A oposição começa, hoje, a redefinir a linha de atuação contra o governo Lula, já de olho em 2010. Para a reformulação entram em cena caciques de peso do PSDB e do DEM. A reunião de cúpula, que ocorre em São Paulo, será comandada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e pelo ex-presidente do DEM e ex-senador Jorge Bornhausen (SC). Por lá, devem ser traçadas novas linhas de ataques ao Palácio do Planalto e costurados caminhos para a sucessão presidencial e para a conquista da prefeitura paulistana em outubro.
O primeiro item a ser discutido vai ser a elaboração de uma estratégia de atuação para os dois partidos no Congresso. Em conversas reservadas, líderes tucanos e democratas demonstram desconforto e reconhecem que está sem rumo para atuar no Legislativo. Depois da derrota na CPMF, a base governista foi enquadrada. Até mesmo no Senado, onde as forças são mais equilibradas, começa a dar folga para o Planalto nas votações.
Agenda positiva
Uma das propostas que devem surgir para incomodar o governo é a oposição deixar de lado a obstrução e lançar mão de uma espécie de agenda positiva. Isto mesmo. A idéia é listar matérias a favor da população – e não do governo – que de certa forma acabam evitadas pelos governistas. Na semana passada, os senadores colocaram esta tática em prática. Depois de votar três medidas provisórias a toque de caixa, os oposicionistas surpreenderam o governo aprovando matérias com impactos diretos nas contas do governo, garantindo R$ 23 bilhões a mais para saúde, acabando com o fator previdenciário e repassando o reajuste do salário-mínimo para os aposentados e pensionistas.
É a construção do jogo político inteligente – afirma o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), que tem reclamado com seus pares do termômetro dos últimos embates no Senado, que são pouco construtivos para o país.
Outro ponto da reunião é a a força política de Lula neste ano de eleições. Em fevereiro, na Pesquisa CNT/Sensus, a avaliação do governo Lula foi a maior desde 2003. O índice daqueles que consideram o governo ótimo e bom subiu de 46,5% para 52,7% Em março, a pesquisa Datafolha apontou que a aprovação de Lula é de 55%. Os números deixam os oposicionistas em alerta, que começam a levantar falhas no governo para serem atacadas publicamente.
Como esse governo não investiu em infra-estrutura nem realizou as reformas institucionais necessárias, acreditamos que a situação do país será bem ruim – dispara o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).
A corrida pela prefeitura paulista – com um aliança entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) ou o lançamento de candidaturas próprias – não deve escapar do encontro da cúpula. O ex-governador Alckmin, que tenta convencer o diretório municipal do PSDB em São Paulo a lançá-lo como candidato a prefeito paulistano, enfrenta manifestações de tucanos célebres em favor da reeleição de Kassab, mas recebe, em contrapartida, o apoio de diretórios zonais do partido, que organizam eventos pela cidade para pedir pressa na definição de chapa única tucana.
Entre os parlamentares tucanos, o entendimento é a favor da candidatura de Alckmin, mas a definição depende da liberação do grupo ligado ao governador José Serra.
Temos de resolver isso. Não há dúvida de que a aliança com o DEM é o caminho para a gente ganhar em São Paulo. E o PSDB vai resolver isso logo porque os tucanos correm o risco de serem prejudicados em uma eleição, na qual somos favoritos, pelo atraso de uma definição – declarou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que conversa diariamente sobre a disputa com Serra e representantes do diretório municipal do PSDB. ( Os Amigos do Presidente Lula)