O governo anunciou ontem um plano, restrito a crédito ao segmento, para estimular o plantio do cereal na próxima safra. A meta é elevar em até 25% a produção nacional da próxima safra (2008/09), que começa oficialmente em julho.
No ciclo atual (2007/08), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima um total de 3,82 milhões de toneladas do cereal. Até lá, o governo aposta que os preços, que saíram de R$ 490 para R$ 780 por tonelada nos últimos 12 meses, devem recuar.
As medidas incluem a criação de uma linha de crédito especial de R$ 1,2 bilhão para financiar o carregamento da próxima safra. Assim, as indústrias teriam até 180 dias de prazo para pagar suas compras a juros subsidiados de 6,75% ao ano. "Mas quem renegociar as dívidas não vai pegar esse dinheiro novo", reclama o presidente da federação das cooperativas gaúchas (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto.
O plano também prevê a ampliação do limite individual de crédito, de R$ 300 mil para R$ 400 mil, e o reajuste dos preços mínimos - de R$ 24 para R$ 28,80 por saca, na região Sul, e para R$ 32,40 nas demais regiões. O ministro afirmou que será possível contratar Empréstimos do Governo Federal (EGF) ao longo de todo o ano, e não mais apenas no período de safra. Há, ainda, a promessa de subvenção de até 60% dos prêmios pagos pelo produtores nas apólices de seguro rural.
O governo já havia isentado a importação de até 1 milhão de toneladas dos 10% de Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC). Mas os estoques mundiais continuam baixos para os padrões históricos. E o consumo aumentou fortemente nos últimos meses. "Estamos comendo estoques", disse o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes..
A Conab prevê estoque final de 221,4 mil toneladas no fim do atual ano-safra do trigo, em julho. Na safra anterior, foi ainda pior: 143,4 mil toneladas. O Brasil consome 10,25 milhões de toneladas e produz 3,82 milhões. Por isso, teve que importar, sobretudo da Argentina, 6,52 milhões.
No primeiro trimestre deste ano, o Brasil pagou 65% a mais pela tonelada de trigo comprada no exterior. Nesse período, foram gastos US$ 769 milhões com importações de 2,53 milhões de toneladas de trigo. "Não é novidade que temos problema no trigo. A política vinha desestimulando a produção e o quadro mundial mudou rápido, com os preços dobrando aqui no Brasil e triplicando nos Estados Unidos", analisou Stephanes.
