As declarações de bens enviadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que metade da bancada do Distrito Federal na Câmara dos Deputados dobrou o patrimônio nos últimos quatro anos. Entre os parlamentares e suplentes que tiveram variação superior a 100% estão Osório Adriano (PFL), José Tatico (PTB), Tadeu Filippelli (PMDB), Alberto Fraga (PFL) e Jorge Pinheiro (PL).
Adriano declarou em 2002 patrimônio no valor de R$ 32,4 milhões. Na última declaração enviada ao TSE, os bens do pefelista estão avaliados em R$ 66 milhões, variação superior a 100%. A assessoria do parlamentar explicou que a diferença ocorreu pela incorporação de bens e reavaliação de ações do grupo Brasal e da holding Santa Maria, de propriedade do pefelista. Deputado federal eleito pelo DF, Tatico transferiu o domicílio eleitoral para Goiás. Mas, ainda em 2002, informou ter duas fazendas, 3% da empresa Itatico e 10 mil cabeças de gado. O rebanho, avaliado hoje em R$ 15 milhões, mais do que dobrou nos últimos quatro anos. Ele não foi localizado ontem para comentar a evolução patrimonial.
Assim como Osório e Tatico, Filippelli não vive também apenas do salário de deputado, cujo valor bruto é de R$12,8 mil. Em quatro anos, ele comprou uma fábrica de refrigerantes avaliada em R$ 1,9 milhão e um terreno no Setor de Mansões do Lago, por R$ 850 mil. O patrimônio dele cresceu de R$ 1,2 milhão para R$ 4,4 milhões. “Antes de entrar na vida pública, eu já era empresário”, justifica. “Minha empresa de engenharia, a Arca Eletron, tem sede em Goiás e nunca prestou serviço no DF”, garante.
Fazenda
Fraga também afirma que vive em padrões compatíveis com o que ganha. Desde 2002, o patrimônio do pefelista aumentou em R$ 900 mil. Ele comprou uma fazenda com 180 alqueires, em Niquelândia (GO), por R$ 200 mil. Também adquiriu uma outra propriedade rural em Água Fria (GO), com 220 alqueires, ao preço de R$ 420 mil, além de dois lotes na Colônia Agrícola Vicente Pires, que segundo ele, valem R$ 70 mil. “Não quitei a fazenda de Água Fria. Vou pagar em oito anos”, afirma Fraga.
Citado na CPI dos Sanguessugas, o deputado Jorge Pinheiro (PL) teve, em termos proporcionais, a maior variação patrimonial: 718%. Apesar da alta evolução, a diferença de R$ 143,7 mil registrada desde 2002 é compatível com o salário de parlamentar.