segunda-feira, 12 de maio de 2008

Custo menor estimula instalação de lojas e indústrias no Nordeste


Um fator importante que tem impulsionado o Nordeste é o aumento no número de novas empresas, como redes varejistas e indústrias. Entre 2007 e este ano, o número de companhias aumentou em 28.547, o segundo maior avanço nacional, perdendo apenas para o Sudeste, com 104.153 novos CNPJs. O comércio está liderando o crescimento nordestino, com 5.652 novas lojas, contra as 4.075 do Sudeste.

Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, o custo de uma empresa no Nordeste é menor, pois os salários pagos são mais baixos em relação a outras regiões. E, por uma questão geográfica, os exportadores conseguem obter benefício econômico com a Comunidade Européia e os Estados Unidos.

- A indústria no Nordeste está cada vez mais diversificada.

Em Pernambuco, temos os setores de bebidas e alimentação.

No Ceará, siderurgia, têxtil, construção e cultivo de flores.

Na Bahia, a indústria química e, no Rio Grande do Norte, a naval.

Além disso, a agroindústria tem papel importante na região - comenta Vale.

Crédito farto impulsiona vendas no comércio O economista destaca o papel do comércio, que tem enorme potencial de crescimento.

Um dos motivos é o aumento da oferta de crédito, que impulsiona o consumo, sobretudo o de eletroeletrônicos. Vale ressalta que as empresas exportadoras devem se beneficiar este ano.

Dados da MB Associados indicam que as vendas no Nordeste experimentaram forte crescimento nos últimos cinco anos. A alta, que era de 6% em agosto de 2004, saltou para 10,1% em fevereiro deste ano.

A produção industrial vem crescendo desde 2007.

Segundo Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, a evolução do Nordeste está atrelada ao crescimento do país: - O interior de São Paulo e o Sul do país enfrentam desvantagem de custo com itens vindos da China e da Índia. Como as cidades do Sul são baseadas em commodities agrícolas, a região acaba sofrendo forte influência de fatores climáticos e internacionais. Com a capacidade de oferecer custos menores, o Nordeste acaba exercendo um maior poder de atração sobre as empresas.

Só este ano, o país deve receber mais US$ 20 bilhões em investimentos, impulsionados pela chancela do grau de investimento, e o Nordeste, por sua vez, deverá ser beneficiado com negócios nas áreas de construção civil e turismo.

A Rio Bravo Investimentos já captou um novo fundo voltado para o Nordeste, no valor de R$ 140 milhões. A previsão é investir entre R$ 10 milhões e R$ 28 milhões em dez empresas, nos próximos oito a 10 anos. O foco será em empresas que precisem de capital para crescer e expandir suas atividades, sobretudo nos setores industrial, de alimentos, agronegócios, tecnologia da informação, turismo e entretenimento.

Nordeste cresce mais que os Tigres Asiáticos Para Carlos Barreto, diretor da Acom Comunicações, empresa que provê serviço de banda larga e TV por assinatura no Nordeste, a região cresce mais que os Tigres Asiáticos.

Segundo ele, suas vendas estão 30% acima das registradas no ano passado.

O porteiro Erasmo Amaro de Souza, de 52 anos, trabalha na Zona Norte do Rio, mas nasceu em Campina Grande, na Paraíba. Com o aumento da renda, ele conseguiu este ano, pela primeira vez, viajar, de avião, para visitar seus parentes no Nordeste. Ficou tão impressionado com o crescimento da região que já pensa em voltar para casa.

- Fui a Recife, João Pessoa e Campina Grande, onde moram meus parentes. Eu me organizei e comprei a passagem parcelada. Mas, apesar do crescimento da economia, os preços dos alimentos pesam no meu orçamento. Fiquei impressionado como a região enriqueceu - diz Erasmo.

O Nordeste registrou entre 2002 e 2007 um crescimento de consumo de 143,5%, contra uma média nacionalde 126,3%. Com isso, a região, que representava 15,6% do consumo nacional em 2002, passou a representar 16,9%. Jornal O Globo

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