terça-feira, 5 de setembro de 2006

Alckmin tem de tomar votos de Lula


Está chegando a hora da verdade para Geraldo Alckmin. Ele tem dez dias, no máximo, para derrubar significativamente a diferença que o separa de Lula. Caso contrário, o clima de que as eleições serão decididas já no primeiro turno se cristalizará de forma irreversível, tornando-se impossível para o tucano qualquer recuperação na reta final. Esta é avaliação de praticamente todos os políticos e marqueteiros com quem conversei nos últimos dias.

Os números variam um pouco de instituto para instituto, mas todos registram uma larga dianteira para Lula, algo entre 20% a 25% das intenções de voto. Para dar novo alento à campanha nos quinze dias finais, afastando a idéia de que o jogo estará jogado já no dia 1º de outubro, Alckmin precisaria encurtar logo a vantagem de Lula para, no máximo, 15 pontos. Nessa empreitada, dificilmente Heloísa Helena será de algum auxílio. Está claro que a candidata do Psol está na maré vazante. Se mantiver sua atual cesta de votos (9%), já estará dando uma boa contribuição à causa do segundo turno.

Ou seja, a tarefa é de Alckmin e de mais ninguém. Só haverá segundo turno se o tucano tomar nos próximos dias uma fatia expressiva dos votos de Lula, algo em torno de quatro ou cinco pontos. Dessa forma, atingiria o patamar dos 30% e traria simultaneamente o petista para uma marca inferior a 45%. Não é uma tarefa impossível – na vida, nada é impossível –, mas fácil não é. Antes de mais nada, porque as pesquisas mostram que o eleitorado de Lula está razoavelmente consolidado. No último Vox Populi, por exemplo, o presidente tem 43% de votos espontâneos. E, em princípio, esses votos não mudam de candidato.

A esperança de tucanos e pefelistas é de que a campanha de ataques contra Lula na propaganda no rádio e na TV faça o presidente voltar a sangrar. Mas, no momento, é só esperança. A verdade é que ninguém tem certeza sobre a eficácia da tática do “bate doutor”, até porque o eleitorado de Lula tende a estar vacinado contra ela e não há garantias de que o sangue eventualmente perdido por Lula vá para Alckmin, proporcionando à sua campanha a transfusão que ela necessita.

No Palácio do Planalto, depois de uma semana do início dos ataques de Alckmin, o clima é de tranqüilidade. “Nosso eleitor não foi afetado pelos ataques. Lula continua no mesmo patamar em que estava antes. Tudo está caminhando para uma decisão no primeiro turno”, disse-me ontem um dos principais assessores do presidente, valendo-se dos números de pesquisas internas da campanha.

Para que se tenha uma idéia das dificuldades no caminho de Alckmin, tomemos duas pesquisas do Ibope realizadas nos últimos dias nos Estados mais favoráveis para o tucano. No Rio Grande do Sul, Alckmin mostrou alguma recuperação, mas não tem muito o quê comemorar. Cresceu cinco pontos (de 29% para 34%), mas praticamente às expensas de Heloísa Helena, que caiu de 16% para 12%. Lula, em contrapartida, subiu dois pontos. Ou seja, o segundo turno não ficou mais perto do que estava antes.

Outra pesquisa, agora em São Paulo, registrou crescimento de Alckmin, que subiu quatro pontos, enquanto Lula perdeu dois. Como São Paulo reúne 22% do eleitorado do País, esse crescimento de Alckmin no Estado tem um impacto no quadro nacional inferior a um ponto. É bom, mas é pouco. São Paulo é importante, mas não decide. Para tomar quatro ou cinco pontos de Lula nos próximos dias, abrindo as portas para uma atropelada na reta final que levaria a decisão para o segundo turno, Alckmin precisa crescer em todo o País e fazer Lula sangrar em todas as regiões.

É uma corrida contra o tempo, e o tempo está passando.
Franklin Martins

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