segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Chance da petista Marta Suplicy é nacionalizar disputa


Com campanhas competentes, Marta Suplicy (PT) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) chegam ao segundo turno e prometem uma das disputa mais acirradas dos últimos tempos pela prefeitura de São Paulo. A diferença entre os dois candidatos na próxima fase, segundo as últimas pesquisas, é de apenas 5 pontos percentuais em favor do democrata.

"Aquele favoritismo da Marta desapareceu e há um cenário de equilíbrio. O tempo de TV de ambos será igual e os debates terão muito mais audiência. Além disso, os dois partem de patamares elevados de votos, com gestões bem avaliadas pela população", recorda o cientista político da Tendências Consultoria Integrada, Rogério Schmitt. O índice de rejeição da ex-prefeita, contudo, pode ser fatal para suas pretensões de retornar à prefeitura paulistana, já que não conseguiu reduzir essa taxa (35%) durante o primeiro turno.

Para selar a vitória, a campanha petista deve investir na nacionalização do pleito, como adiantou o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP). O projeto de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será confrontado com o de Fernando Henrique Cardoso, apoiado pelo PSDB e o DEM. Assim como nas eleições presidenciais de 2006, serão exploradas as privatizações da gestão tucano e os programas de transferência de renda do governo Lula, como o Bolsa-família.

O presidente também retornará à campanha de Marta, depois de participar de dois comícios no primeiro turno e de estar presente em depoimentos na propaganda do rádio e da TV. "Haverá um conflito nítido entre governo e oposição no nível federal. Lula deve mergulhar na campanha de Marta, enquanto o governador paulista, José Serra, potencial candidato do PSDB à Presidência da República, em 2010, irá explicitar seu apoio ao prefeito", avalia Carlos Melo, cientista político pelo Ibmec/SP.

As relações de Kassab com o ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000), que deixou a prefeitura sob um escândalo, também serão armas da campanha petista. Por dois anos, Kassab foi secretário de Planejamento de Pitta, cria do ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1997).

De olho nos índices de rejeição, a ex-ministra do Turismo ainda vai seguir com discursos voltados para a classe média, com promessas de redução de impostos. "Em suma, ela precisa lembrar das ações do seu governo, como o bilhete único e os Ceus, diminuir a resistência na classe média, ao falar para população que amadureceu e está pronta para exercer o cargo, e tentar atrair o eleitorado de centro-esquerda que ainda resta no PSDB e não vota no DEM. A questão é saber se o PSDB ainda tem eleitores com esse perfil", sintetiza Melo.

Kassab, por sua vez, terá a máquina municipal e estadual a seu favor. Além disso, deve ser beneficiado com a maioria dos votos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Paulo Maluf (PP). "O apoio de Alckmin será simbólico. O PSDB estará fechado com o prefeito para impedir a vitória do PT. Poderá haver ressentimentos entre alckmistas menos politizados, mas isso não vai atrapalhar os planos de Kassab. Haverá uma migração maciça de votos para ele", prevê Melo.

A história do processo eleitoral no município também tende a favorecer o democrata, uma vez que o eleitorado paulistano identificou no PSDB, vitorioso nas eleições municipais de 2004, um meio termo entre o PT e o malufismo. Desde a redemocratização, os dois grupos políticos sempre se revezaram no poder, ganhando as eleições com o apoio do centro. Mas, em 2004, com a derrocada do malufismo e o alto índice de rejeição da Marta, emergiu o PSDB, hoje representado pelo candidato democrata.

0 Comentários em “Chance da petista Marta Suplicy é nacionalizar disputa”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --