domingo, 8 de agosto de 2010

A política audaciosa das montadoras de veículos

A produção de veículos atingiu 315,9 mil unidades, em julho, e 1,93 milhão, nos primeiros sete meses do ano, números inferiores apenas aos de março e da fase de euforia de julho/agosto de 2008, mostrando o otimismo das montadoras com o ritmo da atividade econômica. O setor não parece temer nem os estoques elevados, de 101 mil unidades nas indústrias e de 229 mil nas revendedoras, citados pelo presidente da associação das montadoras (Anfavea), Cledorvino Belini.

O otimismo está refletido nos anúncios generalizados de investimento das empresas, como os da GM, que aplicará R$ 1,35 bilhão em São Caetano do Sul e R$ 50 milhões em Mogi das Cruzes; da Mercedes-Benz, R$ 1 bilhão em São Bernardo do Campo; da coreana Hyundai, que deverá construir uma nova fábrica no País, provavelmente em Piracicaba; da chinesa Chery, em Jacareí; da Toyota e da Honda, entre outros.

São decisões voltadas para o futuro, sem ignorar o comportamento do mercado, neste ano, quando o fim dos incentivos fiscais do governo para enfrentar a crise não enfraqueceu a demanda. Comparando os primeiros sete meses de 2009 e 2010, a produção de autoveículos cresceu 18,3% e os licenciamentos, 8,5%. Até as exportações deram sinal de recuperação, apesar do real forte, atingindo US$ 6,9 bilhões no ano (média de US$ 988 milhões/mês), 65,8% mais que as do mesmo período de 2009 (média de US$ 596 milhões/mês).

O emprego de mão de obra nas montadoras cresce ininterruptamente desde junho de 2009 e, no mês passado, havia 132,2 mil trabalhadores no setor, acima do ponto mais alto anterior, de 131,7 mil empregados, em outubro de 2008.

Confirmadas as projeções de crescimento da produção, inclusive de veículos desmontados (CKD), de 3,14 milhões, em 2009, para 3,4 milhões, em 2010, novos recordes deverão ser alcançados, simultaneamente ao avanço da produção de máquinas agrícolas, que indicam o nível de investimentos do setor primário.

Para continuar crescendo, a venda de veículos brasileiros depende de crédito a juros módicos, renda disponível crescente e emprego dos consumidores. Nem o crescimento das importações parece incomodar - a média de importação de veículos novos aumentou de 31,2 mil por mês, em 2008, para 40,7 mil, em 2009, e 48,1 mil, neste ano. Falta saber como reagirão as montadoras se o ritmo de alta do PIB for mais lento, como se espera para 2011, e se provocar acomodação na renda da classe C, que sustenta o nível de consumo atual.Estado

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