terça-feira, 1 de agosto de 2006

Quércia: “Vou transformar a Nossa Caixa num Banespa”


“O Banespa foi um instrumento para fazer São Paulo crescer. Vou fazer da Nossa Caixa, que muita gente pensa em privatizar, coisa que eu não deixaria jamais, um novo Banespa”, afirmou o candidato do PMDB ao governo paulista

Ao ser questionado na última segunda-feira se foi um erro a privatização do Banespa, o ex-governador e candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, Orestes Quércia, afirmou que “não foi um erro, foi um crime”. “O governo do PSDB acabou fazendo uma guerra contra o Banespa e entregou o banco. Foi um crime contra São Paulo, contra a agricultura, contra a pequena e média empresa”, ressaltou.

Quércia relembrou o assunto da privatização do banco em duas oportunidades. A primeira foi durante a sua intervenção na palestra proferida na sede da Força Sindical, que promoveu um debate com os principais candidatos ao governo do Estado, na tarde de segunda-feira. Quando dissertava sobre o desenvolvimento do Estado e a necessidade de implementar uma política de geração de empregos, Quércia disse que “vocês possivelmente se lembram que nós tínhamos em São Paulo o Banespa, o banco do Estado, que sempre foi fundamental para puxar a economia. O Banespa sempre foi um instrumento para fazer São Paulo crescer, se desenvolver. Um dos aspectos pelo qual o Estado tem sofrido é por não ter um instrumento destes para ajudá-lo”.

Neste momento, Quércia afirmou que, caso eleito, irá transformar o banco estatal Nossa Caixa num novo Banespa, reestruturando-o para financiar a agricultura, a indústria e novos empreendimentos que gerem empregos. “Eu vou restabelecer o Banespa em São Paulo. Vou fazer da Nossa Caixa um novo instrumento para o desenvolvimento do Estado. Vou fazer da Nossa Caixa, que muita gente pensa em privatizar, coisa que eu não deixaria jamais, um instrumento para financiar pequenas e médias empresas, trazer empresas para São Paulo”, afirmou o peemedebista.

CRIME

Posteriormente, em entrevista coletiva, o ex-governador foi ainda mais enfático e detalhou os crimes cometidos pelos tucanos durante todo o processo de doação do banco, que iniciou com uma intervenção do governo federal e terminou com a sua entrega para o espanhol Santander. “Fizeram uma intervenção criminosa e esse crime foi comprovado com uma matéria histórica na (revista) Carta Capital. Mesmo assim, pela influência do governo do PSDB na época, tudo ficou por isso mesmo. Eles fizeram uma avaliação do Banespa por pouco mais de R$ 1 bilhão e ele foi vendido para o Santander por R$ 7 bilhões. Em três anos, o Santander ganhou 10 bilhões de lucro. Ou seja, em três anos pagou o banco, mostrando a vergonha que significou tirar o Banespa de São Paulo”, disse Quércia.

As referências do ex-governador em relação ao processo de privatização do banco trazem à tona uma história nebulosa e recheada de fraudes que mostram claramente como a ação orquestrada dos tucanos com setores da mídia, para dissimular os seus crimes, podem, por algum tempo, deturpar a verdade e incriminar pessoas inocentes.

PRIVATIZAÇÃO

Ao assumir o governo de São Paulo e o governo federal, em 1995, os tucanos – inimigos históricos do ex-governador, iniciaram uma campanha insinuando que Quércia havia quebrado o Banespa. O objetivo era desgastar politicamente o peemedebista e ao mesmo tempo criar condições para privatizar o banco, afirmando que seria lucrativo para o Estado até mesmo pagar para alguém assumir o Banespa.

Em outubro de 2001, o HP publicou uma matéria contando detalhadamente toda a história do crime cometido pelos tucanos. O banco sofreu uma intervenção federal no final de dezembro de 1994 já com a intenção de prepará-lo para a privatização. Já no governo Fernando Henrique um grupo de açambarcadores, escolhido a dedo, iniciou uma auditoria para tentar encontrar uma vírgula fora do lugar para justificar a entrega do banco e para tentar culpar Quércia. Nada foi encontrado.

FRAUDE TUCANA

Foi então em agosto de 1995 que os interventores Gustavo Loyola, então presidente do Banco Central, os diretores Alkimar Moura e Cláudio Mauch, o presidente da comissão, Antônio Carlos Verzola, o sub-procurador Manoel Lucívio de Loiola, o ex-relator da comissão de inquérito aberta pelo BC, Carlos José Braz de Lemos, além de outros subprocuradores, tramaram a falsificação do balanço contábil do Banespa.

Nessa reunião, Carlos José Braz de Lemos apresentou um relatório dizendo que o patrimônio líquido do Banespa, ao contrário do que diziam os tucanos, era positivo em R$ 1,7 bilhão. Mas Alkimar Moura ordenou que o relatório fosse totalmente deturpado. Ele disse que tinha que “arrumar alguma maneira de tornar o patrimônio líquido negativo” para poder “ incriminar ex-governadores”. “Só há uma maneira de responsabilizá-los”, adendou um membro da comissão do BC: “basta contabilizar toda a dívida do Estado para com o Banespa na conta créditos em liquidação”. Então, por ordem de Alkimar Moura e Gustavo Loyola, foi tomada a decisão de modificar o relatório e “avermelhar” as contas do Banespa.

A contabilização da dívida do Estado com o Banespa na conta de “créditos em liquidação” era um procedimento totalmente ilegal e fraudulento. O Banespa não só apresentava, em 1994, um patrimônio liquido positivo como dava lucro e estava totalmente em dia com os seus pagamentos. E o Estado também pagava em dia suas dívidas com o Banespa.

A fraude já havia sido desmascarada quando a publicação do balanço fraudado por Alkimar Moura foi barrada na Justiça por uma ação impetrada pelo ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP). O governador provou na Justiça que os números haviam sido adulterados com o objetivo de se criar uma falsa situação de falência do Banespa. O Poder Judiciário impediu, por quase um ano, a publicação do balanço.

GOLPE

Além deste crime, posteriormente o governo Fernando Henrique/Serra, com a ajuda de Alckmin e caterva, consumaram o golpe entregando o banco para o Santander. Com um patrimônio líquido avaliado em mais de R$ 11 bilhões e ativos de mais de R$ 28 bilhões, o Banco de São Paulo e um dos maiores do Brasil, responsável pelo financiamento de quase toda a produção agrícola do Estado, foi oferecido por R$ 1,85 bilhão. Ainda houve mais presentes como a isenção fiscal no valor de R$ 5,15 bilhões, além de R$ 700 milhões em lucros de janeiro a setembro de 2000 - ano em que o banco foi doado ao Santander por R$ 7 bi.

CPI

Esse crime foi totalmente desvendado pela CPI do Banespa instalado na Câmara dos Deputados. Após dez meses de trabalho, dezenas de depoimentos e mais de 50 mil páginas de documentos a CPI comprovou toda a sórdida armação dos tucanos contra o banco paulista. Obviamente, a divulgação deste fato não ganhou o mesmo espaço dado na mídia para denegrir a imagem do ex-governador. Como o próprio Quércia afirmou na época, “agora que o relatório me inocenta não tem repercussão na imprensa (risos). A calúnia e a difamação são como soltar de cima de uma torre um saco de paina. Eles soltaram: ‘Quércia quebrou o banco’, aquilo espalha e se vai. A frase permanece. É a força do governo na imprensa. Eles são uns criminosos, arrogantes. Usaram a máquina do Estado para me perseguir politicamente e destruir um instrumento fundamental para São Paulo, o Banco do Estado”.

1 Comentários:

  • sábado, 20 fevereiro, 2010
    Anônimo Disse:

    O QUÉRCIA FOI GOVERNADOR DE 1987 A 1990 E O FLEURY,SUA CRIA,DE 1991 A 1994 ACABARAM COM O BANESPA.

    delete

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