Amigo do Presidente Lula, o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) terá o apoio da maioria da população caso leve adiante a proposta de mudar a Constituição para garantir a Lula o direito de concorrer a um novo mandato em 2010. É o que revela pesquisa divulgada ontem, encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) ao Instituto Sensus. De dois mil entrevistados nas cinco regiões do país, 50,4% disseram apoiar a tese da re-reeleição, enquanto 45,4% rejeitaram a idéia. Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, a situação é de empate técnico, segundo Ricardo Guedes, diretor do Sensus.
Ele fez questão de ressaltar, no entanto, ser “muito expressivo o apoio” à proposta de alteração na regra da reeleição. Foi a primeira vez que o instituto abordou o assunto nas sondagens que faz para a confederação. O resultado é diferente do detectado pelo Datafolha no fim do ano passado, quando 65% dos entrevistados rejeitaram um terceiro mandato consecutivo para Lula e 31% mostraram-se favoráveis à iniciativa. Em entrevista exclusiva aos jornais dos Diários Associados, publicada no último domingo, Lula descartou a possibilidade de concorrer ao Palácio do Planalto em 2010, classificando-a de “coisa obscena para a sustentabilidade da democracia”.
Se as eleições fossem hoje, Lula bateria o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), por 58,2% a 41,2%, considerando-se só os votos válidos. Os percentuais são próximos aos registrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2002, quando os dois conquistaram, respectivamente, 61,3% e 38,7%. Sem Lula no páreo, Serra lidera em todos os outros cenários e aparece como imbatível em qualquer simulação de segundo turno. Outro dado festejado por aliados refere-se à aprovação ao governo, que atingiu novo recorde em abril, quando 57,5% consideraram positiva a atuação da equipe comandada pelo presidente.
PAC
Em fevereiro deste ano, a marca era de 52,7%. Em janeiro de 2003, no início do primeiro mandato de Lula, era de 56,6%. “O crescimento econômico e principalmente o aumento da renda são os principais fatores da avaliação positiva”, afirmou o presidente da CNT, Clésio Andrade. Ele também mencionou como trunfos de Lula os programas sociais, o discurso facilmente assimilado pela população e a divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas viagens Brasil afora. “A sigla pegou. O governo investe muito pouco em infra-estrutura perto da necessidade do país, mas a sigla dá a sensação de eficiência do governo e de que o programa está por trás do crescimento”, acrescentou Andrade.
A avaliação pessoal do presidente também subiu na comparação com fevereiro, de 66,8% para 69,3%. O percentual só fica abaixo dos níveis registrados em 2003. De todas as variáveis analisadas na pesquisa, Guedes chamou a atenção para a renda mensal. Para 37,8% dos entrevistados, a renda aumentou nos últimos seis meses, ante 29,5% em fevereiro. Ou seja, houve alta de 8,3 pontos percentuais. Na outra ponta, 21,1% disseram que a renda diminuiu, 4,9 pontos a menos do que no levantamento anterior. A mesma trajetória foi verificada no caso do mercado de trabalho, só que com menor intensidade.
Em abril, 48,2% afirmaram que o emprego cresceu nos últimos seis meses, e 21,3% manifestaram opinião em sentido contrário. Dois meses antes, os percentuais eram de, respectivamente, 45,4% e 25,1%.
Veja a íntegra da pesquisa e comentários no Blog do Krieger
Dilma ganha fôlego
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é o nome do PT mais bem colocado na disputa pela Presidência da República segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem. Apelidada de “mãe do PAC” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma apresenta uma trajetória ascendente dentro da margem de erro do levantamento, de três pontos para mais ou para menos, mas ainda não atingiu a casa dos dois dígitos. Nas consultas estimuladas, nas quais os nomes dos candidatos são informados aos entrevistados, a ministra figura na quarta colocação. A ministra está em viagem aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente norte-americano George Bush e discutiu a liberalização do comércio mundial.
No primeiro quadro, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), lidera com 36,4%. Em seguida, aparecem o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), com 16,9%, a ex-senadora Heloísa Helena (PSol-AL), com 11,7%, e Dilma, com 6,2%. Na comparação com fevereiro, os três primeiros colocados caíram, respectivamente, 1,8, 1,6 e 0,5 ponto percentual. Já a ministra subiu 1,7. “A Dilma está na margem de erro, mas é claro que a visibilidade dela está pesando”, disse o presidente da Confederação Nacional do Transporte, Clésio Andrade. Quando o concorrente do PSDB é o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, Ciro Gomes passa a comandar o páreo.
Credenciais
O deputado federal fica com 23,5%, contra 17,5% de Heloísa Helena, 16,4% de Aécio e 7% de Dilma. A ministra cresceu 1,6 ponto percentual em relação a fevereiro. Já seus adversários perderam, respectivamente, 2,3, 1,6 e 0,2 ponto percentual. “Entre ser uma figura extraordinária para gerenciar e ser candidata à Presidência é uma outra conversa, porque aí entra um ingrediente chamado política, que exige outras credenciais”, declarou Lula, sobre a auxiliar, em entrevista publicada pelos Diários Associados no domingo passado.
Aventada pelo presidente em conversas reservadas, a candidatura de Dilma depende de uma série de fatores. Entre eles, estão o apoio do próprio PT e de partidos aliados e a necessidade de a ministra ganhar mais jogo de cintura político e se tornar mais conhecida. Na consulta espontânea feita por CNT/Sensus, na qual nomes não são apresentados aos entrevistados, Dilma obteve apenas 0,8% das intenções de voto. Ficou atrás de Lula (29,4%), Serra (5%), Aécio (2,9%), Geraldo Alckmin (2,4%), Heloísa Helena (1,7%) e Ciro Gomes (1,5%).
Outro petista considerado pré-candidato à Presidência, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, registrou desempenho ainda pior, de 0,3 ponto percentual. A titular do Turismo, Marta Suplicy, sequer consta de uma lista com 33 nomes. Se as eleições fossem hoje, Patrus, que comanda o Bolsa-Família, conquistaria no primeiro turno 3,8% dos votos, contra 34,2% de Serra, 17,8% de Ciro Gomes e 14,1% de Heloísa Helena.