quinta-feira, 24 de abril de 2008

Iminência de acordo entre PMDB e DEM pressiona por saída de Alckmin


A iminente aliança entre o PMDB e o DEM, que deverá ser anunciada hoje, levou ontem a um último esforço dos aliados do governador paulista, José Serra (PSDB), para fazer com que o ex-governador tucano Geraldo Alckmin desista da candidatura à Prefeitura de São Paulo e apóie a reeleição de Gilberto Kassab (DEM). Pela primeira vez, diante da ameaça de isolamento político, o grupo alckmista deu mostras de que poderá ceder à pressão. Um dos articuladores do ex-governador afirmou que a hipótese de não disputar este ano, em troca de concorrer a outro cargo em 2010, já é vista como "muito mais confortável".

Por esta razão, os aliados de Serra no PSDB e o próprio Kassab resistem em aceitar a presença do PMDB na chapa majoritária. "Isto fecha a possibilidade de um acordo e quebra definitivamente a aliança entre PSDB e DEM", disse um serrista no PSDB. A pedido de Kassab, o ex-governador Orestes Quércia adiou de ontem para hoje a reunião do diretório estadual paulista do PMDB, o qual preside, em que seria anunciada a aliança.

Pouco antes de Quércia adiar a reunião, Kassab havia feito um apelo para uma aliança que unisse os três partidos. "Todo meu esforço continua sendo no sentido de buscar, com energia, a manutenção da nossa aliança com o PSDB. Agora, de uma maneira bastante otimista, porque está se incorporando a esta aliança o PMDB", disse o prefeito, após encontro com vereadores.

Depois de cancelar a reunião, Quércia divulgou uma nota em que demonstra que pretende insistir na presença do PMDB na chapa majoritária. "Na eventual composição DEM/PSDB, se ficar acordado que caberá ao PMDB apresentar o nome do candidato a vice-prefeito na chapa de Kassab, será indicado o nome de Alda Marco Antonio", escreveu, referindo-se à engenheira que foi sua secretária estadual do Menor em sua gestão como governador.

A aliança PMDB/DEM, que contraria a tendência pemedebista de buscar um alinhamento com o PT, desagradou os dirigentes nacionais pemedebistas. Em conversas isoladas, pemedebistas estranhavam a opção de Quércia pelo que consideram "aliança para perder". A avaliação era que Quércia não teria recebido do PT garantias de apoio à sua candidatura ao Senado em 2010, em troca de apoio à ministra do Turismo, Marta Suplicy, para prefeita. Para pemedebistas, o adiamento pode ter sido provocado pelo empenho de Kassab de buscar um acordo com o PSDB.

Apesar de articuladores de Alckmin sinalizarem com a possibilidade de desistência sob reserva, de forma pública o ex-governador ainda demonstra inflexibilidade. Um de seus aliados, o deputado Silvio Torres, divulgou uma nota em que afirmava que diante da aliança entre Kassab e o PMDB, a candidatura de Alckmin era irreversível. "O anúncio desta aliança é uma demonstração de que não há possibilidade de negociação entre o DEM e o PSDB fora do segundo turno. Trata-se de um tema vencido. Não há cogitação de Alckmin se retirar", disse, acrescentando que o diretório municipal da sigla irá oficializar a candidatura própria "ainda este mês". Por correio eletrônico, o presidente do Diretório, José Henrique Lobo, ligado a Serra, afirmou que "não há nada agendado até este momento".

Os aliados de Alckmin acreditam que o vice-governador Alberto Goldman, e o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira Filho, ambos tucanos e ex-aliados diretos de Quércia até o início dos anos 90, foram os principais artífices da aliança. Neste sentido, o acordo teria envolvido o apoio a sua candidatura ao Senado em 2010 e o apoio a prefeitos ligados a ele no interior paulista.

A iminente aliança irritou o PT, que ofereceu a vice na chapa e a vaga ao Senado em 2010. Quércia e o presidente estadual do PT, Edinho Silva, prefeito de Araraquara, conversaram na noite de terça sobre a aliança na capital, mas no mesmo dia, o ex-governador sinalizou que apoiaria Kassab. Ontem pela manhã o pemedebista e o petista conversaram novamente e segundo relato de Edinho, Quércia ainda falava em acordo. "Ele ainda não confirmou nenhuma posição", disse ontem o dirigente petista. "Não vamos mudar nosso método de negociação, como o DEM e o PSDB mudaram", disse.

Edinho reuniu-se no feriado de Tiradentes com o senador Aloizio Mercadante (PT) para discutir o apoio do PT à candidatura de Quércia ao Senado em 2010. "Havia muita especulação se Mercadante concordaria com isso e ele foi muito claro ao dizer que é homem de partido", relatou o dirigente petista. O presidente do PT estadual disse ainda que em pelo menos 23 cidades de São Paulo o PMDB será cabeça de chapa e o PT será vice, na disputa eleitoral.

As mesmas ofertas teriam sido feitas pelo DEM ao PMDB: a vice na prefeitura e o Senado, em dois anos. A candidatura petista, com a ministra Marta Suplicy, seria mais atrativa ao PMDB, por ter maiores chances de vitória. Mas Kassab tem um diferencial: a retirada de um concorrente direto, o secretário estadual do Trabalho, Guilherme Afif Domingos (DEM).

Na avaliação dos petistas, a negociação com Quércia feita por interlocutores do PSDB passaria também por participar de uma composição da chapa de Serra à Presidência, em 2010. "Uma aliança entre os três partidos obviamente terá reflexo na sucessão presidencial. Alinha o PMDB com outro projeto de país e seria uma forma de Serra colocar esta eleição em outro patamar", disse Edinho Silva.

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