terça-feira, 16 de maio de 2006

Acusação contra Lula é política, diz procurador



Antonio Fernando de Souza afirma que presidente não tem envolvimento em compra de apoio no Congresso e desqualifica lista de contas no exterior


O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, garantiu ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem envolvimento com o esquema do mensalão e disse que quem acusa o chefe do Executivo "está fazendo uma leitura política". Souza também desqualificou a lista publicada pela Veja no fim de semana com nomes de autoridades como Lula, que teriam dinheiro no exterior.

Sobre o mensalão, o procurador-geral alertou que a solução política tem de ser tomada no Congresso ou nas eleições, e não no Ministério Público.

"Quando os parlamentares vão lá (na Procuradoria) eu digo que não vão ter solução política dentro do Ministério Público. Também não se pode querer resolver a questão política no STF (Supremo Tribunal Federal). Solução política é dentro do Congresso. Ou então na urna", afirmou. "A minha peça (denúncia no STF contra 40 acusados de envolvimento no mensalão) é técnica. Eu estou afirmando que fizeram tal coisa, e tal coisa é tida como crime."

O procurador afirmou que no inquérito do mensalão não há nada sobre o presidente da República. "São quilos de documentos e montanhas de depoimentos e não há nenhuma referência a ele", disse.

Indagado se Lula não poderia ser investigado por suspeitas de comandar o esquema ou até de ter sido omisso, respondeu: "Será que era ele mesmo?" Souza disse que algumas pessoas podem fazer ilações sobre a sua denúncia, mas observou que o seu trabalho não se refere a nenhum partido político como organização criminosa, mas, sim, a pessoas determinadas. Ele afirmou que em qualquer instituição há gente com desvio de conduta. "Evidente que quem está na luta política aproveita o que está dito para tirar essas conclusões", declarou o procurador-geral.

"Organização criminosa é um termo técnico. É composta de pessoas que estão nominadas. Não quer dizer que é uma organização que esteja penetrada por todo o Estado. Quem está investigando tem de ter pelo menos uma referência. Você não pode inventar", explicou. Ele informou que vai continuar a investigar o esquema do mensalão e que, em breve, pedirá novas diligências ao STF para apurar congressistas que ainda não foram denunciados.

Sobre a lista publicada pela revista Veja com as supostas contas de autoridades no exterior, o procurador-geral disse que já tem informações de que não há nada de ilegal em relação aos citados. "O Márcio (ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos) já me demonstrou que o dinheiro que ele tinha saiu regularmente do País e retornou regularmente. Quando a pessoa declara no Imposto Renda que tem recurso no exterior e se refere àquele recurso, o que eu posso fazer? Está regular. Essas coisas (listas) chegam aos montes. Mas eu não embarco em qualquer uma", concluiu.


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