quinta-feira, 16 de agosto de 2007

BNDES tem lucro recorde de R$ 4,4 bilhões

Montante destinado aos desembolsos para este ano é reajustado para R$ 65 bilhões.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) alcançou um lucro histórico de R$ 4,4 bilhões nos seis primeiros meses deste ano, 34% maior que os R$ 3,3 bilhões registrados no mesmo período de 2006.
Anunciado ontem pelo presidente da instituição, Luciano Coutinho, o resultado recorde da instituição de fomento em um semestre superou até mesmo o lucro líquido, neste ano, de bancos privados como Bradesco (R$ 4,007 bilhões) e Itaú (R$ 4,016 bilhões).
De olho no crescimento da economia nos próximos três anos, o banco obteve autorização de seu conselho de administração, semana passada, para ampliar o teto de desembolsos deste ano para R$ 65 bilhões. Até julho, foram liberados R$ 61 bilhões em financiamentos.
Coutinho atribuiu o resultado recorde do banco – 33% superior ao do mesmo período do ano passado – à recuperação na Justiça de um crédito de R$ 424 milhões concedido ao consórcio Southern Electric Brasil, um dos sócios da distribuidora mineira Cemig.
Tal fato, justificou, contribuiu para melhorar a carteira de crédito do banco, traduzida no balanço pelo item reversão de provisão de risco.
Enquanto no primeiro semestre do ano passado, o banco de fomento acumulou R$ 350 milhões de reversão de provisão, nos seis primeiros meses de 2007 acumulava R$ 1,2 bilhão.
A Southern Electric Brasil é um consórcio formado pelas americanas AES e Southern Energy com o banco Opportunity.
Os R$ 424 milhões recuperados correspondem aos dividendos gerados pelas ações na Cemig que encontravam-se calcionadas em garantia ao empréstimo.
Contraído pelo grupo junto ao banco na década de 1990, o financiamento teve por objetivo bancar a aquisição da distribuidora mineira, que tem seu controle compartilhado, atualmente, com o governo do estado de Minas Gerais.
Coutinho assegurou, no entanto, que o resultado líquido do banco teria sido recorde mesmo sem a recuperação do crédito na Justiça.
O executivo lembrou que a instituição conseguiu ampliar as receitas mesmo com a redução dos spreads dos financiamentos nos últimos anos.
A redução, de acordo com Coutinho, foi compensada pelo crescimento do volume de crédito, em fenômeno que evidenciaria um processo de recuperação da economia do País.
Com relação aos desembolsos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou um total de R$ 31,2 bilhões nos sete primeiros meses deste ano – 38,2% superior aos R$ 22,6 bilhões de igual período de 2006. A alta decorreu de um volume de operações 93,7% maior que no mesmo período do ano passado. As 110,4 mil operações superaram as 57 mil registradas no período de janeiro a julho de 2006.
Os segmentos que mais se destacaram, como mesmo lembrou Coutinho, foram os de infra-estrutura e a indústria.
Tal fato, de acordo com o executivo, sinalizaria um aumento da taxa de investimento direto do país – Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
O segmento de infra-estrutura respondeu por um total de R$ 10,7 bilhões em desembolsos, o que representou crescimento de 35,8% entre os meses de janeiro e julho.
Os projetos de infra-estrutura também foram responsáveis por R$ 24,6 bilhões em aprovações (alta de 144,9%), no mesmo período.
A indústria, por sua vez, recebeu R$ 15 bilhões em financiamentos do banco, um valor 33,4% maior que o desembolsado nos primeiros sete meses do ano passado.
Já o total de aprovações (R$ 21,7 bilhões) aumentou 24% no mesmo período.
Com tal desempenho, Coutinho calcula que o país deve encerrar este ano com uma taxa de investimento (FBCF) equivalente a 17,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Embora tenha admitido que tal percentual ainda é insuficiente para garantir um crescimento de 4,5% a 5% do PIB brasileiro, o presidente do BNDES avalia que representa a sinalização de uma rápida retomada do crescimento.
A expectativa, de acordo com Coutinho, é de que a taxa de investimento direto chegue, no ano de 2010, a 21%, um percentual capaz de garantir os 5% de crescimento do PIB.
Com relação aos desembolsos, o executivo confirmou que o banco terá que buscar, ano que vem, meios de ampliar o teto de financiamentos, limitado neste ano a R$ 65 bilhões.
Diante do atual ritmo de crescimento, justificou, haverá a necessidade de se buscar o aumento deste teto para algo próximo de R$ 70 bilhões.
Para isso, enumerou, o banco poderá solicitar não só a ampliação dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), como também recorrer ao mercado externo.
kicker: Resultado histórico é atribuído à recuperação na Justiça de um crédito de R$ 424 milhões dado à Southern Electric

Gazeta Mercantil

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