terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Servidores do IBGE exigem sindicância


O Sindicato de Trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) emitiu nota oficial ontem exigindo a apuração das denúncias feitas pelo Jornal do Brasil no domingo, sobre o alto volume de saques feitos em dinheiro no cartões de crédito corporativos do instituto, no Rio. A reportagem mostrou que 36% das movimentações do cartão, que tem a finalidade de facilitar pequenas compras emergenciais, foram feitas para saques cash, e que o dinheiro público financiou até gastos em pet shop.

A nota chama a atenção para o fato de o próprio diretor-executivo do instituto, no Rio, não saber a natureza dos saques feitos por funcionários de alto escalão. Em um dos casos considerados suspeitos pelo TCU, um funcionário efetuou 21 saques consecutivos de R$ 1 mil em menos de um mês.

Em relação à justificativa do diretor-executivo do IBGE, Sergio Cortes, sobre uma compra R$ 73,90 feita por ele em loja de roupas infantis, os representantes do sindicato alegam inconsistência: "A explicação dada por Sérgio Cortês de que a loja tem uma razão social que não confere com os produtos que vende e, ainda, que fora lá adquirir material para dinâmica de grupo, não é convincente. Não é comum um diretor-executivo do IBGE fazer compras, pessoalmente, de material de expediente".

O gasto de R$ 76,90 feito pelo funcionário Eduardo Novais em um pet shop ontem recebeu nova versão: segundo a assessoria da entidade, um funcionário comprou comida de peixe e um aquário para a repartição. Mas para o diretor-executivo do IBGE, o gasto já havia sido considerado indevido na mesma semana e o caso foi transformado num processo administrativo interno.

"É preciso que se abra imediatamente uma Comissão de Sindicância, com a participação dos trabalhadores do IBGE, de sua representação sindical - a ASSIBGE-SN - e da sociedade civil. Da mesma forma urge a abertura de todas as contas e do sigilo bancário dos funcionários e diretores envolvidos, como forma de comprovar a ausência de má conduta profissional e malversação de verbas públicas."

O diretor-executivo do IBGE no Rio, Sergio Cortes, saiu de férias na sexta-feira antes da publicação das denúncias, e deixou o caso com o setor financeiro da instituição. O IBGE informou que tem as notas fiscais de todos os saques feitos em dinheiro e que o TCU nunca notificou irregularidades nas contas da instituição durante as auditorias.

O cartão de crédito corporativo foi criado em 2002 - durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso - com o objetivo de evitar a burocracia das licitações para compras de pequeno porte. Os usuários têm liberdade para fazer saques no cartão quando precisam cobrir despesas em estabelecimentos que não aceitam ou não utilizam o sistema de débito. O Tribunal de Contas da União reconhece que o instrumento é um bom mecanismo de controle para o governo, mas critica o abuso nas transações em dinheiro.

Mudança do sistema de suprimento de fundos - que usava dinheiro vivo - para o cartão de crédito corporativo teve o objetivo de tornar mais fiel a prestação de contas.

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