quarta-feira, 23 de abril de 2008

Anticorpos para a chefe da Casa Civil


Não são apenas a oposição e o senador Garibaldi Alves Filho que pressionam a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a tratar do suposto dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em audiência na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, prevista para o próximo dia 30. Pelo menos dois ministros ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem que a colega pode ganhar musculatura política se responder a perguntas sobre o tema.

O enfrentamento com a oposição, alegam os ministros, injetaria “anticorpos” em Dilma, fortalecendo-a para eventual campanha à Presidência em 2010. Hoje, a avaliação é de que a “mãe do PAC” tem de ganhar mais jogo de cintura. Para tanto, precisa enfrentar adversidades, já que — como se brinca nos corredores do Planalto — não usa o bambolê que recebeu de presente de parlamentares do PMDB. “O presidente Lula gosta de colocar seus escolhidos na chuva, para ver se suportam a pressão ou saem resfriados”, declara um ministro.

Segundo os governistas, o cenário é favorável para o depoimento de Dilma. A não ser que surja fato novo para alimentar o noticiário, a ministra entrará na comissão em meio a um “esfriamento” da crise dos cartões corporativos, conforme seus colegas de governo. Terá, portanto, chances de superar os oposicionistas no duelo verbal, desde que não repita o desempenho da entrevista coletiva concedida no início do mês.

Na ocasião, a ministra desceu a detalhes que produziram contradições e aumentaram as suspeitas de participação de integrantes de sua equipe na montagem do suposto dossiê para chantagear tucanos. Desde a entrevista, o presidente moveu peças para proteger sua principal auxiliar. Pela voz do ministro da Justiça, Tarso Genro, divulgou, por exemplo, duas teses a fim de blindá-la. Uma diz que, se houve crime no episódio do suposto dossiê, foi o vazamento.

Figurino
A outra tese defende o direito de o governo de plantão recolher e organizar informações de gestões anteriores e usá-las para enfrentar crises políticas. “Como a oposição quer pegá-la, há mais gente solidária a Dilma nesse momento”, afirma um ministro. Enquanto não recebe a dose de “articorpos” políticos, Dilma trata de lustrar o figurino de “mãe do PAC”. Nesta semana, terá encontros com governantes e empresários de Japão, Coréia e Estados Unidos. Tentará convencê-los a investir em projetos do PAC.

Na Ásia, por exemplo, a prioridade é atrair parceiros para tirar do papel o trem de alta velocidade que ligará Campinas a São Paulo e a capital paulista ao Rio de Janeiro. O projeto é avaliado em cerca de

US$ 10 bilhões. Foi justamente desatando nós na área de infra-estrutura que a ministra chamou a atenção do presidente. No ano passado, foi apontada por Lula como responsável pelo sucesso do leilão de sete trechos de rodovias à iniciativa privada.

0 Comentários em “Anticorpos para a chefe da Casa Civil”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --