domingo, 29 de agosto de 2010

Militância que se move por interesses pontuais

Cabos eleitorais petistas e tucanos no Entorno fazem "acordo" e dividem a região. Enquanto uns priorizam o voto proporcional, outros enfocam a corrida ao governo goiano

O caminhão que corta por uma estrada empoeirada a divisa do Distrito Federal com Goiás é amarelo, tem alto-falantes estridentes, uma mulher ao microfone, voz inflamada. Há dois meses, o mesmo cenário servia para fazer anúncio de roupas, supermercados, promoções varejistas. O ofício agora é pedir votos para candidatos do PMDB e PT goiano. Nenhuma mensagem é dispensada à presidenciável apoiada pelos dois partidos, Dilma Rousseff (PT). A poucos quilômetros dali, militantes contratados pelos tucanos tentam, santinho em punho, vender o peixe que nem eles sabem se estão dispostos a comprar: a candidatura de José Serra (PSDB). O esforço maior, no entanto, também é feito pelos políticos locais da aliança DEM-PSDB.

No Entorno, a proximidade de candidatos com a população transforma as eleições em uma corrida sem bandeira definida. Lá, não se vota em partidos, mas em pessoas. No comitê de Dilma em Águas Lindas, dominado por 70% de eleitores da capital, a ênfase dos cabos eleitorais é em cartazes e adesivos de candidatos proporcionais aliados à petista. De forma tímida, ainda tentam emplacar Iris Rezende (PMDB) ao governo de Goiás. Material de Dilma inexiste. "Não é preciso fazer muita campanha para a Dilma porque ela já ganhou", resume o militante Jorge Batista, do PMDB local.

Do outro lado da rua, o comitê tucano forrado com fotos do candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo (PSDB) esconde em caixas bem fechadas o material de José Serra (PSDB). Nada que lembre a campanha do presidenciável está à mostra. A pedido do Correio, o presidente do PSDB de Águas Lindas, Nelson Almirante, "acha" adesivos do adversário de Dilma guardados em uma caixa, nos fundos do comitê. A poucos quilômetros dali, em Valparaíso, o material se restringe a um cartaz e um folheto informativo. A prioridade é tentar fazer Marconi Perillo (PSDB) retornar ao Palácio das Esmeraldas.

Entre os dois comitês, tucano e petista, não há sinal de disputa por votos no que toca às eleições nacionais. Há até um acordo informal. A prioridade de um lado é eleger proporcionais. Do outro, Marconi. Como os objetivos não entram em conflito, a solução é um não invadir a seara do outro. O escritório tucano não pede votos para presidente e o petista não se dedica muito pelos candidatos a senador ou governador. "É o jeitinho brasileiro de fazer política", explica Almirante.

Não é preciso fazer muita campanha para a Dilma porque ela já ganhou"

Jorge Batista, militante do PMDB em Águas Lindas

Nas eleições municipais isso aqui ferve. O eleitor se empolga. Agora, o Serra nunca apareceu aqui"

Alexandre Monteiro, coordenador do comitê tucano em Valparaíso (GO)

Agnelo e zona rural, desafios mais difíceis

A avenida de mais de 20 pontos aberta por Dilma nas pesquisas eleitorais em relação a Serra deixou a militância em situação confortável. A mais de um mês da eleição, os cabos eleitorais já se dão ao luxo de usar a candidata como "abre-alas" para pedir votos para outros postulantes, a exemplo do que acontece na "casa lilás" de Taguatinga, comitê eminentemente feminino. "A gente descobriu que apresentar a Dilma funciona como abre-alas", conta Neiry de Oliveira Chaves, coordenadora do comitê e militante do PT há quase 30 anos.

A popularidade do presidente Lula com o empresariado mudou, nesta eleição, a feição de parte da militância. Associações comerciais estão montando comitês de Dilma e de candidatos majoritários por conta própria, a exemplo do que acontece em Ceilândia. Mas até mesmo a "militância" empresarial "subiu no salto". Vice-presidente da Associação Comercial de Ceilândia e um dos coordenadores do comitê, Beni de Oliveira conta que o escritório está batalhando pelo candidato do PT ao governo do DF, Agnelo Queiroz, porque Dilma já se encaminhou. "O mais difícil é o Agnelo. A Dilma já resolveu o problema dela. O povo está definido", aposta.

A única preocupação tem vez em Planaltina. Para os petistas locais, a rejeição a Dilma na área rural é a última fronteira entre a candidata e o Planalto. "As pessoas ainda estão confusas, por isso a gente fala primeiro no candidato a governador. Nossa relação com a Dilma é delicada, porque chegam boatos e as pessoas perguntam se ela é a favor do casamento gay, do aborto", conta o supervisor da área rural da campanha majoritária da chapa PT/PMDB no DF, Edson Cléber.

"Tudo bem, mas vote no Marconi"

Os 45 dias que antecedem as eleições constituem a única oportunidade de emprego fixo da diarista Ana Cristina de Araújo nos últimos cinco anos. Por R$ 450, ela trabalhará um mês e meio por candidatos a deputado estadual e federal em Valparaíso, no Entorno. O esforço se estende a Marconi Perillo (PSDB), mas Serra é praticamente esquecido. "Estou sem emprego fixo há anos já. Para sobreviver, costumo pegar faxinas, mas está cada dia mais difícil. Por isso, toda eleição eu trabalho para alguém", afirma Ana Cristina, de 33 anos.

O retrato da militância política tucana na região é esse. São 120 cabos eleitorais pagos pelos candidatos, coordenados por funcionários da prefeitura, que tiram férias durante as eleições para trabalharem pelos padrinhos políticos. Tudo isso em jornadas de meio período. A grande maioria nem se declara eleitora dos tucanos. Presidente de uma associação de moradores locais, Edmílson dos Santos não faz ideia de como votará para presidente. Ainda assim, sugere que os eleitores digitem o número de Serra. Quando escuta a recusa, a resposta segue o mesmo padrão: "Tudo bem, mas vote no Marconi, pelo menos".

Para o advogado Paulo César Rodrigues, 45 anos, a falta de esforço reflete a desconfiança. "Os políticos brincam com nossa cara por quatro anos. Na eleição, por três meses, quando é nossa oportunidade de tirar sarro deles, a Justiça proíbe. E ainda querem que alguém se esforce por eles pagando R$ 10 ao dia", ironiza. Coordenador do comitê tucano na cidade, Alexandre Monteiro detecta que falta proximidade da população com os candidatos. "Nas eleições municipais isso aqui ferve. O eleitor conhece o vereador, o prefeito, se empolga. O Marconi e os candidatos ao Senado fizeram só uma carreata. O Serra nunca apareceu."Correio

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Exclusivo pra ela


Tem gente que teve mil coisas
todo o bem e todo o mal do mundo
Eu que tive só você
Eu não te perderei
não te deixarei
À procura de novas aventuras

Tem gente que ama mil coisas
e se perde pelas estradas do mundo
Eu que amo só você
Eu me deterei
e te presentearei
com o que resta da minha juventude

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Onde estará Kassab?

Vão de mal a pior as relações do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com a cúpula do DEM. Serrista de carteirinha, seu distanciamento é inversamente proporcional ao do presidente da legenda, Rodrigo Maia (RJ), do candidato tucano a presidente da República, José Serra. O futuro de Kassab — cujo mandato termina em 2012 — é incerto. Sem condições de disputar o controle do DEM, não será surpresa se negociar sua ida para o PMDB, após as eleições, com o vice de Dilma, Michel Temer (PMDB-SP).

Como se sabe, Kassab disputou a Prefeitura de São Paulo com Geraldo Alckmin (PSDB) e levou a melhor. Caso seu principal aliado político, José Serra, seja mesmo derrotado, estará “no sal”. Sem mandato durante dois anos, corre o risco de ver a sua liderança volatilizada pelos desafetos tucanos e petistas.

É aí que surge a mais nova operação em curso nos bastidores da campanha eleitoral paulista. A cúpula do PT acena para Gilberto Kassab com um tapete vermelho no futuro governo Dilma em troca do apoio a Aloizio Mercadante (PT) na disputa contra Alckmin pelo Palácio dos Bandeirantes e de um futuro acordo com Marta Suplicy (PT), hoje candidata ao Senado, para a sucessão na Prefeitura de São Paulo. É conversa para um eventual segundo turno? Não, já é conversa do último fim de semana.CB

Governo federal decidiu intervir na administração de portos estaduais

O governo federal decidiu intervir na administração de portos estaduais que descumpriram regras previstas em contrato com a União ou cuja operação tem afetado a competitividade do Pais. A intervenção tem graus diferenciados, como a retomada total da concessão de cinco portos do Estado do Amazonas ou a maior participação da União na gestão de Paranaguá e Rio Grande, na Região Sul.

Intervenção em portos estaduais se dará em graus diferenciados, com o objetivo de melhorar a competitividade do País nas exportações

O governo federal decidiu intervir na administração de alguns portos estaduais que descumpriram regras previstas em contrato ou cuja operação tem afetado a competitividade do País. A intervenção tem graus diferenciados, como a retomada total da concessão de cinco portos do Estado do Amazonas ou a maior participação da União na gestão de Paranaguá e Rio Grande, na Região Sul.


A primeira medida para aumentar o controle sobre os portos nacionais surgiu em 3 de agosto com a Portaria n.º 200, do Ministério dos Transportes. O documento autoriza a constituição de uma comissão para definir parâmetros técnicos e metodologia para a União retomar os portos de Manaus, Tabatinga, Coari, Itacoatiara e Parintins, no Norte do País.

O principal é o Porto de Manaus, responsável pela metade da carga (boa parte para atender a Zona Franca) que entra na capital por meio de navios. O segundo é Itacoatiara, que tem ganhado destaque no agronegócio como nova alternativa para escoar a produção de grãos do norte de Mato Grosso. Mas, como a capacidade do porto é pequena, quem tem feito o transporte são os terminais privados de grupos como o Amaggi. Os outros portos são regionais e atendem mais a população local.

No caso dos portos do Sul, o ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, explica que o governo terá maior participação na gestão de Paranaguá e de Rio Grande, por meio de um forte programa de investimentos para ambos os terminais. Na verdade, a medida faz parte de um plano diretor que vem sendo desenhado para o setor portuário brasileiro e define os portos estratégicos para a economia. Entre eles estão Santos (SP), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Rio de Janeiro e Itaguaí (RJ), Vitória (ES) e Itaqui (MA). Em todos, quem vai definir os investimentos para melhorar a operação portuária será a SEP.

Segundo Brito, a administração estadual continuará, mas terá participação do governo federal. "Vamos tratar como se fosse uma administração feita pela União", disse o ministro. Questionado se isso significava uma federalização, ele afirmou que não: "Os portos já são federais".

O Porto de Rio Grande, que tem atraído investimentos bilionários, vem sendo foco de discórdia há algum tempo, afirma o superintendente de Portos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Giovanni Paiva.

Segundo ele, a administração do porto estava muito complicada, com interferências políticas e sem independência para gerir seus recursos. A situação chegou ao ponto de a agência ter de firmar um termo de ajustamento com a gestora estadual, que vem sendo acompanhado. "A atuação da SEP é sinal de alerta para o que pode ocorrer no futuro, se não houver melhora na administração do porto", destaca ele.

Intransigência. O superintendente do Porto do Rio Grande, Jayme Ramis, reconhece que houve intransigência de administrações passadas, mas agora está tudo resolvido. "Durante duas horas fui sabatinado na SEP. Acredito que o governo federal tem obrigação de investir na infraestrutura portuária", destacou ele, afirmando desconhecer que a secretaria terá maior participação na gestão.

No caso de Paranaguá, maior exportador de grãos e o segundo maior porto do País, a administração também foi alvo de discórdia. No passado, até a iniciativa privada pedia a intervenção do governo federal no porto, que seguia as ordens do governador Roberto Requião para não embarcar soja transgênica. Hoje, 90% da soja transportada em Paranaguá é transgênica.

A gota d"água, porém, foi a interdição do porto, no mês passado, feita pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O embargo foi determinado por descumprimento de acordo para regularização ambiental da operação do terminal.

O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Mario Lobo Filho, destacou que o assunto foi motivo de reclamação da SEP em reunião na semana passada. Segundo ele, os administradores anteriores insistiram em não cumprir as determinações do órgão ambiental e o porto sofreu as consequências disso. Filho acredita que uma presença maior do governo federal na gestão dos portos estaduais, por meio de investimentos, é bem-vinda. "Em troca o governo terá uma logística melhor."

O presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, não concorda com a centralização da administração dos portos nas mãos do governo federal. Ele, assim como outros especialistas, sempre defendeu a gestão dos portos pela iniciativa privada.


4 RAZÕES PARA...

Um porto ser alvo de intervenção

1. Descumprimento de regras previstas em contrato ou cuja operação tem afetado a competitividade do País

2. Suspeitas de irregularidades na realização de licitação de áreas para os terminais portuários

3. Pressões e até mesmo interferências políticas para gerir recursos bilionários que são direcionados para alguns terminais portuários

4. Processo que culminou na interdição do porto de Paranaguá, no mês .passado, pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). O embargo foi determinado por descumprimento de acordo para regularização ambiental da operação do terminal paranaenseEstado

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A lição de Neymar


No fim de semana, o Santos voltou a vencer, com gol e passe de Neymar. O jovem craque da Vila Belmiro tinha tudo para já estar com o passaporte carimbado para a Europa, onde ganharia fortunas atuando em algum dos mais badalados campeonatos do planeta.

Ele já havia recebido, como se sabe, uma proposta milionária do Chelsea, da Inglaterra. E não faltariam interessados em contar com o grande futebol desse rapaz de 18 anos.

O menos provável, no entanto, aconteceu. O Santos conseguiu apresentar um projeto capaz de manter Neymar no Brasil.

O clube da Baixada propôs um plano de carreira para um contrato de cinco anos. E funcionou.Segundo o presidente do Santos, que merece aplausos, não foi só dinheiro no bolso que pesou.

Foi um pacote no qual o jogador fica no seu país, na sua cidade, ganha muito bem e tem a chance de ganhar muito mais depois. Afinal, ele tem tudo para se firmar como um ídolo da seleção. Também ajudou na decisão o fato de a Copa ser aqui no Brasil, em 2014.

É um caso que deveria servir de exemplo. Se os clubes brasileiros fossem administrados de maneira honesta e profissional, seria mais fácil manter as grandes promessas. Poderiam até sair, mas não todas e não tão cedo.

O problema é que a mentalidade de muitos dirigentes é mesquinha. É gente que só pensa em dinheiro no curto prazo. Quer vender o Mickey em vez de fazer uma Disneylândia.

No caso de Neymar, se tudo der certo, como deve dar, vai ficar provado que dá para ser diferente. Com isso ganham todos, a começar pelo torcedor e pelo futebol brasileiro.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Governo quer fazer uma 'limpeza' na dívida ativa

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) vai atuar como uma espécie de "agência de classificação de risco" e promover uma "limpeza" na dívida ativa da União para separar o que é "dívida podre" do que ainda é possível receber. A expectativa é de que a depuração termine até outubro. No ano passado, o endividamento de empresas e pessoas físicas com a União totalizou R$ 827,824 bilhões, o que representa um aumento de 11,71% na comparação com 2008.

Esse cenário é desgastante porque nem mesmo a criação de programas de parcelamento de dívidas que contribuíram para a redução da arrecadação foi capaz de diminuir o ritmo de crescimento da arrecadação. E a explicação é simples. Como o débito inscrito na dívida ativa não pode ser retirado, o governo cobra multas e juros em cima de um débito que não tem esperanças de receber, criando um valor fantasioso. "A dívida é monstruosa e cresce cada vez mais porque é corrigida pela Selic", destacou o diretor de gestão da Dívida Ativa da União da PGFN, Paulo Ricardo de Souza Cardoso.

Por exemplo, existem débitos muito antigos como um de R$ 29.382,90, de 1927, no qual não é possível localizar de quem cobrar a dívida. Há também casos de empresas falidas - Transbrasil e Mesbla, entre outras - em que o governo já perdeu as esperanças de receber o dinheiro. Porém, é preciso insistir na cobrança, o que implica aumento das despesas judiciais para o governo e para as empresas. A ideia da PGFN é focar as cobranças nos débitos que ainda são possíveis receber. Até porque quanto mais antiga a dívida maior a dificuldade de receber o dinheiro. Para dificultar ainda mais, não há atualização dos dados cadastrais dos devedores inscritos na dívida com nome incompleto, CPF extinto e endereço inexistente.

"Tem um número de devedores que já sabemos de antemão que não existe a menor chance de receber. Para isso, estamos fazendo uma depuração da dívida. O processo foi iniciado no ano passado e deve ser finalizado em outubro", destacou Cardoso.

Débito cresce. No curto prazo, a perspectiva do diretor da PGFN é de que os débitos continuem crescendo, mas assim que o sistema estiver funcionando a tendência é de que o ritmo de expansão seja reduzido.

Ainda está sendo negociada com o Banco do Brasil a possibilidade de a instituição financeira fazer a cobrança das dívidas de baixo valor, o que poderá dar mais agilidade no recebimento dos recursos. Segundo ele, também está sendo estudada uma maneira de integrar os sistemas da Receita e da PGFN. Essa seria a melhor forma de ter uma atualização periódica dos dados cadastrais dos devedores.

O coordenador da área tributária da Veirano Advogados, Abel Simão, concorda que existe a necessidade de uma depuração da dívida ativa. Ele afirmou que, em média, consegue ganhar 50% dos processos judiciais contra a Receita questionando o débito de uma empresa inscrito na dívida ativa: "Isso acontece porque em muitos casos a Receita cobra o débito duas vezes. Ou ainda calcula incorretamente os valores. Nem sempre o que está lá (na dívida) é realmente dívida".

Lígia Regini, advogada do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão, também é favorável a uma revisão dos números da dívida, até porque boa parte da execução fiscal é indevida: "Existem situações em que a Receita e a Procuradoria não reconhecem pagamentos ou compensações feitas e prosseguem a cobrança"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Do José aos Zés

A queda nas pesquisas converteu o programa na TV no único caminho para salvar Serra; deu-se o pior

OS INSTITUTOS DE PESQUISA parecem disputar uma corrida, cada um ultrapassando os demais na indicação de maior vantagem de Dilma sobre Serra. Mas o pior para Serra já não está nos números. O consenso, que tem suas raízes lá atrás, combinou números com fatores passados e presentes, e os superou com uma opinião ouvida por toda parte, próxima da unanimidade: "Dilma não perde mais".

É certo que, não fossem os números, não seriam tão extremos os efeitos da má impressão deixada por Serra em sua participação no programa eleitoral. A queda dos números, porém, já viera sobrepor-se à imagem de insegurança deixada pela demora excessiva e injustificada da decisão de Serra por sua candidatura. Um período, estendido até o último instante possível, que seria de grande utilidade para negociações e articulações, produção de planos originais e propostas inovadoras. Serviu apenas para esgotar Aécio e para Serra ver a ação dos adversários.

Sensus, Ibope, Datafolha, Ibope e agora Vox Populi (com velozes 16 pontos de vantagem para Dilma) sucederam-se sem explicação mais firme pelo PSDB. A repercussão de debate ou entrevista que "não foi captada pela pesquisa" de um instituto foi captada por outro -com resultado igual ou pior. As preliminares dúbias e os números da queda elevaram o programa eleitoral à condição de caminho único para o retorno de Serra aos índices promissores. Deu-se o pior.

Os programas iniciais são insuficientes para uma visão conclusiva. Podem valer como sugestão do que deve ser esperado. Não foi, porém, o que ocorreu em relação a Serra. Os comentaristas de jornal,TV e rádio emitiram verdadeiras sentenças contra o futuro da candidatura, tão mais fortes quanto menos disfarçáveis ou disfarçadas estiveram as simpatias por ela. A repercussão não profissional foi idêntica. E, entre políticos aliados de Serra, à parte o grau de empenho e sinceridade da aliança, foi ainda mais terminante. Só não se sabe se as lideranças do DEM mandaram ao comitê de Serra uma coroa, em nome do partido.

Em diferentes proporções, as pesquisas dão sinais de transferência de apoios de Serra para Dilma. A quantidade de indecisos e a dos que chegam a nem saber a quem Lula apoia é, ainda, expressiva. Nisso está o problema novo de Serra. Se disputa estivesse acirrada, aquele contingente seria uma esperança. Mas, uma vez formado, o consenso dos dotados de alguma informação propaga-se como incentivo aos indefinidos para aderir à impressão dominante. Mecanismo da opinião de massa que não é exclusivo das disputas eleitorais, é mesmo como uma regra geral.

Neutralizar essa tendência é difícil, quase sempre. Para Serra e sua equipe ainda mais. A inépcia que têm demonstrado para lidar com política e com opinião já desce até o cômico. Com o "Zé" que querem pespegar no Serra, no entanto, chamado de Serra em grande parte da propaganda, esqueceram que outro candidato é Zé mesmo, o Zé Maria do PSTU. Transbordo, de um Zé a outro, que pode ser inconsciente, mas não deixa de ser sugestivo.Jânio de Freitas na Folha

Nem aliados e nem o povo querem Serra

Na estreia da propaganda gratuita dos candidatos a governador, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi deixado de lado ou fez apenas aparições discretas nos programas de rádio e TV de seus aliados nos Estados.

Já na propaganda dos candidatos da base do governo federal, o presidente Lula foi a principal estrela --e a presidenciável petista Dilma Rousseff, sua coadjuvante

Serra não teve sua imagem mostrada nem seu nome citado nas propagandas dos candidatos a governador Yeda Crusius (PSDB-RS), Joaquim Roriz (PSC-DF), Marcos Cals (PSDB-CE), Paulo Souto (DEM-BA) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN).

Em Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB) só mostrou imagens do tucano no programa da noite.

O início da propaganda na TV coincide com o momento em que Serra aparece pela primeira vez atrás de Dilma em pesquisa Datafolha.

No último levantamento do instituto, a petista teve 41% das intenções de voto, contra 33% do tucano. Ele contava com o apoio nos Estados para reverter a vantagem da adversária.

Em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, Dilma chegou a falar três vezes nos programas dos aliados, inclusive pedindo voto para Hélio Costa (PMDB).

Serra ficou em clara desvantagem. Nos programas dos tucanos Aécio Neves, para o Senado, e Antonio Anastasia, para o governo, Serra não fala nem é citado. Mas a imagem dele aparece.

No de Anastasia, Serra é visto de relance em quatro ocasiões. Em apenas uma Serra está em primeiro plano. Em outra está de costas.

Em São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin não mostrou a imagem de Serra na TV e só citou duas vezes o nome do presidenciável.

Na TV, Mercadante ignorou Dilma --não apareceu nem foi citada--, mas exibiu depoimento de Lula.

Em sua fala, Mercadante colou sua candidatura ao governo Lula, colocando-se como participante das realizações federais.

No Paraná, o programa da tarde de Beto Richa (PSDB) só mostrou Serra em imagens de campanha. Mas, no programa da noite, exibiu depoimento do presidenciável.

No Ceará, nem o nome nem a imagem de Serra apareceram no programa de Cals e do candidato tucano ao Senado, Tasso Jereissati.

No Rio, o TRE determinou que o senador Marcelo Crivella (PRB) não utilize o depoimento de Lula em seu programa de TV.

O pedido foi feito pela coligação Juntos Pelo Rio, da qual o próprio PT faz parte, minutos depois do horário eleitoral da tarde. Mas, à noite, Crivella usou novamente o depoimento de Lula.

O presidente gravou depoimento para Crivella, que não faz parte da coligação do PT, e para Lindberg Farias (PT). Alijou assim Jorge Picciani (PMDB), candidato apoiado pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).

SERRA É CITADO

No Rio Grande do Norte, o apoio de Serra foi usado contra a candidata ao governo Rosalba Ciarlini (DEM).

O atual governador e candidato à reeleição Iberê Ferreira (PSB) usou parte de seu programa de rádio para ressaltar que a candidata do DEM é apoiada por Serra.

"A candidata do DEM é apoiada por Serra", dizem os locutores.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Serra vai atacar Dilma e Lula na TV. Agora Dilma vai a 100%

O comando da campanha de José Serra (PSDB) produziu artilharia pesada contra a adversária e hoje líder nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT). O comitê de Serra tem prontos um jingle de rádio e um comercial de TV, para ataque contra a Dilma.

Dedicado ao eleitor nordestino, o jingle ressuscita o escândalo do mensalão, citando o ex-ministro José Dirceu. Em ritmo de forró, diz que o governo Lula vai acabar e Dilma trará de volta José Dirceu e os radicais.

Concluído nesta semana, um comercial lança dúvidas sobre a capacidade administrativa da ex-ministra. Na peça, uma apresentadora lista medidas encampadas por Serra, como genérico e a luta contra a Aids.

Ao mostrar o rosto de Dilma, pergunta se o eleitor lembra algo que ela tenha feito de benéfico. E conclui dizendo algo como "Serra é certeza. Dilma é dúvida" (o texto ainda estava sendo trabalhado nos últimos dias).

Reservadas para rádio e para as inserções comerciais, as críticas mais ácidas deverão estar lançadas até a semana que vem, mas devem estar longe do programa de estreia de Serra.

Segundo relato feito pelo coordenador de comunicação de Serra, o jornalista Luiz Gonzalez, o primeiro programa será destinado à apresentação do candidato, em contato com o povo.

Na tentativa de mostrar sensibilidade social do candidato, Serra apresentará beneficiários de políticas públicas defendidas por ele.

Nesse esforço de humanização do candidato, Serra transitará por cerca de 30 silhuetas de pessoas em tamanho natural. Nas filmagens, ele dançou "puladinho", num cenário que reproduz um churrasco na laje, ao som de "quando o Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá".

Em ritmo de pagode, o novo jingle bate na tecla de que Lula não é mais o presidente: "Para o Brasil seguir em frente, sai o Silva e entra o Zé".

Como o uso do primeiro nome e a opção pela camisa arregaçada, dando a ideia de dinamismo, fizeram parte da campanha de Geraldo Alckmin em 2006, a repetição da fórmula tem causado apreensão no tucanato. Ontem, líderes do partido insistiam para que Serra fosse, desde já, mais agressivo.

DÚVIDA

A dúvida sobre a capacidade de Dilma e a exaltação da biografia de Serra estarão nas inserções. A cargo da publicitária Átila Francucci, serão reduzidas, em sua maioria, a 15 segundos.

Com menor tempo de TV, o comitê Serra investe na ideia de volume, dividindo os 30 segundos convencionais à metade. Com isso, o número de aparições passa dos 3,5 diários para 5 ou 6.

Para garantir maior presença, Serra deverá ocupar ainda o tempo dedicado às inserções dos candidatos a deputados. Em São Paulo --onde tem registrado queda nas pesquisas--, Serra protagonizará todas as inserções, pedindo voto no 45.

A intenção é ocupar, ao menos, um terço do tempo destinado aos deputados. Serra também terá aparições nos programas reservados aos candidatos a senador, como o PPS do Rio.

Gonzalez sugeriu ainda que fossem agendadas atividades de maior mobilização para geração de imagens para o programa.na Folha

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Os playboys do Serra dizem que estão, "maneirando" no uso de carros importados

Em Minas, onde se costuma questionar o engajamento de tucanos na campanha de José Serra (PSDB), surgiu uma "tropa de choque" de jovens com estilo "yuppie" que promove a candidatura do presidenciável na internet.

A "Turma do Chapéu" é formada por jovens de classe média e alta de BH ligados à juventude do PSDB. Na faixa dos 20 anos, eles são advogados, empresários, publicitários e universitários.

Dizem que sua marca registrada, o chapéu-panamá, é inspirada nos presidentes Juscelino Kubitschek e Franklin Roosevelt (EUA), além do aviador Santos Dumont.
O grupo produz vídeos de humor -todos favoráveis- com "bastidores" da campanha de Serra a presidente e dos tucanos Antonio Anastasia ao governo de MG e Aécio Neves ao Senado.

A peça mais famosa é o vídeo "O Serra que é o tal", reação ao "Dilmaboy", publicitário de Goiás que gravou uma performance pró-Dilma.

A turma também transmite ao vivo pela internet um programa à la "CQC", da Band. No Twitter, trocam ataques constantes com as juventudes do PT e do PMDB.
Estúdio, equipamentos de gravação e edição e viagens por Minas são bancados pelo PSDB e por recursos próprios, dizem eles.

Apesar de estar agradando a cúpula do partido, o administrador Thiago Nagib, 26, reclama que ele e seus amigos sofrem preconceito e são "acusados de ser playboys".Por isso decidiram maneirar no uso de ternos, carros importados, celulares caros.Nagib, que é sócio de três empresas, lamenta: "Continuar com esse estilo, que eu adoro, repercute no candidato. Hoje é "cool" ter cara de necessitado, de auxiliado pelo governo. Não é nosso esquema, a gente paga imposto".

domingo, 15 de agosto de 2010

Em clima de pagode, mais ""Zé"" e menos José

Para se livrar do estigma de elitista, Serra adota favela como cenário, explora sua origem modesta e deixa os ternos de lado

Zé não é Silva, mas participa do pagode da comunidade. Na laje, de onde se vê toda a "favela", ouve as pessoas cantarem: "Quando o Lula da Silva sair, é o Zé que eu quero lá, o Zé Serra eu sei que anda, é o Zé que eu quero lá." É assim que o presidenciável do PSDB, José Serra, será apresentado ao eleitor a partir desta terça-feira, quando começar o horário eleitoral na televisão.

Numa eleição em que a disputa se dará pelo eleitorado de baixa renda, junto ao qual o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenciável Dilma Rousseff construíram seu maior ativo eleitoral, o tucano foi convencido de que não tem como fugir do figurino popular.

Oito anos após a derrota na disputa presidencial de 2002, Serra chega à corrida dez quilos mais magro e com um discurso mais popular no bolso. Sob comando do marqueteiro, o jornalista Luiz Gonzalez, tenta seguir as regras do jogo definidas na era Lula, que impôs um padrão de maior proximidade do candidato com o eleitor.

Serra tem sido orientado a conversar mais com as pessoas na rua. Os seguranças deixam simpatizantes se aproximarem do tucano, que usa microfone de lapela nas caminhadas para captar o bate-papo "informal". Foram retirados também os cordões de isolamento, usados enquanto era governador, e o púlpito onde se colocavam os gravadores afastando-o da imprensa. Tudo calculado para o candidato passar a imagem de um político mais próximo, mais acessível.

A cena na "favela", na verdade um cenário em estúdio na zona oeste paulistana, ilustrará o primeiro programa na TV e atende à estratégia de popularizar a imagem do tucano. Reflexo de uma corrida por quase 70 milhões de eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos.

O estúdio reproduz uma comunidade com comércios e barracões, onde não faltam o churrasquinho na laje e os famosos gatos, ligações clandestinas nos postes. O cenário é assinado pelo diretor de arte Osmar Muradas, e a coordenação de produção é de André Burza.

A embalagem popular tentará vender um candidato pós-Lula. O desafio nestes 45 dias de TV é convencer o eleitor de que Serra é o melhor nome para manter as conquistas e promover avanços.

"Serra sempre está em uma sinuca de bico nas campanhas presidenciais: pregar a oposição na situação, e agora a situação na oposição", diz o marqueteiro Nelson Biondi, que trabalhou com o tucano na eleição presidencial de 2002.

Estudo de Jorge Almeida, da Universidade Federal da Bahia, mostra que na eleição de 2002 Serra, candidato da situação, falou mais vezes sobre mudança no horário eleitoral gratuito do que Lula, na oposição. Foram 149 citações feitas pelo tucano contra 73 do petista.

No primeiro programa que irá ao ar, Zé, na verdade Serra, falará sobre sua vida, destacando os genéricos, os mutirões na saúde e o seguro-desemprego. Foram gravadas cenas em São José da Tapera, Alagoas. Lá Serra conversou com uma dona de casa, mãe de nove filhos, que recebeu o Bolsa-Alimentação, criado quando ele era ministro.

Até ocupar cargos no Executivo, Serra era um crítico do aumento dos gastos com publicidade - prática que acabou adotando no governo paulista. Começou a dar mais importância à imagem quando assumiu a Saúde, em 1998. Pegou gosto por estrelar pronunciamentos em cadeia de rádio e TV, a ponto de dirigir até a iluminação nas gravações. Tornou-se o ministro da equipe de FHC que mais apareceu em cadeia nacional. Foi no ministério que se convenceu a fazer uma primeira intervenção cirúrgica na sua aparência. Tirou bolsões de gordura embaixo dos olhos.

Passado. Saiu da Saúde rumo à campanha presidencial, tocada pelo publicitário Nizan Guanaes. Pesquisas internas mostravam a simpatia como principal atributo. Apontavam que ele era confundido com o médico Drauzio Varella.

Com Nizan, estrelou o programa em 20 de agosto de 2002. Parte do filmete atacava de modo feroz Ciro Gomes, com quem disputava vaga no 2º turno. Catorze dias depois, subiria o tom comparando Ciro a Fernando Collor.

A tensão evidenciou o clima daquela campanha. Serra parecia pouco à vontade no figurino governista, numa disputa em que a palavra era mudança.

A campanha de 2004 foi o momento de maior inflexão. Com uma eleição tranquila, e calejado pela derrota de 2002, entrou leve ao som do jingle Serra é do Bem. O comando ficou nas mãos de Gonzalez, com quem o tucano trabalhara na disputa pelo Senado em 94.

Para a jornalista e amiga Soninha Francine, a experiência de Serra como prefeito de São Paulo o aproximou mais do eleitor. A melhora na imagem do tucano apontada pelas pessoas, diz ela, nada mais é que "mudança com experiência da vida". Na corrida de 2006 pelo governo paulista, novamente com Gonzalez, Serra fez aparições no horário eleitoral focando em saúde, educação, transporte e emprego. Tentou manter um clima de serenidade, ainda que menor que o de 2004, dizem aliados. Venceu no primeiro turno.

Iniciou a corrida de 2010 como líder nas pesquisas encarnando uma versão tucana do "Lulinha paz e amor" de 2002. O estilo light o acompanhou na saída do Palácio dos Bandeirantes, mas não resistiu ao crescimento de Dilma nem às cobranças da campanha. "Numa disputa presidencial, deve-se tomar posições o tempo todo, e muitas vezes sem certeza. Para ele, isso é difícil. Não funciona com esse tipo de pressão", diz um amigo.

Foi esse Serra mais híbrido que entrou na terça para gravar no estúdio. Numa laje da "favela", de 7 metros por 3, o tucano ouviu o quinteto Novos Malandros tocar o jingle: "José Serra é um brasileiro, tão guerreiro quanto eu. Estudou, batalhou, foi à luta e venceu. Esse Zé já conheço, já sei quem é."

A equipe de comunicação estuda agora uma animação de Serra. Foram feitos três protótipos do "Serrinha", nos moldes do "Kassabinho", lançado na reeleição do aliado Gilberto Kassab (DEM).

Com o boneco, a equipe de Serra quer aproximar o tucano do eleitor e combater uma das suas fragilidades: ser do PSDB, partido tido como elitista. O segundo programa na TV pretende, assim, mostrar que Serra "trabalha para os pobres". O tema, portanto, será saúde.

Estampa. Nos comerciais, Serra aparecerá sempre que possível com camisa azul e mangas arregaçadas para demonstrar informalidade. Especialistas em imagem já detectaram no candidato esse esforço para parecer menos formal.

"No início da carreira, usava ternos convencionais que combinavam com sua formação de economista", analisa Mariana Rocha, consultora de moda e professora de estilismo. Mas a especialista faz uma ressalva: "Quando ensaia a informalidade na busca por uma imagem mais simpática, peca pelo uso de peças formais".

A consultora de imagem Suzy Okamoto avalia que a aparência de Serra há oito anos era mais "saturnina e melancólica". Hoje, diz, tem uma imagem mais suavizada. "A boca e os dentes estão diferentes." No ano passado, Serra se submeteu a um tratamento nos dentes e na gengiva, que alterou o seu sorriso.

A equipe de Serra avalia que as poucas intervenções estéticas, e até a cara séria, ajudam a dar autenticidade, principalmente no confronto com a principal adversária que, ao contrário dele, mudou bastante o visual. O jeitão professoral é também considerado, para os tucanos, um trunfo do candidato. O próprio alfineta Dilma quando diz: "Não tenho duas caras."

Para além da tentativa de popularizá-lo, o fato é que Serra entra nesta eleição mais magro, mais branco - resultado da mania de passar protetor solar, inclusive na cabeça - e mais preocupado com a alimentação. À base de frutas, refrigerantes light sem gás e muito energético, o tucano vai tocando a campanha sem perdoar os maus hábitos dos outros. "Ele não pode ver alguém pedindo queijo quente que já fala: "Mas é queijo branco, né?"", conta Soninha. "Ver alguém comer bacon, então, é inaceitável."

A partir do dia 17, durante sete minutos e dezoito segundos, às terças, quintas e sábados, o eleitor vai conviver com esse Zé Serra. A ideia inicial do marketing na TV é não atacar Dilma em questões pessoais, como a sua participação na luta armada. Já no quesito experiência... "Dilma vai ficar sem chefe. Será que Dilma é capaz de segurar?", diz um dos jingles. Por enquanto, guardado na gaveta.Estado

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

MPF pede fim de queimadas em SP e diz que governo do PSDB ignorou ambiente

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com pedido de liminar na Justiça Federal de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) para que sejam interrompidas imediatamente as queimadas controladas da palha de cana-de-açúcar. Em nota, o MPF afirma que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo emitiu licenças aos produtores sem fazer um estudo de impacto ambiental prévio por autoridade competente.

O MPF pede que a Justiça declare nulas todas as licenças e autorizações já expedidas pela secretaria e pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Para a Promotoria Pública, esse tipo de autorização deve ser exclusividade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O MPF afirma que, mesmo que o pedido para queima seja feito para o Ibama, este deve exigir o EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental - Relatório de Impacto Ambiental), "considerando as consequências para a saúde humana, para a saúde do trabalhador, impactos para áreas de preservação permanente, para os remanescentes florestais, para a flora e fauna, bem como as mudanças na atmosfera relacionadas ao efeito estufa e ao consequente aquecimento global".

Conforme nota do MPF, a "queima controlada da palha lança na atmosfera grandes quantidades de vários poluentes prejudiciais à saúde. Essa prática é realizada durante os meses com menores índices de umidade na região quando as chuvas são escassas, diminuindo muito a possibilidade de dispersão dos poluentes, potencializando os efeitos nocivos da prática".

"As queimadas também atingem áreas de preservação permanente localizadas às margens de rios e córregos da região, muitos pertencentes a bacia hidrográfica dos Rios Mogi-Guaçu, Pardo, e Grande", informa o documento. Para o procurador da República, Andrey Borges de Mendonça, autor da ação, a cultura de cana-de-açúcar é uma importante atividade econômica no Brasil, mas não é possível que seja feita sem critérios mínimos da lei e das normas ambientais vigentes.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Pedágio em SP é cobrança de imposto disfarçada, diz Dilma

Ao participar do Painel RBS, da afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, nesta quinta-feira(12), a candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, aproveitou a oportunidade para fazer ataques indiretos ao presidenciável José Serra (PSDB). O ponto escolhido foi o modelo de concessão das estradas paulistas."Quem pagar mais fica com a concessão no caso deles. É de certa forma uma cobrança de imposto disfarçada", afirmou Dilma. E questionou: "quero saber se o telespectador catarinense vai querer pagar R$ 43 para andar 300km?"

De acordo com a petista, antes de 2003, o Brasil havia parado de investir em rodovias."Quando assumimos as rodovias estavam sucateadas, passamos dois anos resolvendo a crise da dívida externa, recuperamos os investimentos de 2005 para 2006 e só aí o governo começou a investir, mas não deu tempo em cinco anos para resolver o problema de 20".

A candidata disse em várias oportunidades ter ficado "impressionada" ao acompanhar a enchente de 2008, que deixou 135 mortos e mais de 50 mil desabrigados em Santa Catarina. Questionada se está prevendo, para um possível governo, alguma ação de prevenção para desastres naturais, Dilma respondeu que tem intenção de instituir um grupo "anti-catástrofe". O órgão seria vinculado à Presidência da República e reuniria representantes da Defesa Civil, Forças Armadas e da Saúde."Acompanhei de perto a tragédia e vi o excelente trabalho do Exército no resgate às vítimas", disse.

Para Dilma, a falta de investimentos na área de drenagem no Brasil seria um agravante nas catástrofes climáticas."O País parou de investir em saneamento e drenagem. Basta ver que Santa Catarina possui um dos piores índices de cobertura de esgoto", disse.

Ela ainda pregou mudanças na legislação para auxiliar localidades atingidas com maior agilidade e citou o caso do porto de Itajaí, que teve um dos berços completamente destruído pela enchente e ainda não foi totalmente recuperado."É preciso um caminho mais rápido para estes casos", destacou. "Liberamos dinheiro para o porto, mas existe toda a questão de licitação e trâmites legais, que não são imposições nossas".

Dilma Rousseff ainda vai participar de um evento com empresários na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina. No final da tarde, realiza uma caminhada e um comício no centro de Florianópolis.

TRE nega registro a candidato do DEM preso

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo indeferiu o registro de candidatura a deputado federal de Selmo dos Santos Pereira (DEM) por falta de apresentação de certidões criminais e documento comprobatório de escolaridade. Selmo encontra-se preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, por envolvimento em crime de estelionato, conforme noticiado na impugnação oferecida pela Procuradoria Regional Eleitoral.

De acordo com a Corte, o registro da candidatura de Pereira foi negado por não atender os requisitos legais. Para o juiz relator, desembargador Alceu Penteado Navarro, a falta de qualquer documento obrigatório implica no indeferimento do registro. Além disso, “observo a preocupação da sociedade com a ética e a moral na política. A população anseia por candidatos dignos de representá-la”, destacou o magistrado. Cabe recurso ao TSE.

PSDB monta estratégia para enfrentar Lula na TV

O PSDB está preocupado com o impacto da participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa eleitoral gratuito de televisão da candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff. É o que um dirigente tucano chama de "Lula na veia". Para minimizar o estrago, aliados do candidato do PSDB, José Serra, avaliam que ele precisa ser mais "humanizado" em seu próprio programa eleitoral.

O foco da propaganda eleitoral de Serra será a apresentação do candidato e de suas propostas. Seus coordenadores gostariam de estimular no eleitor a comparação entre Serra e Dilma. A aposta é que, no conteúdo, a vantagem seria do tucano. No entanto, a expectativa é que o programa de Dilma venha com muita produção e emoção, despertada pela participação de Lula.

Envolvidos na campanha de Serra acreditam que a emoção pode causar grande impacto nos primeiros programas eleitorais, mas deve se diluir ao longo dos 45 dias do horário gratuito. Com o tempo, a comparação de conteúdo deve prevalecer, favorecendo a candidatura tucana.

Aliados de Serra no PSDB e no DEM ficaram apreensivos após o debate entre os presidenciáveis na televisão, realizado pela Band no dia 5. Havia muita confiança na experiência do candidato tucano e na falta de traquejo de Dilma. Avaliam, no entanto, que Serra "não foi decisivo" e não soube explorar os pontos fracos de Dilma. Como resultado, a candidata do PT, apesar do visível nervosismo, acabou saindo-se melhor do que era esperado pelos tucanos e temido pelos petistas.

Além do programa eleitoral, o PSDB está preocupado em reforçar a campanha em Minas e no Rio, Estados que devem decidir a eleição, na avaliação do partido. A razão é a falta de "solidez" nas intenções de voto até agora registradas pelas pesquisas nos dois Estados.

No caso de Minas, Serra tem mais votos que o governador Antonio Anastasia (PSDB), candidato à reeleição apoiado pelo ex-governador Aécio Neves. Há margem paracrescimento do governador e, à medida que ele conquistar fatia maior do eleitorado, consequentemente aumenta as intenções de voto em Serra. Para isso, a campanha estadual precisa ser mais compartilhada com a nacional. A avaliação é que, por enquanto, a preocupação dos mineiros é com a eleição de governador, senadores e deputados, havendo pouca integração com a disputa nacional.

O caso do Rio é diferente. Sem candidato a governador dos partidos da aliança (PSDB, DEM e PPS), a coordenação da campanha aposta na "independência" do eleitorado fluminense. O objetivo é que Serra adote um discurso que o aproxime do eleitor, sem depender da campanha do candidato a governador do PV, deputado Fernando Gabeira.

Há, ainda, o objetivo de aumentar a diferença de intenção de voto para Serra em São Paulo. Na avaliação dos tucanos, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) está pouco empenhado em fazer campanha, já que lidera as pesquisas. Como sua intenção de voto é maior do que a que Serra tem no Estado, a conclusão é que o presidenciável precisa colar mais em Alckmin - que, por sua vez, precisaria ir mais para a rua.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"A Dilma não pode passar no Senado o sufoco que eu passei com a oposição" disse Lula em BH

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem, em comício em Belo Horizonte, um apelo para que o eleitorado derrote os candidatos da oposição ao Senado. O discurso contundente do presidente contradisse os esforços de parte da base lulista em Minas Gerais de associar a campanha da candidata presidencial do PT, Dilma Rousseff, ao candidato ao Senado e ex-governador Aécio Neves (PSDB). "A Dilma não pode passar no Senado o sufoco que eu passei com a oposição. Porque eles conseguiram tirar R$ 40 bilhões da saúde desse país", afirmou referindo-se à rejeição da emenda constitucional que prorrogava a vigência da CPMF.

Em seguida, Lula atacou o candidato presidencial do PSDB, José Serra, e Aécio: "Ele era governador de São Paulo e me telefonava dizendo que era uma loucura rejeitar a CPMF. O governador daqui também dizia que era uma loucura e eu falava: "então falem com os seus senadores". E na hora da votação, todos votaram contra."

O presidente usou praticamente todo o tempo de seu discurso para pedir votos a Dilma, pouco se referindo aos candidatos locais. Lula entregou uma rosa vermelha a Dilma, em homenagem ao seu desempenho na entrevista de segunda-feira no "Jornal Nacional", da TV Globo: "Não perca a serenidade nunca. Não fique nervosa, não aceite provocações."

O presidente falou que o seu maior legado ao país será ter conseguido eleger uma mulher como sucessora e ironizou as dúvidas que são levantadas sobre a sua capacidade de transferir votos. "Eles diziam que o Lula não ia transferir votos, mas não é o Lula que está popular, é o governo que tem aprovação. Não adianta o jornal querer esconder porque o benefício chega diretamente ao bolso do povo. Pergunte a qualquer empresário aqui em Minas se alguma vez ele ganhou tanto dinheiro. Pergunte a qualquer sindicalista em Minas se, alguma vez, ele fez tantos acordos com ganhos salariais."

Em um único momento Lula referiu-se aos candidatos locais, ao afirmar que com "muito orgulho" virá outras vezes a Belo Horizonte pedir votos para o candidato ao governo de Minas, Hélio Costa (PMDB) e para os candidatos a senador Fernando Pimentel (PT) e Zito Vieira (PCdoB).

Dilma também discursou, lembrando que nasceu em Minas Gerais. Ela se comparou a dois outros mineiros eleitos presidentes da República: Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves. "Eu aprendi com a tradição política dos mineiros", disse ela.

Dilma ainda afirmou que foi obrigada a deixar o Estado por causa da ditadura. "Eu, que saí de Minas, que tive que sair de Minas, quero dizer a vocês que jamais Minas saiu da minha vida política e do meu coração".

A candidata deu início ao comício sambando ao som do jingle da campanha no palanque da praça da Estação, no centro de Belo Horizonte, área com capacidade para 15 mil pessoas.

Mais cedo, em eventos diferentes, Dilma - em campanha de rua em Belo Horizonte - e Lula - em agenda oficial em Divinópolis, a 140 km da capital - convergiram para o tema da habitação. Além de inaugurar dois campi de uma universidade federal, um deles chamado "Dona Lindu", em homenagem à mãe do presidente, na cidade da região central mineira, Lula também assinou 311 novas contratações do programa habitacional Minha Casa Minha Vida e fez a entrega de 102 casas. O ministro das Cidades, Márcio Fortes, anunciou o "PAC do asfalto". Na capital, Dilma prometeu que em seu eventual governo irá contratar 2 milhões de moradias para a faixa de renda de até cinco salários mínimos.

"Até o fim de 2010 teremos contratado neste governo 1 milhão de moradias e no próximo governo vamos contratar mais 2 milhões, para o pessoal que ganha até cinco mínimos, que corresponde a 96% da população do país. Se não tiver subsídio, eles não comprarão. E uma diferença deste governo é que o presidente Lula acha que tem que dar subsídio sim", afirmou a candidata, após visitar um museu mantido pela empresária Ângela Gutierrez, da família dos controladores da empreiteira Andrade Gutierrez.

A candidata e o seu colega de chapa, o candidato a vice e presidente da Câmara dos Deputados Michel Temer (PMDB-SP) cumpriram agendas separadas em Belo Horizonte. Temer chegou mais cedo e almoçou com empresários na Associação Comercial de Minas.

O presidente da Câmara esteve anteontem em Santa Catarina, onde trabalhou para afastar a seção local pemedebista da candidatura presidencial de José Serra (PSDB). Em Minas Gerais, Estado em que a aliança entre PMDB e PT precisou da intervenção da cúpula dos dois partidos, Temer afirmou não ver mais problemas. "Há uma unidade quase absoluta em torno de Hélio Costa. Pouco a pouco os partidos brasileiros estão ganhando esta característica: a da fidelidade. Já temos uma vedação da troca de partidos durante o mandato e o próximo passo é termos também a fidelidade durante a campanha", afirmou, referindo-se ao candidato mineiro a governador pela aliança entre petistas e pemedebistas.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Vem aí o Disque-Dilma

Um dia a moça da operadora do celular; no outro, a do cartão de crédito; e, durante as eleições, Dilma Rousseff. A campanha petista testa a utilização de mensagens de telemarketing para aproximar a presidenciável dos lares brasileiros. O Disque-Dilma já está em fase de testes. O resultado das primeiras ações da equipe de telemarketing foi elogiado por petistas que atuam na campanha, mas o preço do serviço preocupa um pouco. A cada telefonema feito para um eleitor, o cofrinho da campanha fica de R$ 0,12 a R$ 0,18 mais magro, segundo o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). “A gente faz sorteio e liga. Vale a pena, todo contato em uma eleição judicializada como essa tem valor. Mas é um método muito caro. É preciso calcular melhor, receber as receitas para ver se é possível, se é viável ligar para todos os eleitores”, explica Vargas.

Na primeira prestação parcial de despesas de campanha, o comitê financeiro da candidata registrou que as primeiras incursões na área de publicidade por telemarketing custaram R$ 120 mil. A equipe de Dilma informa que nessa primeira etapa as mensagens não serão utilizadas para pedir, diretamente, o voto do eleitor. O objetivo das mensagens, alegam aliados, seria convidar moradores de bairros ou cidades próximas aos locais em que a candidata participa de eventos públicos a comparecerem ao ato pró-Dilma. Para levar gente para a rua, a central de telemarketing usará banco de dados de eleitores cadastrados pelo comitê de campanha e do PT.

Mas a cereja do bolo da estratégia do Disque-Dilma é a voz da candidata. Os marqueteiros ainda analisam a viabilidade de a ex-ministra gravar mensagens específicas convidando o eleitorado para os eventos de campanha. Em casa ou no celular, o sorteado atenderia o telefone e ouviria a presidenciável do outro lado da linha. Os petistas apostam no sucesso da proximidade com o eleitor. Mas o telemarketing personalizado esbarra na agenda apertada da petista. Segundo Vargas, a possibilidade de Dilma gravar mensagens será avaliada pelo momento da campanha.

Outro cuidado que os coordenadores de campanha têm, ao iniciar o telemarketing político, é não deixar o eleitor saturado. Os responsáveis pela criação do sistema de mensagens de Dilma não poderão usar o mesmo banco de dados da internet, para não bombardear um só cidadão com dezenas de mídias. Quem já integra ou recebe materiais das redes sociais não deve ser alvo dos telefonemas. O PT não quer “duplicar” a mobilização sobre um mesmo eleitor, para não gerar efeito contrário, de rejeição aos “chatos virtuais”.

Militância
O PT também planeja criar uma outra central de telemarketing. Mas em vez de mirar os eleitores de Dilma, a ideia é montar estrutura para resolver problemas da militância em relação ao uso da internet. O suporte via telefone ajudaria candidatos, assessores e militantes do PT a utilizarem todos os recursos de redes sociais, como o Facebook, Twitter e Orkut. Para Vargas, a internet modificou a características das eleições e para levar pessoas aos comícios antes de tudo é preciso encontrar os eleitores no universo virtual. De acordo com o secretário de Comunicação do partido, o preço da central é alto e não poderia ser pago totalmente com recursos da campanha presidencial. “Ao contrário do que dizem, a tecnologia não barateou a eleição, encareceu. Antes, com R$ 10 mil se fazia um comício e todo mundo participava. Agora, não”, afirma.Correio

15 de agosto
Data-limite para o eleitor que deseja votar em trânsito procurar o Tribunal Regional Eleitoral do DF

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sem público, Serra troca comícios por encontros temáticos na campanha

Sem um cabo eleitoral com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem público, o tucano José Serra abandonou, por ora, o tradicional comício na campanha eleitoral deste ano. Segundo sua equipe, a preferência do candidato do PSDB à Presidência tem sido por caminhadas em que pode ter contato direto com os eleitores e encontros com públicos específicos, como lideranças femininas ou assistentes sociais, nos quais costuma discursar.

Em pouco mais de um mês após o início oficial da propaganda dos candidatos nas ruas, o mais próximo que Serra chegou de um comício foi quando, com um megafone nas mãos, falou a militantes que o seguiam em caminhada pela Boca Maldita, no centro de Curitiba, capital paranaense.

Antes populares por seus palanques recheados não só de políticos em busca de votos, mas também de atrações musicais e distribuição de brindes, os comícios caíram em desuso desde que esses “showmícios” foram proibidos, em 2006. No entanto, a campanha da principal adversária de Serra na disputa, Dilma Rousseff (PT), insiste na fórmula e marcou uma série de comícios em locais que simbolizam a luta contra a ditadura militar.

O vice na chapa de Serra, deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ), diz que o processo de comunicação da campanha tucana busca se diferenciar e atingir o eleitor de diferentes maneiras, sem “shows”, como ele define os comícios de Dilma e Lula.

- Hoje em dia é diferente, aquela passeata dos cem mil [ocorrida em 1968, contra a ditadura], talvez tivesse dez mil hoje em dia. O próprio comício deles [PT] lá no Rio de Janeiro foi um fiasco. Disseram que iam cem mil e só foram mil.

Para o candidato a vice, a internet tem sido uma arma poderosa de convencimento da campanha tucana.

- Nossa tática é mostrar nossas propostas e que nós somos capazes de levar a eles o que eles precisam.

Porém, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), responsável por coordenar a agenda de eventos do tucano, diz que os comícios não estão descartados, embora a campanha não tenha nenhum agendado até o momento.

- Ele [Serra] não fazer [comício] não quer dizer que não vá ter, mas não é prioridade. No estilo de ação dele, a preferência são para encontros diretos com a população, palestras e eventos fechados.

A agenda de Serra, segundo Marisa, é definida de acordo com os convites que o presidenciável recebe dos correligionários nos Estados. Na semana que vem, por exemplo, vai à cidade portuária de Paranaguá (PR) ao lado do candidato tucano ao governo, Beto Richa, para falar de portos.

Medida provisória libera recursos de R$ 1,6 bilhão para o ensino médio. E o Serra vai falar o que agora?

Uma lei publicada nesta segunda-feira (9) no Diário Oficial da União libera recursos no valor de R$ 1,6 bilhão para o ensino médio. A Medida Provisória 484/10 assegura apoio financeiro aos estados e ao Distrito Federal no valor de R$ 800 milhões, enquanto R$ 800 milhões serão transferidos às regiões norte e nordeste, no âmbito do Programa Especial de Fortalecimento do ensino médio.

O programa será executado por meio de transferência direta aos estados considerados prioritários pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), conforme os seguintes parâmetros:

- Número de matrículas no ensino médio público;

- Indicadores disponíveis para aferir o desenvolvimento da educação básica, conforme calculado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira);

- Valor anual por aluno a ser praticado em 2010, em cada fundo estadual, no âmbito do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).

O objetivo é incentivar a melhoria dos indicadores de qualidade, suprir recursos financeiros de forma a equalizar oportunidades educacionais e atender à ampliação das matrículas no ensino médio público do país.

A transferência de recursos financeiros será feita automaticamente pelo FNDE, sem necessidade de convênio, acordo, contrato, ajuste ou instrumento congênere, mediante depósito em conta-corrente específica em parcela única, até o décimo dia útil após a aprovação do crédito orçamentário para a finalidade.

A prestação de contas dos recursos recebidos deverá ser apresentada pelos estados até 30 de novembro de 2010.

O deputado milionário do PR que tem vergonha de ser rico

O deputado federal do Paraná Marcelo Almeida (PMDB), de 43 anos, é o candidato mais rico do país a disputar uma vaga no Legislativo. Com patrimônio de R$ 708 milhões, ele diz ter vergonha de comprar um Porsche ou um Rolex. Filho do empreiteiro Cecílio do Rego Almeida, que morreu em 2008, e enteado do ex-ministro da Fazenda Karlos Rischibieter, ele cursou engenharia civil, mas nunca exerceu a profissão nem trabalhou em empresas da família. Aos 24 anos entrou para a política e se elegeu vereador em Curitiba. Diz que não bebe, não vê televisão, acorda às 5h e lê seis livros por mês. Foi um dos paranaenses que mais faltaram às sessões no primeiro semestre de 2010, no seu primeiro mandato como deputado federal.


Com patrimônio de R$ 708 milhões, o deputado federal Marcelo Almeida (PMDB-PR), candidato à reeleição e o homem mais rico a disputar uma vaga para o Legislativo em 2010, diz ter vergonha de comprar um automóvel Porsche ou um relógio Rolex. Usa frases como: "Que preguiça de ter de ir numa loja comprar um carro desses" ou "que vergonha de ter isso no braço". Filho caçula de Cecílio do Rego Almeida, empreiteiro que morreu em 2008 e deixou como herança um patrimônio estimado em R$ 9,4 bilhões, ele viu sua declaração de bens dar um salto de 700% desde a última candidatura, mas afirma ser "desprendido" do assunto dinheiro. "Não vou usufruir do que tenho", explica.

Almeida também é enteado de Karlos Rischbieter, que foi ministro da Fazenda de João Batista Figueiredo e que o ensinou "a entender Brasília". "Ninguém tem o privilégio de ter o Cecílio e o Rischbieter por perto", comenta, em seu escritório em Curitiba, cercado por fotos da família.

Ele cursou engenharia civil, que tem tudo a ver com as atividades do grupo CR Almeida, mas nunca exerceu a profissão. "Fiz para imitar os outros, ainda não tinha claro o que queria", diz. O deputado tem 43 anos e é pai de quatro filhos, com 2, 5, 7 e 12 anos de idade. Diz que é "um líder de gente" e nunca pensou em trabalhar nas empresas da família, que atua nas áreas de construção, concessão de rodovias, logística de transporte e química.

Quando concluiu o curso superior, foi apresentador de programa de rádio, antes de ser eleito vereador, aos 24 anos. Sua posse não foi tranquila. Após a diplomação, foi vaiado e o pai tomou as dores e chegou a brigar com manifestantes. Marcelo exerceu dois mandatos na Câmara de Vereadores, contra a vontade de Cecílio.

Seu interesse por transporte e educação no trânsito fez com que em 2003 fosse convidado pelo ex-governador Roberto Requião (PMDB), seu amigo, para ser o diretor do Departamento de Trânsito do Paraná. "Ele deu a oportunidade de um filho de empreiteiro ser político", comenta, sobre Requião, a quem defende e para quem trabalhou na tentativa de viabilizar uma candidatura à Presidência pelo PMDB. Embora, para ele, ninguém vá conseguir ser tão bom para o país como foram Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

Agora, Almeida acredita na volta do ex-governador para o Senado, "para dar uma chacoalhada" na Casa, e integra a aliança que tem Osmar Dias (PDT) como candidato ao governo do Paraná. Foi com Osmar que ele quase deu outro salto na vida política, ao ser sondado para ser o vice na chapa. Seria uma parceria inusitada, já que o irmão de Osmar, o também senador Alvaro Dias (PSDB), era visto como inimigo por Cecílio. "Meu pai adorava quem eu não gostava, caras para quem eu não daria a mão", responde. Mas a candidatura de vice ficou com o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB), também filho de empresário, o presidente da Federação das Indústrias do Paraná, que tem o mesmo nome e é sócio da empresa de alimentos Nutrimental.

Marcelo diz que pretende gastar R$ 3,5 milhões na campanha, do próprio bolso, embora tenha registrado a possibilidade de o valor atingir R$ 6 milhões. Sobre a vida pública, ele ora cita dificuldades, como não ver os filhos crescerem por ter de estar em Brasília ou viajando pelo Paraná, ora lembra que "vale a pena oferecer esperança para as pessoas". Afirma que não deseja ver um filho no mesmo caminho. "Mas eu só gosto disso", conta.

Gosta também de leitura e diz que não bebe, não vê televisão, acorda às cinco da manhã todos os dias e lê seis livros por mês. Tem até um grupo de leitura, formado por 800 pessoas e, em cálculo rápido, cita que gasta R$ 2 mil por mês na compra de livros, depois aumenta o valor para "uns R$ 5 mil".

O preço das ações na bolsa de valores, a cotação do dólar e investimentos em bens são assuntos que não atraem sua atenção. "Me preocupo com o número de votos de que preciso." Da primeira vez, ele entrou como suplente do deputado Reinhold Stephanes, que virou ministro da Agricultura, e ficou com a vaga após a morte do deputado Max Rosenmann, em 2008.

Nesta eleição, planeja passar dos 100 mil votos. "Boto fé no mandato 2011-2015. No segundo mandato você fica mais enraizado, precisa se expor um pouco mais nas comissões." Ele foi apontado como uma deputados paranaenses que mais faltaram às sessões no primeiro semestre de 2010 e justificou que a ausência foi motivada pela morte de um irmão, Roberto Almeida, em abril, o que o teria obrigado a permanecer em Curitiba para resolver questões familiares e empresariais.

Questionado sobre se defende interesses da CR Almeida no Congresso, ele responde rápido. "Minha família não precisa de mim. Nunca usou um filho para ganhar uma obra." Nos últimos anos, envolveu-se principalmente em assuntos de trânsito e leitura - é presidente da Frente Parlamentar de Leitura.

Entre seus títulos prediletos, cita "Estação Carandiru", de Drauzio Varella, "Código da Vinci", de Dan Brown e os livros do escritor catarinense, radicado em Curitiba, Cristóvão Tezza. Diz que já saiu de carro para percorrer locais e visualizar personagens citados nas histórias que leu. Tem uma pequena biblioteca no escritório e faz anotações pessoais na primeira página dos seus livros. Na última, coloca a quantidade de vezes que parou a leitura daquele livro.

Faz cruzada contra motoristas alcoolizados. Também está tendo aulas particulares sobre orçamento público, porque diz que não "quer ser enganado". Sobre seu estilo de vida, diz que se sente bem dirigindo um automóvel próprio, pegando carona ou usando ônibus que saem da rodoviária para visitar municípios do interior. Também brinca com o apelido que tem: mente brilhante. "Não porque sou muito inteligente, mas por causa da minha careca", ri.Valor Econômico

domingo, 8 de agosto de 2010

A política audaciosa das montadoras de veículos

A produção de veículos atingiu 315,9 mil unidades, em julho, e 1,93 milhão, nos primeiros sete meses do ano, números inferiores apenas aos de março e da fase de euforia de julho/agosto de 2008, mostrando o otimismo das montadoras com o ritmo da atividade econômica. O setor não parece temer nem os estoques elevados, de 101 mil unidades nas indústrias e de 229 mil nas revendedoras, citados pelo presidente da associação das montadoras (Anfavea), Cledorvino Belini.

O otimismo está refletido nos anúncios generalizados de investimento das empresas, como os da GM, que aplicará R$ 1,35 bilhão em São Caetano do Sul e R$ 50 milhões em Mogi das Cruzes; da Mercedes-Benz, R$ 1 bilhão em São Bernardo do Campo; da coreana Hyundai, que deverá construir uma nova fábrica no País, provavelmente em Piracicaba; da chinesa Chery, em Jacareí; da Toyota e da Honda, entre outros.

São decisões voltadas para o futuro, sem ignorar o comportamento do mercado, neste ano, quando o fim dos incentivos fiscais do governo para enfrentar a crise não enfraqueceu a demanda. Comparando os primeiros sete meses de 2009 e 2010, a produção de autoveículos cresceu 18,3% e os licenciamentos, 8,5%. Até as exportações deram sinal de recuperação, apesar do real forte, atingindo US$ 6,9 bilhões no ano (média de US$ 988 milhões/mês), 65,8% mais que as do mesmo período de 2009 (média de US$ 596 milhões/mês).

O emprego de mão de obra nas montadoras cresce ininterruptamente desde junho de 2009 e, no mês passado, havia 132,2 mil trabalhadores no setor, acima do ponto mais alto anterior, de 131,7 mil empregados, em outubro de 2008.

Confirmadas as projeções de crescimento da produção, inclusive de veículos desmontados (CKD), de 3,14 milhões, em 2009, para 3,4 milhões, em 2010, novos recordes deverão ser alcançados, simultaneamente ao avanço da produção de máquinas agrícolas, que indicam o nível de investimentos do setor primário.

Para continuar crescendo, a venda de veículos brasileiros depende de crédito a juros módicos, renda disponível crescente e emprego dos consumidores. Nem o crescimento das importações parece incomodar - a média de importação de veículos novos aumentou de 31,2 mil por mês, em 2008, para 40,7 mil, em 2009, e 48,1 mil, neste ano. Falta saber como reagirão as montadoras se o ritmo de alta do PIB for mais lento, como se espera para 2011, e se provocar acomodação na renda da classe C, que sustenta o nível de consumo atual.Estado

sábado, 7 de agosto de 2010

Isso José Serra fez em São Paulo


Quase um ano após a implantação, a Operação Embarque Melhor na estação Guaianases (linha 11-coral da CPTM), na zona leste da capital, no sentido Luz (região central), registra hiperlotação, aperto e confusão. O problema é reflexo dos 21 mil passageiros que passam pelo local, por hora, no horário de pico da manhã (entre 6h30 e 7h30), contra um número de trens insuficiente --a capacidade aproximada de transporte é de 20 mil usuários por hora. Com isso, os vagões já saem lotados antes de passarem pelas demais estações.

Na última década, a estação Guaianases viu multiplicar por oito o número de usuários que recebe diariamente. Atualmente, só metade das baias usadas para direcionar os usuários estão ativas.

A operação tem como objetivo aumentar o conforto dos passageiros em horários de pico.

Construção paga mais que indústria

A construção civil está pagando melhor os trabalhadores iniciantes do que qualquer outro setor da economia, incluindo a indústria. Em junho deste ano, o salário médio dos profissionais recém-contratados pelas construtoras atingiu R$ 888. A indústria pagou R$ 858 e o setor de serviços, R$ 872,5. Em relação ao início do governo Lula, o salário médio dos empregados com carteira assinada admitidos na construção civil subiu 35,2%. Em janeiro de 2003, estava em R$ 657, enquanto um operário iniciante na indústria recebia R$ 704.

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, e consideram apenas os trabalhadores formais. Fábio Romão, economista da LCA Consultores, pondera que a informalidade é maior na construção, logo os baixos salários podem não estar sendo considerados. “O mercado está muito aquecido na construção civil pela falta de mão de obra qualificada”, diz o diretor de relações capital e trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sintracon) de São Paulo, Antonio de Sousa Ramalho Junior.

A agricultura registrou o melhor reajuste para os recém-contratados entre todos os setores: 41,1%. A remuneração da área agrícola ainda é bastante indexada ao salário mínimo, mas os salários ainda são os piores: R$ 600.

Os trabalhadores têm hoje de um poder de barganha significativo na hora de negociar salários. “Os resultados das campanhas salariais deste ano serão muito bons”, acredita o coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), José Silvestre Prado de Oliveira. Ele estima que, em 2010, quase 100% das negociações salariais vão pelo menos repor a inflação. Até hoje, 2007 foi o melhor ano para os trabalhadores, com 97% das negociações repondo a inflação e 88% com ganho real. A construção civil, cuja data-base é maio, obteve ganho real pelo sexto ano consecutivo.

Classe C consumirá o dobro das A e B

O consumo de produtos e serviços nas classes C,D, E deve crescer o dobro do projetado para as classes A e B. A projeção considera que o crescimento do consumo das famílias de faixas de renda até dez salários mínimos (R$ 5.100) deve se manter entre 7% e 8% ao ano no período de 2010 a 2013.

Entre as famílias com renda superior a dez mínimos, o ritmo de expansão do consumo deve ser de 4% ao ano até 2013. Os cálculos levam em conta previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), divulgada nesta quarta-feira, dia 2.

De acordo com o professor de finanças da FGV-EAESP, Fabio Gallo, “a lista de consumo, embora com um grande número de produtos, deve ter como campeões neste ano, os televisores tela plana, os celulares que reúnem várias mídias e computadores.” Os consumidores da classe C serão os principais responsáveis pelas compras.

Essa alta de consumo pode ser explicada devido à melhoria das condições macroeconômicas do País. “Diversos indicadores econômico-sociais vindos do IBGE e da FGV têm dado conta que há um substancial crescimento principalmente da classe C. As classes C, D e E têm entrado fortemente no consumo graças à melhoria das condições macroeconômicas do Brasil”, afirma Gallo.

Para o professor, programas de incentivo ao consumo com redução de impostos, como aconteceu com veículos, linha branca, móveis e material de construção, levou a uma saída da crise financeira de maneira mais rápida que outros países. “A estabilização econômica, aliada ao forte consumo das famílias trouxe mais empregos”, completa.

E o hipocondríaco Serra não consegue subir nas pesquisas


E o hipocondríaco Serra não consegue subir nas pesquisas. As dores se manifestam de várias formas, minando a candidatura. Índio da Costa ofereceu um chá lá da tribo DEMonóide, mas Serra preferiu partir logo para a tarja preta

Salário inicial sobe 27% em sete anos

Os brasileiros que entram hoje no mercado de trabalho ganham 27% a mais que no início do governo Lula. O salário médio dos trabalhadores formais (com carteira assinada) recém-admitidos subiu de R$ 651,5 em janeiro de 2003 para R$ 829 em junho deste ano. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, e foram corrigidos pelo Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC). O ajuste compensa as perdas provocadas pela inflação e torna os valores comparáveis.

Os salários médios iniciais estão entre os mais baixos da economia, porque incluem jovens com pouca experiência e pessoas que estavam desempregadas. É uma ótima notícia que a remuneração desse grupo tenha crescido, mas a vantagem não é tão significativa quanto parece.

Em outubro de 2001, um trabalhador recém-contratado recebia R$ 835. Os salários iniciais, portanto, apenas recuperaram os patamares do início da década. Queda de salário. Em 2002 — um ano de crise e inflação em meio aos temores que o Partido dos Trabalhadores (PT) assumisse o poder — os salários despencaram.

“Houve uma recomposição do valor real do salário graças ao crescimento sustentado da economia entre 2004 e 2008”, disse o economista da LCA Consultores, Fábio Romão. “Mas é natural que a renda cresça mais devagar que o emprego”, observou ele.

A recuperação do poder de compra dos salários estimula o consumo e ajuda a manter o bom desempenho da economia brasileira, mesmo em meio à crise global. Mas traz preocupações com a inflação, porque pode pressionar os custos das empresas.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Conselho de Justiça julga ministro do STJ

Denunciado por integrar esquema de venda de sentenças judiciais, Paulo Medina poderá ser aposentado compulsoriamente pelo CNJ


Está marcado para hoje o julgamento do mais importante processo administrativo disciplinar que já passou pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina poderá ser aposentado compulsoriamente pelo órgão de controle externo do Judiciário.


Denunciado por integrar um esquema de venda de sentenças judiciais, Medina está afastado do tribunal desde maio de 2007. A Polícia Federal, na Operação Furacão, encontrou indícios de que o ministro integrava um esquema de venda de sentenças. Além dele, foram investigados e respondem a ação penal no Supremo Tribunal Federal o ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região José Eduardo Carreira Alvim, o procurador regional da República João Sérgio Leal, o juiz do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas Ernesto Dória e o advogado Virgilio Medina, irmão do ministro do STJ.

O relator do processo no CNJ é o corregedor nacional de Justiça, Gilson Dipp, cujo mandato termina no dia 9 de setembro.

O Ministério Público denunciou Medina ao STF, que abriu ação penal por corrupção passiva (pena: 2 a 12 anos de reclusão e multa) e prevaricação (pena: 3 meses a 1 ano e multa). As investigações mostraram que Medina teria recebido aproximadamente R$ 1 milhão para dar decisões judiciais que liberavam máquinas de caça-níqueis no Rio.

Ernesto Dória também será julgado. O desembargador foi denunciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha. Carreira Alvim já se aposentou e não pode ser julgado pelo CNJ.

É provável que os julgamentos sejam interrompidos por pedidos de vista. E mesmo que sejam condenados à pena máxima prevista pela legislação, os dois continuarão a receber salário.

A Lei Orgânica da Magistratura estabelece como pena máxima nesses casos a aposentadoria compulsória, garantido o recebimento de salário proporcional ao tempo de serviço.

Uma proposta de emenda à Constituição, que tramita na Câmara, prevê a demissão de magistrados que atentem contra a "dignidade, a honra e o decoro de suas funções" . "Provoca escândalo e perplexidade o fato de que aquele que usurpou de suas competências, desonrou o Poder Judiciário e promoveu o descrédito da Justiça seja agraciado com a concessão, à guisa de punição, de um benefício pecuniário, suportado por toda a sociedade", justificou o autor do projeto, Raul Jungmann (PPS-PE).Estado

Atentados do PCC em SP viram tema dos presidenciáveis

Os atentados do PCC ocorridos no final da semana em São Paulo, contra policiais das Rota, e os incêndios de carros na zona leste, fizeram da segurança o tema principal dos presidenciáveis, ontem, em suas campanhas de rua. O tucano José Serra afirmou que há no Estado "uma tendência decrescente do crime", enquanto Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) criticaram as políticas adotadas pelo governo paulista.

Serra fez um elogio da segurança pública do Estado, que segundo ele vem melhorando desde o governo Mário Covas, nos anos 90. Essa tendência, disse ele, "prosseguiu de maneira firme e impressionante" com o governo Alckmin. Mas evitou comentar os incidentes. "Não tenho todos os elementos para falar a respeito. Creio que o governador Alberto Goldman já falou."

No Rio de Janeiro, onde foi visitar o Comitê Olímpico Brasileiro, Dilma Rousseff fez críticas indiretas ao governo paulista, ao comparar suas estratégias com as adotadas pela administração Sergio Cabral. O governo do Rio, afirmou ela, adotou uma política de separar líderes do crime da massa carcerária.

Dilma enfatizou também as parcerias do governo fluminense com o governo federal, em torno de programas como o PAC, o Mulheres de Paz e as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Em Jundiaí, a candidata verde Marina Silva fez as críticas mais pesadas. Segundo ela, "é necessário fazer uma reforma na segurança pública (em São Paulo), que está há mais de 20 anos sob o mesmo governo". Em outro comentário, disse estranhar "que o Estado mais rico da federação pague os piores pisos salariais aos policiais".

PROPOSTA PARA SEGURANÇA
José Serra (PSDB)
Propõe a criação de Ministério da Segurança Pública, para articular políticas nos Estados alinhadas a uma diretriz nacional. O combate às drogas seria tratado como política de saúde pública - e não de segurança. O combate ao narcotráfico se concentraria nas fronteiras, em portos e aeroportos, com uma polícia nacional fardada. A Polícia Federal se concentraria em inteligência

Dilma Rousseff (PT)
Afirma que a questão da segurança é importantíssima e será uma das prioridades do seu governo, ao lado da educação e da saúde. Discorda da proposta de Serra de criar um Ministério da Segurança Pública. Afirma que o Ministério da Justiça já responde pelas políticas do setor

Marina Silva (PV)
A segurança pública é destaque no seu programa de governo, que trata de remuneração da carreira de policial e modernização das Forças Armadas. Quer uma nova estrutura institucional de segurança, com política de carreira única em cada polícia
 

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