As vendas do comércio varejista cresceram 12% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o maior aumento da série histórica da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada no primeiro trimestre de 2001. A elevação das vendas no varejo vem ocorrendo há 18 trimestres consecutivos, desde o quarto período de 2003. A segunda maior expansão nesse tipo de comparação foi a do segundo trimestre de 2004: 11,3%.
O coordenador de serviços e comércio do IBGE, Nilo Lopes de Macedo, citou “crédito farto e os aumentos do emprego e da renda” como razões para explicar o estouro nas vendas. “Houve um incentivo muito grande de empréstimos para as classes C e D, que aumentaram seu poder de compra nos últimos tempos”, comentou o consultor e coordenador de Varejo do Comitê de Marcas Próprias da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marco Quintarelli.
Todos os setores abrangidos pela pesquisa cresceram no trimestre. Um dos destaques, pelo peso, foi o de hiper e supermercados, alimentos, bebidas e fumo, com 8,9%. Em março, o aumento das vendas varejistas foi de 1,8% em relação a fevereiro e de 11,4% ante março de 2007. Nos 12 meses até março, a elevação é de 10,2%. Incluindo os setores de veículos e motos (com autopeças) e de material de construção, em que as vendas de varejo se misturam com as de atacado, o aumento atinge 14,8% no primeiro trimestre, e 14,3% no acumulado de 12 meses.
Fora da curva
Com esses dois setores constituindo o comércio varejista ampliado, as vendas de março subiram 1,4% em relação a fevereiro e 12,2% na comparação com março de 2007. Nesse caso, o setor de automóveis se destaca com 21,4% de alta no trimestre e 14,6% em relação a março, mas apenas 0,2% de variação em relação a fevereiro. De acordo com o diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), Emerson Kapaz, os resultados confirmam a análise do IDV de que a queda de 1,5% em fevereiro em relação ao mês anterior foi “um ponto fora da curva”.
Ele destaca que janeiro registrou aumento muito grande devido às promoções de início do ano. “O varejo está batendo recorde sobre recorde”, afirmou Kapaz, que vê tendência à continuidade do crescimento, assim como Quintarelli. Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) interpreta que os dados de comércio em março “não sancionam o diagnóstico de forte aceleração do consumo interno nos primeiros meses de 2008, algo que parecia ser confirmado a partir dos resultados dos meses de janeiro e fevereiro”. Colocando o foco no indicador de mês em comparação com o mesmo mês do ano passado, o Iedi conclui que houve uma redução de ritmo de expansão, “Em março houve uma desaceleração nas vendas do comércio varejista ampliado, já que a taxa de crescimento foi de 12,1%, frente aos percentuais de 14,5% observado em janeiro e 18,5% em fevereiro”, diz o texto Análise Iedi
