A taxa de desemprego no Brasil caiu em abril pelo segundo mês seguido e registrou a menor taxa para o período desde o início da série histórica, em 2002, sugerindo que o mercado de trabalho está antecipando as contratações. Na avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o movimento deve manter a taxa de desemprego em queda.
A taxa nas seis maiores regiões metropolitanas do país ficou em 8,5% no mês passado, ante 8,6% em março. Analistas consultados pela Reuters previam manutenção em 8,6%. "A tendência é essa (de novas quedas na desocupação). Estamos vivendo uma entrada de ano muito parecida com 2007, com o detalhe de que a taxa de desocupação está muito menor, 1,6 ponto percentual menor que o observado no ano passado, o que é uma queda significativa para a taxa de desocupação", disse o economista do IBGE, Cimar Pereira. No ano passado, a taxa de desemprego começou a declinar a partir de maio. "Em anos anteriores, nessa época do ano (abril), a taxa ainda estaria subindo e só começaria a cair no segundo semestre", acrescentou Pereira.
A queda na desocupação foi puxada pelo aumento da população ocupada, que subiu 0,5% em abril, o equivalente a 105 mil novos postos de trabalho. Além disso, a população desocupada caiu 0,1%, o equivalente a 2 mil pessoas. Ante abril do ano passado, a população ocupada subiu 4,3% e a população desocupada recuou 13,9%. Cimar Pereira destacou que o recuo da população desocupada equivale à quase totalidade das populações desocupadas de Porto Alegre e Belo Horizonte, que somam 308 mil pessoas.
O número de trabalhadores com carteira assinada cresceu quase 10% em um ano, representando mais 850 mil pessoas formalmente empregadas. Em abril, houve aumento na ocupação acompanhado por um ganho de qualidade, uma vez que o emprego com carteira no setor privado subiu em 139 mil vagas, o equivalente a 1,5% de alta frente a março. Na comparação com abril do ano passado, o crescimento chega a 9,9%. O emprego sem carteira caiu 1,3% sobre março e 4,7% na comparação anual. O nível de formalidade no mercado de trabalho brasileiro bateu novo recorde em abril, ao atingir 54,9% da população ocupada.
Cimar Pereira explicou que o crescimento foi motivado por fatores como o "cenário econômico positivo e a mudança na estrutura do mercado de trabalho, que agora conta com uma maior participação de empresas que prestam serviços para outras". O economista citou ainda como um fator importante o aumento da fiscalização por parte do Ministério do Trabalho.
A pesquisa também apontou que o rendimento médio real dos trabalhadores, descontando a inflação, cresceu 1% em abril, em relação a março, e 2,8% no ano, atingindo R$ 1.208,10. Já o crescimento da massa de rendimento real dos ocupados, que representa a soma de tudo o que os trabalhadores receberam, subiu 1,3% em relação a março e 7,7% no ano.