registros da instituição dados relativos às declarações de bens do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira.


"Eu não me lembro de ter acessado esse contribuinte", ela anotou, em conversa informal que manteve com colegas no núcleo jurídico do SindiReceita, o Sindicato Nacional da Carreira Auditoria da Receita em São Paulo.


Em maio deste ano, a servidora recebeu uma homenagem na Câmara Municipal de Mauá, em razão do Dia dos Contabilistas, comemorado no dia 25 de abril.

De acordo com o vereador Manoel Lopes (DEM), que sugeriu a sessão na Casa, o nome da servidora da Receita foi apenas citado. "Ela não falou nada, apenas teve o nome lido e recebeu um mimo da Câmara", declarou Lopes, que faz oposição ao PT na cidade.

O "mimo", disse o parlamentar, foi um vaso de flor. O nome de Antonia Aparecida teria sido sugerido por entidades ligadas aos contadores para constar da sessão solene.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em São Paulo informou que a analista tributária, sob suspeita de ter violado o sigilo do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, não é filiada a nenhum partido.

A mando de Serra Indio volta atacar Dilma

Em campanha no Rio, ontem, o candidato à Presidência do PSDB, José Serra, virou coadjuvante do seu candidato a vice, o deputado federal Índio da Costa (DEM). Novamente Índio atacou a candidata do PT, Dilma Rousseff, desta vez com mais ênfase. Visivelmente alterado, com expressão de cara de louco por conta das acusações feitas pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de que era despreparado, Indio disse que entrou na campanha para falar o que pensa e que Dilma é quem tinha que responder se o governo teria ligação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Em meio a uma caminhada no centro da Taquara, bairro da Zona Oeste do Rio, atentendo pedido de José Serra Indio reuniu a imprensa para falar do assunto. "Tem mais algum repórter aí? Chama todo mundo que eu vou falar só uma vez", pediu o candidato. "A pergunta que até agora não foi respondida e que a Dilma tem que responder é se o PT tem ou não ligações com as Farc", frisou Indio, acrescentando que a adversária também deveria dizer se há ligações das Farc com o narcotráfico. "O que eu vejo é que infelizmente a gente mora no meio de uma guerrilha urbana alucinada por causa do narcotráfico. Qual a opinião da Dilma sobre isso?", completou, referindo-se ao Rio.

O deputado ainda lembrou o caso da quebra de sigilo bancário o vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge Caldas Pereira. "Chega a ser ridículo eles falarem em processo e em baixar o nível da campanha. Será que ela acha legal e que merece respeito quebrar o sigilo bancário e fiscal de um cidadão brasileiro? Será que isso é baixar o nível da campanha?", indagou Indio.

Inicialmente o corpo-a-corpo na Taquara era só mais uma forma de gerar um fato político para Serra, que foi ao Rio dar entrevista fechada à TV Brasil e depois participar de um evento de apresentação do projeto das Olimpíadas de 2016 no Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na Barra da Tijuca.

No entanto, percebendo que o evento no COB não tinha gerado muita notícia, já que Serra se negou a falar de outro assunto a não ser esporte, os assessores, liderados pelo deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), providenciaram a caminhada na Taquara, bairro próximo à Barra, onde há um comitê de campanha. Além disso, Serra havia passado por constrangimentos, já que o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, exibiu imagens da vitória da campanha olímpica, com várias cenas do presidente Lula, do governador e do prefeito do Rio, Sérgio Cabral e Eduardo Paes, todos opositores do candidato do PSDB. Rapidamente cabos eleitorais foram mandados para região levando mais de 20 faixas e galhardetes.

Antes de sair para a caminhada, Índio já havia falado sobre a reação do PT as suas declarações. "O PT é que está nervoso. Tem que ver com eles lá", disse o candidato, acrescentando que já colocou os documentos que comprovariam as ligações do partido com as Farc no Twitter. Segundo Indio da Costa, mais de 1,5 milhão de pessoas já teriam acesso a esses documentos via microblog. "Isso é público, é conhecido", se referindo aos links sobre reportagens feitas pelos jornais "Gazeta do Povo", de Curitiba, e da revista "Cambio", que publicou no site.

No entanto, entre o COB e a Taquara, Indio da Costa foi informado de que o PT protocolou ontem no Tribunal de Justiça do Distrito Federal uma ação civil por danos morais contra ele e o PSDB. O partido também já havia protocolado uma ação criminal por difamação e injúria no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Procuradoria Geral da República contra Índio e uma ação eleitoral contra o PSDB, exigindo direito de resposta no site do partido.

De qualquer forma, para a campanha de Serra, falar sobre segurança no Rio é providencial já que o tema continua sendo a principal preocupação da população. As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão em apenas algumas favelas da Zona Sul e Tijuca e a população tem mostrado seu temor nas pesquisas qualitativas.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ideias de Temer para o governo Dilma

Deputado federal há 14 anos, nove dos quais à frente do PMDB, maior partido do país, e seis como presidente da Câmara, Michel Temer tende a ser, por palavras e intenções, um vice-presidente mais ativo que seus antecessores, se sua colega de chapa, Dilma Rousseff, vencer a eleição.

Uma vez eleito vice-presidente na coligação encabeçada por Dilma Rousseff (PT), o presidente da Câmara dos Deputados e do PMDB, Michel Temer, garante que irá cumprir o papel que a Constituição lhe conferir: o de substituir o presidente da República em sua ausência. A afirmação, porém, não se sustenta por muito tempo, quando o próprio deputado expõe as credenciais que devem levá-lo a ser a eminência parda de um eventual governo Dilma.

Temer parece saber que sua disposição para o diálogo e conhecimento do Legislativo adquiridos no decorrer de 14 anos consecutivos como deputado federal, nove dos quais à frente do maior partido do país e seis como presidente da Câmara serão habilidades preciosas na ausência da popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva.

Declarações como "É muito provável que eu tenha um diálogo na formação do governo" ou "Eu acho que poderei ajudar (na relação do governo Dilma com o Congresso)" sinalizam que, ao contrário de Itamar Franco, Marco Maciel e José Alencar, o vice de Dilma tende a ser mais do que um vice-presidente.

Em entrevista ao Valor, ontem, concedida na residência oficial da Presidência da Câmara, Temer falou muito mais de 2011 do que de 2010, o ano em que deve ganhar a eleição para atuar no próximo. Fez prognósticos sobre a evolução que quer imprimir ao PMDB no caso de vitória da composição governista: de um partido sob a pecha de fisiológico para o de moderador das políticas públicas de um terceiro governo petista. Temer já descreve o critério para a divisão de poder com o PT: "O tamanho da bancada é o mais importante. O critério político é esse".

O peemedebista deu sua visão de governo ao falar sobre a autonomia do Banco Central -que, segundo ele, não precisa ser formal, mas real-, e sobre as necessidades de que as reformas política e tributária sejam feitas já em 2011. Também disse não ver risco na crescente onda de aprovações ocorridas no Congresso que aumentam os gastos públicos. "A economia do Brasil tem retaguarda para isso".

Valor: A vitória da chapa Dilma- Temer inauguraria no país o vice-presidencialismo, com um vice muito forte, fiador de uma titular com pouca experiência política?

Michel Temer: Essa tese parece ser a meu favor, mas é contra. O vice-presidente tem de cumprir as funções determinadas pela Constituição. A autoridade não vem da pessoa, mas da lei. Agora, é possível que pelo fato de eu ser presidente de um partido grande, forte, importante no país, eu tenha um diálogo no momento da formação do governo, já que vou ser o representante do PMDB nessa coalizão.

Valor: E na articulação com o Congresso?

Temer: Acho que poderei ajudar. Mas se eu exercerei essa função, não sei. Poderei ajudar pelo fato de ter sido três vezes presidente da Câmara. Tenho, graças a Deus, um bom diálogo com os colegas.

Valor: Há hoje briga de hegemonia entre o PT e o PMDB, que se reflete até em pequenas disputas de espaço no Congresso. É uma prévia do que vem por aí caso Dilma se eleja?

Temer: Vamos fazer uma parceria e creio que se depender do PT também há interesse. Não acredito que haverá dissonâncias quando estivermos no governo, vamos exercer funções de parceiros.

Valor: Mas o que vai definir a divisão de poder num eventual governo Dilma?

Temer: O tamanho da bancada é o mais importante. O critério político é esse. Quem tem a maior bancada tem maior presença.

Valor: Uma autoridade da campanha da Dilma disse que o apetite do PMDB por cargos terá de diminuir porque o partido já teria a vice-presidência...

Temer: Tudo isso terá que ser discutido depois. É preciso compor o governo de forma equilibrada entre os vários partidos. A função do vice é, simplesmente, substituir o presidente nas suas ausências. Só isso. Não vou poder, a todo momento, ficar ditando os rumos do governo. Creio que haverá um governo de colaboração dos vários partidos. É claro, pode ter uma ou outra postulação de cargo por um deputado, um senador. Mas não é a regra do conjunto do PMDB nem dos demais partidos.

Valor: Como o PMDB transformou-se de partido fisiológico em partido do poder moderador, como tem se definido?

Temer: Isso é fruto de um trabalho que fizemos ao longo do tempo para tirar do partido essa pecha. Mas eu quero dizer que ela não é justa. Nenhum governo hoje consegue levar adiante os seus programas se não fizer uma grande coalizão. E para isso sempre foi fundamental o PMDB. Nesses últimos quatro anos, passamos a ter uma interlocução que era mais programática do que fisiológica. Tanto que, nesse momento, não estamos esperando eleger o governo para participar do governo. Nós estamos fazendo uma coligação político-eleitoral-programática. Vamos trabalhar juntos para ganhar a eleição e vamos governar juntos.

Valor: Quais reformas são mais necessárias?

Temer: A da Previdência, tributária e política têm que ser feitas no primeiro ano. Não é que não tenham andado antes, deram alguns passos. Essas coisas na democracia fazem parte de um processo. Acho que estamos maduros para as três.

Valor: Uma reforma da Previdência é realmente prioritária para um governo Dilma? A aprovação da emenda que extingue a taxação dos inativos acima de 65 anos e a obstrução à previdência complementar para o funcionalismo não são um retrocesso?

Temer: Esta é apenas a tese do benefício de alguns setores. Mas a reforma da Previdência também envolve restrição de direitos. Qual o grande drama atual? A expectativa de vida. Você tinha uma expectativa de vida de 60, 65 anos e hoje você tem uma expectativa de vida de 80 anos. Qual é a nossa tese em matéria de previdência? Toda e qualquer modificação deve ser anunciada para aqueles que entram no serviço público.

Valor: Qual a reforma política defendida pelo PMDB?

Temer: Parto de quatro premissas. O poder emana do povo. A democracia é o regime das maiorias. Quem tiver maioria governa. Chega-se ao poder pelo voto das maiorias. Digo isso para desmerecer a idéia do quociente eleitoral, que visa basicamente a enaltecer os partidos políticos, mas é um equívoco em face da Constituição.

Valor: Por que?

Temer: Porque o correto é que quem teve mais votos seja eleito. Se conectarmos isso com a fidelidade partidária, você reduz a quantidades de partidos e ficam desnecessárias as coligações proporcionais, em que somos obrigados a nos coligar com partidos pequenos para atingirmos o quociente eleitoral e eleger nossos deputados. Minha posição é de que os deputados sejam eleitos pelo sistema majoritário. Por exemplo, que os 70 mais votados de São Paulo sejam os eleitos para a Câmara.

Valor: Então o sr., ao contrário do PT, defende o voto distrital?

Temer: Essa tese é a do chamado "distritão". Cada Estado passa a ser um distrito para a disputa para a Câmara. Faz-se o mesmo nos municípios com mais de 200 mil eleitores. Você pega uma cidade como São Paulo e a transforma em distritos geográficos. É importante que tenha um vereador de Sapopemba, da vila Leopoldina, de Perdizes (todos os três, bairros paulistanos). Para as eleições para a Assembleia também, porque nos Estados às vezes tinha prefeito que não conseguia chegar a mim porque não tinha um representante para a Assembleia. Então se distritalizar no Estado também faz uma boa coisa.

Valor: O que acha do financiamento público de campanha?

Temer: É fundamental. Primeiro porque você não faz campanha se não houver contribuições. E quando tem contribuição, sempre há alguém que faz uma correlação com uma eventual empresa corruptora. Isso é um desastre.

Valor: Voto em lista também?

Temer: O voto em lista briga com essa teoria do mais votado. Se não prevalecer esse meu sistema eu apreciaria o voto em lista. Só que aí precisa de partidos mais solidificados.

Valor: Muitos defensores da reforma política alegam que esta melhoraria o nível dos representantes. O sr. é deputado desde 1986. De lá para cá caiu o nível do Legislativo?

Temer: Eu cheguei aqui com uma visão muito elitista do Legislativo. Achava que só os mais iluminados intelectualmente poderiam participar de uma casa dessas. Muitas vezes a gente trabalha com a teoria da representação popular e não observa a prática. Um dia um deputado me convidou para um churrasco na região dele em uma região muito pobre. Para mim foi um aprendizado. Ele conseguia representar o povo dali. Acho que a representação popular é o retrato do país. Agora como você modifica o retrato do país? Modificando os fotografados. O eleitor cada dia mais caminha para uma apuração dos costumes e a própria legislação caminha para essa direção. No instante em que se proíbe entrega de brindes nas eleições, por exemplo, está se apurando o sistema. Agora dizer que piorou ou não é muito subjetivo.

Valor: O sr. acha que o voto de de opinião está em extinção?

Temer: O voto de opinião perfila ao lado de todos os demais votos ligados a demais grupos de representação, como ruralistas, sindicalistas, economistas. São poucos os votos de opinião, mas eles existem.

Valor: E qual a fórmula política para que saia uma reforma tributária?

Temer: Uma verdadeira federação se faz pela repartição de competências tributárias e autonomia dos entes federativos. Você só é autônomo se tiver dinheiro no bolso. A federação se alicerça na autonomia política, mas esta está ancorada na autonomia econômica e financeira. Se você fizer uma repactuação tributária precisa descentralizar os recursos.

Valor: O aumento nos gastos públicos e os sucessivos reajustes ao funcionalismo são uma bomba relógio para o próximo governo?

Temer: Não acho. O país vai muito bem economicamente e tem condições de suportar os aumentos, por exemplo, do funcionalismo. Se o país estivesse por exemplo ainda devendo ao FMI, com problemas internos e sociais muito grande, teríamos um problema. Estamos diante da primeira eleição que o povo vai razoavelmente tranquilo para as urnas. Nas eleições anteriores tinha setores raivosos que iam para a eleição e setores não raivosos contemplados com o governo mas preocupados com aquela raivosidade. Hoje, não. O presidente Lula conseguiu pacificar as relações sociais. O empresariado satisfeito, a classe média foi ao paraíso, as classes D e E migraram para a classe C, o Nordeste cresceu.

Valor: O sr. aprova a atuação do BC, comandado pelo pemedebista Henrique Meirelles? O sr. defende autonomia formal do BC ou o formato que funciona hoje é o ideal?

Temer: A atuação do Meirelles foi corretíssima, eu não ouço uma crítica quanto a isso. Acho que tem de deixar uma autonomia real, não é preciso caminhar para uma autonomia formal, estabelecida por lei.

Valor: O que acha da omissão do parlamento ao atrasar a definição de uma política para o salário mínimo? Ou essa matéria pode continuar sendo regida por medidas provisórias?

Temer: Em primeiro lugar, eu quero registrar que o grande trabalho no passado foi o de equiparar o salário mínimo aos US$ 100. Hoje ele vale pouco mais de US$ 300. Avançou não só em relação ao trabalhador, que ganha mais, mas em relação à produção. Quem ganha mais, gasta mais e com isso, o Brasil também produz mais. Em face da estabilidade econômica, acho que podemos ter perfeitamente uma lei planejadora dos aumentos do salário mínimo. Se eu puder ajudar junto ao PMDB, ajudarei.

Valor: Há espaço para mudanças na política econômica brasileira?

Temer: Poderíamos, como o próprio (vice presidente da Caixa Econômica Federal) Moreira Franco incluiu em nosso programa, remunerar o FGTS com uma taxa que não seja tão pequena. Acho que ela comporta uma série de ajustamentos. E tem muito a ver com o lema da nossa campanha, que é "continuar mudando". A ideia é que o presidente Lula mudou muita coisa e agora nós vamos continuar mudando, aperfeiçoando o sistema.

Valor: Quais os outros pontos, além das questões econômicas, precisam de ajustamentos?

Temer: Um dos problemas básicos do Brasil é a educação. Mais no nível básico do que no universitário. Nós vamos defender que se estenda o sistema do Prouni para o ensino básico. Fiquei impressionado com notícias mostrando que o aluno sai do ensino básico sem saber escrever. Isso é grave. Outro ponto que pretendemos explorar seria um aperfeiçoamento do Bolsa-Família. Num dado momento, o garoto se forma no ensino básico, no ensino médio e daí não tem recursos para começar a vida. Estamos sugerindo que o governo também acrescente ao Bolsa-Família uma quantia a título de poupança para que ele possa dar o passo seguinte.

Valor: Como o senhor avalia a atuação do MST?

Temer: Sou escravo da lei. Não quero desmerecer os movimentos sociais, acho que eles são importantes. Agora, todo movimento social tem que agir nos termos da estrita constitucionalidade e realidade. Se está fora da lei, não há como contemporizar. Quando invade terras produtivas está violando a lei. Não tenho a menor dúvida.

Valor: Qual sua avaliação sobre a saúde, área que esteve no segundo mandato com o PMDB e que nas avaliações do governo não há resultados positivos a apresentar?

Temer: O Temporão (José Temporão, ministro da Saúde) fez um bom trabalho, especialmente no combate às epidemias. Saúde tal como educação é uma área complicada. Ambas são fundamentais. Temos que investir muito financeira e administrativamente.

Valor: O senhor defende a recriação da CPMF?

Temer: No momento não há necessidade. Mas, se for necessário para trazer mais recursos à saúde, eu defenderia o voto a favor.

Valor: Como vê o debate dos royalties do pré-sal?

Temer: É preciso reequacionar a participação de todos os estados e municípios, sem prejudicar os estados produtores, é preciso fazer essa equação.

Valor: E a recriação da Telebrás para atuar no Plano Nacional de Banda Larga?

Temer: Não sou a favor do ingresso do Estado em vários setores, especialmente setores que já estão sendo bem tratados pela iniciativa privada. Agora, em tudo aquilo que houver falta da atuação privada e o Estado puder compensar para estender o serviço a todos os brasileiros, eu acho útil (a intervenção do Estado). O que não quero é que a intervenção do domínio econômico se dê em setores que já estão caminhando, mas que a intervenção possa se dar em setores ainda não encobertos e transitoriamente porque isso também desonera o poder público.

Valor: Como avalia a declaração do candidato a vice na chapa que é sua adversária denunciando as ligações do PT com as Farc?

Temer: Foi uma declaração infeliz dele. A Dilma tem feito uma campanha realmente elevada e acho que pode servir de exemplo para todos que estão disputando. Se mantivermos essa linha, será importante, porque afinal o que eleitor quer saber é quem vai lhe dar conforto.Valor Econômico

Justiça de SP aceita denúncia contra ex-diretor da Dersa

A Justiça de SP aceitou denúncia contra o joalheiro Musab Asmi Fatayer, 28, e Paulo Vieira de Souza, 61, ex-diretor de engenharia da Dersa (empresa de transportes de SP). Eles foram presos em no dia 12 de junho no shopping Iguatemi ao negociarem um bracelete -o mesmo furtado no local em maio. Eles negam envolvimento no crime.

Kassab manda construir às margens de córregos e de rios na malha urbana de São Paulo

A permissão de construir às margens de córregos e de rios na malha urbana de São Paulo rachou a gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM).A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente expôs a divergência publicamente ao citar "riscos socioambientais intoleráveis" a partir da interpretação que a cúpula da prefeitura faz da legislação.

Para a pasta, isso vai contra a estratégia de combate as enchentes ao permitir a ocupação de novos empreendimentos mais perto de cursos d'água do que as distâncias fixadas no Código Florestal.

Por esse código, que é uma legislação federal, é necessário preservar um espaço de no mínimo 30 m de rios e córregos (pode ser mais, conforme a largura dos mesmos), áreas consideradas como de "preservação permanente".

Com aval da assessoria de Kassab, porém, a Secretaria de Negócios Jurídicos interpreta que essa restrição não se aplica a trechos urbanos.
Avalia que devem prevalecer normas municipais (pelo código de obras, há reservas entre dois e 15 metros, exceto em condições especiais).

O pivô da divergência foi a análise da ampliação de um condomínio que fica ao lado de um afluente canalizado do córrego Jaboticabal, no Sacomã, zona sul de SP.
Os moradores do Sapê Suíça 3, próximo do km 12 da rodovia Anchieta, já enfrentam alguns alagamentos que chegavam às canelas, conforme relato do zelador. Mesmo assim, planejavam construir salões de jogos e brinquedoteca mais perto do córrego.
Conforme informou a prefeitura a moradores, seria possível um recuo de 7,5 m. A pasta do Ambiente -que não havia sido procurada, mas soube do caso após uma denúncia -se manifestou então contra a obra.

"PRETEXTO"
A divergência entre as pastas foi parar no "Diário Oficial", que publicou despacho do secretário Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente).

"Não se pode de maneira alguma interpretar [cita a lei] como pretexto para se eliminar a proteção ambiental dos cursos d'água e das regiões de várzea", escreveu ele. "Não se pode colocar em risco a população, permitindo a manutenção ou a criação de riscos socioambientais intoleráveis", completou.

Questionada pela Folha, a assessoria da pasta informou que a "observação estrita" do Código Florestal "é essencial para nossa estratégia de combate às enchentes".
Procuradas pela Folha, as assessorias de imprensa de Kassab e a pasta dos Negócios Jurídicos não comentaram o assunto.

Entre advogados e especialistas em ambiente, não há consenso sobre o tema."Todas as ocupações devem considerar as áreas permanentes. Não é verdade que a lei municipal impera", diz o advogado e ambientalista André Lima.Para Caio Portugal, vice-presidente de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Secovi-SP, a questão ambiental não pode pesar mais que as outras. "Tem as questões econômicas e sociais."

Os dois concordam que esse racha ficou mais evidente depois de 1989, quando houve alterações nas metragens das áreas de proteção.Folha

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Empresas liberam operários para aulas sobre sindicalismo


Imagine uma empresa liberar toda sua mão de obra para ir ao sindicato dos trabalhadores para um dia de aula sobre sindicalismo. Imagine agora que a empresa, ou as empresas em questão, não são companhias pequenas, mas empregadoras de mais de 70 mil trabalhadores. É o que vai acontecer em São Bernardo do Campo a partir da semana que vem, quando o sindicato dos metalúrgicos do ABC dá início às primeiras turmas de 120 trabalhadores da Mercedes -Benz, primeira fabricante a ratificar o acordo com o sindicato na convenção coletiva de outubro de 2009. Aos cerca de 12 mil funcionários da Mercedes serão somados os 4,5 mil trabalhadores da Ford, que assinaram acordo semelhante nesta semana.

Na Mercedes as inscrições para as aulas já estão abertas. Os trabalhadores serão levados por ônibus ao clube de campo do sindicato, onde ficarão por um dia inteiro em salas com televisões e professores. "O mundo mudou. O sindicato, as empresas e o Estado mudaram ao longo dos últimos 30 anos. E o trabalhador, mais jovem, não conhece essa evolução", diz Sérgio Nobre, presidente do sindicato. A ideia vem sendo discutida desde 2003 quando os membros eleitos nos comitês sindicais constituídos em 96 empresas da região passaram a incluir a reivindicação na pauta negociada anualmente. No ano passado, as montadoras e fabricantes de autopeças concordaram em liberar seus funcionários para o curso. A Mercedes foi a primeira a ratificar o acordo, no fim de junho.

Segundo Marcos Alves, diretor de administração de pessoal da Mercedes Benz em São Bernardo, a montadora avalia que o curso vai "consolidar definitivamente" a relação construída entre empresa e sindicato. "Temos uma negociação permanente com os sindicalistas", diz Alves, que conversou com o Valor ontem, depois da reunião "Quarta Extra", que ocorre semanalmente entre membros da companhia e diretores da comissão de fábrica. "O curso vai ensinar também que negociamos continuadamente há 25 anos", diz Alves, em referência à comissão de fábrica do sindicato na Mercedes, criada em 1984 - a primeira da região.

Criticado no ano passado por conseguir reajuste real nos salários inferior a outros polos automobilísticos, como São José dos Campos, Campinas e Paraná, o presidente do sindicato do ABC avalia que "o trabalhador precisa entender que o sindicato precisa andar junto da região". Para Nobre, "não se pode afugentar as empresas e os investimentos daqui, porque de outra forma o resultado seria pior para os empregos".

Depois de atingir o fundo do poço em 2003, quando a base de metalúrgicos na região do ABC atingiu 77,4 mil trabalhadores, o momento é de aquecimento econômico. No mês passado, a região voltou a bater a marca dos 100 mil operários, recuperando o patamar de 2008, então recorde da década. "O emprego cresce e o trabalhador que entra é cada vez mais jovem", diz Nobre.

Quase 20 mil trabalhadores da indústria automobilística do ABC têm menos de 24 anos de idade. A parcela dos que têm mais de 40 anos, ainda maioria - representando cerca de 35% do total - perde espaço. Na Mercedes, a média de idade do trabalhador, segundo dados do sindicato, é de 32 anos. "Isso quer dizer que a maioria nasceu no fim dos anos 1970, justamente quando ocorreram as grandes greves e os conflitos do sindicato com as empresas e o Estado. Agora a situação é completamente diferente das últimas três décadas", diz Walter Souza, membro do comitê sindical na Mercedes e coordenador do curso, chamado de "Programa Trabalho e Cidadania".

Para dar conta do imenso contingente de trabalhadores, o sindicato já se antecipou. No fim do ano passado comprou um prédio nas cercanias de sua sede por R$ 1,5 milhão, em leilão municipal. O prédio será reformado e deve ficar disponível para aulas no fim do ano. Além disso, realizou em maio aulas-piloto, que serviram de teste para o material desenvolvido. "Assistimos a filmes, fomos apresentados à história do sindicato e das empresas e recebemos CD-ROM e apostilas", diz Priscila Lucena, que trabalha na linha de montagem de caminhões da Ford e participou de uma dessas aulas.

"Não só o sindicato, mas as empresas têm uma história muito rica. As duas instituições são muito importantes para nossa região e eu, que não venho de família de metalúrgicos, não conhecia nada disso", diz Priscila. Com 25 anos de idade e pouco mais de dois na Ford, seu primeiro emprego como metalúrgica, Priscila diz "conhecer agora seu trabalho melhor".

Segundo dados do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Intersindical (Dieese), o salário médio dos metalúrgicos das quatro cidades representadas pelo sindicato do ABC - São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra - é de R$ 2,9 mil, sendo R$ 2,1 mil nas autopeças e R$ 5,1 mil nas montadoras - os mais altos da indústria no país.Valor Econômico

terça-feira, 13 de julho de 2010

Celebridades modestas na declaração de bens

As declarações de bens das “celebridades” que tentarão entrar na política em outubro mostram que, muito além do trabalho parlamentar, a incursão na política pode ser uma tábua para a salvação financeira. Uma lista elaborada pelo Correio com representantes da nova classe de aspirantes a políticos revela que, ao contrário do que reza o imaginário popular, a maioria dos ex-alguma coisa não declarou um patrimônio de fazer inveja. Alguns, como Túlio Maravilha (PMDB-GO), Maguila (PTN-SP), Mulher Melão (PHS-RJ) e Reginaldo Rossi (PDT-PE), apresentaram uma lista de bens “zerada”.

No caso dos ex-jogadores de futebol, quanto maior a fama, menor o número de bens acumulados. O tetracampeão do mundo Romário declarou patrimônio de R$ 883 mil. Túlio, nada. Ex-colegas de Corinthians, Vampeta e Marcelinho Carioca listaram R$ 2 milhões e R$ 700 mil, respectivamente. A soma de todos não alcança a metade dos bens do atacante aposentado Marques (PTB-MG), candidato a deputado estadual. Com passagens por Corinthians, Flamengo e Atlético-MG, ele diz ter amealhado R$ 8,3 milhões durante a carreira.

No caso de Vampeta e Marcelinho, os candidatos a deputado federal mostram uma declaração de bens com “calote” em comum. Os dois fazem parte da massa falida das Fazendas Reunidas Boi Gordo. O volante pentacampeão perdeu R$ 118 mil e o pé de anjo, R$ 680 mil. A empresa faliu em 2004, deixando R$ 2,5 bilhões em dívidas. Às voltas com problemas de pagamento de pensão alimentícia, Romário declarou metade em parcelas de imóveis e o restante em quotas de empresas. Não há referência a carros de luxo com os quais transitava pelo Rio, como a famosa Ferrari. Ele tenta um assento na Câmara.

Com patrimônios inferiores, representantes do meio artístico e até um ex-BBB também tentarão entrar na política. Tatiana dos Santos Lourenço, a Tati Quebra Barraco, quer virar deputada federal pelo PTC. A funkeira declarou um carro de R$ 50 mil e uma casa de R$ 100 mil. A declaração de bens do ex-BBB Jean Wyllys, o professor que teve os 10 segundos de fama, mostra que o prêmio de R$ 1 milhão foi pulverizado. Ele declarou um apartamento de R$ 200 mil em Salvador, uma casa em Alagoinhas, de R$ 120 mil, e um Cross Fox 2007, que diz custar R$ 50 mil.

Aguiar, o próspero
Fonte inspiradora de muitas das celebridades com olhos na política, o cantor Frank Aguiar (PTB-SP) indica que o mandato eletivo pode ser bom negócio. O forrozeiro entrou para o grupo dos milionários em quatro anos. Em 2006, quando venceu a primeira eleição para a Câmara, declarou patrimônio de R$ 543 mil. Agora, declarou R$ 3,8 milhões, sendo R$ 878 mil em dinheiro guardado em casa, uma vez que o valor não consta como depósito bancário. A fase de prosperidade trouxe uma casa de R$ 2 milhões, um Toyota Land Cruiser de R$ 181,7 mil, além de aplicações, previdência privada e uma conta bancária com R$ 259 mil.

O número
3,8 milhões
Patrimônio registrado por Frank Aguiar para esta eleição. Há quatro anos, eram R$ 543 mil

Suplentes milionários


Os maiores patrimônios declarados à Justiça Eleitoral não estão entre os candidatos a presidente da República ou a governos estaduais. Nem a cargos de senador ou deputado. Estão entre os suplentes de senadores. Apenas os bens dos 20 mais ricos somam R$ 2,33 bilhões. Milionários, eles aguardam uma possível vaga no Senado sem fazer muito esforço. Muitos deles colaboram financeiramente com a campanha do titular. A vaga surge quando o senador renuncia para ocupar o cargo de governador, quatro anos mais tarde, ou quando assume um posto de ministro em qualquer momento do mandato. O mais rico dos suplentes é o empresário João Claudino (PRTB-PI), suplente do deputado e candidato ao Senado Ciro Nogueira (PP). Ele declarou bens no valor total de R$ 623 milhões (veja quadro ao lado). É dono de shopping, frigorífico e fábrica de colchões no Piauí.


Lírio Parisotto (PMDB-AM) é um empresário paciente. Ele é segundo suplente do candidato a senador Eduardo Braga (PMDB), ex-governador do Amazonas. Teoricamente, Braga poderá voltar ao governo daqui a quatro anos. Mas a prioridade será para a primeira suplente, Sandra Braga (PMDB). Parizotto declarou patrimônio de R$ 616 milhões. A maior parte, R$ 423 milhões, é relativa a aplicações em fundos de ações. Ele também tem R$ 98 milhões em ações da Matsukaua, mais R$ 57 milhões em ações da Videolar. Mas a ligação de Parisotto com Braga não é de agora. Nas eleições de 2006, a Videolar doou R$ 420 mil para Braga, então candidato ao governo.


Outro suplente milionário é o ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ). Ele tentou voltar à Câmara dos Deputados em 2002, com a campanha mais cara (R$ 2,4 milhões), mas não obteve votos suficientes. Agora, está como suplente do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM). A maior parte do seu patrimônio, num total de R$ 564 milhões, está em cotas de capital social da Samambaia Investiments Limiter, nas Ilhas Virgens Britânicas. São R$ 400 milhões.


Caciques
A maioria dos caciques políticos que disputam uma vaga no Senado conta com um suplente milionário. No Distrito Federal, a tucana Maria de Lourdes Abadia tem como suplente o deputado Osório Adriano (DEM), um empresário com patrimônio de R$ 64 milhões. Em São Paulo, o senador Romeu Tuma (PTB) vai tentar a reeleição ao lado de um suplente rico, Antônio Carbonari (PTB). Os seus bens somam R$ 46 milhões. O ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG) terá como suplente Elmiro Nascimento (DEM-MG), dono da fazenda Santiago, em Presidente Olegário.


Os senadores Heráclito Fortes (DEM-PI), Delcídio Amaral (PT-MS), Romero Jucá (PMDB-RR), Demostenes Torres (DEM-GO), João Ribeiro (PR-TO) e José Agripino (DEM-RN) também contam com suplentes bastante ricos. O candidato a suplente de Delcídio, Pedro Chaves (PSC-MS), tem um patrimônio de R$ 69 milhões. O senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) chegou ao cargo porque era suplente do pai, o senador ACM (DEM-BA). Nesta eleição, ele será o suplente do candidato ao Senado José Carlos Aleluia (DEM-BA), atual deputado federal.


O número
19.869
Total de candidatos que já informaram o CNPJ à Justiça Eleitoral com o fim de arrecadar recursos


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Bens

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cuba soltará 52 dissidentes, diz Igreja

Cuba libertará 52 presos políticos, anunciou o Arcebispado de Havana. Se confirmada, será a maior libertação de dissidentes no país desde 1998, quando 101 foram soltos após visita do papa João Paulo II. A medida seria resultado da pressão internacional sobre Cuba - o presidente Raúl Castro teria tomado a decisão em reunião com o cardeal Jaime Ortega e o chanceler da Espanha, Miguel Angel Moratinos. Cinco presos seriam libertados ainda ontem e os outros 47 em até quatro meses. Segundo a Igreja, os presos poderão sair do país os cinco primeiros devem ir para a Espanha. Os opositores beneficiados são os presos em 2003 na onda repressiva "Primavera Negra", em que 75 foram detidos sob acusação de conspirar com os EUA. Do grupo, 28 foram soltos nos últimos anos, porque estavam doentes. A libertação vai reduzir o número de presos políticos em Cuba para cerca de 100, segundo cálculo de ativistas de direitos humanos.

Durante visita de chanceler espanhol, arcebispo de Havana anuncia pacto com governo de Cuba para libertar em no máximo quatro meses todos os prisioneiros de consciência capturados durante a onda repressiva conhecida como "Primavera Negra", de 2003



O governo cubano libertará 52 presos políticos, anunciou ontem o Arcebispado de Havana. A medida, divulgada durante uma visita à ilha do chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, é resultado da pressão internacional sobre Cuba. Cinco presos seriam libertados entre ontem e hoje e os outros 47 em até quatro meses.


Um comunicado da Igreja Católica cubana informou que os presos também poderão sair do país - os cinco primeiros devem viajar para a Espanha com suas famílias. O presidente Raúl Castro teria tomado a decisão durante uma reunião com Moratinos e o cardeal de Havana, Jaime Ortega. "Ortega foi informado que, nas próximas horas, seis prisioneiros serão transferidos para (cadeias em) suas províncias de residência e outros cinco serão colocados em liberdade e poderão ir, em breve, para a Espanha na companhia de seus parentes", diz o comunicado. O cardeal saudou o anúncio e pediu agilidade na libertação.

Se Havana cumprir sua promessa, todos os 75 dissidentes, ativistas e jornalistas, presos em 2003 na onda repressiva conhecida como Primavera Negra, terão sido libertados até novembro. Os outros 28 já foram soltos, principalmente porque apresentavam problemas de saúde.

Eles tinham sido detidos sob a acusação de que pretendiam "sabotar a revolução, sob ordens e financiamento do governo dos EUA ou de grupos contrarrevolucionários radicados em território americano".

O problema dos prisioneiros de consciência da ilha atraiu a atenção da comunidade internacional em fevereiro, com a morte do preso Orlando Zapata, após 85 dias de greve de fome. No mês seguinte, os protestos das Damas de Branco - grupo de mulheres, mães, irmãs e filhas dos 75 presos da Primavera Negra - também ganharam o noticiário internacional.

Além disso, Zapata foi substituído em seu protesto pelo jornalista Guillermo Fariñas, que está há 132 dias em jejum para pedir a libertação de 25 presos políticos doentes. Fariñas foi hospitalizado contra sua vontade e é alimentado por sonda. Mas, segundo os médicos ele pode morrer "a qualquer momento" por causa de um coágulo perto de sua jugular.

Ontem, depois de ser informado da decisão, Fariñas disse que poderá voltar a beber água após a libertação dos 5 presos, mas só acabará com a greve de fome quando 12 dos 52 presos forem soltos. "Estou cético. Até que nossos irmãos estejam nas ruas não confiamos nas autoridades. Sempre disse que até que libertem 12 (presos) e a Igreja Católica me confirme (a libertação), não deixarei a greve."

O Arcebispado de Havana negocia com Havana desde junho a libertação dos presos políticos doentes e a transferência dos que estavam longe de suas famílias. A Espanha defende o fim do isolamento internacional da ilha e crê que o respeito aos direitos humanos seja um pré-requisito para isso.
 

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