A passagem da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado deixou mais cicatrizes na oposição do que em sua própria imagem. Ontem, pelos corredores do Congresso era evidente o mal-estar entre os oposicionistas que após responsabilizarem o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), pelo bom desempenho da ministra, recuaram e minimizaram a contribuição do líder democrata. Por outro lado, entre os governistas, a satisfação era evidente.
A ressaca da oposição começou logo pela manhã. Agripino se reuniu com lideranças do partido, como o presidente, deputado Rodrigo Maia (RJ) e o senador Demóstenes Torres (GO). Eles fizeram uma avaliação da crise. Segundo integrantes do partido, o líder foi repreendido, mas rebateu as acusações sustentando que não poderia levar toda culpa, uma vez que a apatia tomou conta de todos os oposicionistas, que não atacaram a ministra cobrando duramente esclarecimentos sobre o dossiê.
No encontro democrata, Agripino cobrou uma retratação de Demóstenes, que teria dito que a declaração à ministra só poderia ter sido feita se o líder estivesse dopado. Em plenário, o senador por Goiás pediu desculpas. Outros oposicionistas, como o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), saíram em defesa do líder.
- Ela se aproveitou de um momento infeliz do senador Agripino, e Agripino ficou refém desse momento a sessão inteira - disse Virgílio.
Desenvoltura
Os governistas também seguiram o discurso, mas destacavam a desenvoltura da ministra.
- Analisando todo o episódio, ele (Agripino) não foi tão ruim. Fez uma colocação ruim, mas o importante foi que a ministra se saiu muito bem diante daquela situação infeliz - declarou a líder do governo no Congresso, senadora Rosena Sarney (MA).
Em meio às justificativas, tucanos e democratas ainda não se entendem sobre uma nova convocação da ministra para falar de dossiê. O PSDB acredita que é necessário e que os oposicionistas devem insistir para aprovar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado o requerimento que intima Dilma a falar exclusivamente do dossiê. Na avaliação do DEM, a melhor estratégia é esperar a conclusão da investigação da PF em torno da elaboração do dossiê e seu possível uso político.