sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

AGORA SÃO OS GRINGOS QUE DEVEM AO BRASIL


Política econômica responsável faz Brasil ter dinheiro em caixa para quitar, com sobras, débitos no exterior

Desde que tomou seu primeiro empréstimo no exterior, em 1822, para bancar sua independência de Portugal, o Brasil foi visto como um devedor contumaz e, pior, péssimo pagador devido aos constantes calotes impostos a seus credores. Pois ontem, o Banco Central informou que esse histórico desabonador foi enterrado de vez. O país encerrou janeiro com dinheiro suficiente em caixa para pagar toda a sua dívida externa, de US$ 197,7 bilhões, e ainda ficar com sobras de mais de US$ 4 bilhões, quando somadas as reservas internacionais (US$ 188,2 bilhões, até o dia 20 de fevereiro), os créditos que o Brasil tem a receber mais os depósitos de bancos brasileiros no exterior. Esse fato inédito, “é resultado direto da implementação, nos últimos anos, de políticas macroeconômicas responsáveis e consistentes, baseadas no tripé responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas para a inflação”.

A informação deixou o Presidente Lula nas nuvens. “É mais um trunfo que temos para mostrar o quanto o nosso governo está no caminho correto”, afirmou a assessores. Lula não só manteve o pagamento dos débitos em dia, como foi o principal incentivador do Banco Central na compra de dólares no mercado para reforçar as reservas internacionais. .

A expectativa de Lula, agora, é de que as agências de classificação de risco (rating) “se rendam aos fatos” e promovam o Brasil à condição de grau de investimento (investment grade) ao longo deste ano. Esse selo de qualidade não só atrairá mais investimentos estrangeiros, fundamentais para sustentar o processo de crescimento do país, como colocará o Brasil, na expectativa de Lula, em uma situação privilegiada neste momento de crise internacional, onde impera a desconfiança. “Seremos vistos como um porto seguro para o capital”, ressaltou o Presidente.


Resistência maior

Na avaliação de Meirelles, o importante é que, ao seguir políticas econômicas consistentes, que permitiram “o acúmulo de reservas cambiais sem precedentes”, o país aumentou sua resistência a choques. “A melhora expressiva nos vários indicadores de sustentabilidade externa do Brasil é um marco expressivo de nossa história. Essa melhora significa que estamos superando gradativamente um longo período caracterizado por vulnerabilidade e crises, causadas, principalmente, pela dificuldade em honrar o passivo externo do país”, frisou.

Pelos cálculos do BC, a consistência econômica permitiu que, desde 2003, o Brasil registrasse fluxos positivos e crescentes em todas as contas por onde transitam recursos externos. Com isso, o banco pode ampliar as reservas internacionais do país de apenas US$ 16,3 bilhões no primeiro ano de mandato do Presidente Lula para US$ 180,3 bilhões em dezembro passado e US$ 188,2 bilhões até anteontem. A maior parte desses recursos veio dos expressivos saldos da balança comercial, que, nos últimos cinco anos, somaram US$ 150,6 bilhões. O BC ressaltou ainda que também os investimentos estrangeiros diretos (IED), voltados para o aumento da produção e a criação de empregos, que atingiram US$ 34,6 bilhões em 2007 — recorde histórico —, a abertura de capital de empresas e as aplicações em bolsa de US$ 24,6 bilhões ajudaram a engrossar o fluxo de capital.

Lula pagou o FMI

Com tantos recursos disponíveis, o Brasil antecipou em 2005 o pagamento de US$ 20,7 bilhões em empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), pondo fim a uma tumultuada relação. Retirou do mercado todos os títulos vinculados a renegociações de calotes, como os C-Bonds, e pagou, também antecipadamente, as dívidas com o Clube de Paris. “Foi uma virada significativa na história do país”, afirmou o economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor da Área Externa do BC, que integrou durante anos os grupos de renegociação da dívida brasileira. A seu ver, as críticas de vários economistas, de que o acúmulo de reservas pelo BC já passou do ponto, impondo pesados custos fiscais ao Tesouro Nacional, ficam diminuídas quando se olha o comportamento da economia brasileira em meio à grave crise internacional provocada pelo estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos.

No Rio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a atual situação veio para ficar e permite ao país “impor respeito” em meio à crise de crédito externo, e esse respeito virá por meio da elevação do Brasil ao grau de investimento. Ele destacou que o cenário atual “habilita o país a ter um papel de protagonista no cenário internacional”.


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