quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Polícia Federal descobre fraude de R$ 1 bilhão

A Polícia Federal deu continuidade ontem, em São Paulo, Amazonas e Bahia, à Operação Kaspar, desencadeada em abril passado para combater lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal. As fraudes podem ter movimentado R$ 1 bilhão, segundo as investigações. Dos 22 mandados de prisão expedidos pela Justiça paulista, 19 foram cumpridos, entre eles, executivos de um banco da Suíça (o UBS foi citado), doleiros e clientes do grupo. A PF apreendeu R$ 6 milhões e US$ 600 mil em espécie e outros R$ 2 milhões bloqueados em contas bancárias.

As investigações da PF começaram há mais de um ano, mas desde 2003 as autoridades brasileiras estão apurando negócios envolvendo instituições bancárias da Suíça, o que fez desencadear, naquele ano, uma operação nos mesmos moldes que a de ontem. No entanto, conforme investigadores, o esquema da Kaspar II são mais sofisticados e começou a ser combatido em abril, na primeira fase da apuração. Mensalmente, conforme a PF, o grupo deve movimentar entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões no exterior, principalmente na compra de produtos subfaturados, um negócio semelhante ao que envolveu a empresa Cisco do Brasil, no mês passado. A investigação revelou que três instituições abriram contas numeradas e codificadas para clientes brasileiros que, por esse motivo, teriam suas identidades preservadas. É uma forma de manter o sigilo sobre dinheiro não declarado no país.

Segredo
O esquema se utilizava de doleiros, que forneciam contas próprias no exterior, onde realizavam a modalidade de dólar-cabo: uma triangulação do dinheiro de clientes brasileiros. Nunca o dólar era enviado diretamente do país para o exterior. Por estar em segredo de justiça, a Polícia Federal não informou o nome dos envolvidos, mas confirmou que são três executivos, seis doleiros e outras 10 pessoas que se utilizariam do esquema. Investigadores admitem que funcionárias das instituições bancárias agiam com conhecimento de superiores no exterior.

Na primeira fase da Operação Kaspar, realizada em abril deste ano, a PF fez prisões, buscas e apreensões nos mesmos estados em que atuou ontem, além do Rio de Janeiro. Na época, foram detidas 22 pessoas, sendo que três, consideradas importantes no esquema, conseguiram fugir ou estavam fora do país. Na ocasião, a Polícia Federal descobriu que os doleiros que atuavam nesse grupo, haviam movimentado mais de R$ 30 milhões por mês, com a manutenção de contas nos Estados Unidos, Portugal e Panamá, além de outras 19 contas correntes que foram bloqueadas no Brasil.

Os envolvidos nas duas operações podem ser indiciados por gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, formação de quadrilha e funcionamento de instituição financeira sem autorização do Banco Central, crimes que podem somar até 40 anos de prisão.

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