quarta-feira, 30 de junho de 2010

Aécio participou de reunião entre Serra e DEM , mas disse não para o Serra

Na madrugada desta quarta-feira (30), as cúpulas do DEM e do PSDB se reuniram novamente em São Paulo para negociar o nome do vice do candidato José Serra (PSDB) na corrida ao Palácio do Planalto. Numa reunião que se estendeu até às 6h, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), discutiram o assunto com Serra e o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, convidado a participar do encontro.

O mineiro era o favorito do DEM para assumir a vaga de vice de Serra. No entanto, Aécio enterrou essa possibilidade ao definir sua candidatura ao Senado por Minas. Fontes que confirmam a presença de Aécio na reunião fazem questão de ressalvar que não existe possibilidade de se voltar a discutir o nome do ex-governador mineiro para a vaga de vice. Ele foi chamado, afirmam, na condição de líder tucano importante e respeitado pelo DEM.

Os representantes do DEM deixaram uma reunião em Brasília e seguiram para São Paulo no início da madrugada. Na capital federal, líderes da legenda já davam como certo o afastamento de Alvaro da vice-presidência, tendo em vista que a candidatura de seu irmão, o também senador Osmar Dias (PDT), foi confirmada por ele próprio através de uma ligação.

O DEM voltou a defender o nome da ex-vice-governadora do Pará Valéria Pires para ocupar o posto. Entre os tucanos, fala-se novamente na senadora Marisa Serrano e no deputado Gustavo Fruet.

Com Alvaro Dias como vice, o PSDB alcançaria seu objetivo de formar uma chapa puro-sangue. Segundo tucanos, a tendência do DEM era de aceitar o nome de Alvaro Dias. No entanto, desistiram após a ligação de Osmar, explicando que o presidente de sua sigla e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o convenceu a disputar o palácio paranaense.

As agremiações passaram dois dias consecutivos fazendo longas reuniões, que contaram, inclusive, com a presença de Serra e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os partidos retomaram o diálogo e, segundo o senador Agripino Maia, voltaram à estaca zero.

A crise entre DEM e PSDB foi desencadeada pelo anúncio de que Alvaro Dias era o nome indicado pela cúpula tucana para ser vice de Serra. O DEM se sentia no direito de ficar com a vaga e não gostou de ter recebido a notícia pelo Twitter de Roberto Jefferson, presidente do PTB, que, na última sexta-feira (25), fez uma série de ofensas ao ex-PFL na sua página do microblog, depois de iniciada a reação dos democratas.

Segundo afirmou o deputado ACM Neto(DEM-BA), na manhã desta quarta, Serra, Kassab e Maia devem se reunir novamente para acertar os últimos detalhes, antes de chegar à Brasília para homologar o vice na convenção do DEM, que acaba de ser suspensa, à espera das lideranças.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Venda de carros vai superar maio

A Copa e até as enchentes no Nordeste, região que representa 15% das vendas, está inibindo o mercado de carros novos. Ainda assim, o resultado deve ser melhor que o de maio. Até sexta-feira foram licenciados 214,8 mil veículos. A perspectiva das montadoras é de chegar em 260 mil.

Se confirmado, o número será 3,5% superior ao de maio (251,1 mil unidades), mas 13% abaixo de junho do ano passado ( 300,2 mil unidades). Há um ano, houve corrida às lojas pois o mercado esperava o fim da redução do IPI, que acabou sendo prorrogada pela segunda vez. Deve ser a primeira vez, desde julho de 2009, que as vendas vão cair na comparação entre meses iguais.

Lojistas informam que continuam com estoques elevados, mas a suspensão de atividades por causa dos jogos da Seleção reduziram o movimento e poucas marcas recorreram a feirões.

As vendas no primeiro semestre somam, até sexta-feira, 1,531 milhão de veículos (incluindo caminhão e ônibus), alta de 8,6% ante igual período de 2009.

O porcentual já está próximo da meta da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de crescimento de 8,2% nas vendas para todo o ano, o que dará cerca de 3,4 milhões de unidades. Até maio, o crescimento acumulado estava acima de dois dígitos.

No ranking de vendas de automóveis e comerciais, a Fiat mantém a liderança em junho, com 24,5% de participação, seguida por Volkswagen (21,5%), GM (19,1%) e Ford (10%). O Gol segue como modelo mais vendido, com 18,7 mil unidades. Houve mudança na vice-liderança, que passou a ser do Uno (15,7 mil unidades). O compacto ganhou nova versão em maio e está agora na posição tradicionalmente mantida pelo Palio, que caiu para o quarto lugar (8,2 mil unidades), atrás do Celta (8,5 mil).

Caixa negocia compra de participação em empresa de cartão de crédito

Segundo a presidente do banco estatal, Maria Fernanda Coelho, a intenção é conseguir operar uma grande bandeira nacional de cartões voltada mais especificamente à população de baixa renda, onde a instituição já tem uma importante fatia de mercado

A Caixa Econômica Federal quer entrar com força no setor de cartões de crédito e já negocia a compra de parte de uma empresa privada. A intenção é operar uma grande bandeira nacional voltada à baixa renda. A presidente do banco, Maria Fernanda Coelho, disse ao "Estado" que o plano é anunciar o negócio até o fim do ano.

Ela rechaça a avaliação de que os altos juros do cartão são o atrativo para que o banco ingresse no setor. "Essa é uma tendência mundial", argumenta.

Seis meses após a compra de 49,9% do Banco Panamericano, a Caixa se prepara para o segundo passo no plano de ingressar em setores com forte potencial de crescimento, mas que ainda são pouco explorados.

Baixa renda. O plano da Caixa é atender clientes de menor renda, ramo em que a instituição já tem grande fatia do mercado. Para isso, o banco quer operar uma marca nacional para concorrer com as gigantes internacionais Visa e MasterCard. "A bandeira precisa atender de forma muito clara esse segmento, suas necessidades de consumo, de crédito."

Ao entrar no setor, o desafio da Caixa será atingir o pequeno comércio, periferias e as cidades distantes do interior. Ainda que o cartão tenha chegado a muitos postos de gasolina, farmácias e supermercados da periferia, os custos ainda impedem a adoção do meio de pagamento no restante do comércio. Além disso, há milhares de pequenos empresários ? que muitas vezes flertam com a informalidade ? que não podem aceitar o dinheiro de plástico.

Uma das hipóteses ouvidas no mercado é de que essa compra que a Caixa negocia poderia ser a Hipercard, bandeira de cartões populares do Itaú. Ao ser questionada sobre essa possibilidade, Maria Fernanda não confirmou, mas também não descartou o negócio. "Temos várias bandeiras regionais importantes. A Hipercard é, sem dúvidas, muito importante no Nordeste. Mas temos outras no Norte, no Sudeste. Até o sul da Bahia tem bandeiras significativas", desconversa.

Sobre o anúncio recente do Banco do Brasil e Bradesco, que formaram uma nova bandeira nacional de cartões, a Elo, Maria Fernanda minimizou o impacto da parceria e afirmou que há espaço para mais de uma empresa no setor. "A criação da Elo só demonstra e confirma a magnitude desse segmento", diz.

A despeito dos esforços do governo em tentar reduzir os juros ao consumidor, Maria Fernanda afirmou que os consumidores não devem esperar uma "queda abrupta" dos juros cobrados no cartão de crédito. A taxa elevada é resultado das baixas garantias dadas na operação, explica. Por isso, um eventual corte das taxas só acontecerá de forma gradual.

"A redução da taxa passa sempre pela melhora da operação, dos processos, da relação entre o banco e o cliente", diz. "Isso ainda vai acontecer porque estamos no meio do processo de conhecer melhor a operação, o consumidor, a inadimplência, a forma de refinanciamento desse tomador de crédito."

segunda-feira, 28 de junho de 2010

DEM exige indicação de vice-presidente na chapa tucana

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (Rio), deixou claro na noite deste sábado, 24, que não pretende voltar atrás na exigência de que o partido indique o candidato a vice de José Serra (PSDB).

Maia anunciou que, se necessário, levará o confronto até a convenção nacional do DEM na quarta-feira. O partido, afirmou, vai esperar até lá que Serra indique um nome do DEM. Caso contrário, o próprio partido fará a indicação.

"Vamos esperar que ele indique. Se ele não indicar vamos aprovar o nosso nome na convenção do dia 30", afirmou Maia. Questionado sobre como se resolveria o impasse, já que o PSDB tem outro candidato - o senador Álvaro Dias (PSDB-PR)-Rodrigo Maia respondeu: "Pergunte ao advogado do PSDB. Na convenção, vamos aprovar apoio ao Serra com candidato a vice do DEM."

Maia não foi na noite de sábado à convenção nacional do PPS que formalizou o apoio à Serra. "Estou cheio de coisas para fazer, atrás de voto para mim", afirmou o deputado, que é candidato a reeleição.

Serra avisou nesta noite, em telefonema ao presidente do PPS, Roberto Freire, que não iria à convenção nacional do partido que vai formalizar a aliança de oposição na disputa presidencial. Freire comunicou a plateia da convenção a ausência de Serra. Segundo o presidente do PPS, Serra "mandou dizer que está firme e não vai se submeter a imposições de quem quer que seja."

Desde sexta a campanha de Serra vive uma crise interna por causa da escolha do candidato a vice. O PSDB indicou Dias, mas o DEM, outro partido aliado, rejeito a indicação e exige que o candidato a vice seja um democrata.

Skaf propõe ensino pago na USP

Para candidato do PSB, é incoerente alguém que possa pagar a universidade estude de graça e ocupe o lugar de quem não tem condiçõesO candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Paulo Skaf, afirmou ontem que, se eleito, poderá adotar o sistema de cobrança de mensalidade nas universidades paulistas para estudantes com condições para arcar com as despesas do ensino universitário.

"Isso é um estudo. Acredito que vale uma discussão em torno disso, porque é incoerente que alguém que possa pagar não pague nada e ocupe o lugar de quem não tem condições", defendeu Skaf, durante a convenção estadual do partido que homologou sua candidatura.

Para Skaf, o tema exige avaliação cuidadosa, pois o custo do estudante universitário para o governo estadual é elevado. "Tudo que for relacionado à inovação e à pesquisa deve ser mantido e ampliado. O que for relacionado aos alunos, precisa ser avaliado."

Outra proposta do candidato do PSB é a redução do preço do pedágio para os motoristas paulistas. Segundo Skaf, a ideia é utilizar o valor arrecadado pelo Estado com o IPVA para garantir a redução de 100% no pedágio entre meia-noite e 7 horas e de 50% entre 7 horas da manhã e meia-noite. "Isso teria impacto de R$ 1 bilhão na parcela do IPVA referente ao governo estadual", explicou. De acordo com a ideia, até 50% do IPVA pago pelos usuários de veículos seria usado para compensar o pedágio.

De acordo com candidato, essa é a alternativa encontrada para corrigir uma distorção que prejudica os cidadãos do Estado sem quebrar o contrato com as concessionárias. "Em alguns trechos, paga-se R$ 200 de pedágios. Isso não é bom para as famílias nem para o transporte de comércio. Algo precisa ser feito, mas os contratos não podem ser quebrados", disse o candidato do PSB, acusando o PSDB de não ter pensando nos usuários quando adotou o atual modelo de concessão de rodovias para a iniciativa privada no Estado de São Paulo.

Skaf comentou que outra proposta na área de pedágios é o alongamento do prazo de concessão das rodovias com a redução das tarifas cobradas. "Mas, nesse caso, a redução não seria significativa", reconheceu.

Discurso. Em sua primeira disputa para um cargo político, Skaf aproveitou o seu discurso para se apresentar ao eleitorado, a exemplo do mote da campanha nas propagandas na televisão. Além de ressaltar a experiência adquirida ao longo dos anos durante a presidência da Fiesp, Sesi e Senai e argumentar que sua candidatura representava um compromisso com a modernidade na gestão pública, boa parte do discurso foi centrado nas propostas na área de educação. Skaf acrescentou que pretende adotar nas escolas públicas de São Paulo ações tomadas no Sesi e no Senai: educação em tempo integral no ensino fundamental e integração entre o ensino médio e técnico.

Apesar das pesquisas eleitorais indicarem seu nome conta com apenas 2% das intenções de voto, Skaf argumentou que um levantamento recente apontou que 80% do eleitorado paulista não escolheu seu candidato para o governo estadual.

"Isso mostra que depende só de nós. Faremos uma surpresa para quem acha que o PSB está brincando em serviço."

Aunsências. Cerca de 4 mil pessoas participaram ontem da convenção do PSB, entre militantes, líderes regionais, deputados estaduais e federais e pré-candidatos. No entanto, o vereador Gabriel Chalita e a deputada Luiza Erundina, figuras de expressão do PSB no Estado, não compareceram ao evento. Erundina já manifestou publicamente que não apoiará Skaf por ser um candidato ligado ao empresariado.

Serra vai encontrar líderes do DEM para conter rebelião contra vice tucano

A crise deflagrada entre o PSDB e o DEM, que ameaçou romper a romper a aliança com o presidenciável tucano José Serra, deve chegar ao fim nas próximas horas, com o recuo dos democratas e a consolidação da chapa puro-sangue da oposição na disputa pelo Planalto.

Depois de ensaiar por três dias uma rebelião contra a indicação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) para ocupar o cargo de vice-presidente na chapa do tucano, os líderes do DEM pretendem se reunir ainda hoje com Serra para tentar encerrar o impasse na aliança entre os dois partidos.

"Vamos conversar para que a gente possa avançar de forma unida na campanha do Serra. Nós queremos a vitória do Serra", afirmou ontem o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). "O partido está 100% unido, esperando que o PSDB entenda que precisa dialogar, conversar." Na véspera, Maia deu duras declarações admitindo apenas a hipótese de o vice de Serra sair dos quadros do DEM.

Almoço. As negociações para acabar com crise começaram ontem à tarde, no Rio, em um almoço oferecido por Rodrigo Maia a nove integrantes da cúpula do DEM. Numa reunião de cerca de cinco horas, o partido discutiu as saídas para desfazer o mal-estar com os tucanos. Ficou acertado que Serra precisa sinalizar ainda hoje que vai enquadrar os tucanos que resistem a abrir mão de suas candidaturas para o DEM nos Estados. O maior imbróglio é no Pará e em Sergipe.

Na reunião, o partido se dividiu em dois grupos. Um deles, mais radical, defendeu o fechamento de questão em torno da tese de que o vice de Serra tinha de ser do DEM. Faziam parte desse grupo os deputados José Carlos Aleluia (BA), um dos cotados do partido para ser o vice do tucano, e Ronaldo Caiado (GO), além do ex-prefeito Cesar Maia.

Prevaleceu, no entanto, a tese da ala mais moderada e numerosa: a necessidade de um encontro com o presidenciável para tratar das alianças nos Estados e mostrar que o DEM tem sérias dificuldades em aceitar o nome de Álvaro Dias. No almoço, os líderes do partido avaliaram que foi péssima a repercussão interna com a escolha de Dias para vice.

Preocupado, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), telefonou duas vezes, durante o almoço, para Rodrigo Maia. Deixou claro que, se for necessário, o PSDB vai enquadrar os dissidentes, a exemplo do que foi feito pelo PT da presidenciável Dilma Rousseff.

"O DEM está firme na indicação do vice. É a condição dele para votar no Serra. E o PSDB indicou o Álvaro Dias. A primeira coisa é sentar e fazer uma avaliação. Não pode ter esse cabo de força", argumentou Guerra.

"Esperamos que o DEM, como parceiro importante do projeto de vitória da candidatura Serra, compreenda que essa escolha é extremamente benéfica não só no Paraná, mas também no resto do Brasil", emendou o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), um dos articuladores da campanha de Serra.

Kassab. O encontro previsto para hoje com Serra deverá ser com o presidente do Conselho Político do DEM e prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o ex-presidente partido Jorge Bornhausen, além de Rodrigo Maia. Os democratas definiram ontem que a convenção do DEM só será realizada nesta quarta-feira caso os dois partidos cheguem a um acordo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Partido do mensalão do Arruda, DEM veta nome tucano e insiste em indicar vice de Serra

Com a proximidade do prazo final para a escolha do candidato a vice na chapa do tucano José Serra, aumenta a pressão do DEM para que o nome saia da legenda. O presidente nacional do partido, Rodrigo Maia, tem afirmado em reuniões reservadas com o comando da campanha que não irá aceitar a chapa pura, condição que era considerada apenas se o vice fosse o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.

A preferência do DEM é pela ex-vice-governadora do Pará Valéria Pires Franco. Filiada ao partido, ela resiste por considerar que tem chances de vencer a disputa para o Senado. As pesquisas lhe dão 45% de intenção de voto. Nas últimas horas, dirigentes do DEM entraram em campo para tentar convencê-la.

Jornalista, Valéria chamou a atenção na última eleição por ter entrado na lista dos candidatos à prefeitura de capital mais ricos do país.

Ela declarou ao TSE patrimônio de R$ 7 milhões. Era a quinta mais rica. Em 2007, Valéria também ganhou fama nacional ao apresentar o programa nacional do DEM, dirigido por Paula Lavigne. Sua beleza chamou a atenção do ex-marido de Lavigne, o cantor Caetano Veloso, que quis conhecê-la.

Veto

Maia vetou o nome da vereadora do Rio de Janeiro e presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, por ela ser do PSDB. Ele, que é o principal defensor da indicação de um vice do DEM, tem dito que seria "humilhante" perder a indicação para uma vereadora tucana e ainda mais da sua terra.

Em reunião recente com partidários, ele teria afirmado que se Amorim for a escolhida, será o mesmo que apertar o botão do "eject" para o partido.

Em seu terceiro mandato como vereadora do Rio de Janeiro, Amorim foi eleita em 2008 com 1.140 votos. Sua atuação é voltada para o esporte. Na Câmara Municipal, foi Presidente da Comissão Especial Rio 2016, relatora da Comissão Especial da Copa de 2014 e integrante da comissão especial das condições de segurança da população.

Em 2003, foi secretária de Assuntos Estratégicos - Pan 2007, da Prefeitura do Rio. Hoje, Patrícia é a 2ª Secretária da Mesa Diretora.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Seu Serra não pode falar em carga tributária

Os dois maiores aumentos da carga tributária bruta paulista foram verificados no início do governo Alckmin (2001/2002) e no final do governo Serra (2008/2009)

A redução da carga tributária no país é tema recorrente em todas as eleições, e os tucanos adoram posar como defensores de um país com menos impostos. Quando governam, o que se vê é o inverso. Já foi assim durante o governo Fernando Henrique Cardoso. No Estado de São Paulo, onde os tucanos governam há 16 anos, a história não é diferente.

Se analisarmos o valor total dos impostos pagos ao governo paulista em relação ao valor do produto interno bruto/PIB do Estado, observamos que esta relação não parou de crescer de 1996 a 2009.

Ao compararmos os valores arrecadados com impostos e taxas pagas ao governo paulista nos últimos 16 anos - basicamente o ICMS e o IPVA - com os valores do PIB paulista dos anos de 2008 e 2009, a diferença é bem grande. Em 1996, um ano após assumirem o governo estadual, a carga tributária paulista representava 7,65% do PIB estadual; em 2009, a carga tributária atingiu a marca de 9,37% do PIB estadual. (para o PIB paulista dos anos de 2008 e 2009, foram utilizadas as projeções parciais elaboradas pela Fundação SEADE, órgão responsável pela elaboração de dados estatísticos do próprio governo paulista).

Parabéns Dunga. Bota pra F&$*. Põe a Globo na roda


Soccer City, caminho entre o estádio e as tendas da FIFA que abrigam o Centro de Mídia. Galvão Bueno, Arnaldo Cezar Coelho e o diretor da Central Globo de Esportes, Luiz Fernando Lima conversam, não escondem a irritação e nem se preocupam com quem passa ao lado e ouve. O alvo é o técnico da seleção brasileira, Dunga. Minutos antes, na coletiva pós Brasil x Costa do Marfim o técnico, numa dividida bem a seu estilo, deu na canela do comentarista Alex Escobar, da Globo.
Luiz Fernando Lima lembra as conversas recentes da emissora com Dunga, já na África do Sul:
- Falamos com ele duas vezes e ele não consegue entender que não é "a Globo", ele está falando para todo o país...
Seguem as observações do grupo, sempre ferinas. Um deles chega a dizer: - ...e a única coisa que eu acho que ele aprendeu em quatro anos foi falar 'conosco' e não mais 'com nós' como sempre fez...
A cena do entrevero de Dunga para com Escobar pode ser vista aqui, no YouTube.
Poucas horas depois, no que pode ser o início de uma escalada, um dos apresentadores do programa, Tadeu Schmidt, da África para o "Fantástico" mandou uma reportagem sobre a rusga. Soou mais a um editorial da emissora.
Essa é, sem dúvida alguma, uma crise a rondar a seleção brasileira. Mas uma crise em tudo diferente das que envolvem a França e a Inglaterra, seleções que vivem crises internas, para dentro do elenco.
Anelka x o técnico Domenech, o capitão Evra contra o preparador físico, Zidane nos bastidores, sacodem a França. Até o presidente Sarkozy já palpitou. (De Carla Bruni ainda não ouvimos nada).
Na Inglaterra, o trivial básico: o ex-capitão Terry, que já derrubou Mourinho e Felipão no Chelsea, agora pôs a boca no trombone, e na mídia, contra o técnico italiano da seleção, Fabio Capello.
A crise que ronda o Brasil é uma crise para fora, que não envolve os jogadores. É uma crise de poder.
De um lado o poderoso sistema Globo, que carregou 300 profissionais para a África do Sul e quer um retorno para tanto. Em outras palavras, deseja o que querem os quase mil profissionais do Brasil que aqui estão: acesso. E quanto mais privilegiado, melhor.
Assim foi, assim é da índole e história da Globo, de emissora que no Brasil tenha a dimensão que ela tem.
O problema é que, na outra ponta, está Dunga, o Schwarzenegger. E como sabemos desde quando ele era o pitbull da seleção amarela, quando divide, o Dunga racha.
Está claro, cada dia mais claro, que secundado por quem ele confia e a quem tem como leais, casos de Jorginho e Taffarel, o técnico Dunga fechou um pacto com seus jogadores. De um lado ele, eles, do outro, o resto. Em especial a mídia e quem mais, dentro ou fora da seleção, não reze integralmente pela mesma cartilha.
Se há fissuras no chamado "grupo" não se sabe; não se sabe mesmo, não existem informações concretas que levem a dizer isso. Estas coisas, que sempre existem em agrupamentos humanos, costumam aparecer, vide França e Inglaterra, quando pintam os fracassos.
No Tempo Dunga na seleção não há fracassos; salvo na Olimpíada da China, quando máquinas se moveram para derrubá-lo. Como não há fracassos, parece evidente que Dunga escolheu um caminho: vencer ou vencer.
Por mais que pareça rudimentar a lógica "ou está comigo ou contra mim", o técnico da seleção já viveu e apanhou o suficiente para saber o que significa a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
Dunga, que apanhou injustamente entre as Copas de 90 e 94, cuja família teve que suportar o marido, o pai, o filho a carregar por 4 anos a negativa marca da "Era Dunga", certamente sabe o que alimenta contra si de rancor, de ressentimento, a cada bordoada que distribui.
Ele, que já me admitiu em 2007 não terem cicatrizado ainda as feridas da "Era Dunga", obviamente sabe que está jogando a cartada mais arriscada de sua vida profissional. A de construir para si mesmo a alternativa "vencer ou vencer".
Quando se decide por enfrentar a Globo, Dunga sabe que está encurtando seu caminho à frente da seleção brasileira, perca ou ganhe. Dunga sabe quais são e como se movem os interesses para a Copa 2014, e sabe quem maneja boa parte dos cordéis.
Nos idos da Copa América e Olimpíada, eventos que acompanhei, Dunga distribuiu fartamente bordoadas contra o sistema Globo. Durante e depois. Basta consultar os noticiários, capturar o que disse aqui e ali o técnico. São fatos.
Fato é, também, que depois disso tudo um acordo foi costurado. Com a participação do diretor de Comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, encontraram-se o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e um dos Marinho da Globo.
Selou-se, então, um acordo de paz, de convivência por conta dos mútuos interesses. Não por acaso duas entrevistas exclusivas ao Jornal Nacional na Copa das Confederações, não por acaso Dunga na bancada do Jornal Nacional depois da convocação para a Copa de agora.
Isso é inegável. São os fatos. Não há como negá-los.
Mas, havia, há um Dunga no meio do caminho. Com a mesma determinação que jogou em 94, que então protegeu Romário de si mesmo e do assédio da mídia, Dunga agora se fecha com seu grupo.
A propósito, Romário, que não é bobo, sentiu o cheiro da crise e nesta terça-feira postou em seu twitter, @Romário11, as seguintes mensagens de apoio ao capitão do Tetra:
- Infelizmente sobrou pro Escobar (ele é gente boa e americano). Mas geral só gosta de bater, então apanhar um pouco faz bem!
- Parceiro "Dunga", não perca o foco, vamos em frente e faltam 5 jogos!
Ao se fechar tanto, Dunga comete erros. Erros como o de enxergar e tratar a todos, sem distinção, como se fossem adversários, inimigos mesmo, e isso não é uma verdade.
Em algum momento Dunga perceberá, ou algum amigo lhe dirá, que não seria preciso tanto e contra todos. Nesta terça-feira, com a experiência de quem já viveu e enfrentou essa tsunami, Felipão Scolari aconselhou. A todos:
- Pelo bem da Seleção não adianta um dar um soco e o outro revidar, depois um dar um chute e o outro dar um chute também, porque, se não, nunca vão se entender...
Dunga, o Schwarzenegger, decidiu-se por pagar o preço, por queimar as caravelas. A ele e seu grupo só uma coisa importa. Vencer. Ganhar a Copa do Mundo. Custe o que custar.
O velho parceiro Romário, herói do Tetra a quem Dunga tanto deve e vice-versa, também nesta tarde postou em seu twitter:
- A gente já sabe o que vai acontecer. Se o Brasil ganhar é obrigação, se perder não vou querer estar na pele do Dunga...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Início promissor

O Brasil conseguiu o que parecia impossível no primeiro tempo de sua estreia na Copa:

Calou as vuvuzelas em Johannesburgo!

Isso quer dizer o seguinte:

Dunga conseguiu silenciar os que torcem contra.

Falta dar motivos para que se torça a favor!

Tudo, exatamente, como o técnico planejou.

Bem observado pelo colega Tuty

Pedro Passos condenado à prisão, mas será que vai?

Em 2002, o empresário Pedro Passos, então desconhecido no meio político, tornou-se protagonista do episódio que marcou a eleição daquele ano. Escutas telefônicas feitas com autorização judicial revelaram intensas negociações para a constituição de um condomínio residencial em área considerada pública pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) entre as quadras 27 e 29 do Lago Sul. O empreendimento era intitulado Mansões Chácaras do Lago. O escândalo foi tratado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) como crime de parcelamento irregular do solo, previsto na Lei nº 6.766/79. Oito anos depois, a sentença: a juíza Rejane Zenir Jungbluth Teixeira, da 1ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal condenou ontem o ex-deputado distrital Pedro Passos a uma pena de quatro anos de reclusão em regime semiaberto e 90 dias-multa, correspondente a R$ 15,3 mil.

Passos poderá recorrer da decisão em liberdade. Na campanha de 2002, Roriz sofreu abalos em sua candidatura à reeleição pela divulgação de gravações em que apareceu conversando com Pedro Passos sobre uma operação de fiscais da Terracap na área onde seria constituído o condomínio. Então candidato a deputado distrital, Passos comenta com Roriz que o então presidente da Terracap, Eri Varela, estava tomando providências para impedir o loteamento. O então governador tenta acalmar o aliado: “Pode ficar tranquilo que eu vou administrar pr’ocê isso agora”. Na sentença, assinada ontem pela juíza, vários trechos das gravações feitas pela Polícia Federal (PF) foram reproduzidos.

Conduta reprovada
Na decisão, a juíza afirma que o motivo do crime era angariar dinheiro sobre área pública. De acordo com a magistrada, a intenção era arrecadar entre R$ 20 milhões a R$ 30 milhões. “Na análise da culpabilidade, o grau de reprovabilidade da conduta do réu é elevado, pois usou de influência política e econômica e das amizades que possuía com as autoridades locais, principalmente o então governador, Joaquim Roriz, para tentar obstar a fiscalização do Estado na área que era objeto de parcelamento irregular”, escreveu a juíza. “O relacionamento pessoal entre Roriz e Pedro Passos não impediu que o governador agisse de acordo com a lei, impedindo a consecução do objetivo do empresário”, alegou o jornalista Paulo Fona, assessor de Roriz.

O ex-deputado reclamou ontem por ter tomado conhecimento da sentença apenas por intermédio do Correio. Ele sustenta que vai recorrer no Tribunal de Justiça do DF e Territórios. “O processo foi iniciado no meio de uma campanha eleitoral há oito anos e, agora, é julgado às vésperas de uma eleição. Sempre nesses oito anos foi movido por interesses e repercussões políticas”, afirmou Passos. “Esse loteamento nem existe. É mais ou menos como condenar alguém por assassinato sem existir o defunto”, acrescentou. Passos foi eleito duas vezes deputado distrital depois do escândalo, em 2002 e 2006. E ele pretende disputar as eleições deste ano.

Entenda o caso
Lotes em área nobre

Em 2002, uma comissão de promotores de Justiça do MP apontou a tentativa de constituição de um condomínio irregular no Lago Sul, entre as QIs 27 e 29, em área das fazendas Rasgado e Paranoá, de propriedade da Terracap. De acordo com a investigação, Pedro Passos e seu irmão Márcio Passos uniram-se a Vinício Jadiscke Tasso e Salomão Szervinski para parcelar e negociar irregularmente os terrenos. O episódio veio à tona graças a escutas telefônicas autorizadas pela Justiça que flagraram conversas dos investigados relacionadas ao empreendimento. Houve um embate entre Pedro Passos, então candidato a distrital, e o presidente da Terracap à época, Eri Varela, por conta de uma ação para impedir o parcelamento. A divulgação das escutas quase impediu a reeleição de Joaquim Roriz na disputa com o petista Geraldo Magela.

sábado, 12 de junho de 2010

Estadão entrega o jogo: quem gosta de dossiê é o Serra: contra Tasso, contra Aécio, contra Roseana

Ele sonha com a Presidência da República desde menino e trabalha metódica e obstinadamente para chegar lá há exatos 12 anos, 2 meses e 12 dias, desde que assumiu o comando do Ministério da Saúde, em 1998. Mas quando tudo parecia resolvido, com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, já fora do páreo, no final de janeiro deste ano José Serra vacilou.

A indecisão assombrou os cinco políticos mais próximos do candidato, a quem ele mais ouve. Foi o mais ilustre membro deste quinteto – o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – quem deu o ultimato e acabou com a indefinição: "Serra, agora é tarde. Você não pode mais desistir".

O comando tucano estabelecera prazo até o Carnaval para que Serra desse uma demonstração pública que não deixasse dúvidas quanto à decisão de enfrentar o mito Lula e a máquina petista do governo. Serra ainda silenciou por quase uma semana. Voltou à cena, pedindo ao presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), e ao amigo deputado Jutahy Júnior (BA), que organizassem uma programação para ele participar dos carnavais de rua do Recife e de Salvador, na semana seguinte.

A pressão pela definição era tão grande, que até a reportagem de uma revista semanal britânica repercutiu no Brasil. A respeitada The Economist que circulou na primeira semana de fevereiro trazia um artigo afirmando que o governador José Serra esperava, "com paciência demais" pela Presidência. Disse ainda: "Serra precisa subir no banquinho e começar a cantar seus elogios agora. Do contrário será lembrado como o melhor presidente que o Brasil nunca teve."

Bem no clima do dito popular sobre o calendário do Brasil, no qual o ano só começa depois do carnaval, Serra assumiu mesmo os compromissos pré-eleitorais no embalo do Momo. "As dúvidas do Serra nunca foram hamletianas. Sempre foram objetivas", diz o governador Alberto Goldman.

Em conversas reservadas, Serra já havia reclamado da "falta de estrutura" do partido. Boa parte da dúvida vinha da falta de sustentação partidária. Diferentemente do PT, o PSDB não é um partido de base e de organização, com estrutura para dar o suporte que uma disputa acirrada pela Presidência da República requer. Para o amigo Jutahy, os momentos de indefinição decorreram do fato de que Serra "nunca jogou com uma alternativa única". Da mesma forma, acrescenta, ele jamais seria candidato só para marcar posição. "O Serra acredita na possibilidade de vitória".

O convite explícito ao ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para que aceitasse a vice na chapa puro-sangue do PSDB, demorou mais 30 dias – veio na primeira hora da terça-feira 3 de março, no Hotel Meliá em Brasília. Na conversa reservada, sem testemunhas, que avançou pela madrugada, Serra não hesitou em usar seus 68 anos de idade como argumento, para convencê-lo a aceitar a dobradinha café com leite.

"Você não está vendo que esta é minha última oportunidade?", ponderou, para salientar que Aécio é jovem e que um dia, "fatalmente", o neto de Tancredo Neves chegará a Presidência da República. Em resposta, o mineiro repetiu a tese de que a melhor forma de ajudá-lo seria dedicando-se à campanha de Minas, disputando o Senado – e o governador Antônio Anastasia, a reeleição.

No voo de volta a Belo Horizonte, no dia 10 de abril, depois do Encontro dos Partidos Aliados – quando Serra apresentou a candidatura e Aécio foi recebido por 3 mil militantes aos gritos de "vice, vice, vice" – o governador de Minas confidenciou a um interlocutor o temor de que o anúncio da dobradinha com Serra fosse um "fato político efêmero".

Admitiu que sua presença na chapa poderia até dar um "upgrade" à candidatura tucana, mas também avaliou que o entusiasmo seria rapidamente consumido. "Muita gente fala que é importante eu ser vice, mas um anúncio desses só alimentaria o noticiário por 15 dias". Ainda assim, ele não fechou de todo a porta à chapa café com leite.

Serra já estava avisado de que, com Aécio, não adiantaria pressão. O recado velado veio embutido no discurso de homenagem ao centenário de nascimento de seu avô Tancredo, realizada uma semana depois. Da tribuna do Senado, em sessão solene para lembrar Tancredo Neves, Aécio fez questão de citar a frase com a qual o avô respondera à pressão do então deputado João Amazonas (PC do B) em 1985, para que assumisse posições radicais: "Não adianta empurrar. Empurrado eu não vou."

Não foi por pressão ou por temor do confronto que Aécio decidiu sair do páreo. Na lógica de um dirigente tucano que o acompanha, ele não quis "ir para o pau" porque não poderia construir uma candidatura a presidente rompido com o candidato a governador de São Paulo. Além disso, ao final do ano passado as pesquisas eleitorais mostravam que ele não havia empolgado o País. Ficou claro que insistir na disputa interna seria um desgaste político.

Boa parte dos movimentos de Aécio rumo ao Planalto foi feita no embalo da resistência de companheiros a mais uma candidatura de São Paulo. Desde 2002, o tucanato das várias regiões amarga um incômodo e um certo cansaço em relação à hegemonia paulista. A queixa geral é de que ser um candidato a presidente "fora do establishment" é muito difícil em qualquer circunstância. Praticamente impossível, se houver um concorrente de São Paulo.

Esse sentimento tomou conta das regionais do partido depois da morte de Mário Covas. O câncer que tirou Covas do governo de São Paulo levou junto o candidato natural do PSDB a presidente da República e também a possibilidade da construção pacífica de uma candidatura de consenso.

Já bastante doente, Covas recebeu, em 2000, a visita de Tasso no Palácio dos Bandeirantes. Em meio à conversa sobre cenário político nacional e a sucessão presidencial, o anfitrião abriu o jogo. "Não vou ter saúde para ser candidato. Essa disputa vai ficar entre você e o Serra. E meu candidato é você", avisou. Em seguida, fez questão de telefonar para o presidente Fernando Henrique, comunicando sua preferência.

Tasso lançou-se na disputa presidencial em 2001, ao final do seu terceiro mandato de governador do Ceará. Além do incentivo de Covas, morto em março daquele ano, arrebanhou apoios públicos no PFL do senador Antonio Carlos Magalhães (BA). Mas acabou desistindo, com queixas de que havia "uma espécie de conspiração paulista em favor de Serra, desequilibrando a disputa interna".

"Eu vim aqui comunicar que não serei mais candidato a presidente. Estou saindo fora", disse Tasso ao presidente Fernando Henrique. Era dezembro de 2001, quando o cearense chegou ao Palácio da Alvorada, já muito irritado e disposto a protestar contra "setores do PSDB no governo" que estariam dificultando a liberação de recursos para o Ceará e, pior, investigando sua vida.

Na chegada ao Alvorada, deparou-se com o ex-ministro da Justiça e secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, mas não amenizou as críticas. Ao contrário: Tasso tinha Aloysio como o "ponta de lança" de Serra contra ele e ainda achava que FHC atuava para desequilibrar a disputa sucessória em favor de São Paulo. Pior, suspeitava da influência de Aloysio sobre uma operação da Polícia Federal que colocou agentes em seu encalço, em meio a uma investigação de lavagem de dinheiro.

Neste cenário, o que era para ser um jantar de autoridades no salão palaciano descambou para as ofensas em tom crescente, a ponto de Tasso apontar "a safadeza e a molecagem" do ministro, que agiria para prejudicá-lo. Bastou um "não é bem assim" de Aloysio para o bate-boca começar.

"Vocês jogam sujo!", devolveu Tasso.

"Vocês quem?", quis saber Aloysio.

"Você... o Serra... Vocês estão jogando sujo e eu estou saindo (da disputa presidencial) por causa de gente como você, que está me fodendo nesse governo", reagiu Tasso.

"Jogando sujo é a puta que o pariu", berrou Aloysio, já partindo para cima do governador. Fora de controle e vermelho de raiva, Tasso chegou a arrancar o paletó e os dois armaram os punhos para distribuir os socos. Foi preciso que um outro convidado ilustre para o jantar no Alvorada, o governador do Pará, Almir Gabriel, entrasse do meio dos dois, com as mãos para cima, apartando a briga. Fernando Henrique, estupefato, pedia calma.

Diante da desistência pública do cearense e das indagações da imprensa sobre o racha no PSDB e sobre o que Serra poderia fazer para unir o partido, Arthur Virgílio disse diante das câmeras de televisão que falar com Tasso era fácil. "Basta discar o DDD 085 e o número do telefone", sugeriu.

"Mas o que é isso? Você me ensinando a falar com Tasso pela TV?", cobrou Serra. "Não fiz para te sacanear. Só respondi à pergunta de como vocês iriam se falar. Você é o meu candidato a presidente", amenizou Virgílio. O telefonema não aconteceu e Tasso acabou optando pela candidatura presidencial do amigo e conterrâneo Ciro Gomes, que lhe pedia apoio e ajuda e com quem nunca se atritou.

Também foi nos braços de Ciro que os aliados do PFL se jogaram na eleição de 2002. Serra estava rompido com os pefelistas, hoje rebatizados de DEM, desde o desmonte da candidatura presidencial de Roseana Sarney, a partir de uma operação da Polícia Federal que investigou fraudes na Sudam. Em 1º de março de 2001, a PF encontrou R$ 1,34 milhão em cédulas de R$ 50 no cofre da empresa Lunus Participações e Serviços Ltda, de propriedade de Roseana e seu marido Jorge Murad. O casal não esclareceu a origem do dinheiro. O episódio deixou sequelas.

O PFL demorou a se aproximar de Serra. O cacique Antonio Carlos Magalhães dizia que Serra fazia aquilo que era a especialidade do baiano: atropelava todos de quem não gostava. Contava que ele próprio fora atropelado por conta da amizade do paulista com Jutahy.

Nos últimos meses de Serra à frente do Ministério da Saúde, em 2002, quando agilizava os convênios com prefeituras de todo o Brasil para deixar a pasta, o ministro recebeu um telefonema de ACM com um recado direto: "Eu quero que Jutahy perca esta eleição. Quem ajudá-lo não é meu amigo". O pedido ali embutido era para que o ministério não assinasse convênios com prefeituras ligadas ao deputado baiano. Serra ponderou que não tinha como ajudar Jutahy. "O senhor é o presidente do Senado e ele está sem mandato", argumentou.

Mas, em vez de vetar o acesso dos prefeitos da base de Jutahy aos programas da Saúde, Serra o alertou: "Trate desta eleição como se estivesse tratando da sua vida". Abertas as urnas, ACM acusou o golpe com outro telefonema: "Quero te informar que seu amigo se elegeu". Serra ganhou ali um adversário de peso na Bahia.

Aloysio lembra que, antes mesmo da derrota de 2002, Serra já amargava uma campanha sofrida, mal organizada e sem estrutura, da qual saíra muito abatido. "Até o coordenador se mandou no meio da campanha", recorda bem humorado, referindo-se à saída de Pimenta da Veiga. "Mas, naquele momento, foi muito sofrido. Ele se levantou porque não é homem de ficar chorando pelos cantos".

Talvez por isto, correligionários e aliados já identificassem em 2004 um Serra bem diferente, e hoje enxerguem nele um "candidato humanizado" pelas derrotas. Afinal, depois de ser o presidenciável do partido que forçara Lula a disputar dois turnos para chegar ao Palácio do Planalto, ele teve que pedir voto aos próprios companheiros.

Sem mandato, só lhe restava a opção de presidir o partido. "Ele conheceu bem o outro lado. Com 33 milhões de votos, teve que lutar para ser presidente do PSDB", conta Virgílio, que lhe emprestou o gabinete da liderança do governo no Congresso para a campanha interna, sem adversário.

Do comando partidário, Serra ainda foi forçado a assumir a contragosto a candidatura para prefeito de São Paulo. "Você é o único capaz de vencer a Marta Suplicy" diziam todos os tucanos de São Paulo e do Brasil, referindo-se à prefeita petista, que disputava a reeleição. O apelo mais forte veio do ex-presidente Fernando Henrique.

Ele sabia que a Prefeitura complicaria seu projeto mais importante: a Presidência da República. Queria continuar presidente do partido e estava certo de que era o caminho para chegar como candidato mais forte ao Planalto em 2006. Mas não teve como resistir à pressão de dirigentes nacionais e paulistas, por conta da convicção geral de que, se Marta fosse reeleita, a hegemonia do PT se tornaria irreversível.

Mas foi assim que também se tornou tributário de uma dívida de apoio para a pretensão de 2010. A parceria com o DEM nas eleições municipais de 2008 foi iniciativa de Serra, já mirando o Palácio do Planalto mais adiante. Foi ele quem, na condição de presidente nacional do PSDB, procurou o presidente do PFL para propor a dobradinha. Àquela altura, o PFL tinha um candidato – José Pinotti – que aparecia com cerca de 15% da preferência do eleitorado nos levantamentos do partido.

Bornhausen sugeriu Kassab para vice e o tucano resistiu. Argumentou que Kassab fora secretário do Planejamento na gestão de Celso Pitta, uma ligação com potencial de desastre eleitoral. Queria Lars Grael, o velejador campeão mundial que tivera uma perna mutilada em um acidente e fora secretário nacional de Esportes no governo FHC. Mas Grael era cristão novo e Bornhausen bateu o pé. Praticamente impôs Kassab.

Habilidoso, Kassab nunca agiu como o nome imposto nem se ressentiu do veto. Dizia que a postura de Serra sempre foi muito transparente e que suas ponderações eram de caráter político eleitoral, e não pessoais. E se apresentou ao parceiro de forma objetiva: "Serei uma pessoa leal à chapa. Pode contar comigo".

Na construção da disputa municipal de 2008, Serra teve de administrar duas candidaturas do mesmo campo político, uma delas de seu próprio PSDB. Kassab sabia que era o preferido por para continuar o trabalho em parceria com tucanos do primeiro time.

Três ex-ministros de Fernando Henrique – Aloysio, Andrea Matarazzo e Clóvis Carvalho – participaram da Prefeitura. Ao final, no entanto, acabou tendo que engolir o apoio público de Serra a Alckmin.

Goldman ainda articulou e coordenou uma reunião com Serra e Aloysio no Palácio dos Bandeirantes, em que propuseram a Alckmin desistir da Prefeitura em troca do apoio garantido do trio para a volta ao governo, dois anos mais tarde. "Governador eu já fui. Quero muito ser prefeito."

A construção da unidade interna só foi possível depois de Kassab se reeleger prefeito. Derrotado, Alckmin sabia que o único caminho para voltar ao governo de São Paulo seria dentro do próprio governo. Mas, no tucanato, ninguém acreditava que Serra o convidasse e, tampouco, que o outro aceitasse.

Não foi tão difícil. Se o acerto era o passaporte de Alckmin para uma nova candidatura, também era fundamental ao projeto Serra criar um ambiente de unidade interna a partir de São Paulo. Serra investiu na operação certo de que ela teria serventia dupla, além do fato de trazer votos. Mais do que resolver a sucessão paulista, a ofensiva serviria ao projeto mais arrojado de mudança de imagem no plano nacional.

Como Aécio construía a candidatura presidencial vendendo o modelo de político agregador, capaz de aglutinar mais apoios fora do PSDB do que Serra, chegara o momento de o paulista desfazer este entendimento. E nada melhor, para se livrar da pecha de desagregador, do que uma demonstração nacional de que ele seria poderia, sim, encarnar o figurino de político competente também para agregar apoios e unir o partido.

O presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, e o presidente da regional paulista, José Henrique Lobo, foram encarregados de fazer a sondagem para poupar o governador de uma eventual recusa. Além deles, apenas Serra, Goldman e Aloysio sabiam do encontro e não deixaram vazar o convite para não subtrair impacto do fato político.

Na tarde de 23 de dezembro, antevéspera do Natal, Alckmin foi tomar um café com Serra a pretexto de lhe desejar boas festas, e deu o OK. O convite aceito foi o fator de aglutinação que faltava para dar seguimento à estratégia de chegar ao Planalto.

Mas nem por isto a pendenga com Aécio estava resolvida. Embora Serra ocupasse o primeiro lugar da fila de presidenciáveis tucanos, o ex-governador de Minas também estava convencido de que sua melhor hora para entrar na corrida sucessória era aquela. Depois de oito anos de administração bem sucedida no governo de Minas, ele avaliava que este seria o melhor momento para apresentar sua candidatura.

Foi aí que Sérgio Guerra teve seu papel mais relevante na construção da candidatura tucana. Foi ele quem administrou a dupla de presidenciáveis e convenceu Serra a acatar a ideia das prévias que Aécio exigia. O governador paulista chegou a se irritar com a pressão de Aécio, que se sentia liberado para correr o País em busca de apoios, depois de sete anos de administração bem sucedida em Minas.

Serra, ao contrário, avaliava que não podia se afastar um milímetro do governo estadual para tratar de eleição, sob pena de perder o voto dos paulistas – que já haviam amargado sua saída da Prefeitura de São Paulo no meio do mandato. Com muita habilidade e alguma paciência, impediu um atrito entre os dois assegurando ao paulista que as prévias acabariam não acontecendo. E assim foi. Link parao Estado

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Os parlamentares processados, da região Norte

ACRE

Deputados
Flaviano Melo (PMDB-AC)
Ação Penal 435 Peculato e crime contra o sistema financeiro nacional
Data de autuação: 26/06/2007

Ilderlei Cordeiro (PPS-AC)
Ação Penal 495 Injúria
Data de autuação: 25/08/2008

AMAPÁ

Deputados
Dalva Figueiredo (PT-AP)
Ação Penal 491 Prevaricação e falsidade ideológica
Data de autuação: 07/07/2008

Sebastião Bala Rocha (PDT-AP)
Ação Penal 508 Corrupção passiva, prevaricação e crimes da Lei de Licitações
Data de autuação: 21/10/2008

AMAZONAS

Deputado
Sabino Castelo Branco (PTB-AM)
Ação Penal 538 Peculato
Data de autuação: 19/05/2010

PARÁ

Deputados
Asdrúbal Bentes (PMDB-PA)
Ação Penal 481 Estelionato, formação de quadrilha e crime eleitoral
Data de autuação: 17/04/2008

Giovanni Queiroz (PDT-PA)
Ação Penal 476 Injúria, desacato, crime contra a honra e calúnia
Data de autuação: 17/03/2008

Jader Barbalho (PMDB-PA)
Ação Penal 336 Emprego irregular de verba pública
Data de autuação: 23/05/2003
Ação Penal 398 Peculato 13/10/2005
Ação Penal 339 Crime contra o sistema financeiro nacional
Data de autuação: 17/6/2003
Ação Penal 397 Falsidade ideológica, formação de quadrilha, estelionato, crime de lavagem
Data de autuação: 29/8/2005
Ação Penal 374 Crime contra a administração em geral
Data de autuação: 21/06/2004

Lira Maia (DEM-PA)
Ação Penal 524 Crime contra a Lei de Licitações
Data de autuação: 09/11/2009
Ação Penal 484 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 30/04/2008
Ação Penal 517 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 26/06/2009
Ação Penal 518 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 29/06/2009

Paulo Rocha (PT-PA)
Ação Penal 470 Crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral, quadrilha ou bando e crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos ou valores
Data de autuação: 12/11/2007

Wladimir Costa (PMDB-PA)
Ação Penal 415 Crimes contra a honra
Data de autuação: 14/02/2007
Ação Penal 474 Crimes contra a honra
Data de autuação:12/12/2007
Ação Penal 528 Investigação penal
Data de autuação: 25/02/2010

Senador
Mário Couto (PSDB-PA)
Ação Penal 440 Crime eleitoral
Data de autuação: 13/07/2007

RONDÔNIA

Deputados
Ernandes Amorim (PTB-RO)
Ação Penal 487 Crimes de responsabilidade
Data de autuação: 21/05/2008
Ação Penal 475 Irregularidades na concessão de radiodifusão
Data de autuação: 14/12/2007
Ação Penal 418 Crime de responsabilidade e Lei de Licitações (c/ parecer da PGR pela extinção da punibilidade)
Data de autuação: 11/04/2007

Natan Donadon (PMDB-RO)
Ação Penal 396 Peculato e crime contra a Lei de Licitações
Data de autuação: 10/08/2005

Senador
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Ação Penal 383 crimes contra o sistema financeiro nacional
Data de autuação: 26/10/2004
Ação Penal 358 Peculato
Data de autuação: 23/10/2003

RORAIMA

Deputados
Francisco Rodrigues (DEM-RR)
Ação Penal 534 Peculato
Data de autuação: 27/04/2010

Neudo Campos (PP-RR)
Ação Penal 452 Peculato, formação de quadrilha
Data de autuação: 14/9/2007
Ação Penal 485 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 13/05/2008
Ação Penal 456 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 19/09/2007
Ação Penal 453 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 19/09/2007
Ação Penal 457 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 20/09/2007
Ação Penal 506 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 18/12/2008
Ação Penal 505 Peculato
Data de autuação: 18/12/2008
Ação Penal 468 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 05/11/2007
Ação Penal 500 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 25/09/2008
Ação Penal 459 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 21/09/2007

TOCANTINS

Deputado
Lázaro Botelho (PP-TO)
Ação Penal 472 Crime eleitoral, calúnia e difamação
Data de autuação: 11/12/2007

Senador
João Ribeiro (PR-TO)
Ação Penal 399 Peculato
Data de autuação: 24/11/2005

INQUÉRITOS

ACRE

Deputados
Ilderlei Cordeiro (PPS-AC)
Inquérito 2934 Crime eleitoral
Data de autuação: 24/03/2010

Sérgio Petecão (PMN-AC)
Inquérito 2486 Crimes contra a ordem tributária e uso de documento falso
Data de autuação: 13/03/2007
Inquérito 2903 Crimes eleitorais
Data de autuação: 28/01/2010

AMAPÁ

Deputados
Dalva Figueiredo (PT-AP)
Inquérito 2838 Peculato e crime contra a administração em geral
Data de autuação: 07/08/2009
Inquérito 2671 Peculato e crime contra a administração em geral
Data de autuação: 07/01/2008

Jurandil Juarez (PMDB-AP)
Inquérito 2709 Crime contra a Lei de Licitações
29/04/2008

Sebastião Bala Rocha (PDT-AP)
Inquérito 2709 Crimes da Lei de Licitações
Data de autuação: 29/04/2008

Senador
Gilvam Borges (PMDB-AP)
Inquérito 2779 Injúria e difamação
Data de autuação: 10/12/2008

AMAZONAS

Deputados
Rebbeca Garcia (PP-AM)
Inquérito 2691 Falsidade ideológica
Data de autuação: 18/03/2008

Sabino Castelo Branco (PTB-AM)
Inquérito 2940 Crimes contra a ordem tributária
Data de autuação: 12/04/2010

Silas Câmara (PSC-AM)
Inquérito 2626 Crime contra a família
Data de autuação: 28/09/2007
Inquérito 1695 Investigação Penal
Data de autuação: 12/12/2000
Inquérito 2005 Improbidade administrativa 2/6/2003

Senador
Alfredo Nascimento (PR-AM)
Inquérito 2290 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 14/02/2006
Inquérito 2240 Crime contra a administração pública- desobediência - precatório
Data de autuação: 01/07/2005

PARÁ

Deputados
Bel Mesquita (PMDB-PA)
Inquérito 2965 Crime previsto na legislação extravagante
Data de autuação: 13/05/2010

Jader Barbalho (PMDB-PA)
Inquérito 2051 Crime contra a administração em geral
Data de autuação: 07/10/2003
Inquérito 2909 Crime contra a ordem tributária 09/02/2010
Inquérito 1332 Peculato
Data de autuação: 13/10/1997
Inquérito 498 Peculato
Data de autuação: 08/09/2008
Inquérito 2760 Crime de lavagem, formação de quadrilha e contra o sistema financeiro nacional
Data de autuação: 30/09/2008

Lira Maia (DEM-PA)
Inquérito 2762 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 15/10/2008
Inquérito 2858 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 18/09/2009
Inquérito 2742 Peculato
Data de autuação: 06/08/2008
Inquérito 2819 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 03/06/2009
Inquérito 2875 Crime de responsabilidade
Data de autuação: 26/10/2009
Inquérito 2941 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Data de autuação: 12/4/2010

Wladimir Costa (PMDB-PA)
Inquérito 2915 Calúnia e difamação
Data de autuação: 23/02/2010

Senadores
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Inquérito 2266 natureza não informada/corre em segredo de justiça
Data de autuação: 30/09/2005
Inquérito 2939 Crime eleitoral
Data de autuação: 08/04/2010

Mário Couto (PSDB-PA)
Inquérito 2539 desobediência às determinações da Justiça Eleitoral
Data de autuação: 10/05/2007

RONDÔNIA

Deputados
Ernandes Amorim (PTB-RO)
Inquérito 2936 Crime eleitoral
Data de autuação: 25/03/2010
Inquérito 2801 Crime contra o meio ambiente e o patrimônio genético
Data de autuação: 13/3/2009
Inquérito 2807 Crimes contra o meio ambiente
Data de autuação: 06/04/2009
Inquérito 2919 Crime de desacato
Data de autuação: 26/02/2010

Lindomar Garçom (PV-RO)
Inquérito 2598 Improbidade administrativa
Data de autuação: 13/08/2007

Natan Donadon (PMDB-RO)
Inquérito 2494 Crime eleitoral
Data de autuação: 16/03/2007

Senadores
Acir Gurgacz (PDT-RO)
Inquérito 2900
(PGR pediu arquivamento em 14/04/2010, mas o STF ainda não se manifestou sobre o assunto)
Data de autuação: 22/01/2010

Valdir Raupp (PMDB-RO)
Inquérito 2027 crimes contra o sistema financeiro nacional
Data de autuação: 30/07/2003
Inquérito 2442 crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em geral
Data de autuação:22/11/2006

RORAIMA

Deputados
Édio Lopes (PMDB-RR)
Inquérito 2952 Crime eleitoral
Data de autuação: 20/04/2010
Inquérito 2904 Investigação penal
Data de autuação: 02/02/2010

Francisco Rodrigues (DEM-RR)
Inquérito 2459 Crime contra a administração em geral
Data de autuação: 26/01/2007

Márcio Junqueira (DEM-RR)
Inquérito 2561 Difamação e injúria
Data de autuação: 14/06/2007
Inquérito 2926 Crime eleitoral
Data de autuação: 10/03/2010

Neudo Campos (PP-RR)
Inquérito 2746 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 21/08/2008
Inquérito 2627 Peculato
Data de autuação: 19/09/2007
Inquérito 2710 Crimes contra a Lei de licitações
Data de autuação: 02/05/2008
Inquérito 2743 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 06/08/2008
Inquérito 2822 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 22/06/2009
Inquérito 2823 Peculato
Data de autuação: 24/06/2009
Inquérito 2464 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 31/01/2007
Inquérito 2489 Peculato e formação de quadrilha
Data de autuação: 15/03/2007
Inquérito 2735 Peculato, crime contra a paz e formação de quadrilha
Data de autuação: 03/07/2008
Inquérito 2647 Crime de responsabilidade e contra a Lei de Licitações
Data de autuação: 24/10/2007
Inquérito 2715 Crime eleitoral e captação ilícita de votos
Data de autuação: 08/05/2008

Urzeni Rocha (PSDB-RR)
Inquérito 2967 Crimes contra o meio ambiente e o patrimônio genético
Data de autuação: 17/05/2010
Inquérito 2464 Peculato, quadrilha ou bando
Data de autuação: 31/01/2007
Inquérito 2489 Peculato, quadrilha ou bando
Data de autuação: 15/03/2007
Inquérito 2766 Crimes contra o meio ambiente e o patrimônio genético
Data de autuação: 24/10/2008
Inquérito 2744 Crimes contra o meio ambiente e o patrimônio genético
Data de autuação: 07/08/2008
Inquérito 2957 Crimes contra o meio ambiente e o patrimônio genético
Data de autuação: 03/05/2010

Senador
Romero Jucá (PMDB-RR)
Inquérito 2663 Captação ilícita de votos ou corrupção eleitoral
Data de autuação: 06/12/2007

TOCANTINS

Deputados
Eduardo Gomes (PSDB-TO)
Inquérito 2721 Crime contra o meio ambiente e ao patrimônio genético
(O deputado fez um acordo com o STF, a chamada transação penal, em que se comprometeu a dor pessoalmente cestas básicas para uma associação de deficientes visuais para deixar de responder à denúncia). A conclusão do processo depende agora da palavra final do Supremo sobre o cumprimento do acordo.
Data de autuação: 26/05/2008
Inquérito 2445 Crime contra Lei de Licitações
Data de autuação: 21/12/2006

Lázaro Botelho (PP-TO)
Inquérito 2907 Trabalho escravo
Data de autuação: 05/02/2010

Nilmar Ruiz (DEM-TO)
Inquérito 2732 Crimes da Lei de licitações
Data de autuação: 03/07/2008

Osvaldo Reis (PMDB-TO)
Inquérito 2274 Crimes contra a ordem tributária, crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos ou valores, quadrilha ou bando
Data de autuação: 27/10/2005
Inquérito 2159 Crimes da Lei de Licitações
Data de autuação: 15/09/2004
Inquérito 2925 Crimes da Lei de Licitações
Data de autuação: 04/03/2010

Senadores
João Ribeiro (PR-TO)
Inquérito 2131 Redução a condição análoga à de escravo
Data de autuação: 22/06/2004
Inquérito 2914 Crime ambiental (10/2/2010)
Inquérito 2274 Formação de quadrilha ou bando, crime contra a ordem tributária nacional e lavagem de bens, direitos ou valores
Data de autuação: 03/11/2005

Leomar Quintanilha (PMDB-TO)
Inquérito 2274 Formação de quadrilha ou bando, crime contra a ordem tributária nacional e lavagem de bens, direitos ou valores
Data de autuação: 03/11/2005
Inquérito 2237 Formação de quadrilha ou bando e lavagem de dinheiro
Data de autuação: 28/06/2005

Fonte: Congresso em Foco, com base em informações do STF na internet

quarta-feira, 9 de junho de 2010

No tapetão, não

O presidente Lula acusou seus adversários de querer ganhar as eleições "no tapetão", em entrevista ao radialista Paulo Costa, da rádio Jangadeiro FM, ontem em Fortaleza. Lula se referia às cinco multas que lhe impôs o Tribunal Superior Eleitoral . Sem citar nomes, Lula disse que tem "gente falando demais, torcendo demais". Reconheceu que, como presidente, cabe-lhe dar o exemplo no cumprimento das leis. Mas alegou que havia uma interpretação da legislação eleitoral que acabou sendo mudada.

"O presidente não pode transgredir as leis. Agora, é importante que a gente fique atento. Estou cheio de adversários que começam a querer ganhar o jogo no tapetão. E este País vai exercitar a democracia até as últimas consequências. Se houver excesso, obviamente cada um de nós deve ser punido", completou.

O Brasil em ritmo chinês

A economia brasileira disparou no primeiro trimestre e cresceu 2,7%, em ritmo equivalente a 11,2% ao ano, enquanto a maior parte do mundo mal começava a sair da recessão. O governo tem excelentes motivos para celebrar esse desempenho, especialmente porque o aumento da produção e das vendas veio acompanhado de uma forte expansão do emprego. Mas a boa notícia é também um fator de preocupação. Para o Brasil, expansão chinesa resulta em aumento da inflação e em perigoso desajuste das contas externas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, concorda com essa avaliação, mas tenta tranquilizar quem se preocupa. Segundo ele, a acomodação já começou e o crescimento acumulado no ano ficará entre 6% e 6,5%.

Os bons números divulgados ontem pelo IBGE não chegaram a surpreender. Tanto no governo quanto no setor privado já se estimava para o primeiro trimestre uma expansão na faixa de 2% a 2,5%. Mantido ao longo do ano, esse nível de atividade resultaria num crescimento pouco abaixo ou pouco acima de 10%.

Na última semana, as projeções econômicas coletadas pelo Banco Central em consultorias e instituições financeiras já eram baseadas em estimativas dessa ordem. Os cálculos indicavam para 2010 uma inflação de 5,6%, bem acima do centro da meta (4,5%), um superávit comercial de apenas US$ 15 bilhões e um déficit de US$ 48,5 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos. Para 2011 projeta-se um rombo de US$ 58 bilhões.

É razoável prever alguma acomodação da atividade econômica ao longo do ano e alguns sinais já são indicados pelas entidades empresariais. Mas são sinais pouco claros. Em maio, as montadoras produziram 309.629 veículos, 6,6% mais do que no mês anterior e 14,9% mais do que um ano antes. O arrefecimento observado em abril parece ter sido passageiro. Os últimos dados gerais da Confederação Nacional da Indústria (CNI) são desse mês. Em abril, segundo esse levantamento, a indústria de transformação faturou 4,9% menos que em março, descontada a inflação. As horas de trabalho na produção diminuíram 3,4%.

No entanto, o uso da capacidade instalada aumentou 0,8%, chegou a 83% e voltou ao nível anterior à crise de 2008. De janeiro a abril deste ano o faturamento real foi 12,1% maior do que o de um ano antes. Se a capacidade usada é a mesma de antes da crise, o investimento do último ano e meio foi insuficiente para um crescimento seguro.

Essa hipótese parece confirmada pelo IBGE. No primeiro trimestre, o investimento em máquinas, equipamentos e instalações aumentou 7,4% em relação aos três meses finais de 2009, um resultado notável. Mantido até o fim do ano, esse desempenho corresponderia a um crescimento de 33%. A proporção entre o investimento e o Produto Interno Bruto (PIB), 18%, voltou ao nível do primeiro trimestre de 2008.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dispara a procura por papéis da Telebrás

A procura pelos papéis da Telebrás aumentou nos últimos meses depois que as cotações das ações da companhia remanescente da privatização dispararam no mercado, em meio às informações desencontradas do governo sobre sua reativação. Os números da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que acompanha de perto a procura por essas ações perdidas, mostram que as consultas dos investidores dispararam, de 393 em todo o ano passado para 2.279 neste ano apenas até maio. Em 12 meses, o preço da ação ordinária (ON, com direito a voto) da Telebrás subiu 355,56% e o da preferencial (PN, sem voto), 437,93%.

A CVM explica que não tem um cadastro com o nome dos diversos acionistas, ativos ou inativos. Quem tem essas informações são as próprias companhias e as instituições financeiras contratadas para prestar o serviço de custódia ou escrituração dos papéis. Assim, para ter informações sobre a posição acionária, o investidor deve ele mesmo arregaçar as mangas e procurar diretamente a companhia envolvida ou o prestador de serviço de ações escriturais.

Foto Destaque

A CVM pode dar uma mãozinha na busca fornecendo os dados das companhias abertas e dos respectivos prestadores de serviço de ações escriturais, além dos prestadores de serviço de custódia. Basta ligar para o telefone gratuito da CVM: 0800-7225354. Há também o site, http://www.cvm.gov.br, no link "Participantes do Mercado".

Quando há uma mudança de custodiante, as empresas fazem um comunicado aos acionistas, diz André Bernadino da Cruz Filho, diretor do Departamento de Ações e Custódia do Bradesco. Assim, para obter informações, basta procurar uma das agências do banco. O Bradesco vai orientar as agências para os gerentes ficarem atentos para divulgar a informação aos clientes. "Com as informações sobre a Telebrás que estão saindo na imprensa, as pessoas acabam procurando saber", diz .

O novo sistema de escrituração do banco, que começou a operar no ano passado, deve facilitar a busca ao fornecer mais dados para os gerentes pesquisarem com os clientes. "Isso era um pouco difícil pelos sistemas pesados de controle", diz Cruz Filho. O banco investiu R$ 15 milhões no sistema de escrituração, o que permite atender, além das teles, os 186 mil acionistas da Vale, 104 mil da BM&F Bovespa, 24 mil da Eletrobrás, 33 mil da Light e 24 mil das Lojas Americanas, entre outras.

Para localizar as ações, o investidor deve procurar uma agência do Bradesco e fornecer o CPF e o nome do comprador do plano de expansão. Em alguns casos, vai ser preciso encontrar algum documento da época, como o comprovante de compra do plano de expansão. "Após a identificação do titular, o processo é mais rápido, pois temos tudo automatizado no sistema", diz Cruz Filho. Uma demora maior pode ocorrer se outra pessoa vier pedir as ações em nome do titular, no caso de pessoas que já morreram, por exemplo.

Na CVM, há casos de pessoas que não conseguiram achar as ações e acabaram abrindo processos. Neste ano, até maio, já são oito, comparados a cinco em todo o ano passado.

O Banco do Brasil, outro grande escriturador de ações, diz não ser possível informar o número de acionistas inativos das empresas para as quais ele presta serviço, pois o sistema do banco não permite esse tipo de levantamento. E, mesmo se tivesse os números, não poderia divulgá-los por questão de sigilo. No total, o banco presta serviço para 39 companhias, entre elas o próprio BB, Petrobras, Tele Norte Leste, Log-In Logística e Grupo Neoenergia.

O banco lembra também que, segundo a Lei 6.404/76 e a Instrução CVM 301, o próprio investidor é o responsável pela manutenção do cadastro junto às entidades, sejam elas bancos, corretoras ou custodiantes. Mas admite que, nas migrações de bases de acionistas que recebeu ao longo dos anos, percebeu "muitos cadastros sem qualidade mínima". "Para evitar fraudes, são fundamentais procedimentos de segurança que garantam a real identificação dos investidores", diz a assessoria da instituição.

O BB lembra ainda que, com os constantes desdobramentos e grupamentos de ações, fusões e aquisições e ajustes à inflação elevada, muitas aplicações ficaram reduzidas a frações de ações e deixaram de receber rendimentos e avisos. O banco orienta ao investidor que ache que tem ações de uma das empresas escrituradas no BB que procure uma agência com um documento com foto, CPF e comprovante de residência e de renda.

A BM&FBovespa diz que não consegue estimar o número de acionistas inativos das empresas, pois parte deles é registrado diretamente nas companhias, e não na bolsa. Atualmente, grande parte das companhias abertas listadas em bolsa utiliza serviços de escrituração, em que um banco se encarrega de controlar o livro de registro de ações e atender os acionistas. "Se um investidor desejar descobrir se possui ações, um primeiro passo que sugerimos é o de procurar pelo serviço de um escriturador para a obtenção de informações", diz a bolsa.

Os principais prestadores de serviço para as companhias abertas listadas em bolsa são Bradesco, Banco do Brasil, Itau Unibanco e Santander. A busca por ações ou eventuais proventos pode ser realizada em qualquer agência. Uma lista das empresas com seus respectivos escrituradores está no site da bolsa, no suplemento de orientação, páginas 22 a 28. O site é www.bovespa.com.br .

Construção abre 4 mil postos de trabalho em 4 meses

Entre janeiro e abril deste ano, o setor da construção civil abriu 4 mil novos postos de trabalho na região metropolitana de Porto Alegre, uma alta de 7,3% no contingente de empregados em relação a igual período do ano anteiro. Ao lado da indústria calçadista, ostentou os maiores percentuais de crescimento do nível de emprego no quadrimestre, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). "Estamos enfrentando um bom problema", comenta o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-RS), Ricardo Sessegolo.

Segundo ele, o setor está crescendo graças à maior oferta de crédito, ao aumento da renda da população e a programas governamentais como o Minha Casa Minha Vida. Só a Goldsztein Cyrela, empresa da qual Sessegolo é diretor financeiro, tem 53 obras residenciais e comerciais em andamento na região metropolitana, um recorde na história da companhia. Com isso, a estimativa da entidade é que 25 mil novas vagas serão abertas em todo o Estado neste ano ? até abril foram 9,1 mil.

O Sinduscon mantém, com o Senai e o sindicato dos trabalhadores do setor, uma escola de formação de mão de obra em Porto Alegre, que capacita em média 80 pessoas por ano Mas o volume não supre a demanda e a entidade montou, no ano passado, um "centro de captação" de trabalhadores, que são contratados e enviados como serventes para treinamentos de 60 dias em canteiros de obras antes de assumir funções de maior responsabilidade. "O posto recebe 40 a 50 pessoas por semana, em média, com idade acima dos 30 anos", revela Sessegolo.

Mesmo assim, a oferta de trabalhadores segue insuficiente e agora o Sinduscon prepara uma campanha publicitária, que será veiculada em jornais e rádios populares da região, focada na valorização do trabalho na construção civil. O orçamento e o período de veiculação ainda não estão definidos, mas o público-alvo, sim. "Temos que atrair os jovens e quem está desempregado", diz o executivo.

O piso salarial de um pedreiro ou carpinteiro na cidade é de R$ 700 por mês, conta Sessegolo, mas como o pagamento é por tarefa e as tarefas são muitas, o valor pode chegar a R$ 1.700. A alta rotatividade, comum em épocas anteriores, já não existe. "Quando uma obra termina, o trabalhador vai direto para outra", afirma o vice-presidente do Sinduscon.

domingo, 6 de junho de 2010

"Caso de amor" desmontou quadrilha do furto ao BC

Em 2005, três dezenas de pessoas consumaram o maior furto do país com uma estratégia típica de filmes de ação: por um túnel de 89 metros, retiraram R$ 164,8 milhões do cofre do Banco Central de Fortaleza, no Ceará.
Agora, cinco anos depois, começam a surgir detalhes da operação que identificou os chefes da quadrilha.

Entre esses detalhes, o mais inusitado também tem ares cinematográficos. O roteiro, porém, se assemelha mais a um filme romântico.

Com nome fictício de personagem bíblico e jeitão de galã, Nicodemos, agente da Polícia Federal especializado em infiltrações, se aproximou de uma mulher, parente de um dos criminosos, engatou um relacionamento de cerca de seis meses e conseguiu boa parte das pistas que levaram aos chefes do furto.

Com dados preliminares da PF, Nicodemos chegou a Boa Viagem, cidade de 56 mil habitantes a 216 km de Fortaleza, semanas após o furto.

Enquanto parte dos agentes usava a máxima "follow the money" (siga o dinheiro) e percorria o Brasil atrás das notas de R$ 50 levadas do banco, Nicodemos investigava no estilo "love is in the air" (amor está no ar).

Adotando estilo romântico, conquistou o coração de uma moradora, parente de Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, personagem central do furto ao banco, responsável pelo braço nordestino do grupo.

Ao fazer parte do dia a dia da família da namorada cearense, entre festas e tradicionais almoços aos domingos, Nicodemos teve acesso a detalhes sobre o megafurto e alimentou ações policiais.

Nos relatórios de inteligência, por exemplo, há imagens de Antônio Edimar Bezerra circulando por Boa Viagem numa caminhonete.

Bezerra foi preso em 28 de setembro de 2005 numa casa na periferia de Fortaleza. Com ele e outros quatro acusados de participar do crime, foram encontrados enterrados R$ 12,5 milhões do dinheiro levado do BC.

Outros cinco acusados de participação no furto milionário também eram de Boa Viagem e tiveram as vidas investigadas por Nicodemos.

SUMIÇO

O agente infiltrado fazia o tipo discreto, colhia suas informações quase sempre nas rodas de conversas familiares. Mais ouvia do que falava. Posava de tímido, às vezes.
Alguns dos familiares dos ladrões que eram de Boa Viagem sentiam uma pontinha de prazer em comentar o que sabiam sobre o crime e, sem saber, falavam com a polícia.
Quando a PF teve convicção de que sete dos acusados de furtar o banco eram da cidade, Nicodemos, o forasteiro que chegou com a conversa de formar família, sumiu.
Talvez até hoje a mulher abandonada não saiba que, na realidade, viveu um falso caso de amor.

Antônio Jussivan, o parente da mulher que se apaixonou sem saber por um agente federal disfarçado, foi preso em 25 de fevereiro de 2008.Da Folha

José Serra vai fazer propaganda politica na internet. O TSE vai ficar mudo?

Com a expectativa de arregimentar a comunidade acadêmica e os jovens, a campanha do pré-candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) põe no ar amanhã o site www.propostaserra.ning.com que promoverá a discussão do programa de governo. O projeto é ambicioso, mas começará com um público restrito - pessoas que atuem no partido ou especialistas com trabalhos reconhecidos.

Os tucanos temem a invasão do espaço de debate na internet por militantes dos adversários políticos.

O plano de usar a internet para debater ideias é do próprio Serra, empolgado com a popularidade de seu Twitter -que tem mais de 200 mil seguidores - e com a experiência cibernética bem-sucedida da campanha do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

O local escolhido para sediar o site é uma rede social, o Ning, usado principalmente por professores e educadores. O PSDB vê na rede uma oportunidade de trazer para o seu lado uma parte da comunidade acadêmica que esteve historicamente próxima do PT e está desiludida. O debate pela internet tem ainda intenção de marcar diferenças, de método e conteúdo, em relação à campanha de Dilma Rousseff.

E busca imprimir à campanha de Serra uma imagem contemporânea e moderna, um trunfo para atrair o eleitorado jovem.

A partir de amanhã, o site www.propostaserra.ning.com começa a receber pedidos de cadastramento de interessados em participar dos 40 grupos de discussão. Para ter acesso aos debates, no entanto, os colaboradores terão de ser aprovados pelos tucanos.

- Vamos ficar cerca de 15 dias autorizando só pessoas que conhecemos, porque é uma fase experimental. Estimamos que haja de 500 a três mil colaboradores nessa etapa. A partir de julho, quando a eleição vai começar oficialmente, vamos abrir o site para quem quiser contribuir - explicou o coordenador do programa de governo do tucano, Xico Graziano.

A meta é envolver até cem mil eleitores nos debates. Segundo pesquisa Ibope de abril, o país tem 36,6 milhões de usuários ativos - cerca de um quarto dos eleitores. No próximo mês, os tucanos querem entregar a Serra um esboço com diretrizes básicas do plano de governo, já com contribuições dadas pelo debate na web. O PSDB não abandonará, porém, o viés tradicional de consulta à população e planeja seminários regionais para levantar demandas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Antigo sócio de José Serra condenado a 6 anos de prisão

Antigo sócio de José Serra condenado a 6 anos de prisão

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"Não obstante as operações financeiras irregulares aprovadas e realizadas pelos réus superem o astronômico valor de US$ 30 milhões, tem-se que a efetiva lesão ao sistema financeiro nacional ocorreu por um segundo motivo, qual seja, o descrédito que elas geraram em relação ao 'Banespa', colocando à prova a confiabilidade dos investidores e dos outros bancos na referida instituição bancária, abalando não apenas a sua segurança, mas a de todo o sistema financeiro nacional", concluiu o Ministério Público Federal, que se manifestou a favor do aumento da pena base a níveis próximos ao máximo legal.
 “TRF3 dobra valor base das penas de réus do caso Banestado: 
21/5/2010  
Seguindo manifestação da PRR3, Tribunal reconhece ainda que ex-diretor do Banespa, hoje prefeito de São João da Boa Vista (SP), não tem prerrogativa de foro 
Ouça o áudio da notícia: 
(...)

Processo: N.º 2006.03.99.008600-8
Agravo Regimental n.º 021/2008 - MNG
Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria Regional da República da 3ª Região
Fones: (11) 2192 8620/8766 e (11) 9167 3346
ascom@prr3.mpf.gov.br
www.prr3.mpf.gov.br 
 “O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) sentenciou na terça-feira, 18 de maio, o aumento da pena de 3 para 6 anos, de 16 réus, por crime financeiro contra o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) ocorrido em 1992 (Processo: N.º 2006.03.99.008600-8).
Entre os réus está Vladimir Antônio Rioli, à época um dos diretores do banco, e ao mesmo tempo sócio de José Serra (PSDB/SP), na empresa Consultoria Econômica e Financeira Ltda.

Em 1992, Rioli e outros diretores do Banespa aprovaram uma operação para a concessão de fiança bancária à Propasa Produtos de Papel S.A. Na operação, o limite de crédito autorizado para a empresa, de US$ 1,1 milhão, foi excedido em US$ 2,2 milhões. De acordo com a denúncia, o interesse em beneficiar a Propasa era tão evidente que, quando a proposta inicial não foi aprovada, foi necessário desmembrá-la em duas operações para que houvesse, enfim, a aprovação da Diretoria Plena. Dessa forma, os diretores envolvidos garantiram a aprovação dos recursos, mesmo com a evidente incapacidade econômico-financeira da empresa para recebê-los. A pena foi inicialmente fixada em três anos de reclusão, prestação de serviços à comunidade e pagamento de 25 dias-multa. O Ministério Público Federal recorreu pelo aumento da pena, e conseguiu dobrá-la para 6 anos. 

(...)” 
Em 2002 a revista IstoÉ publicou uma matéria onde mostra que o ex-sócio de Serra, Vladimir Rioli, na época diretor do Banespa e ao mesmo tempo sócio do Serra, foi responsável por operações fraudulentas em parceria com Ricardo Sérgio. Vejam abaixo. As fotos dos documentos estão após o texto: 
“BRASIL - 24/05/2002 

O elo perdido
Ex-sócio de Serra, Vladimir Rioli foi responsável por operações fraudulentas em parceria com Ricardo Sérgio
Amaury Ribeiro Jr.
Integrantes da tropa de choque que investiga irregularidades no Banespa, os deputados Robson Tuma (PFL-SP), Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) e Ricardo Berzoini (PT-SP) ficaram revoltados com a operação abafa montada pela base governista para evitar o depoimento do economista Ricardo Sérgio de Oliveira na CPI que investiga operações podres nos tempos em que o banco era estatal. “Levamos um gol de mão aos 46 minutos do segundo tempo”, comparou Fleury. Os deputados passaram a última semana intrigados com o nervosismo demonstrado pelo Palácio do Planalto e pela cúpula do PSDB com a convocação. Caixa de campanha dos tucanos, Ricardo Sérgio estava intimado a comparecer à Assembléia Legislativa de São Paulo na quarta-feira 22, onde seria realizada a reunião da CPI. Diante das câmeras de televisão, o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil deveria explicar uma operação montada por ele em parceria com o Banespa em 1992, que trouxe de volta ao País US$ 3 milhões sem procedência justificada investidos nas Ilhas Cayman, um conhecido paraíso fiscal no Caribe.
Receosos de que Ricardo Sérgio faltasse ao depoimento, os deputados Tuma e Fleury chegaram a acionar a Polícia Federal. Num encontro com o superintendente da PF em São Paulo, delegado Ariovaldo Peixoto dos Anjos, os deputados receberam a garantia de que agentes federais conduziriam o economista até a Assembléia caso ele se recusasse a depor. Mas nada disso foi preciso. Uma manobra na terça-feira 21 enterrou as pretensões da CPI. Aproveitando a ausência da bancada oposicionista, o deputado Julio Semeghini (PSDB-SP) aprovou, junto à Mesa Diretora da Câmara, a derrubada do depoimento, sob o argumento de que a operação ocorreu antes da intervenção federal. O período em que o banco ficou sob o Regime de Administração Especial Temporária (Raet) foi de 31 dezembro de 1994 a dezembro de 1997. O presidente da CPI desmonta o argumento, dizendo que a comissão investigou várias operações de empresas privadas e ouviu muitos diretores do Banespa do período anterior ao Raet. “O PSDB só questionou quando Ricardo Sérgio apareceu. Foi um ato político”, acusou Fleury. Mas documentos obtidos por ISTOÉ revelam a existência de um novo personagem que, na verdade, é o verdadeiro motivo do empenho em evitar o depoimento do ex-diretor do BB.
A Operação Banespa que ajudou Ricardo Sérgio a internar dinheiro de paraísos fiscais foi aprovada pelo então vice-presidente de operações do Banespa Vladimir Antônio Rioli. Na época, o senador José Serra (PSDB-SP) era sócio de Rioli. De acordo com o contrato social, Serra tinha 10% das cotas da empresa Consultoria Econômica e Financeira Ltda. Rioli foi companheiro de militância de Serra e do falecido ministro das Comunicações Sérgio Motta na Ação Popular (AP), movimento de esquerda da década de 60 – e arrecadador de recursos para campanhas do PSDB juntamente com Ricardo Sérgio. Era Rioli quem comandava todas as reuniões do comitê de crédito do banco estadual. Além de aprovar a operação que permitiu o ingresso dos US$ 3 milhões, ele autorizou outras transações envolvendo Ricardo Sérgio e a Calfat, uma indústria têxtil com sede em São Paulo, na qual o próprio Ricardo Sérgio atuava como presidente do seu conselho deliberativo. Em setembro de 1992, Rioli liberou para a tecelagem, sem nenhuma garantia, um empréstimo do Banespa no valor de CR$ 3,7 bilhões (correspondente hoje a R$ 1,7 milhão). Um ano depois, Rioli autorizou o Banespa a tocar várias operações de câmbio que permitiram ao ex-diretor do BB e à Calfat trazer outros recursos do Exterior, provocando um rombo nas contas do ex-banco estatal. O valor do prejuízo é desconhecido. O processo de cobrança dessa operação foi retirado da 5ª Vara Civil do Fórum de Santo Amaro, em São Paulo, pelos advogados do banco e sumiu misteriosamente em 1995.
A sociedade entre Rioli e Serra começou em 10 de março de 1986, quando o hoje candidato à Presidência estava deixando a Secretaria de Planejamento do governo Franco Montoro para disputar sua primeira eleição a deputado federal. A consultoria funcionou até 17 de março de 1995. Investidor da Bolsa de Valores de São Paulo, Rioli também é conhecido por sua ficha suja. Em 1999, foi condenado pela Justiça Federal a quatro anos de prisão – convertidos em prestação de serviços e pagamento de indenização – por liberar um empréstimo do Banespa equivalente a US$ 326,7 mil à Companhia Brasileira de Tratores, empresa da família Pereira Lopes, de São Carlos (SP), que estava em dificuldades e colecionava títulos protestados na praça. Em 1993, Rioli se envolveu em outro escândalo. Foi acusado pelo Tribunal de Contas da União de arquitetar uma operação que deu à Cosipa, na época estatal, um prejuízo equivalente a US$ 14 milhões. A operação, um fantástico contrato sem correção monetária numa época de inflação galopante, foi fechada em 1986, quando Rioli presidia uma outra consultoria, a Partbank S.A., e já era conhecido por dar passes de mágica no mercado financeiro. Na lista dos envolvidos, o Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a incluir um outro amigo de Rioli: André Franco Montoro Filho, que na época era diretor do BNDES e apoiou o negócio. Rioli e Montoro Filho também trabalharam juntos no programa de desestatização do governo federal.
Simulação
No entanto, nenhum desses escândalos ganhou tanta notoriedade no nervoso mercado financeiro paulista como a parceria de Rioli com Ricardo Sérgio na Operação Banespa. Quatro experientes investidores e banqueiros examinaram documentos da transação obtidos por ISTOÉ. Todos classificaram-na como uma engenhosa simulação de empréstimo com o único propósito de produzir um pretexto legal para trazer milhões de dólares de volta ao País, com o aval do Banespa. “Os documentos são assustadores. Mostram que Rioli era mais ligado a Serra do que o próprio Ricardo Sérgio. É surpreendente saber que os tucanos conseguiram usar o Banespa para internar dinheiro durante o meu governo”, diz o presidente da CPI, deputado Luiz Antônio Fleury, que governou São Paulo entre 1991 e 1994.
De acordo com a papelada obtida pela revista, Ricardo Sérgio conseguiu um feito que transformaria qualquer operador em herói: vender no exigente mercado internacional títulos de uma empresa falida. A transação foi feita por meio de um instrumento específico, tecnicamente chamado de Contrato Particular de Emissão e Colocação de Pagamento e Títulos no Exterior (Fixe Rate Notes). Especialistas do mercado explicam que, de tão sofisticado, esse tipo de operação é exclusividade de empresas do porte, por exemplo, da Petrobras, com credibilidade e estrutura para obter empréstimos a juros baixos no Exterior por meio da emissão de títulos. Acostumadas a operar esse tipo de transação, essas empresas em geral têm escritórios lá fora, equipes especializadas e um permanente cartel de clientes interessados em seus papéis, que ficam depositados em uma casa de custódia renomada até serem resgatados. Ao banco intermediário cabe apenas a responsabilidade de operar os recursos obtidos com a venda dos títulos e convertê-los em moeda nacional. Mas, no lugar de profissionalismo, a Operação Banespa reúne uma coleção de lances inacreditáveis.
Na época da assinatura do contrato, o Banespa não tinha nenhuma condição para realizar transação desse tipo. Envolvido em vários escândalos, faltava ao banco estadual tradição nesse tipo de negócio e também estrutura no Exterior para intermediar um lançamento de títulos. A Calfat, por sua vez, era uma empresa têxtil de médio porte em processo de liquidação. Além de não possuir condição de atrair investidores no Exterior, enfrentava uma avalanche de processos de execução na Justiça, o suficiente para impedi-la de passar um cheque na quitanda da esquina. Mesmo assim, o dinheiro foi transferido das contas do Banespa nas Ilhas Cayman para a conta da Calfat, na agência do banco em Campinas.
Segundo relatório da CPI do Banespa, Rioli também beneficiou com um empréstimo de R$ 21 milhões, em 1993, o empresário Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de Serra e ex-sócio do senador em terreno no Morumbi, área nobre de São Paulo. Os empréstimos, sem nenhuma garantia legal, foram concedidos às empresas Gremafer e Aceto, de propriedade de Preciado, que estavam em processo de liquidação e até hoje não foram quitados.
Títulos podres
Para investidores experientes consultados pela revista, esses dados bastam para provar que a Operação Banespa não passou de uma simulação. A CPI e o Ministério Público suspeitam que a transação trouxe uma sobra de campanha, já que Ricardo Sérgio e Rioli trabalhavam como arrecadadores. “Tudo indica que a Calfat emitiu títulos podres no mercado externo, que foram resgatados a valores superfaturados pela própria empresa ou empresas amigas. Essa operação acabou permitindo o retorno do dinheiro, provavelmente sobra de campanha, que estava sem procedência no Exterior. Caso contrário, significa que o Banespa assumiu todos os riscos de uma operação com uma empresa falida, um escândalo ainda maior”, afirmou um banqueiro familiarizado com esse tipo de negócio, ao analisar os documentos. Especialista em operações de lavagem de dinheiro, o jurista Heleno Tôrres explica que negócios desse tipo são cada vez mais conhecidos das unidades de inteligência financeiras, criadas em todo o mundo para rastrear transações financeiras ilícitas. Segundo Tôrres, as empresas compram no Brasil títulos podres e, em operações fajutas, vendem os papéis no Exterior a preços astronômicos. Na verdade, os títulos são resgatados pela própria empresa que os lançou em operações casadas. O jurista explica que a diferença entre os valores de compra do papel no Brasil e os do resgate, na verdade, corresponde à quantia que acaba sendo internada – e esquentada – no País.
Fantasma
Uma juíza federal que trabalhou no mercado financeiro diz que, para dar legalidade a operações assim, os contratos seguem todas as exigências habituais. Quando envolvem empréstimos simulados – o caso da Operação Banespa –, há cobrança judicial e até a penhora de bens e fiadores para dar cumprimento às normas do Banco Central. Só que, como se trata de uma operação-fantasma, a cobrança se arrasta até o arquivamento, sem que a dívida seja paga, e os advogados do banco dão um jeito de nunca incluir os fiadores e donos de empresas executadas na lista de inadimplentes da praça. Foi exatamente o que aconteceu na Operação Banespa. Na 4ª Vara Cível do Fórum de Santo Amaro tramitam dois processos de 1994, movidos pelo Banespa contra Ricardo Sérgio pelo não-pagamento dos US$ 3 milhões. Os autos do processo revelam outro absurdo: a garantia da operação foi a hipoteca de uma fábrica da Calfat em Leopoldina, Minas Gerais, comprovadamente insuficiente para quitar a dívida, mas o Banespa jamais tentou avançar sobre os bens do economista para diminuir seu prejuízo, apesar de seus conhecidos sinais de riqueza.
Outras operações tocadas por Ricardo Sérgio mostram sua habilidade em atuar em paraísos fiscais. Em 1989, o ex-diretor do BB realizou uma operação para trazer ao Brasil dinheiro que estava em Tortolla, nas Ilhas Virgens. Os documentos dessa transação mostram que no dia 19 de fevereiro a Andover Nacional Corporation, uma empresa sediada naquele paraíso caribenho, comprou do banco americano Wells Fargo um escritório localizado na avenida Paulista.
Uma escritura lavrada em Nova York prova que o representante da Andover era Roberto Visneviski, sócio de Ricardo Sérgio. Um ano depois, Ricardo Sérgio e o próprio Visneviski compram o mesmo escritório da Andover. Numa operação esdrúxula, o sócio de Ricardo Sérgio assina duas vezes o termo de venda do imóvel: como comprador e vendedor. “É uma típica operação de internação de dinheiro”, atesta o jurista Tôrres.
O tal escritório acabou se transformando na sede da Westchester, uma das consultorias do ex-diretor do BB. Frequentada pelo alto tucanato, a empresa foi fechada em 1998, depois que Ricardo Sérgio deixou o governo como pivô do escândalo em torno do processo de privatização da Telebrás. Vítima de um grampo, o economista cunhou uma frase para a história: “Estamos no limite da irresponsabilidade.” Já o encerramento da parceria de Serra e Rioli na empresa de consultoria confirma a proximidade entre tucanos de alta plumagem. O documento que selou o fim da empresa foi assinado dentro do escritório da Hidrobrasileira, empreiteira que pertenceu durante 20 anos a Sérgio Motta. No dia 28 de janeiro de 1995, dias depois de Serra assumir o Ministério do Planejamento no primeiro governo FHC, Rioli nomeou Dellinger Mendes, sócio de Motta na Hidrobrasileira, como seu procurador para providenciar o encerramento das atividades da consultoria.
Luiz Alberto Souza Aranha, outro sócio de Motta na Hidrobrasileira, assinou como testemunha. Nesse mesmo período, Dellinger e Luiz Alberto estavam à frente de uma simulação de venda, a da própria Hidrobrasileira para a PDI, uma companhia offshore instalada em Luxemburgo, outro paraíso fiscal muito procurado por brasileiros. Documentos obtidos por ISTOÉ mostram que antes de comprar a Hidrobrasileira a PDI – Project Development International simulou um empréstimo de US$ 4 milhões junto à Albion Inc., também com sede em Luxemburgo. O esquema usado pela Hidrobrasileira é conhecido nas cartilhas de lavagem de dinheiro. Depois de rodar de conta em conta em paraísos fiscais, o dinheiro acaba voltando ao País em operações suspeitas. No caso da transação envolvendo a PDI e a Albion, o depósito final foi na conta da Hidrobrasileira no Banespa. As semelhanças levam o Ministério Público e a CPI a suspeitar de um grande esquema de internação de dinheiro. Ao seguir os rastros da PDI e da Albion, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a comissão ligada à Receita Federal encarregada de rastrear operações de lavagem de dinheiro, tem poderes para identificar a origem do dinheiro.
Colaborou Sônia Filgueiras (DF)
Quem é Quem
Vladimir Rioli 59 anos, se mantém fiel ao ramo de trabalho que o notabilizou. É presidente da Pluricorp Engenharia Financeira e Societária, uma consultoria especializada em montar cisões, fusões e operações entre empresas. Integrante e ex-presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec), Rioli é figura carimbada no mercado financeiro paulista há anos por sua habilidade em produzir transações bancárias e sua estreita ligação com a nata do PSDB paulista. Por causa de sua militância no mesmo grupo de tucanos notáveis desde os tempos da Ação Popular, o PSDB o indicou para ocupar a vice-presidência de operações do Banespa em 1991 em pleno governo Fleury, do PMDB. Não era um cargo decorativo. No banco, Rioli comandava as reuniões do comitê de crédito em que eram analisados os empréstimos mais gordos. Era o responsável por organizar a pauta e apresentar as operações aos colegas de diretoria. Conseguiu uma mudança no estatuto do banco que lhe acrescentou mais poderes. Clientes com papagaios pendurados, antes proibidos de fazer novos empréstimos, podiam ser liberados da restrição por decisão do presidente (na época, o ex-diretor do Banco Central Antônio Cláudio Sochaczewski) ou do vice-presidente de operações isoladamente (o próprio Rioli).
O Tribunal de Contas da União flagrou um negócio de 1986 arquitetado por Rioli – na época presidente da consultoria Partbank – em que a Cosipa deu descontos generosos na dívida de uma siderúrgica concordatária, a Pérsico Pizzamiglio S.A. Técnicos do TCU chegaram a dizer que a operação era um “conluio” entre credor e devedor para fazer sumir o débito, apontando um prejuízo de US$ 14 milhões à estatal. O também tucano André Franco Montoro Filho foi investigado junto com Rioli por ter apoiado a operação. Como diretor do BNDES, Montoro Filho aprovou a operação. No final, o plenário do TCU abrandou as conclusões, deixando Rioli e Montoro Filho fora, mas confirmou o prejuízo. Coincidentemente, depois de deixar a direção do Banespa, Rioli foi integrar a Comissão de Privatização do governo federal, em 1993, ao lado do amigo Montoro Filho.
A passagem pelo Banespa foi polêmica. Junto com outro diretor, foi condenado em 1999 pela Justiça Federal de São Paulo por gestão temerária, um crime previsto na Lei do Colarinho-Branco. Liberou o equivalente a US$ 326 mil em empréstimos para a Companhia Brasileira de Tratores, uma empresa endividada à beira da concordata, apesar dos pareceres técnicos contrários. A sentença de quatro anos de prisão foi convertida em serviços à comunidade e multas. Vladimir Rioli, também denunciado pelo Ministério Público em outros casos, recorreu da decisão.
Além da política, Rioli milita em outros nichos. Palmeirense, meteu-se em uma comissão encarregada de tocar um projeto para transformar o estádio do clube em uma fonte de receita, depois de uma reforma ambiciosa.
Ricardo Sérgio de Oliveira Assumiu a diretoria Internacional do Banco do Brasil em 1995 por indicação de José Serra. Foi parceiro do então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, na privatização das teles. Usando o poder que tinha no fundo de pensão do BB, orquestrou a montagem de consórcios que entraram nos leilões.
Gregório Marin Preciado Como representante da espanhola Iberdrola, conseguiu que a empresa arrematasse quatro ex-estatais de energia no Nordeste. Contou com a parceria do Banco do Brasil, da Previ e do amigo Ricardo Sérgio. Conseguiu uma incomum redução de dívida atrasada no BB. Espanhol naturalizado, é casado com uma prima de Serra.
Sérgio Motta Morto em abril de 1998, foi o principal articulador político de Fernando Henrique, amigo de Mendonça de Barros e companheiro de Serra e Rioli desde os tempos da Ação Popular, movimento clandestino de esquerda ligado à Igreja Católica que combateu a ditadura. Como ministro das Comunicações, montou o processo de privatização das teles. Ficou conhecido pelo projeto de manter o PSDB 20 anos no poder. “ 
Abaixo estão as fotos dos documentos:
 Parceria: 
 Serra e Rioli_01.jpg

 Consultoria:
  Serra e Rioli_02.jpg

 Operação: 
 Serra e Rioli_03.jpg

 Procuração:
 Serra e Rioli_04.jpg
   
OBS: Quando encontrei o texto acima o site da IstoÉ estava hospedado no Terra (http://www.terra.com.br/istoe/1704/brasil/1704_elo_perdido_capa.htm ). 
Algum tempo depois o site foi transferido para o endereço: Istoé.com.br e tem um link para a mesma matéria (http://www.istoe.com.br/reportagens/24874_O+ELO+PERDIDO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage ). 
Acontece que as fotos dos documentos não foram disponibilizadas depois da transferência, mas fiz uma cópia de todas e um print-screen da matéria quando ainda estava no endereço anterior.

 

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