terça-feira, 19 de junho de 2007

Certo da absolvição, Renan pensa no futuro

O destino do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), será selado amanhã com a votação, no Conselho de Ética da Casa, da representação do PSOL por suposta quebra de decoro parlamentar. O julgamento estava marcado para hoje mas foi adiado, a pedido do presidente do colegiado, senador Sibá Machado (PT-AC). O intenção foi a de dar mais tempo para divulgação e avaliação da perícia, a cargo da Polícia Federal, sobre os documentos apresentados por Renan para comprovar rendimentos de R$ 1,9 milhão com venda de gado, os quais teriam custeado gastos com a jornalista Mônica Veloso e a filha de ambos, de 3 anos.

Apesar da indefinição que ronda o julgamento da representação no conselho - cujo placar até ontem estava apertado, embora ligeiramente favorável ao peemedebista - Renan já pensa em como administrar o dia seguinte a uma provável absolvição pelo colegiado. De acordo com aliados do senador, o calvário pelo qual passou o presidente do Senado nas últimas semanas deixará seqüelas que exigirão muita habilidade política para serem superadas.

Renan tem se queixado a interlocutores do comportamento radical de senadores com quem mantinha um relacionamento cordial, como José Agripino Maia (DEM-RN), Demóstenes Torres (DEM-GO), Marconi Perillo (PSDB-GO), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Renato Casagrande (PSB-ES). Diz-se vítima de uma "confluência de interesses" responsável por unir setores da oposição e até do PT no propósito de fragilizá-lo politicamente. Cada qual com sua particularidade.

Por exemplo, Renan afirma acreditar ser alvo dos parlamentares do PSDB goiano pelo fato de ter sido atribuído a ele a indicação do ex-senador Maguito Vilela (PMDB), adversário políticos dos tucanos no Estado, para a vice-presidência de Governo do Banco do Brasil. Já o comportamento do líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), que pede o afastamento de Renan da presidência enquanto durar as investigações, estaria relacionado ao suposto interesse do parlamentar em sucedê-lo no comando da Casa.

Também haveria, no entendimento de pessoas próximas a Renan, uma pressão oriunda de setores do PT em favor do endurecimento do discurso contra o peemedebista. Motivo: se Renan for cassado ou renunciar à presidência, quem assume de forma interina é o vice-presidente, Tião Viana (PT-AC). Com isso, o PT ficaria até a eleição de um sucessor de Renan com as presidências do Senado e da Câmara.

Por tudo isso, na avaliação de senadores próximos a Renan, reconstruir as pontes e aparar as arestas no Senado no pós-crise não será tarefa fácil, podendo comprometer até o andamento dos trabalhos na Casa.

Vamos deixar encerrar o processo, não está nada resolvido para que se possa fazer uma avaliação do dia seguinte - ponderou Agripino, para em seguida reconhecer o estremecimento da relação. - É natural que o processo de investigação tensione as relações.

Renan passou o dia ontem no gabinete da presidência da Casa. A amigos e senadores próximos, disse já ter prestado todos os esclarecimentos ao conselho. Acredita que, se o exame técnico inocentá-lo da acusação de uso de documentos frios para justificar o repasse de dinheiro, como tudo indica que irá ocorrer, o caminho estará aberto para a absolvição.


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