“Precisamos apresentar uma alternativa com propostas diferentes das do governo atual”, conforma-se o tucano Gustavo Fruet
No depoimento da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ontem ao Senado, a oposição deu sinais de que tenta achar caminhos mais eficazes na disputa com o governo. Isso ficou claro quando tucanos e democratas preferiram discutir o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em vez do dossiê sobre as despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Durante as nove horas em que ficou sentada na Comissão de Infra-Estrutura da Casa, a maioria das respostas da ministra foi sobre o PAC. E não sobre o dossiê, que era o principal alvo da oposição até o mês passado.
O PSDB demonstrou que está disposto a mudar de rumo, preferindo agora discutir a execução dos programas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mudança se deve à constatação da cúpula tucana de que as refregas retóricas não têm atraído eleitores, nem aberto caminho para o partido retornar ao Palácio do Planalto em 2010.
Fernando Henrique é o principal defensor da tese de que a oposição só se tornará viável para a sucessão de Lula ao deixar de lado a rixa com o Palácio do Planalto. “Ele está preocupado com essa situação (de supostas irregularidades no governo), mas acha que não podemos nos limitar a isso. Precisamos apresentar uma alternativa com propostas diferentes das do governo atual”, diz o deputado tucano Gustavo Fruet (PR).
Gastos
O PSDB avalia que a alta popularidade de Lula engessa qualquer iniciativa de tentar desqualificar o governo, não tem eco entre os eleitores nem sensibiliza defensores descontentes com o petista. O presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), acredita que o debate sobre os gastos com os cartões corporativos “diminui o Congresso e não contribui para as duas principais forças políticas do Brasil (PSDB e PT)”. “Essa discussão é deplorável. Precisamos impor uma nova agenda de debate porque bater do jeito que vínhamos batendo no governo não dá voto”, disse o presidente tucano.
Sérgio Guerra incumbiu o Instituto Teotônio Vilela, fórum de discussão de políticas públicas do partido, de elaborar propostas em áreas consideradas críticas para a administração pública, entre elas energia e telefonia. No depoimento de ontem, Sérgio Guerra buscou discutir o PAC e as obras destinadas ao seu estado. Fez questão de declarar que acha ridícula a discussão no Congresso sobre os cartões corporativos. O senador tucano não foi exceção, mas regra na oposição. O papel de ataque a Dilma Rousseff limitou-se apenas aos líderes José Agripino (DEM-RN) e Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Colar Devolvido
Apoiada pela base do governo no depoimento de ontem, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi bajulada pelo senador Wellington Salgado (PMDB-MG). O peemedebista tentou dar um colar de ouro com um pingente na forma do mapa do Brasil de presente para ela. “A senhora é a mãe do PAC e esse presente é para marcar o próximo Dia das Mães”, brincou, em referência a este domingo, marcado para comemorar o Dia Das Mães. O colar, porém, não chegou às mãos de Dilma. Foi devolvido por Ideli Salvatti (PT-SC). O Heráclito Fortes (DEM-PI) ironizou e disse que ela não poderia receber um presente acima de R$ 100. Salgado disse que pagou R$ 2 mil no colar. Constrangido, o senador não revelou o que fez com a jóia, mas cogita dar o presente para Ideli.