quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

PODEROSOS DOADORES


As empresas que financiaram a campanha dos deputados federais começam a colher dividendos de seu investimento eleitoral. Um cruzamento feito pelo Correio revela uma impressionante coincidência entre as listas de doadores de campanha e a composição das comissões permanentes da Câmara. Essas comissões setoriais são estratégicas. É nelas que nascem e morrem as propostas que mais interessam aos financiadores de campanha. Os deputados brigam, barganham e até trocam de partido para conseguir um lugar na comissão que melhor atende seus interesses. E os de seus patrocinadores. A Comissão de Minas e Energia conta com uma aguerrida bancada de deputados financiados por mineradoras. Na de Agricultura, predominam os parlamentares bancados por empresas de fertilizantes, agrotóxicos e produtos similares. Na de Finanças, marca presença a bancada dos bancos. E nas comissões que lidam com obras públicas o mais difícil é encontrar parlamentares que não tenham recebido alguma contribuição de construtoras (leia mais em Política).

As vagas nas comissões são distribuídas entre os partidos, proporcionalmente ao tamanho de cada bancada. Mas na Comissão de Minas e Energia, a maior bancada é pluripartidária, formada pelos deputados que receberam doações de empresas ligadas à Vale do Rio Doce. São oito titulares e seis suplentes. A Vale investiu R$ 25 milhões durante a campanha e ajudou a eleger 46 deputados federais. Um terço deles foi parar na comissão que cuida do setor de mineração. Outras mineradoras financiaram os novos integrantes da comissão. O gasto total foi de R$ 1,8 milhão.

Nada menos que 15 dos 40 titulares e mais nove suplentes da Comissão de Agricultura foram financiados por empresas que têm sua atividade regulada por ela como produtores de fertilizantes e agrotóxicos. As doações do setor agrário apenas para integrantes dessa comissão somam R$ 5,2 milhões.

A Comissão de Finanças e Tributação é uma das mais disputadas. Interessa a todos os setores empresariais, mas os bancos são uma bancada forte. São 15 titulares e cinco suplentes, que receberam doações de R$ 1,9 milhão.

Defesa
Os deputados negam conflito de interesses. José Carlos Aleluia (PFL-BA) recebeu R$ 200 mil de uma mineradora na campanha e é suplente da Comissão de Minas e Energia. Para ele, o patrocínio da empresa significa transparência política. “O problema é que a política está acostumada com o caixa dois. É natural que uma empresa de mineração apóie os deputados que conheçam a política nacional, tanto de economia quanto de mineração”.

Leonardo Vilela (PSDB-GO), da Comissão de Agricultura, recebeu R$ 450 mil em doações de empresas do setor alimentício. “É natural que cada segmento tente eleger pessoas que entendem do setor, que vão contribuir para o aprimoramento e para a evolução”.

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