quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Desemprego em queda livre

Joilson de Araújo veio do Piauí há 4 meses e conseguiu emprego com carteira assinada numa obra em Águas Claras. Em 2010, foram criadas 49 mil vagas e a taxa de trabalhadores sem ocupação caiu ao menor nível desde 1992. A nova realidade faz o vendedor de frutas Márcio Oliveira repensar a condição de autônomo.


O resultado de 2010 é o menor desde 1992. Em todo o ano passado, foram criados 49 mil postos, contra 41 mil em 2009. Indústria, construção civil e administração pública foram os setores que mais abriram vagas

Em 2010, o desemprego no Distrito Federal atingiu o menor índice desde 1992. Foi o sétimo ano seguido de queda. A taxa de trabalhadores sem oportunidade no mercado caiu de 14,5% para 12,9%. Entre novembro e dezembro do ano passado, esta redução também bateu recorde na série histórica e baixou de 13,2% para 12,9%. Com isso, o número de desempregados passou de 218 mil para 179 mil. Este resultado foi impulsionado pelas crescentes contratações da indústria, construção civil, administração pública e serviços. No total, foram criadas 49 mil vagas em 2010 — 8 mil a mais do que em 2009.

A pesquisa foi divulgada ontem pela Secretaria de Trabalho e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De acordo com o Secretário de Trabalho, Glauco Rojas, o estudo mostrou que o mercado está aquecido. “Há um dinamismo muito forte na economia local desde 2004. Claro que houve uma interrupção em 2009 por causa da crise, mas esse ciclo virtuoso está de volta, como revelou os dados.”

De acordo com o secretário, o boom imobiliário e o crescimento forte do setor de serviços têm ressaltado a dificuldade dos empresários em encontrar mão de obra especializada. “Nosso objetivo é investir nos cursos de qualificação, aproveitar toda a demanda por profissionais para direcionar a formação de acordo com as oportunidades de emprego.”

Em Águas Claras o gerente de contrato de um edifício em obras, Yale Guimarães, diz que faltam engenheiros, ajudantes de pedreiro e carpinteiros no mercado. “Estamos trabalhando com 20 pessoas a menos. Nosso interesse é contratar o quanto antes, mas não estamos achando quem preencha as vagas”.

Cícero da Silva, de 35 anos, veio de Caicó, no Rio Grande do Norte, há menos de um mês. Ao sair de lá, ele tinha emprego garantido para erguer mais um edifício na capital. “Meu irmão é eletricista e também trabalha em obra. Foi ele que me chamou. Toda a minha família acabou vindo até antes de mim. Eu era o último que resistia”, brinca.

A espera por um novo emprego, para quem não conta com uma indicação direta, como a de Cícero, também foi reduzida. Em dezembro o tempo médio de espera pela colocação profissional passou de 55 para 48 semanas.

Carteira assinada
Ao comparar os dados gerais, entre 2010 e 2009, o número de empregos com carteira assinada aumentou 9,5%. Foi o contrato formal que atraiu Joilson Ribeiro de Araújo, de 23 anos, para a cidade. Há quatro meses, ele começou a trabalhar na construção de um prédio, em Águas Claras. Vindo do Piauí para melhorar de vida, ele deixou os pais na cidade natal. “Aqui é melhor para arrumar emprego. Ainda que eu tenha vontade de voltar, eu não sei quando vai ser isso. Meus quatro irmãos já vieram para cá. De todos eles, só uma que não trabalha e é porque não quer”, completa.

Ao mesmo tempo que o trabalho formal aumentou, caiu o número de autônomos na cidade. No ano passado, foram 10 mil postos a menos nesse segmento. Márcio Oliveira, há cinco anos vendendo frutas no sinal, conta que também está prestes a abandonar a profissão. “Eu moro em Luziânia e venho para cá quase todos os dias. A minha vontade é de começar a estudar, em Goiás mesmo.”

Segundo a pesquisa do Dieese, também cresceu o número de trabalhadores assalariados, em 6%. O índice foi motivado principalmente pelo setor privado, que teve um crescimento de 6,5%, ao passo que o setor público contribuiu com um aumento de 4,9%. O economista Thiago Oliveira, do Dieese, explica que os mesmos resultados positivos foram notados pelo país. “Esse crescimento econômico iniciado em 2010, que deve ficar entre 7 e 7,5%, não ocorria desde a década de 1980 e beneficiou todo o país.”

Para as mulheres, entretanto, o resultado da pesquisa não foi tão positivo. A inserção delas no mercado continua muito aquém dos índices masculinos. Enquanto no último mês de 2010 o índice de desemprego dos homens era de 9,9%, 16,1% das mulheres estavam sem trabalho. Esse resultado vinha se repetindo desde agosto. O economista do Dieese completa: “Apesar de algumas terem conseguido conquistar seu espaço no mercado, muitas ainda encontram dificuldades por ter de exercer a maioria das tarefas domésticas.”

Estudo
A Pesquisa de Emprego e Desemprego no DF, divulgada pela Secretaria de Trabalho, já esteve sob comando da Codeplan. Conforme o Correio divulgou na última semana, a nova direção pretende retomar o controle da publicação. Uma reunião sobre o assunto deve ser feita até a próxima semana para resolver o assunto.Correio B

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