quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nas ruas de São Luís, população divide-se entre a apatia e a desconfiança


As ruas de São Luís estão repletas de outdoors parabenizando Roseana Sarney (PMDB) pelo seu retorno ao governo. Um contrasenso numa capital que é tradicionalmente anti-sarneyzista e que se encheu de esperança, em 2006, quando Jackson Lago (PDT) foi eleito governador. Apesar disto, a troca de comando no governo estadual, depois da decisão do Tribunal Superior Eleitoral de tirar Lago e nomear Roseana, não provocou grandes comoções ou passeatas populares, fugindo à tradição dos embates ideológicos que permearam as campanhas eleitorais anteriores. "A população daqui parece completamente anestesiada", declarou a filha de Lago, a assistente social Ludmila Lago. "É impressionante. A Bahia acabou com seus senhores feudais, o Ceará também. Só a gente é que não consegue", lamentou.

A falta de movimentação política nas ruas não significa que a decisão não tenha repercutido negativamente em alguns setores da sociedade. A servidora pública municipal de São Luís, Silvia Ribeiro Lopes, afirmou que não tem mais lágrimas para chorar. Formada em administração de empresas e eleitora fiel de Lago, ela classificou a decisão do TSE como uma "falta de respeito e uma palhaçada".

Ela foi uma das que se uniram ao governador durante a resistência, no Palácio dos Leões. "Eu não dependo do governo. Estudei, me formei e passei num concurso público por meus méritos. Mas eles escolhem um ministro (dos tribunais superiores, no caso, o TSE), colocam lá e eles não respeitam o nosso voto. Isto é uma bandidagem".

Esta talvez seja a grande questão dos eleitores maranhenses. Porque o desejo deles de escolher um governador, em um sistema de dois turnos, foi simplesmente desconsiderado pelo TSE. Ao empossar Roseana, o tribunal deu o mandato a quem foi derrotado nas urnas. "Fomos nós quem colocamos ele lá. Se ele é corrupto, ladrão, deveria ser tirado pela gente, no voto, em 2010. Eu não sei se estes juízes são parciais ou não. Por que eles têm que decidir isto?" questionou o taxista Nélio Ferreira.

"De políticos podemos esperar tudo. Ainda mais aqui no Maranhão", comentou um lojista.

Levando gente aqui e acolá pelas avenidas e ruas de São Luís, o taxista acredita saber como o eleitorado se sente. Afirma que Roseana terá que se recompor com o povo, que está dividido depois de tudo o que aconteceu. "Mas ela é carismática. Acho que vai conseguir. O maior problema é a sombra do pai dela. É dele que os maranhenses não gostam", completou.

Na entrevista concedida no domingo, Roseana deixou claro que pretende se desvencilhar da imagem paterna. Mas no discurso de posse dos novos secretários, na segunda-feira, citou o nome de José Sarney pelo menos duas vezes. E ouviu aplausos da militância presente. A vendedora ambulante Silvia Sampaio afirmava, para cada os que paravam para ver seus brincos e pulseiras artesanais, que, neste ano, o Maranhão terá o melhor São João dos últimos tempos. Por que? "Porque a nossa governadora voltou. Ela gosta destas coisas de cultura".

Silvia, que foi parar na Alemanha atrás de um "alemão pão duro" que, depois da separação, parou de depositar dinheiro na conta dela, fala da diferença entre Jackson e Roseana. "Roseana pode roubar, mas trabalha e faz. O outro, só roubava". Em um Estado cercado de misticismo e crendice, nem a chuva que castiga o solo e deixou desabrigadas mais de 5 mil pessoas no interior parece ser obra do acaso. "É a limpeza depois da saída de Lago", disse o ex-funcionário da Anatel em São Luís, Wilson Lima, "roseanista doente".

Um militante do partido comunista, que apoiou Lago em 2006, mas que viu sua legenda romper com o governador no ano passado, afirmou que o desencanto da população deve-se à sensação atual de vazio político. "Ninguém queria Roseana de volta. Mas também é fato que o governo de Lago era fraco. As pessoas estão se vendo sem opções".

1 Comentários:

  • segunda-feira, 08 fevereiro, 2010
    Anônimo Disse:

    Eu não gosto de pulitica. Não puxo nem pra Roseana e nem pro velhinho. Só queria que desem um jeito nas buraqueiras da cidade. Aqui na minha rua no Bequimão não tem mais buraco e sim uma cratera, os caros passam e nem conseguem desviar e quase entram em casa. Queda de moto é constante. Eles estão quase quebrando a minha calçada. E eu gostaria de saber com reclamar. Rua 54 Bequimão. Na rua da 14ª DP.

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