quinta-feira, 12 de julho de 2007

Entrevista/ Luiz Inácio Lula da Silva: "Está em jogo a imagem do Brasil"

"Não estranhem se me virem participando de algum esporte nos Jogos Pan-Americanos", disse o presidente Lula a um grupo repórteres, logo após uma entrevista em Brasília sobre o Pan do Rio. "Em qual modalidade, presidente?", perguntou um deles. Enquanto vestia o agasalho oficial da delegação brasileira, Lula revelou que seu esporte, na verdade, não é o futebol. Treinou boxe na juventude. E só desistiu "porque o ritmo era muito puxado. Acho que tenho bursite de tanto ter dado socos". É com essa disposição de boxer que ele resolveu assumir a briga pela divisão da paternidade do Pan. "Sabíamos que, se desse certo, todo mundo ia querer ser o pai da criança, se desse errado, essa criança não teria pai, seria órfã", responde ele aos protestos do prefeito do Rio, Cesar Maia, divulgados ontem no JB, quanto aos valores investidos pelo governo federal nos Jogos. Procurado pela reportagem, Maia evitou a polêmica. "Deixa para lá", respondeu por e-mail. Na entrevista, Lula insistiu que, depois do Pan, vai para a briga pela Copa do Mundo e pelas Olimpíadas no Brasil. "Não vamos fazer nada meia-boca".

Copa e Olimpíadas

Os Jogos Pan-Americanos não são apenas a oportunidade de realizarmos um grande evento internacional no Brasil. Independentemente das medalhas que a gente possa ganhar, de ser a maior delegação brasileira de todos os tempos a participar do Pan, e até do legado que nós vamos deixar para o Rio de Janeiro depois que terminar, o que vai ser mais importante é a imagem que o Brasil puder construir no exterior sobre a sua capacidade de organizar e de concretizar eventos dessa magnitude. Porque nós estamos pleiteando a Copa do Mundo de 2014 e sonhando que um dia o Brasil possa vir a ser sede de uma Olimpíada.

Nivelar por baixo

No Brasil, temos o hábito de nivelar tudo por baixo. A culpa não é de ninguém, individualmente, eu acho que a culpa é cultural. Então, quando for dada a abertura dos Jogos, vocês podem ter a certeza de que nós estaremos realizando os melhores Jogos Pan-Americanos de toda a história, com um centro esportivo dos mais moderno. Não vamos fazer nada "meia boca".

Copa privatizada

Na Copa do Mundo, no Brasil, não está prevista a participação de dinheiro público federal, a não ser naquilo que é nossa obrigação de fazer. Se tiver que fazer uma rua, é do governo federal, mas do ponto de vista do evento em si, das praças esportivas, isso tem que ser dos clubes, da CBF e da iniciativa privada. Muitas vezes tratamos como gasto, mas nós temos que ver como investimento.

O Pan do Brasil

Os Jogos Pan-Americanos vieram de uma disputa entre São Paulo e Rio. O Rio ganhou e, para nós, do governo federal, independentemente de quem era prefeito, de quem era governador, nós sabemos que o que está em jogo é a imagem do Brasil. Se der certo, vai ser tudo maravilhoso, essa imagem vai ser carregada com muito orgulho para fora do Brasil. Então, nós cuidamos para evitar que as coisas dessem errado, porque se dessem errado o que ia ficar na praça era que o Brasil não tinha competência para organizar o Pan-Americano.

Paternidade

Essa é uma discussão descabida, há um despropósito em levantar essa discussão agora. O Pan será realizado na cidade do Rio, mas é um evento brasileiro, que envolve 190 milhões de almas que gostam de esporte. Então, ficar discutindo se é do Rio... Se ele fosse em Recife, seria brasileiro, se ele fosse em Roraima, seria brasileiro, se ele fosse em São Paulo, seria brasileiro. E depois, os números, o dinheiro investido por cada um, isso é contabilizado, é só pegar a contabilidade do Pan. O dado concreto é que o governo brasileiro colocou muito dinheiro, e colocamos porque nós sabíamos que, se desse certo, todo mundo ia querer ser o pai da criança, se desse errado, essa criança não teria pai, seria órfã. Nossa responsabilidade é com a imagem do Brasil diante do mundo. Acho que a responsabilidade do prefeito Cesar Maia é a mesma, assim como a do governador Sérgio Cabral.

Orçamento além

Eu acho que os companheiros que são responsáveis pelo Pan gastaram o que precisavam gastar, fizeram as licitações que precisavam fazer. Agora, quem achar que gastou demais, peça para fazer uma fiscalização. Para mim, seria bem-vinda. O dado concreto é que quando se iniciou o Pan, quando o Rio de Janeiro ganhou, a primeira estimativa era de um gasto de R$ 209 milhões, feita pela Fundação Getúlio Vargas, isso em 2001. A participação do governo federal era da ordem de R$ 650 milhões a R$ 700 milhões. Chegamos a R$ 2 bilhões, envolvendo dinheiro direto colocado pelo governo federal mais a transferência para os estados e municípios.

Garotinho

É preciso lembrar que, em 2001, eu nem estava no governo ainda, nem o Sérgio Cabral estava no governo. Portanto, não sei qual foi o planejamento que eles fizeram. Nós tivemos um problema difícil nos primeiros quatro anos, não preciso dizer para vocês, um problema político sério com o então governante do Rio de Janeiro (Anthony Garotinho). Graças a Deus, melhorou 1.000% depois que entrou o Sérgio Cabral, e a gente teve que fazer, às pressas, a recuperação do Maracanã e a recuperação do Maracanãzinho.

Segurança

Olha, o dado concreto é que, do ponto de vista da preparação, do ponto de vista do pensamento teórico sobre segurança pública, nós estamos fazendo o que há de mais sofisticado para cuidar dos Jogos Pan-Americanos, com a vantagem de que, depois, 75% de tudo que foi feito para o Pan, vai ficar para a estrutura de segurança do Rio de Janeiro. No fundo, isso é um embrião de uma nova política de segurança que pode ser adotada nas principais capitais brasileiras, a partir dos Jogos Pan-Americanos. Só para ter uma idéia, na questão da segurança o nosso investimento não foi pouco. Fizemos um investimento de R$ 562 milhões. Só em segurança! É um dinheiro bastante respeitável, e muito dele foi investido não apenas no ser humano, seja na Polícia Federal, seja na Guarda Nacional, mas também na inteligência da polícia para os Jogos Pan-Americanos. Porque nós queremos, ao terminar os Jogos, ter a comunidade participando do esquema de segurança da cidade do Rio de Janeiro.

Morro do Alemão

Todos nós sempre achamos muito ruim que haja morte de qualquer pessoa. O ideal seria que a polícia conseguisse pegar as pessoas sem precisar dar um único tiro. Isso seria o ideal. Eu acho que o sonho da própria polícia é conseguir prender as pessoas sem precisar atirar. Agora, é importante saber que a polícia não está diante de nenhuma pessoa santa. Eu acho correta a atuação do governo do estado do Rio de Janeiro no Complexo do Alemão. Nós vamos continuar ajudando o governo, até porque nós estamos colocando agora, no PAC, quase R$ 500 milhões para urbanizar, para sanear tanto o Complexo do Alemão como Manguinhos, levando escola, levando hospital, levando área de lazer para aquelas pessoas.

Apagão aéreo

Tenho conversado com o ministro da Defesa, Waldir Pires, com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito. Eles estão totalmente preparados para evitar que haja qualquer problema nos Jogos Pan-Americanos. Nós já temos uma grande parte dos atletas no Brasil. Ontem houve negociação com a Infraero. É importante lembrar que a Infraero estava na sua data-base, portanto não era fora de proposta. Independentemente dos discursos que tenham sido feitos, era data-base e, portanto, era o momento de fazer as negociações. Chegou-se a um acordo. Acho que os controladores, nesse momento, estão cumprindo as suas funções.

Chantagem

Eu fico numa dúvida em falar, se eu falo como presidente ou falo como ex-dirigente sindical. Eu acho que todas as categorias têm o direito de se manifestar para conquistar os seus aumentos de salário, não vejo nada contra. O que eu acho ruim é as pessoas esperarem um evento internacional, que não depende apenas do Brasil, mas depende de um conjunto de países, de atletas que estão aí, para fazer chantagem contra o governo municipal, contra o governo estadual, contra o governo federal. Eu acho uma prática sindical ruim.

Menos turistas

A questão da diminuição de turistas tem um probleminha relacionado ao câmbio. Na verdade, as pessoas acham que começa a ficar caro trocar o dólar pelo real para viajar. Em compensação, tem mais turista brasileiro viajando. O que é importante a gente avaliar o seguinte: diminuiu em nove e pouco por cento a vinda de turista estrangeiro, mas aumentou muito o turismo interno no Brasil. Também não sei se isso tem a ver com época do ano, também o mundo inteiro não está de férias o ano inteiro, tem um momento que eles param de viajar, mas podem ficar certos que quando vai se aproximando o final do ano nós vamos ter uma enxurrada de turistas aqui, sobretudo agora, com o Cristo Redentor como 7ª Maravilha.

Cuba

Não é nenhuma vergonha alguém perder para Cuba em jogos, porque Cuba tem uma tradição de 50 anos, pelo menos, em competições esportivas. O Brasil começa, de 10 anos para cá, a apostar um pouco mais nas questões esportivas. Preparar um atleta para ser um medalha de ouro em alguma competição, às vezes leva 15 anos. Na hora em que você fizer essa juventude descobrir o gosto pelo esporte, você tem a possibilidade de estar conquistando um jovem do crime organizado, do narcotráfico ou da rua, e você pode colocá-lo para ser um medalhista.

Engenhão

Acho que o Rio de Janeiro comporta dois estádios. O Engenhão pode ser utilizado por todos os clubes. O Maracanã não precisa ser utilizado para todos os jogos.

1 Comentários:

  • segunda-feira, 16 julho, 2007
    Anônimo Disse:

    Propaganda da FIRJAN veiculada em O Globo homenageando o Governo Federal e o presidente Lula. Esta mensagem foi veiculada em folha dupla em 16/07/2007

    O Sistema FIRJAN vive a energia dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 e celebra a reconciliação do Brasil com o Estado do Rio de Janeiro , reconhecendo a fundamental participação do Governo Federal e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liberação de verbas especiais para a realização deste evento inesquecível em nossa história.


    Investimentos do Governo Federal nos jogos Pan-Americanos, com a participação de 21 ministérios na organização. Além de órgãos da Presidência da República. Empresas Públicas e Autarquias.

    INSTALAÇÕES ESPORTIVAS
    Complexo Esportivo de Deodoro: R$ 119,8 milhões
    parque Aquático do Autódromo de Jacarepaguá: R$ 60 milhões
    Complexo do Maracanã/Maracanãzinho:
    R$ 130 milhões
    Velódromo: R$ 2.2 milhões
    Montagens de instalações temporárias: R$ 55,5 milhões

    VILA PAN-AMERICANA
    R$ 189,3 milhões, via Caixa Econômica; R$ 25 milhões de direito de uso sobre os imóveis;
    R$ 52,9 milhões em obras de infra- estrutura no entorno da Vila;
    R$ 31,8 milhões em serviços de hotelaria, governança e lavanderia:
    R$ 32,3 milhões montagem do restaurante.

    EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS
    Aquisição de equipamentos esportivos: R$ 16 milhões
    Laboratório de controle de dopagem: R$ 8,4 milhões

    TECNOLOGIA E COMUNICAÇÃO
    Infra-estrutura tecnológica: R$ 141,1 milhões
    Telecomunicações: R$46,7 milhões
    Serviços de áudio e vídeo: R$ 52,5 milhões

    SEGURANÇA
    R$ 562 milhões. O investimento em segurança pública feito no Rio de Janeiro, via Ministério da Justiça, é o maior montante investido na segurança de um único estado, grande parte deste investimento ficará como legado para a cidade do Rio de Janeiro.

    CUSTEIO DO CO-RIO
    Contratação de Recursos Humanos: R$ 73,8 milhões
    Passagens Aéreas R$ 22, 2 milhões em passagens para atletas, comissões técnicas e componentes de diversas delegações.

    CERIMÔNIAS
    R$ 52,2 milhões para diversos itens relacionados a abertura, encerramento, premiações, e a apresentação de esportes ao público durante os jogos PAN e PARAPAN-Americanos

    TOCHA
    R$ 4,7 milhões para o gerenciamento execução do revezamento das tochas dos jogos PAN e PARAPAN- Americanos
    TURISMO
    Investimento total de 175 milhões para reforma do aeroporto Santos Dumont e outras ações.

    TOTAL
    1 bilhão, 853 milhões e 400 mil reais.

    FIRJAN,CIRJ,SESI,SENAI,IEL

    delete

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