Os indicadores de desempenho industrial indicam atividade acelerada no primeiro trimestre, em ritmo semelhante ao dos três últimos meses de 2007. A Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou aceleração no mês de março, após quatro meses de arrefecimento do ritmo. O Índice de Confiança da Indústria atingiu 121,4 pontos, alta de 5,8% em relação a fevereiro. Em comparação com março de 2007, a variação foi de 4,5%, superior aos 3,7% apurados em fevereiro.
A MB Associados projeta para o primeiro trimestre do ano expansão de 6,9% na produção industrial, em relação a igual intervalo de 2007. O resultado ficaria pouco abaixo do incremento registrado no quarto trimestre, de 7,9%. Para fevereiro, a consultoria projeta incremento de 9,8%. As estimativas levam em conta antecedentes como a venda de papel ondulado, que aumentou 3,84% em fevereiro e 2,92% no primeiro bimestre, conforme a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO). O consumo de energia elétrica aumentou 3,6% em fevereiro, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e a venda de veículos teve incremento de 33,73% em fevereiro e de 32,76% no ano, de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Em São Paulo, Estado que representa em torno de 40% da produção industrial no país, o nível de atividade no setor de transformação subiu 1,5% em fevereiro, com ajuste sazonal, segundo levantamento do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Com isso, o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) atingiu 81,9%. "Os indicativos são de uma atividade aquecida e acompanhada do varejo, que deve encerrar o trimestre com um crescimento de 11,4%", apontou Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
A sondagem da FGV apontou elevação do Nuci das indústrias no país, de 84,7% em fevereiro para 85,2% em março. Para Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), o aquecimento da atividade em março reacende a "luz amarela", ao apontar para uma "insustentável" taxa de expansão da indústria de 6% no ano, se for mantido o ritmo atual. "A indústria passa por um repique. Mantido esse ritmo de atividade, é possível haver um descasamento entre oferta e demanda não tão pontual, e se faria necessária alguma medida para conter o consumo", afirmou Campelo.
Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores, ponderou que o índice dessazonalizado fica em 85,5% em março, permanecendo estável em relação a fevereiro. A média do trimestre também é de 85,5%, ante média de 86,1% no quarto trimestre de 2007. As causas, segundo a consultoria, seriam a maturação de investimentos em capacidade e moderação do ritmo de crescimento da atividade fabril. "Houve uma descompressão no trimestre, mesmo com a aceleração da atividade em março."
Para Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a sondagem da FGV mostra que as indústrias recuperaram o otimismo, sobretudo em relação à economia internacional. "Estamos no melhor momento da economia interna. Na média, ela está tão aquecida como no quarto trimestre. O que preocupa é a dosagem desse otimismo", afirmou. Para o economista, as indústrias ainda têm condições de elevar a produção sem risco de choque de demanda. (Com FolhaPress)