sexta-feira, 23 de maio de 2008

Marinho tem apoio de Lula para disputar


Enquanto Marta Suplicy adia o anúncio de sua saída do Turismo, o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, já marcou até data para deixar o cargo: 4 de junho, um dia antes do final do prazo de desincompatibilização de ministros candidatos a prefeito na eleição de 5 de outubro. "Eu sou candidato", disse ontem Marinho ao Valor. Ele tem reunião marcada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira da próxima semana, quando deve ser definido o nome de seu substituto.

Marinho está trocando um ministério gigantesco, com 44,5 mil trabalhadores, sendo 39,5 mil só no INSS - 5 mil são peritos médicos - e o quarto orçamento da República, no valor de R$ 209 bilhões, por uma disputa eleitoral no município considerado o berço do PT - São Bernardo do Campo, em São Paulo. Apesar de toda a simbologia, São Bernardo esteve por muito pouco tempo nas mãos do PT, quando o advogado Maurício Soares foi eleito, em 1988, prefeito da cidade.

Maurício logo deixou o PT, mas continuou a dominar a política local. O PT teve participações eleitorais pífias, inclusive com o atual deputado Vicente Paula da Silva, o Vicentinho, um ex-presidente da CUT a exemplo de Marinho e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marinho vai concorrer por uma ampla coligação que pode alcançar uma dezena de partido, entre eles, o que é uma surpresa, o PSB.

O atual prefeito da cidade, William Dib, é do PSB, partido que integra a base de sustentação política de Lula. Mas em São Bernardo está mais próximo dos tucanos. Maurício quer ser novamente candidato e é considerado um nome forte - já foi eleito três vezes para o cargo. Acontece que Dib quer que ele seja vice na chapa do candidato do PSDB, o que abriu as portas para um entendimento com o PT. Ele foi advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. O presidente do PSB, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, estimula e apóia a negociação.

Lula aprovou a gestão de Marinho na Previdência Social e deve ser um de seus mais fortes cabos-eleitorais na eleição de São Bernardo, onde o presidente diz que continuará morando. O presidente costuma dizer que toda vez que lia uma notícia ruim sobre a Previdência, era como se levasse "um tapa na cara". Em conversa recente com Marinho, comemorou o fato de há mais de um ano não levar mais nenhum "tapa na cara". Quando sair, no dia 4, Marinho terá ficado 14 meses no ministério.

Tido como um "irmão mais novo" do presidente, Marinho usou o que pôde da proximidade com Lula para conseguir coisas para o ministério. Acertava verbas com Lula e depois ligava diretamente para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Se o processo travava num escalão inferior, também telefonava diretamente, numa subversão dos procedimentos burocrático.

Um dos êxitos de Marinho foi reduzir o agendamento falso, o que engrossava a fila do INSS. A Previdência passou a confirmar os agendamentos, telefonando 72 horas antes para o segurado: 50% deles não foram localizados. A grande maioria era de "cambista" que fazia centenas de agendamentos para depois vender o lugar na fila. Os procedimentos para esses agendamentos foram reforçados

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