quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ciro disputa em 2010, se for para "servir o país


O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse ontem, durante a sabatina da "Folha de S.Paulo", que poderá concorrer à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010 se entender que "é uma candidatura que servirá ao país. (...) Se for o meu destino, será uma honra". Segundo o deputado, ainda é cedo para discutir o assunto pois o presidente Lula "mal inteirou um ano e três meses do seu mandato".

Durante a sabatina, o parlamentar adotou um tom ameno e descontraído ao responder às perguntas. Ele agradeceu o fato de não ter sido eleito em 2002 e disse que aprendeu com seus erros. Porém, ressaltou que não mudou o comportamento para "paz e amor", pois quer continuar sendo uma pessoa capaz de se indignar.

"Eu não mudei de comportamento. Eu falei à vontade, falei o que penso. O que eu sou é a mesma pessoa com 50 anos e menos cabelo. Se você fica mais velho, comete erros e aprende com eles. Apenas nenhum deles foi de má-fé. Eu não quero jamais ser uma pessoa que não tenha a capacidade de se indignar. Às vezes eu exagerei, mas nunca foi de má fé."

Ciro disse que deveria ter evitado a discussão que teve em fevereiro com a atriz Leticia Sabatella no plenário do Senado sobre a manutenção das obras de transposição do rio São Francisco. Na ocasião, Ciro disse à atriz: "Eu, ao meu jeito, escolhi a opção de meter a mão na massa, às vezes suja de cocô, às vezes. Mas minha cabeça, não, meu compromisso, não".

Ao ser questionado pelo repórter Kennedy Alencar se esta frase não seria um destempero pouco compatível com um político que tem possibilidade de se candidatar à Presidência da República, Ciro admitiu que deveria ter evitado o debate. "É evidente que deveria ter evitado (a discussão), mas passamos mais de sete horas debatendo", afirmou.

O deputado falou ainda sobre o terceiro mandato. "Esse pseudo fato (terceiro mandato) prejudica o país. O Lula já disse que não quer e no Senado (o governo) não tem nem maioria simples (para aprovar a proposta). Não quero nem comentar uma coisa que não faz bem para o país", afirmou.

Sobre o dossiê com informações sobre as despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua equipe, Ciro seguiu o discurso de integrantes do governo Lula e disse que crime é vazar informações sigilosas, e não a confecção de dossiê.

"Consta que quem vazou o dossiê à revista ´Veja´ foi o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Vazar é crime. Não sou eu que diz, é a lei. Ele nega (o vazamento). Pode negar. Tem muitas evidências (contra ele)." Para Ciro, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) não tem nenhuma responsabilidade com o dossiê. "Conheço a Dilma. Sei da sua seriedade, da sua compostura, da sua ética. Sei que ela está dedicada 24 horas por dia a servir ao país."

Ciro disse que seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB) deve explicações à população e à imprensa sobre a carona que deu para a sogra num jatinho que foi para a Europa em viagem oficial. "Acho francamente que governador do Estado do Ceará deve se explicar. Deve chamar imprensa e se explicar. Ele deve uma explicação", disse Ciro.

Depois, o deputado pediu para não falar mais sobre o assunto. "Se me permitirem, peço permissão para não comentar assunto. Sou irmão dele."


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