quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"A Dilma não pode passar no Senado o sufoco que eu passei com a oposição" disse Lula em BH

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, em comício em Belo Horizonte, um apelo para que o eleitorado derrote os candidatos da oposição ao Senado. O discurso contundente do presidente contradisse os esforços de parte da base lulista em Minas Gerais de associar a campanha da candidata presidencial do PT, Dilma Rousseff, ao candidato ao Senado e ex-governador Aécio Neves (PSDB). "A Dilma não pode passar no Senado o sufoco que eu passei com a oposição. Porque eles conseguiram tirar R$ 40 bilhões da saúde desse país", afirmou referindo-se à rejeição da emenda constitucional que prorrogava a vigência da CPMF.

Em seguida, Lula atacou o candidato presidencial do PSDB, José Serra, e Aécio: "Ele era governador de São Paulo e me telefonava dizendo que era uma loucura rejeitar a CPMF. O governador daqui também dizia que era uma loucura e eu falava: "então falem com os seus senadores". E na hora da votação, todos votaram contra."

O presidente usou praticamente todo o tempo de seu discurso para pedir votos a Dilma, pouco se referindo aos candidatos locais. Lula entregou uma rosa vermelha a Dilma, em homenagem ao seu desempenho na entrevista de segunda-feira no "Jornal Nacional", da TV Globo: "Não perca a serenidade nunca. Não fique nervosa, não aceite provocações."

O presidente falou que o seu maior legado ao país será ter conseguido eleger uma mulher como sucessora e ironizou as dúvidas que são levantadas sobre a sua capacidade de transferir votos. "Eles diziam que o Lula não ia transferir votos, mas não é o Lula que está popular, é o governo que tem aprovação. Não adianta o jornal querer esconder porque o benefício chega diretamente ao bolso do povo. Pergunte a qualquer empresário aqui em Minas se alguma vez ele ganhou tanto dinheiro. Pergunte a qualquer sindicalista em Minas se, alguma vez, ele fez tantos acordos com ganhos salariais."

Em um único momento Lula referiu-se aos candidatos locais, ao afirmar que com "muito orgulho" virá outras vezes a Belo Horizonte pedir votos para o candidato ao governo de Minas, Hélio Costa (PMDB) e para os candidatos a senador Fernando Pimentel (PT) e Zito Vieira (PCdoB).

Dilma também discursou, lembrando que nasceu em Minas Gerais. Ela se comparou a dois outros mineiros eleitos presidentes da República: Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. "Eu aprendi com a tradição política dos mineiros", disse ela.

Dilma ainda afirmou que foi obrigada a deixar o Estado por causa da ditadura. "Eu, que saí de Minas, que tive que sair de Minas, quero dizer a vocês que jamais Minas saiu da minha vida política e do meu coração".

A candidata deu início ao comício sambando ao som do jingle da campanha no palanque da praça da Estação, no centro de Belo Horizonte, área com capacidade para 15 mil pessoas.

Mais cedo, em eventos diferentes, Dilma - em campanha de rua em Belo Horizonte - e Lula - em agenda oficial em Divinópolis, a 140 km da capital - convergiram para o tema da habitação. Além de inaugurar dois campi de uma universidade federal, um deles chamado "Dona Lindu", em homenagem à mãe do presidente, na cidade da região central mineira, Lula também assinou 311 novas contratações do programa habitacional Minha Casa Minha Vida e fez a entrega de 102 casas. O ministro das Cidades, Márcio Fortes, anunciou o "PAC do asfalto". Na capital, Dilma prometeu que em seu eventual governo irá contratar 2 milhões de moradias para a faixa de renda de até cinco salários mínimos.

"Até o fim de 2010 teremos contratado neste governo 1 milhão de moradias e no próximo governo vamos contratar mais 2 milhões, para o pessoal que ganha até cinco mínimos, que corresponde a 96% da população do país. Se não tiver subsídio, eles não comprarão. E uma diferença deste governo é que o presidente Lula acha que tem que dar subsídio sim", afirmou a candidata, após visitar um museu mantido pela empresária Ângela Gutierrez, da família dos controladores da empreiteira Andrade Gutierrez.

A candidata e o seu colega de chapa, o candidato a vice e presidente da Câmara dos Deputados Michel Temer (PMDB-SP) cumpriram agendas separadas em Belo Horizonte. Temer chegou mais cedo e almoçou com empresários na Associação Comercial de Minas.

O presidente da Câmara esteve anteontem em Santa Catarina, onde trabalhou para afastar a seção local pemedebista da candidatura presidencial de José Serra (PSDB). Em Minas Gerais, Estado em que a aliança entre PMDB e PT precisou da intervenção da cúpula dos dois partidos, Temer afirmou não ver mais problemas. "Há uma unidade quase absoluta em torno de Hélio Costa. Pouco a pouco os partidos brasileiros estão ganhando esta característica: a da fidelidade. Já temos uma vedação da troca de partidos durante o mandato e o próximo passo é termos também a fidelidade durante a campanha", afirmou, referindo-se ao candidato mineiro a governador pela aliança entre petistas e pemedebistas.

0 Comentários em “"A Dilma não pode passar no Senado o sufoco que eu passei com a oposição" disse Lula em BH”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --