terça-feira, 1 de abril de 2008

Sondagem da FGV indica ritmo acelerado em março


Os indicadores de desempenho industrial indicam atividade acelerada no primeiro trimestre, em ritmo semelhante ao dos três últimos meses de 2007. A Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou aceleração no mês de março, após quatro meses de arrefecimento do ritmo. O Índice de Confiança da Indústria atingiu 121,4 pontos, alta de 5,8% em relação a fevereiro. Em comparação com março de 2007, a variação foi de 4,5%, superior aos 3,7% apurados em fevereiro.

A MB Associados projeta para o primeiro trimestre do ano expansão de 6,9% na produção industrial, em relação a igual intervalo de 2007. O resultado ficaria pouco abaixo do incremento registrado no quarto trimestre, de 7,9%. Para fevereiro, a consultoria projeta incremento de 9,8%. As estimativas levam em conta antecedentes como a venda de papel ondulado, que aumentou 3,84% em fevereiro e 2,92% no primeiro bimestre, conforme a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO). O consumo de energia elétrica aumentou 3,6% em fevereiro, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e a venda de veículos teve incremento de 33,73% em fevereiro e de 32,76% no ano, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Em São Paulo, Estado que representa em torno de 40% da produção industrial no país, o nível de atividade no setor de transformação subiu 1,5% em fevereiro, com ajuste sazonal, segundo levantamento do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Com isso, o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) atingiu 81,9%. "Os indicativos são de uma atividade aquecida e acompanhada do varejo, que deve encerrar o trimestre com um crescimento de 11,4%", apontou Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

A sondagem da FGV apontou elevação do Nuci das indústrias no país, de 84,7% em fevereiro para 85,2% em março. Para Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), o aquecimento da atividade em março reacende a "luz amarela", ao apontar para uma "insustentável" taxa de expansão da indústria de 6% no ano, se for mantido o ritmo atual. "A indústria passa por um repique. Mantido esse ritmo de atividade, é possível haver um descasamento entre oferta e demanda não tão pontual, e se faria necessária alguma medida para conter o consumo", afirmou Campelo.

Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores, ponderou que o índice dessazonalizado fica em 85,5% em março, permanecendo estável em relação a fevereiro. A média do trimestre também é de 85,5%, ante média de 86,1% no quarto trimestre de 2007. As causas, segundo a consultoria, seriam a maturação de investimentos em capacidade e moderação do ritmo de crescimento da atividade fabril. "Houve uma descompressão no trimestre, mesmo com a aceleração da atividade em março."

Para Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a sondagem da FGV mostra que as indústrias recuperaram o otimismo, sobretudo em relação à economia internacional. "Estamos no melhor momento da economia interna. Na média, ela está tão aquecida como no quarto trimestre. O que preocupa é a dosagem desse otimismo", afirmou. Para o economista, as indústrias ainda têm condições de elevar a produção sem risco de choque de demanda. (Com FolhaPress)

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