terça-feira, 1 de agosto de 2006

Sanguessugas: serristas manipulam dados


Após a Controladoria Geral da União (CGU) divulgar os balanços das investigações implementadas pelo governo federal, que desbarataram a quadrilha dos sanguessugas instalada no Ministério da Saúde durante a gestão de José Serra, os tucanos se utilizaram de uma matéria publicada na “Folha de S. Paulo”, assinada por Hudson Corrêa, para tentar manipular informações e tirar o seu candidato ao governo de São Paulo do centro das apurações.

A CGU apresentou números detalhados apontando que, entre os anos de 2000 e 2004, a Planam recebeu R$ 78,9 milhões do Ministério da Saúde pela venda dos veículos. Deste total, R$ 56,5 milhões (71,52%) foram liberados entre 2000 e 2002, ou seja, na gestão de Serra.

Até o momento, a CGU identificou 591 prefeituras que adquiriram as ambulâncias por meio da Planam. Embora nem todas possam estar envolvidas, o número de municípios administrados pelo PSDB e PFL é imensamente superior a outros partidos. Quase 40% das prefeituras envolvidas são do PSDB (128) e do PFL (107).

Entretanto, na sexta-feira passada, dois dias depois da divulgação dos dados pela CGU, a “Folha de S. Paulo” afirmou que a “Planam cresceu mais durante gestão de Lula”. Atribuindo dados à Polícia Federal, o texto afirma que a empresa Planam teve maior movimentação financeira nos anos de 2004 e 2005. Segundo a “Folha”, a Planam movimentou apenas R$ 229 mil em 2000; R$ 196,5 mil em 2001; R$ 3,4 milhões em 2002; R$ 3,1 milhões em 2003; R$ 21,2 milhões em 2004 e R$ 14,4 milhões em 2005.

A CGU informou que o grupo Planam recebeu os seguintes valores do Ministério da Saúde: R$ 9,6 milhões em 2000; R$ 19,8 milhões em 2001; R$ 27 milhões em 2002; R$ 13,4 milhões em 2003 e R$ 9 milhões em 2004. A CGU não divulgou os dados de 2005.

O detalhe nisso tudo é que o texto escondeu intencionalmente que antes de 2003 os donos da Planam utilizavam outras empresas de sua propriedade para superfaturar a venda das ambulâncias. Somente após o governo Lula iniciar as investigações que desmontaram a quadrilha foi que o grupo utilizou principalmente a Planam. Ou seja, ao divulgar os números somente da empresa Planam e não do grupo Planam, o texto inverte o que realmente ocorreu: que os sanguessugas se locupletaram na gestão de Serra e foram desmontados no governo Lula.

O texto também dissimula sobre o fato de citar a movimentação financeira e não o que recebeu concretamente do governo.

Já no sábado, ao publicar o desmentido do ministro da CGU, Jorge Hage, num espaço minúsculo, o jornal ainda mantém o embrulho e não admite a sua manipulação. O texto apenas afirma que o ministro “ressaltou que é preciso olhar a receita do conjunto de empresas da família Vedoin. Em 2002 e 2003, a Klass e a Santa Maria (usadas para burlar licitações) tiveram com a Planam forte movimentação financeira”. “Não dá para comparar laranjas com bananas”, afirma o ministro em sua única frase publicada.

KAPAZ

Um dos arrecadadores da campanha de Alckmin, o ex-deputado Emerson Kapaz, foi flagrado entre os receptores de propina do esquema sanguessuga. Em depoimento à Justiça Federal, Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, revelou que Kapaz indicou cinco contas para receber o dinheiro por ter emendas para a compra de ambulâncias. Uma das contas foi a da sua então esposa, Laura Hosiasson, que confirmou ter recebido o depósito. O tesoureiro tucano é acusado de ter recebido R$ 52 mil em propina.

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