Na esteira da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com apoio de máquinas estaduais, o PT tende a sair das eleições municipais deste ano como um de seus grandes vencedores. Um forte crescimento do PT em pequenas e médias cidades é esperado até mesmo por analistas do cenário eleitoral vinculados ao PSDB e ao DEM. Em termos quantitativos será o principal fato da eleição de 2008. Em uma estimativa que circulou entre tucanos, calcula-se que o PT poderá mesmo superar o PMDB em número de prefeituras.
O partido estreou em 1982 como o menor do país, ao vencer em Diadema (SP) e Santa Inês (MA). Cresceu a cada eleição, passando para 38 municípios em 1988, 54 em 1992, 110 em 1996, 187 em 2000. Em 2004, com o país já sob a égide do governo federal petista, a sigla conquistou 410 prefeituras, das quais 219 em municípios com menos de dez mil eleitores. Ficou atrás não só do PMDB, mas do PSDB, do então PFL - hoje DEM e do PP. Desta vez, a previsão é que conquiste cerca de mil.
A popularidade do presidente promete ser alavanca poderosa, mas não a única, a fazer o PT largar como um favorito nas cidades pequenas e médias. Também conta o controle da máquina da Bahia e do Pará e o possível avanço petista nos Estados que têm um governador alinhado ao Planalto, mas integrante de uma estrutura partidária frágil. É o caso dos socialistas Eduardo Campos (PE), Cid Gomes (CE) e Wilma Faria (RN).
Ainda deve colaborar com o desempenho do partido a situação delicada de governadores opositores do PT. É o caso da governadora tucana Yeda Crusius (RS) e do governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP). Ambos pertencem a siglas pequenas em seus Estados e estão com a aliança fragmentada.
Nas capitais, as dificuldades são maiores. O partido concorre de modo competitivo em São Paulo e Porto Alegre. É favorito para a reeleição em Fortaleza, Rio Branco, Vitória e Porto Velho. Mas perderá o comando em Belo Horizonte e Aracaju, onde deve apoiar aliados, e não reeleger o prefeito de Palmas. Terá dificuldades para manter o Recife, dada a existência de fortes oponentes. O prefeito João Paulo não pode mais se reeleger e conta com o apoio do governador Eduardo Campos (PSB) para seu candidato, João da Costa, que começou em quarto nas pesquisas.
Caso ganhe em São Paulo, onde Geraldo Alckmin deve concorrer, o PSDB é favorito para reeleger os prefeitos de Curitiba, Cuiabá e Teresina e concorre com chances em Salvador. Já o DEM é competitivo em São Paulo, Salvador (com ACM Neto) e Palmas (com Nilmar Ruiz), mas deve perder o comando do Rio e encolher drasticamente nas pequenas e médias cidades, uma vez que perdeu o controle dos governos estaduais do Maranhão e da Bahia nas eleições de 2006.
A presença de Geddel Vieira Lima no Ministério da Integração Nacional deve garantir pelo menos uma centena de prefeitos para o PMDB na Bahia. O partido deve eleger a maioria dos prefeitos nos Estados em que governa, como Paraná, Rio de Janeiro, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Tocantins. Mas tende a encolher em São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul.
Nas capitais, o grande investimento do PMDB na filiação de prefeitos não deve surtir efeito. Os recém-chegados José Fogaça (Porto Alegre), João Henrique (Salvador) e Dário Berger (Florianópolis) estão com seus projetos de reeleição ameaçados. Único pemedebista a receber o apoio do PT, Iris Rezende é favorito para se reeleger em Goiânia, enquanto Trad Júnior (Campo Grande) tende a conseguir um segundo mandato aliado ao PSDB.
Entre os médios partidos, o PP pode reeleger o prefeito de Maceió, Cícero Almeida, e será favorito em Florianópolis, caso o PT apóie a ex-prefeita Ângela Amin. Partidos de existência sobretudo parlamentar, o PR e o PTB fazem poucas apostas. Com apoio das máquinas estaduais, o PR tentará conquistar Cuiabá, com o empresário Mauro Mendes; e Boa Vista, com Luciano Castro, líder na Câmara. O PTB se limitará à região Norte, onde tenta reeleger o prefeito de Belém, Duciomar Costa e eleger o ex-governador Amazonino Mendes em Manaus.
O bloco formado por PDT, PSB e PC do B ainda não se consolidou. Os três partidos só estão juntos em João Pessoa, em torno da candidatura à reeleição de Ricardo Coutinho (PSB), e de Aracaju, onde apóiam Edvaldo Nogueira (PC do B). O PC do B, pela primeira vez, aposta em eleições majoritárias. Além de Aracaju, disputa com chances Porto Alegre, com Manuela d"Ávila; e São Luís, com Flávio Dino, que concorre com apoio do PT. O PSB mantém-se como partido de expressão nas capitais do Nordeste. Além de João Pessoa, entra para tentar ganhar em Natal, com o deputado federal Rogério Marinho. Fora da região, deve perder em Manaus e é favorito em Belo Horizonte. A vitória do secretário de Desenvolvimento mineiro, Márcio Lacerda, contudo, beneficiaria tanto o governador Aécio Neves (PSDB), quanto o prefeito Fernando Pimentel (PT), artífices da aliança.
O PDT, fragilizado com a saída de João Henrique (Salvador), corre o risco de perder em São Luís, onde o prefeito Tadeu Palácio e o governador Jackson Lago estão divididos em relação à eleição. O primeiro lançou à própria sucessão seu secretário Clodomir Paz. O governador tende a apoiar uma chapa com o PSDB, que lançaria o ex-governador João Castelo, administrador do porto de Itaqui. Se fracassar a articulação entre o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para eleger a senadora Patricia Saboya (CE), o partido pode ficar sem prefeitura de capital pela primeira vez desde sua criação.
Parceiro menor da oposição fora do âmbito da extrema esquerda, o PPS participará como figurante nas eleições majoritárias nas capitais. Tenta disputar de maneira competitiva a prefeitura de uma capital: Rio Branco, com o ex-deputado federal, Márcio Bittar.
Entre os nanicos, o PRB do vice-presidente José de Alencar é o que mais investiu nas eleições. Disputa de maneira efetiva no Rio, com o senador Marcello Crivella; e em Salvador, com o apresentador Raimundo Varela. O PV conta com duas candidaturas fortes: a de Micarla de Souza, deputada estadual, em Natal, e o deputado federal Fernando Gabeira, no Rio. O PMN, pode ganhar em Manaus, onde o vice-governador, Omar Aziz, foi lançado com apoio do governador Eduardo Braga (PMDB). E no Recife o deputado federal Cadoca disputa pelo PSC e pode tornar-se competitivo em sua segunda disputa pela capital pernambucana. O P-SOL chega à primeira eleição municipal com chances de vitória em Belém, onde apresenta o ex-prefeito Edmilson Rodrigues