quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ex-assessor fez depósito para a mulher de Paulinho


A Polícia Federal encontrou em buscas na casa de João Pedro de Moura um comprovante de depósito de R$ 37,5 mil para uma entidade de assistência social presidida por Elza de Fátima Costa Pereira, mulher do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força. Moura trabalhou como assessor do parlamentar e foi preso durante a Operação Santa Tereza. Ele é suspeito de integrar um esquema de desvios de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A PF vai pedir a quebra de sigilo bancário da instituição para saber se o dinheiro tem relação com as irregularidades.

Durante a investigação, iniciada em dezembro do ano passado, a PF suspeitava que o esquema também poderia envolver organizações não-governamentais (ONGs). Escutas telefônicas feitas com autorização judicial mostram os principais suspeitos assustados com notícias da imprensa denunciando supostas fraudes com recursos públicos envolvendo ONGs e entidades sindicais. “Destaca-se que João Pedro ‘sempre fica muito preocupado’. Demonstrando, no mínimo, que sabe a verdade sobre as referidas notícias. Portanto, este poderá esclarecer, no futuro, sobre tais denúncias”, diz o relatório da PF, analisando uma conversa entre Moura e um empresário, no dia 12 de março.

O depósito bancário de Moura foi em favor do Centro de Atendimento Biopsicossocial Meu Guri, presidido por Elza Pereira, e onde o ex-assessor do deputado figura como suplente do conselho fiscal. Além disso, a PF encontrou outros indícios envolvendo entidades assistenciais, mas só vai fazer os cruzamentos com os desvios do BNDES após receber os sigilos bancários dos envolvidos. Um cheque, de R$ 84 mil, teria sido destinado por um dos empresários presos na Operação Santa Tereza a outra insituição. A transação ocorreu pouco depois das 12h do dia 1º de abril deste ano.

Transações
O advogado Antonio Rosella, que defende Paulinho, afirmou que há cerca de cinco anos Moura doou um apartamento para o Centro Meu Guri. Como a instituição não regularizou a situação do imóvel, houve um acumulo de dívidas, em torno de R$ 30 mil. “Ele (Moura) resolveu reverter a doação, dando o dinheiro e retomando o apartamento”, explicou Rosella, ressaltando que as transações foram documentadas.

Na instituição, funcionários afirmaram que Elza não estava no local, mas seria contatada e daria retorno, o que não aconteceu até o fechamento desta edição. O advogado de Moura, Frederico Crissiúma de Figueiredo, disse que seu cliente vai esclarecer todos os fatos na audiência que terá na Justiça Federal, no dia 26. “Como ele não falou na Polícia Federal, é uma questão de respeito até com o Judiciário ele se pronunciar agora”, justificou Figueiredo.

As suspeitas dos investigadores aumentaram pelo fato de haver gravações feitas sete horas antes de a operação ser desencadeada, em 24 de abril. Depois de receber uma informação de que haveria uma ação da polícia, o coronel aposentado Wilson de Barros Consani Júnior, também suspeito de integrar o esquema, tentou avisar alguns dos possíveis alvos. Entre eles, estava Paulinho da Força. Na ocasião, ele chegou a falar, e confirmou em seu depoimento à polícia, que achava que os alvos seriam ONGs ligadas a sindicatos.

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