sexta-feira, 23 de abril de 2010

Jarbas hesita apoiar Serra

Com a base aliada desarticulada e palanques eleitorais indefinidos em Estados importantes do Nordeste, como Pernambuco e Ceará, a coordenação da pré-campanha do tucano José Serra prepara uma agenda de viagens de uma semana para o presidenciável cumprir na região.

O roteiro não está pronto, mas a ideia é que Serra permaneça no Nordeste durante todo o período, viajando de carro pelo interior para conversar com a população, interagir com comunidades em geral esquecidas, visitar centros de ciência, tecnologia e pesquisa, conhecer experiências na geração de emprego e, enfim, tomar conhecimento das especificidades locais.

A opção por um estilo de campanha à moda antiga, baseada no contato pessoal, além das entrevistas em programas populares de rádio, é uma forma pensada pelos tucanos e aliados para aumentar as intenções de voto de Serra no Nordeste e reduzir a vantagem que a ex-ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, acredita-se, terá na região.

A coordenação da campanha de Serra avalia que as eleições presidenciais não têm vinculação direta com as eleições estaduais e que, no caso da escolha do presidente, a preferência do eleitor nem sempre segue a orientação dos caciques políticos locais. O corpo a corpo do pré-candidato tucano pelo interior do Nordeste, portanto, compensaria a falta de um candidato aliado a governador e eventuais dificuldades de alianças.

Um dos dilemas da campanha tucana no Nordeste consiste na indefinição do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) em relação a se lançar ou não candidato a governador de Pernambuco, Estado que já governou três vezes. Jarbas fixou o dia 30 de abril como data para anunciar sua decisão. Se o anúncio for pela candidatura, Serra deve estar presente. Até lá, ambos devem ter conversas com aliados.

O senador, um pemedebista dissidente - já que seu partido nacionalmente apoia Dilma - teve encontro com o ex-governador paulista e expôs as dificuldades de mobilizar a oposição ao governador Eduardo Campos (PSB).

Aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem altíssima popularidade no Estado, Campos disputa a reeleição. Prefeitos do PSDB estão declarando apoio ao governador, como já fizeram prefeitos do DEM, parceiro do PMDB na oposição, que conta também com o PPS.

Esse movimento de prefeitos abandonando o barco da oposição é uma dificuldade, mas não representa impedimento à candidatura de Jarbas nem uma ameaça a uma boa votação de Serra em Pernambuco, de acordo com tucanos envolvidos na campanha nacional. A avaliação é que os prefeitos das cidades do Nordeste são governistas. Mais à frente, podem mudar de barco, dependendo das pesquisas. E, mesmo que não mudem, muitas vezes não são seguidos pelos eleitores.

Em 1998, quando Jarbas venceu a eleição para o governo do Estado numa disputa contra Miguel Arraes, avô do atual governador, o pemedebista tinha apoio de pouco mais de 40 dos 184 prefeitos do Estado. O resto estava com Arraes, que acabou derrotado. Quando o próprio Eduardo Campos foi eleito, em 2006, ele tinha apoio de apenas 10% dos prefeitos.

A coordenação da pré-campanha tucana faz uma leitura positiva das pesquisas de intenção de voto para presidente. A última, do Ibope, mostra Serra à frente de Dilma sete pontos percentuais (ele com 36 e ela, 29%). De acordo com a interpretação dos tucanos, Dilma era desconhecida quando lançada por Lula, cresceu muito nesses dois anos à medida que foi sendo identificada como a candidata do presidente.

No entanto, há cerca de um mês e meio ela aparece praticamente estacionada. Serra, por sua vez, embora também esteja aparentemente estabilizado, mantém-se líder. Os tucanos avaliam que o cenário deve ser mantido e isso favorece Serra. Até porque, na época da eleição, boa parte dos votos de indecisos costuma migrar para o favorito.

No Nordeste, a expectativa é que Serra tenha bem mais do que os 23% dos votos na região que Geraldo Alckmin (PSDB) obteve em 2006, contra Lula. O candidato agora não é Lula - que então disputava a reeleição e os candidatos nos Estados queriam apoiar e pedir votos para ele, com a intenção de se beneficiar com a votação do petista. Dilma não tem esse poder de puxar votos.

No Nordeste, os Estados em que Serra deve ter pior resultado, de acordo com o quadro desenhado pela campanha, é Bahia e Maranhão. A situação do Ceará é ruim, mas depende da posição do deputado Ciro Gomes (PSB), cuja pré-candidatura a presidente pode estar com os dias contados.

Os candidatos aliados de Serra têm chance de vencer as eleições em Sergipe, Alagoas e Rio Grande do Norte - o que deve levar a um melhor desempenho do presidenciável tucano. A situação no Piauí deve ser de empate. Em Pernambuco, a previsão é que Serra tenha de 35% a 40% dos votos, o que pode se repetir na Paraíba.

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