Acusados de participação em fraude que pode ter desviado mais de R$ 50 milhões dos cofres do BRB (Banco de Brasília) disseram em depoimentos que parte do esquema se repetiu na Nossa Caixa, o banco oficial do Estado de São Paulo. A Folha teve acesso à integra dos depoimentos dos presos na Operação Aquarela, da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal.
Cinco dos 20 acusados de integrar o esquema confirmaram nos depoimentos que a ONG Caminhar, apontada como pivô da fraude, recebeu nos últimos dois anos cerca de R$ 8 milhões para realizar pesquisas para medir a satisfação dos clientes do BRB e da Nossa Caixa com o serviço de auto-atendimento. Três disseram que as pesquisas eram todas forjadas.
Em reportagem publicada no dia 27 de junho, a Folha havia revelado as suspeitas contra o banco paulista baseadas em relato de investigadores. Entre os que confirmam os contratos estão o presidente da ONG, André Luís de Souza Silva, e o secretário-geral da Asbace (Associação Nacional de Bancos) entre 1980 e 15 de junho, Juarez Lopes Cançado. Outros três investigados, dois deles ex-funcionários da ONG, afirmaram que preencheram eles próprios todos os questionários de pesquisas que teriam de ser feitas com clientes do BRB e da Nossa Caixa.
"A declarante às vezes comparecia ao apartamento de André Luís [dono da Caminhar] (...) onde preenchia questionários de supostas pesquisas de campo, às quais não existiam e se referiam ao banco Nossa Caixa e ao BRB. (...) [Ela] se recorda de já ter preenchido fichas de pesquisa, do Banco Nossa Caixa, relativa a diversas cidades, e que tais pesquisas eram feitas aqui mesmo em Brasília", diz a transcrição do depoimento de Jeovana Drazdauskas Silva, que começou a trabalhar na ONG em 2006. Ela disse à polícia e aos promotores de Justiça que a tarefa de forjar respostas dos supostos clientes cabia a ela, ao namorado, à irmã e ao cunhado.
"Em relação a bancos do Estado de São Paulo, chegaram a preencher mais de 70 mil formulários, (...) sendo que André [dono da ONG] supervisionava o trabalho e entregava aos funcionários os gabaritos referentes às respostas que deveriam ser preenchidas em cada formulário", disse às autoridades o namorado de Jeovana, Fabrício Ribeiro dos Santos. Anderson Figueiredo Barros, contratado pela ONG para organizar questionários, disse no depoimento que a pesquisa para a Nossa Caixa seria feita em quatro fases e, ao analisar duas delas, havia notado a fraude.
"Comparando os dados encaminhados por André [da ONG] em relação a primeira e a segunda "onda" [etapa] de pesquisas junto ao BNC [banco Nossa Caixa], o declarante observou indícios de fraude na pesquisa; declarante esclarece que havia respostas repetidas nos questionários encaminhados apresentando índice anormal de homogeneidade nas respostas", diz a transcrição de seu depoimento. Confrontado com trechos dos depoimentos, o presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, também presidente da Asbace, negou que o banco ou a associação tenham contratado, direta ou indiretamente, a Caminhar para realizar as pesquisas.
Apesar disso, o presidente da ONG e o secretário-geral da Asbace até o estouro do escândalo confirmam os contratos.
"Os valores contratados com a ONG Caminhar para a realização das pesquisas de mercado são de aproximadamente R$ 8 milhões", diz o depoimento de Juarez Lopes Cançado, secretário-geral da Asbace até junho. A associação tem cerca de 75% da renda oriunda de contratos com a Nossa Caixa. O dono da Caminhar também confirma: "A única pesquisa que a Caminhar [fez em SP] foi essa acima referida, no Banco Nossa Caixa; essa pesquisa teve três fases, recebendo por cada fase aproximadamente R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões", diz o depoimento de André Luís, que detalha: "As fases representavam a realização de pesquisa em 80 agências, totalizando 240 agências ao final das três fases". O Ministério Público do Distrito Federal afirmou que já comunicou ao Gaeco, braço do Ministério Público em São Paulo responsável pelo combate ao crime organizado, as suspeitas sobre a Nossa Caixa.
Cinco dos 20 acusados de integrar o esquema confirmaram nos depoimentos que a ONG Caminhar, apontada como pivô da fraude, recebeu nos últimos dois anos cerca de R$ 8 milhões para realizar pesquisas para medir a satisfação dos clientes do BRB e da Nossa Caixa com o serviço de auto-atendimento. Três disseram que as pesquisas eram todas forjadas.
Em reportagem publicada no dia 27 de junho, a Folha havia revelado as suspeitas contra o banco paulista baseadas em relato de investigadores. Entre os que confirmam os contratos estão o presidente da ONG, André Luís de Souza Silva, e o secretário-geral da Asbace (Associação Nacional de Bancos) entre 1980 e 15 de junho, Juarez Lopes Cançado. Outros três investigados, dois deles ex-funcionários da ONG, afirmaram que preencheram eles próprios todos os questionários de pesquisas que teriam de ser feitas com clientes do BRB e da Nossa Caixa.
"A declarante às vezes comparecia ao apartamento de André Luís [dono da Caminhar] (...) onde preenchia questionários de supostas pesquisas de campo, às quais não existiam e se referiam ao banco Nossa Caixa e ao BRB. (...) [Ela] se recorda de já ter preenchido fichas de pesquisa, do Banco Nossa Caixa, relativa a diversas cidades, e que tais pesquisas eram feitas aqui mesmo em Brasília", diz a transcrição do depoimento de Jeovana Drazdauskas Silva, que começou a trabalhar na ONG em 2006. Ela disse à polícia e aos promotores de Justiça que a tarefa de forjar respostas dos supostos clientes cabia a ela, ao namorado, à irmã e ao cunhado.
"Em relação a bancos do Estado de São Paulo, chegaram a preencher mais de 70 mil formulários, (...) sendo que André [dono da ONG] supervisionava o trabalho e entregava aos funcionários os gabaritos referentes às respostas que deveriam ser preenchidas em cada formulário", disse às autoridades o namorado de Jeovana, Fabrício Ribeiro dos Santos. Anderson Figueiredo Barros, contratado pela ONG para organizar questionários, disse no depoimento que a pesquisa para a Nossa Caixa seria feita em quatro fases e, ao analisar duas delas, havia notado a fraude.
"Comparando os dados encaminhados por André [da ONG] em relação a primeira e a segunda "onda" [etapa] de pesquisas junto ao BNC [banco Nossa Caixa], o declarante observou indícios de fraude na pesquisa; declarante esclarece que havia respostas repetidas nos questionários encaminhados apresentando índice anormal de homogeneidade nas respostas", diz a transcrição de seu depoimento. Confrontado com trechos dos depoimentos, o presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, também presidente da Asbace, negou que o banco ou a associação tenham contratado, direta ou indiretamente, a Caminhar para realizar as pesquisas.
Apesar disso, o presidente da ONG e o secretário-geral da Asbace até o estouro do escândalo confirmam os contratos.
"Os valores contratados com a ONG Caminhar para a realização das pesquisas de mercado são de aproximadamente R$ 8 milhões", diz o depoimento de Juarez Lopes Cançado, secretário-geral da Asbace até junho. A associação tem cerca de 75% da renda oriunda de contratos com a Nossa Caixa. O dono da Caminhar também confirma: "A única pesquisa que a Caminhar [fez em SP] foi essa acima referida, no Banco Nossa Caixa; essa pesquisa teve três fases, recebendo por cada fase aproximadamente R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões", diz o depoimento de André Luís, que detalha: "As fases representavam a realização de pesquisa em 80 agências, totalizando 240 agências ao final das três fases". O Ministério Público do Distrito Federal afirmou que já comunicou ao Gaeco, braço do Ministério Público em São Paulo responsável pelo combate ao crime organizado, as suspeitas sobre a Nossa Caixa.