Cadastro positivo facilitará a tomada de empréstimos e tornará as taxas de juros mais baixas. O consumidor que busca um empréstimo pessoal encontra opções variadas na praça, embora nem sempre a uma taxa de juros atra-ente. Apesar dos custos dos empréstimos pessoais terem sofrido sucessivas quedas, o patamar ainda é alto se comparado a outros países do mundo. Isto porque o risco da inadimplência no Brasil, que atualmente está em 7,3%, é transferido para os tomadores de crédito.
Este cenário pode melhorar muito para o consumidor se for aprovado no Congresso o projeto de lei 5870/05, que cria o Cadastro Positivo. O Cadastro é um banco de dados dos bons pagadores, concebido nos mesmos moldes dos cadastros de inadimplência. Ele trará um histórico de compras e pagamentos de contas de luz, água e telefone efetuados, com os valores e a data de vencimento. Com o Cadastro, as taxas de juros dos empréstimos pessoais cairão, já que o tomador de crédito pagará juros pelo seu próprio risco, e não pelo risco geral de inadimplência. O bom pagador será recompensado com juros mais baixos e não pagará mais pelo risco do mau pagador.
Segundo a superintendente de produtos e serviços da Associação Comercial de São Paulo, Roseli Maria Garcia, "trata-se de um conceito moderno de conceder crédito no qual o comportamento financeiro é analisado a partir de informações compartilhadas entre os diversos setores da economia".
A Serasa, instituição financeira famosa por seu cadastro de inadimplentes, mantém pronto para operação desde 1997 o Credit Bureau, um cadastro de bom pagadores. Após cinco anos de desenvolvimento, o Credit Bureau para pessoa física teve vida curta após uma decisão judicial ter determinado que o consumidor deveria autorizar pessoalmente as inclusões de dados, o que fez com que os custos operacionais tornassem o projeto inviável. Segundo o sócio-diretor da Partner Consultoria, Álvaro Musa, "os bancos e as financeiras, que têm interesse em compartilhar estas informações, vão alimentar o banco de dados". A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também tem uma posição favorável ao Cadastro Positivo. Segundo o assessor sênior da Febraban, Ademiro Vian, o Cadastro vai render frutos aos clientes e aos bancos. "Com juros menores, aumentará a oferta de crédito e diminuirá o spread", afirma.
A Partner Consultoria prevê um cenário otimista após a aprovação do Cadastro Positivo. Segundo um estudo da consultoria, o saldo do crédito ao consumidor poderá somar R$ 300 bilhões em 2010, o equivalente a 11,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Atualmente, o saldo de crédito soma R$ 225 bilhões, ou 8,3% do PIB. Os juros para o empréstimo pessoal estão em 48% ao ano e a inadimplência representa 7,3% da carteira.
Nem todos concordam com a criação do Cadastro Positivo. O projeto de lei enfrenta duras críticas dos órgãos de defesa do consumidor. A coordenadora da Pro Teste, Maria Inês Dolci, considera o Cadastro Positivo discriminatório. "Ele só favorecerá as empresas, não o consumidor. Quem não estiver no cadastro será considerado mau pagador", afirma.