sábado, 31 de março de 2007

85 Anos O comunismo continua

A organização partidária comunista do Brasil comemora amanhã 85 anos de existência. Em 1922, um grupo com raízes no movimento operário de 1917 fundou o Partido Comunista do Brasil (PCB), do qual se originaram os atuais Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Comunista Brasileiro (PCB). Passados Guerra Fria, golpe militar de 64 e tantos outros fatos históricos, a data estimula a reflexão sobre o papel do comunismo hoje no mundo. É possível dizer que o ideário ainda persiste?

Para o secretário político do PCB regional, Robson de Moraes, falar em comunismo hoje só não teria sentido se o capitalismo estivesse promovendo o fim das desigualdades sociais. “Como ainda temos gente morrendo de fome e sede, o comunismo está na ordem do dia”, raciocina. O presidente do PCdoB estadual, Aldo Arantes, avalia que, no Brasil, o sistema comunista é uma perspectiva a longo prazo, mas com possibilidade real de viabilização em contraponto ao modo de produção capitalista.

De acordo com Aldo, o País vive a busca pela implantação de um projeto nacional de desenvolvimento que seja capaz de superar o neoliberalismo. “Depois desse projeto nacional, visamos o socialismo, para então chegarmos ao comunismo”. Como o dirigente goiano indica, o comunismo é uma proposta que visa a superação do capitalismo. Idealizada no século XIX pelos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820 - 1895), prevê uma sociedade sem classes, sem Estado e igualitária. O socialismo serviria como transição entre as duas etapas.

O professor de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia, Edilson José Graciolli, esclarece que tal como o comunismo é visto no seu conceito original, nunca se concretizou em nenhum país do mundo. “Nem mesmo o socialismo teve existência efetiva”, aponta. O especialista tem o argumento de que a prerrogativa socialista de haver um período de controle social por parte da maioria da população não se verificou em países do bloco soviético, China, Cuba, ou em qualquer outra nação que fez a opção pelo socialismo.

O historiador e professor Luiz Eduardo Fleury, conhecido como Bacurau, assinala que a esquerda teve mais erros do que acertos ao longo da História. Lembra de exemplos de governos denominados socialistas mas marcados por práticas ditatoriais, como foi o caso de Mao Tsé-tung (1893-1976), na China, e Josef Stalin (1879-1953), na ex-União Soviética. Apesar disso, lembra que o comunismo “não morreu”. Para o professor, foi adotado um novo discurso: ao invés da perfeição em sociedade, busca-se o fim das desigualdades sociais.

AMÉRICA LATINA – Lula (Brasil), Evo Morales (Bolívia), Michele Bachelet (Chile), Hugo Chávez (Venezuela) são personagens de nova tendência política na América Latina. Todos pertencem à esquerda, passando pelos níveis entre moderado e radical. Luiz Eduardo diz que as eleições dos quatro citados resultam da crise do capitalismo e da nova roupagem assumida pela esquerda.

Graciolli não vê avanço esquerdista na América Latina. “O que talvez se possa dizer é que os eleitorados votaram por mudanças”. “Os eleitores vêm sentindo os efeitos das políticas neoliberais, como crescimento da pobreza, desemprego”. O doutor em Ciências Sociais ressalta que o cenário político-institucional na América do Sul ainda é de predominância do neoliberalismo, com “duas honrosas exceções”: Venezuela e Bolívia.

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