sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Novo ministro de Lula já foi tucano e presidiu o PFL


Conhecido como político que está sempre ao lado do governo, o novo ministro da Articulação Política, José Múcio Monteiro (PTB-PE), conseguiu a proeza de presidir o então poderoso PFL da década de 90, e ser, hoje, um dos homens de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A desenvoltura é tanta que Múcio foi peça importante também no governo Fernando Henrique, como vice-líder do então PFL, hoje DEM.

Aceitou o papel de articulador político, mas, pelo seu estilo, isso não significa acatar as determinações dos ministros petistas. A brincadeira no Congresso, inclusive, é de que seu sucesso na liderança do governo na Câmara se deveu justamente ao fato de não ser do PT. Esse "detalhe" ficou claro em votações recentes, nas quais Múcio rebelou-se contra ordens de ministros.

O embate mais recente foi envolvendo bolsas para jovens infratores. Múcio fizera acordo para retirar o benefício da MP que criou o Programa Nacional de Segurança e Cidadania. No Senado, porém, o ministro da Justiça, Tarso Genro, conseguiu a volta das bolsas. Quando o projeto voltou à Câmara, Tarso pressionou os governistas a romper o acordo, o que irritou Múcio.

- Minha palavra empenhada é o que vale - disse Múcio, que manteve o acordo, desagradando ao petista gaúcho.

No Congresso, Múcio é tido como bom contador de histórias. Não perde a chance de mostrar aos amigos o dom que quase o afastou da política: tocar violão e cantar canções próprias e de outros compositores, nordestinos de preferência.

Múcio, na Câmara, representa interesses do setor sucroalcooleiro - é de uma família de usineiros, parente do presidente da Confederação Nacional da Indústria, o também deputado Armando Monteiro (PTB-PE). O novo ministro, engenheiro civil por formação, perdeu o pai jovem. Assumiu cedo a carreira política, e o primeiro desafio foi concorrer, em 1986, pelo PFL, ao governo de Pernambuco contra o veterano Miguel Arraes.

Teve o apoio de Francisco Julião - que fundou as ligas camponesas no final dos anos 50 -, mas a derrota foi massacrante. Chegou à Câmara em 1991, pelo PFL, e está em seu quinto mandato. Sem espaço na política pernambucana, deixou o PFL (hoje DEM) em 2001, teve uma passagem meteórica pelo PSDB e filiou-se ao PTB em 2003.

Ganhou maior visibilidade no PTB após a morte de José Carlos Martinez Corrêa, quando Roberto Jefferson assumiu a presidência da sigla e indicou Múcio como líder.

Durante o escândalo do mensalão, Múcio viveu momentos de tensão. Jefferson, ao denunciar o pagamento de mesadas a deputados, tentou envolvê-lo no escândalo. Múcio acabou rompendo com Jefferson e liderando um grupo de petebistas para que o partido se mantivesse na base de Lula no Congresso.

- Assumo com o desafio de aprovar a CPMF. Vou procurar todos os senadores. Política é a arte de conversar - disse.

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