quarta-feira, 4 de março de 2009

PCC do Serra cresce no exterior


As organizações criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, aumentaram sua presença internacional, atuando em países como Bolívia, Paraguai e, "possivelmente", Portugal. A afirmação é do relatório anual do Departamento de Estado dos EUA que traça um painel da situação das drogas no mundo.

Segundo o texto, divulgado na sexta, crescem também as ligações do PCC e do CV com traficantes colombianos e mexicanos. A renda da colaboração no exterior os ajudaria a comprar armas e a manter o controle de favelas em cidades como Rio e São Paulo. A conclusão vem a público num momento em que Portugal especula sobre a presença de dois supostos membros do PCC no país e a criação de uma facção local.

O relatório, que refere-se a 2008, é elaborado por ordem do Congresso dos EUA e foi feito ainda sob o governo do republicano George W. Bush. Autoridades brasileiras que investigam a internacionalização do PCC são céticas sobre a presença dos criminosos em Portugal. O texto cita a imprensa portuguesa sobre o surgimento do que batizaram de "PCP (Primeiro Comando de Portugal)" -seria formado por imigrantes brasileiros e atuaria principalmente na Margem Sul do Tejo, na Grande Lisboa. Os jornais "Diário de Notícias" e "Correio da Manhã" citam fontes policiais para apontar a ligação de dois brasileiros ao "PCP".

Um seria Edivaldo Rodrigues, preso em 2008, acusado de ter matado um ourives em Setúbal, ao sul de Lisboa. O outro seria o foragido Moisés Teixeira da Silva, que segundo a Polícia Federal brasileira participou do furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, em 2005. Autoridades portuguesas não comentam a existência do "PCP" nem a ligação dos suspeitos. No relatório da chancelaria norte-americana, Portugal é apontado como o porto de entrada para a Europa da cocaína traficada de países andinos via Brasil e Venezuela, com primeira escala em países do oeste da África.

O texto diz que a droga produzida na Bolívia entra pelo Brasil via Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e por Guaíra, no Paraná. "A cidade se tornou um dos principais pontos de entrada de armas, munição e drogas do Brasil", afirma o Departamento de Estado, que cita investigação do Congresso brasileiro para dizer que o PCC "conduz abertamente a venda de armas naquela área". O relatório usa tanto dados da inteligência dos EUA quanto dos países citados. Segundo o juiz federal de Campo Grande (MS) Odilon Oliveira, o PCC também faz esconderijos, compra armas e busca drogas no Paraguai.

"Há muitos [do PCC] atuando no território paraguaio, cumprindo obrigações à facção, como sequestros e homicídios. Outros são encarregados de buscar cocaína na Bolívia." A atuação do PCC na fronteira não se dá apenas por meio de emissários, diz o delegado da PF em Barra do Garças (540 km de Cuiabá), Éder Magalhães. Responsável por investigação que resultou na prisão de 41 pessoas, ele diz que os criminosos compraram ou arrendaram pelo menos 14 fazendas em Mato Grosso e duas em Mato Grosso do Sul, a maioria para receber e distribuir drogas.

Cenário brasileiro

Sobre o Brasil em geral, o texto afirma que o país é um dos 20 principais produtores e corredores de drogas do mundo e um dos 60 considerados os maiores lavadores de dinheiro (EUA e Reino Unido incluídos). Afirma ainda que é o segundo maior consumidor de cocaína, atrás apenas dos EUA.

Apesar de protestos dos governos do Brasil, Argentina e Paraguai, a chancelaria continua acreditando que a região da Tríplice Fronteira é fonte de financiamento para terroristas -os nomes dos grupos radicais Hezbollah e Hamas são mencionados como beneficiados. A Galeria Pagé e a Casa Hamze, em Ciudad del Este, seriam "usadas para gerar ou movimentar fundos terroristas".

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