A Export Development Canada (EDC), banco de apoio aos investidores e às exportações canadenses, está buscando novas oportunidades para fundos de investimento e fundos de pensão do Canadá no Brasil. O trabalho da EDC consiste em apoiar os investidores financeiros canadenses interessados em projetos no mercado brasileiro. Eric Siegel, presidente mundial da EDC, avalia que o grau de investimento obtido pelo Brasil "abre a porta" para que fundos de investimento canadenses possam participar de forma mais agressiva no país em áreas como infra-estrutura, o que inclui por exemplo geração e transmissão de energia.
Em 2007, a EDC desembolsou US$ 1,5 bilhão no Brasil, entre operações de financiamento, apoio a investimentos canadenses e seguros de crédito à exportação. O número representou crescimento de 32% sobre 2006, apesar da valorização de quase 20% do dólar canadense em relação ao dólar americano, o que tirou competitividade das exportações. Do US$ 1,5 bilhão, quase US$ 300 milhões foram empréstimos feitos pela EDC para compras de equipamentos e serviços canadenses. A parcela restante se dividiu entre operações de seguro de crédito e apoio a investimentos de empresas canadenses em projetos no Brasil.
Siegel acredita que, em 2008, será possível manter o ritmo de crescimento dos desembolsos da EDC na faixa de 30% em relação a 2007. O Brasil é o terceiro maior mercado emergente da EDC, um misto de banco e seguradora, depois do México e da China. Outros mercados emergentes importantes para a EDC são Índia e Rússia e os países do Conselho de Cooperação do Golfo, formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã. Estes países, com investimentos crescentes em projetos de infra-estrutura, ganharam importância para a EDC nos últimos anos.
Os países emergentes já representam cerca de 27% do negócio global da EDC, incluindo financiamentos e seguros. No ano passado, as operações da EDC no mundo totalizaram US$ 78 bilhões, dos quais US$ 21 bilhões corresponderam a mercados emergentes. Na América Latina, incluindo o México, os negócios da EDC alcançaram US$ 8,5 bilhões em 2007, número que poderá subir para US$ 10 bilhões este ano. O Brasil é peça importante para o banco na região.
"Pensamos que há enormes oportunidades para investidores canadenses no Brasil", diz Siegel. Ele afirmou que diversos fundos de investimento e de pensão não podem investir em mercados com classificação de risco abaixo do grau de investimento, o que funcionava como impedimento para que estes fundos se voltassem com mais força para o Brasil. Siegel fez rápida visita ao Brasil, semana passada. Reuniu-se, no Rio e em São Paulo, com executivos de empresas canadenses com negócios no país. Encontrou-se também com representantes do setor de venture capital (capital de risco) e com a área financeira da Petrobras.
Com a Petrobras, a EDC já fez operações de financiamento e atua em três frentes: apoio direto à empresa ou aos seus projetos de plataformas, suporte à rede de fornecedores da estatal e apoio às companhias canadenses que prestam serviços ao setor de óleo e gás no Brasil. Antes de desembarcar no Rio, Seigel esteve no Chile onde o Canadá é o maior investidor em mineração e o terceiro maior investidor geral.
Na avaliação da EDC, há grandes oportunidades de investimento em infra-estrutura no Chile, onde os fundos de pensão canadenses vêm se tornando cada vez mais ativos. A EDC termina de abrir escritório de representação permanente em Santiago. A expectativa da EDC é de que o crescimento do Chile, que atrai investidores estrangeiros como os canadenses, se repita no Brasil.
Claudio Escobar, vice-presidente da EDC para o Brasil e América do Sul, diz que o crescimento nos desembolsos no Brasil este ano será sustentando por uma carteira com grande número de projetos potenciais. Segundo ele, bancos comerciais que antes emprestavam grandes quantias estão limitando sua participação nos financiamentos. A situação abre a possibilidade para a EDC aumentar sua participação junto a grandes clientes em setores como óleo e gás, mineração e siderurgia, energia elétrica e telecomunicações. "Outra área em que vemos potencial é o apoio a investidores canadenses", diz Escobar.
Em julho, ele irá ao Canadá para apresentar ao Canadá Pension Plan (CPP) as oportunidades de investimento no Brasil. Segundo Escobar, o CPP, fundo de pensão do setor público canadense, já participa da Translec, empresa chilena de transmissão de energia controlada pela também canadense Brookfield. No Brasil, a Brookfield controla a Brascan.
"O Brasil tem todos os elementos que os fundos de pensão buscam em termos de longo prazo, estabilidade e bons projetos", diz Escobar. E complementa: "Muitas vezes o que eles (os fundos) precisam é nosso apoio para criar estabilidade e entrar no mercado." O fundo de pensão dos professores de Ontário (OTPP, na sigla em inglês) já está presente no mercado brasileiro. O OTPP tem participação acionária na Multiplan, uma das maiores empresas de shopping center do país, e, no ano passado, adquiriu participação na LLX Logística, do empresário Eike Batista.