sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Alerta: o Terceiro Golpe contra a Democracia


"Uma mentira dá a volta ao mundo antes que a verdade calce seus sapatos".

Winston Churchill

Armação, manipulação e distorção. Assim, neste rabo de Agosto, os sinistros grupos radicais da direita brasileira iniciaram a terceira tentativa de GOLPE contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como se sabe, a primeira se deu a partir de uma nova versão do Plano Cohen, escorado nas denúncias sobre o valerioduto. A segunda, menos escandalosa, quando da contratação do caseiro James Bond para pulverizar a imagem do ex-ministro da Fazenda.

Em ambos os casos, sobram registros da reuniões conspiratórias entre membros ativos do PSDB, gurus do neofascismo tupiniquim, especuladores ressentidos, agentes de unidades de inteligência estrangeiras e barões da imprensa. Os pequenos convescotes golpistas estão documentados pela própria imprensa, ainda que apenas nos rodapés dos jornalões. Basta ter atenção à leitura dos panfletões.

Há cerca de uma semana, encetou-se nova articulação macabra. Desta vez, a idéia é constituir o que se chamou de "tsunami" da desconstrução de imagem. Jornalões, jornalecos, revistas, emissoras de rádio e de TV empenham-se decididamente em deturpar a realidade e extingüir a idéia vigente de que Lula faz um ótimo governo.

O "jogo sujo" vem sendo proposto abertamente pela ala radical oposicionista, na qual pontificam um neonazista catarinense e um bandalho do Amazonas. Em São Paulo, onde a raposa toma conta do galinheiro, o plano inclui construir um mito de associação criminosa, semelhante àquele que ligava o Partido dos Trabalhadores aos seqüestradores de Abílio Diniz, em 1989.

Desta vez, a idéia é distorcer e manipular a informação disponível para colar a imagem do partido de Lula ao PCC. Mais do que um factóide, o projeto vem sendo desenvolvido de maneira obstinada pelo esquadrão tático que opera nos subterrâneos da administração bandeirante, longe do olhos do governador Lembo. Não faltam tecnologias e métodos importados na elaboração de mais um "F-X" policial.

Logicamente, é necessário que a grande imprensa seja partícipe desse conluio hediondo. O jornal Folha de S. Paulo prestou-se a esse papel vergonhoso na quarta-feira, ao fazer ecoar as leviandades armadas nos aparatos da (in) segurança pública paulista. Sem contestação, provando praticar um jornalismo (sic) rasteiro e irresponsável, o diário dos Frias indignou até seu ombudsman, Marcelo Beraba.

Percebe-se no rastilho da pólvora a fórmula virulenta de desfiguração da realidade. É certo que membros dos grupos de defesa dos direitos do cidadão mantêm contatos periódicos com a população carcerária e suas famílias.

Muitos desses abnegados voluntários são ligados às pastorais da Arquidiocese de São Paulo e, alguns deles, associados, por filiação ou simpatia, ao Partido dos Trabalhadores. Utilizar esse vínculo como evidência de parceria criminosa constitui-se numa cafajestada da magnitude do Caso Dreyfus, a armadilha moral que dilacerou a França há mais de um século.

Mesmo que exposta a verdade, a simples acusação já provocou enormes danos aos homens e mulheres de bem que pugnam pelas causas humanitárias. Já há comunidades na rede relacionamentos Orkut associando o PT ao PCC e exigindo o extermínio dos políticos do partido de Lula. Por enquanto, o grande fanfarrão, dublê de Chapolin, conta vantagem. "Não contavam com a minha astúcia", exalta-se.

Imprensa de aluguel

A intensidade da campanha de desconstrução da imagem do governo tem sido assombrosa. Os sites do UOL e do Estadão, por exemplo, passaram a reproduzir, diariamente, em letras garrafais, qualquer destempero verbal do candidato neoliberal e de seus asseclas. Na verdade, a (má) educação do irmão Geraldo é escancaradamente celebrada em editoriais, artigos e nas centrais de boataria espalhadas pela enorme rede de blogs custeada pela direita organizada (evidentemente, com dinheiro desviado dos contribuintes).

O sistema golpista passa pela análise recortada de qualquer estatística da área econômica. Pinça-se sempre o que parece negativo. Ignora-se perversamente o que é positivo.

É o caso da notícia sobre a taxa de desemprego, cujo aumento foi festejado em todos os aquários das grandes redações. Segundo o IBGE, o índice foi de 10,7% em Julho, ante 10,4% em Junho. Ao mesmo tempo, os mesmos profissionais que arrotam a defesa do Brasil, comemoraram a variação negativa de 0,7% no rendimento médio real.

Como era previsto, informações fundamentais foram empurradas para os últimos parágrafos das reportagens. Primeiramente, os dados foram colhidos apenas em seis regiões metropolitanas. Portanto, não compõem fiéis retratos do Brasil.

Mais grave, no entanto, é que se omitiu informação fundamental. O número de ocupados cresceu 0,4% no período, com geração de 84 mil vagas. Ora, então, onde reside o erro?

Aumentou o número de pessoas procurando emprego, conforme atesta o IBGE. Isso é ruim? Não. Mostra o retorno ao mercado de brasileiros que tinham desistido de buscar uma colocação.

E a renda? Vale a informação do próprio IBGE. No acumulado de janeiro a julho de 2006, o rendimento médio ficou em R$ 1.018,14, uma variação positiva de 4,2% ante igual período de 2005.

Grandes manchetes foram igualmente estampadas para convencer o leitor de que "este" governo tem garras e dentes de leão faminto e insaciável. Nesse sentido, utilizaram as informações sobre a arrecadação recorde no ano de 2005, de R$ 724,11 bilhões. O tom geral é de "indignação" e espanto.

Não se deu atenção a um fator fundamental no debate: o governo não elevou a carga de impostos. Os estudos da Receita Federal comprovam que o movimento se deve à expansão da economia, à lucratividade das organizações e à eficiência da administração tributária, num ano em que a economia cresceu 2,3%.

Porta-voz oficial da reação

Um dos proprietários da Folha de S. Paulo, Otávio Frias Filho, foi encarregado de redigir um "manifesto" contra a reeleição de Lula, tão oportunista (será que resta oportunidade?) quanto capenga em seus argumentos. Segundo ele, se o presidente for reeleito num primeiro turno, "a afoiteza do eleitor terá prejudicado a qualidade democrática desta eleição". Opsss! Que história é essa de qualidade democrática,
Seo Tavinho?

O pequeno barão lacerdista sustenta que o programa de governo não poderá ser debatido até o pleito de Outubro. Portanto, injeta-se na teoria a idéia de que a eleição de Lula vale menos... Abre-se um flanco para o questionamento da legitimidade do próximo mandato e, não se duvide, para a articulação de mais um golpe.

O argumento do envelhecido rapaz resulta da teoria de que apenas brasileiros "deseducados" e "ignorantes" (leia-se, a "patuléia" que não lê a Folha e os outros jornalões) votam em Lula.

O jornal dos Frias finge que não reconhece a dinâmica da difusão de informações. As notícias, especialmente as ruins, são repetidas à exaustão pelas rádios e pela emissoras de TV. Numa sociedade orgânica, espalham-se do topo à base da pirâmide social. Milhões de diaristas ouvem, de segunda à sexta, o praguejamento de senhores e respectivas peruas contra o operário de nove dedos que ousou tomar conta do Brasil.

Frias e outros playboys da mídia brasileira não se conformam, portanto, com o cruel recado das ruas. As pessoas já não depositam confiança nos arrogantes e totalitários formadores de opinião. As reformas sociais, presentes especialmente na realidade dos mais pobres, têm muito mais energia que os sofismas teatralizados de Arnaldo Jabor, que as ameaças marciais de Arthuir Virgílio, que as catequeses doentias da Opus Dei e que os textinhos bom-mocistas da jornalaria tucana.

O terceiro golpe contra a cidadela da ética está em curso. Mercenários em fúria na infantaria, tacapes incendiários preparados, catapultas armadas para o último avanço. Fica a indagação: qual a capacidade de resistência das pessoas de bem?

Mauro Carrara

Jornalista

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