quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Filho de deputado no GDF


Martin Carvalho, de 20 anos, ganhou cargo comissionado na Secretaria de Justiça. Madrasta dele, a esposa de Augusto Carvalho também ocupa vaga de confiança, como superintendente do BRB-Saúde

Um dos filhos do deputado federal Augusto Carvalho (PPS) está empregado no Governo do Distrito Federal. Integrante da base de apoio da gestão de José Roberto Arruda, Carvalho também faz parte do chamado “grupo ético” na Câmara Federal, que tem como plataforma política a defesa da moralização da política. Apesar do perfil, o parlamentar não viu impedimento na nomeação de um parente na administração local. Martin Neiva de Carvalho, 20 anos, tem um cargo comissionado na secretaria de Justiça e Cidadania do GDF. A mulher do deputado também alcançou lugar de chefia dentro da estrutura do Executivo em maio. As funções em comissão ou de confiança não dependem de concurso público. São preenchidas mediante indicação política.

A contratação de Martin ocorreu em março e foi publicada na edição 55 do Diário Oficial do Distrito Federal. O tipo de cargo ocupado por ele é um DFA-12, com salário de R$ 2,1 mil. Ele trabalha como assessor do gabinete do secretário adjunto da pasta de Justiça e Cidadania. A mulher de Augusto Carvalho também conquistou uma posição de confiança no início do governo. Em maio, Maria Diamices Silva Chevalier foi nomeada diretora superintendente do BRB-Saúde, um dos braços do banco estatal.

O deputado Augusto Carvalho confirmou a contratação de Martin para a Secretaria de Justiça, mas negou que tenha exercido influência política para ajudar o filho. Ele ressaltou que não há nenhuma ilegalidade nesse tipo de nomeação. “A lei não proíbe que uma pessoa com competência e bom relacionamento ocupe um cargo no governo só porque é meu parente. Isso seria uma punição injusta”, afirmou. O parlamentar, no entanto, considera que há um exagero generalizado do número de cargos de confiança na estrutura do Estado, seja ela local ou federal. “Os cargos mais altos e mais bem remunerados deveriam ser uma conseqüência de carreiras construídas nas instituições e iniciadas por meio do concurso público, mas hoje a situação não é essa”, argumenta.

Mérito pessoal
Carvalho, que tem como base eleitoral boa parcela de bancários — ele faz parte da categoria —, defendeu a indicação da mulher para a chefia no BRB. O deputado cita que Diamices tem 25 anos de banco e já passou por cargos de liderança no meio bancário como a diretoria do Sindicato dos Bancários e o Conselho de administração do BRB. “Ela construiu uma carreira sólida, com muita garra e tem luz própria. Se não ocupou uma chefia como a que está hoje é porque é uma militante política que foi duramente perseguida nos governos anteriores”, disse o parlamentar. Carvalho acrescentou, ainda, que Diamices participou ativamente da campanha para eleger o governador Arruda. “É natural que ele queira colocar pessoas preparadas e de sua confiança em postos estratégicos”, considerou.

A assessoria de imprensa do BRB afirmou que a indicação de Diamices foi conseqüência de um mérito pessoal e não teve nenhuma influência política do deputado federal. O deputado distrital Raimundo Ribeiro que até a semana passada estava à frente da secretaria na qual o filho de Augusto tem um cargo em comissão disse ao Correio que o caso não é irregular e não configura nepotismo. “Para mim, nepotismo só existe em duas situações: quando há tráfico de influência ou quando o servidor não trabalha. Não é o caso do Martin”, garantiu o político que contratou o rapaz. “Eu o conheci na campanha do Arruda e ele demonstrou ser uma pessoa muito responsável, por isso o levei para trabalhar comigo”, explicou.

Em abril, o Executivo enviou projeto de lei à Câmara Legislativa com o objetivo de disciplinar as contratações de parentes dentro da estrutura do governo. O texto até hoje não foi a plenário e não há expectativa de que seja aprovado até o final do ano. A proposta do GDF proíbe a nomeação de parentes e afins em até terceiro grau do governador, vice, secretários e dirigentes de órgãos da administração direta, mas não impede que familiares de políticos sejam contratados em pastas subordinadas a outros políticos.

Irmã de distrital nomeada
O político que contratou o filho do deputado Augusto Carvalho (PPS) também tem parentes no Executivo. A irmã do ex-secretário de Justiça e Cidadania, o deputado distrital Raimundo Ribeiro (PSL), Paula Patrícia Ribeiro de Almeida Dala Corte, foi contratada no dia 29 de agosto para exercer função comissionada no gabinete da então secretária de Desenvolvimento Social e Trabalho, Eliana Pedrosa (DEM). Assim como Ribeiro, Eliana Pedrosa é distrital e retornou à Câmara Legislativa na semana passada para discutir projetos. Mas pretende reassumir a pasta até o fim do ano.

Paula Patrícia tem um CNE (cargo de natureza especial) 07, com valor de R$ 4,4 mil. Professora concursada da rede pública, ela foi requisitada da secretaria de Educação para trabalhar na assessoria da secretária de Desenvolvimento Social. Mas Raimundo Ribeiro garante que não houve indicação política. “Não tenho como impedir que a minha irmã aceite um convite e exerça, por mérito próprio, um cargo comissionado no GDF”, afirma Ribeiro. Ele tem ainda uma filha na corregedoria do DF, Tatiana Ribeiro, que ocupa função de confiança no Executivo desde o governo anterior. “Ela chegou bem antes de mim”, esclarece o deputado.

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