segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Lula promete ampliar presença na Antártida


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de receber em seu passaporte o carimbo com a imagem de um pingüim, que marca a passagem dos visitantes pela Antártida. Em companhia da primeira-dama, Marisa Letícia, e do filho mais velho, Fábio Luiz, o Lulinha, o presidente visitou a base brasileira Comandante Ferraz, na Antártida. Emocionado, com olhos marejados, passou pouco mais de duas horas na instalação militar. “Isso é inimaginável”, declarou Lula, acrescentando que “já se considerava antártico”.

No almoço na estação militar-científica, Lula prometeu mais recursos para o desenvolvimento de projetos e a ampliação da presença brasileira na região. “Temos de pensar na melhoria da qualidade de vida das pessoas, na questão do clima, na preservação da Antártida e no que podemos contribuir com a humanidade”, disse o presidente, após descerrar a placa de 25 anos da primeira expedição Brasileira para a Antártida (Operantar).

Lula desembarcou com roupas especiais próprias para o frio de – 1ºC, mas sensação térmica provocada pelo vento de – 7ºC. No sábado, Lula foi obrigado a permanecer em Punta Arenas, sul do Chile, aguardando a “abertura da janela” – espaço de tempo que permite pousos e decolagens na região. Em seguida, embarcou em um helicóptero esquilo da marinha, sobrevoou a base brasileira e pousou no navio de pesquisa Ary Rongel, que apóia o programa antártico.

Ao comentar que tudo que estava vendo “era maravilhoso” e “inimaginável”, Lula brincou: “se a gente cai ali — apontando para o mar gelado da Baía do Almirantado — não sai nunca mais”. Segundo a subchefe da Estação, capitã de corveta Janaína Silvestre da Silva, se alguém cai na água estará morto em cinco a sete minutos, período em que estará completamente congelado. Lula reconheceu que é difícil ir à região, mas avisou que “é necessário” e disse que todos os ministros têm de conhecer o local.

Novo navio
A aquisição de mais navio para apoiar os pesquisadores brasileiros que desde 1984 desenvolvem projetos na Antártida foi a principal reivindicação feita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante inspeção e coquetel no Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel, da Marinha Brasileira, primeira etapa da visita do presidente à Antártida, onde pousou por volta das 13h. Além de Dona Marisa e do filho Fábio Luiz, o presidente estava acompanhando em sua visita à Antártida pelos ministro da Defesa, Nelson Jobim, e da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende e o comandante da Marinha, Julio Moura Neto.

Depois de uma rápida inspeção na tripulação formada por 18 oficiais e 60 praças, Lula foi convidado a visitar o passadiço da embarcação, onde ouviu do comandante Arlindo Serrado, responsável pela 26ª Operantar, um resumo das atividades feitas a bordo e conheceu as instalações do navio.

Lula perguntou aos pesquisadores sobre as condições para que o Brasil avance nas investigações científicas. Eles lembraram ao presidente que a Estação Comandante Ferraz é apenas a vitrine do projeto antártico brasileiro e defenderam a aquisição de uma segunda embarcação. Na visão dos pesquisadores, o melhor seria a compra de um navio quebra-gelo para avançar em áreas da geologia e oceanografia, além do apoio aos acampamentos. A volta de Lula ao Brasil estava programada para a noite de ontem.

Tropa de Elite
Na Antártida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o filme “Tropa de Elite” e comemorou o Urso de Ouro conquistado em Berlim. Para Lula, o prêmio projetará defeitos e qualidades do país na comunidade internacional. “O fato de o Brasil ter ganho o prêmio em Berlim é uma coisa significativa pra nós. Eu acho que o filme tem qualidades extraordinárias. Vai projetar os problemas do país, mas também as eficiências e vai mostrar para o mundo que o Brasil não é apenas um país com um lado ruim. O Brasil tem coisas boas, como qualquer país do mundo e, no fundo, nós trabalhamos para que as coisas boas se sobressaiam sobre as ruins”, disse o presidente.

Petrobras: dados eram “segredo de estado”
Os quatro computadores portáteis furtados da Petrobras continham “informações que eram segredo de Estado”, afirmou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Antártida, em seu primeiro pronunciamento sobre o caso. “É uma coisa grave que estamos investigando.” Os computadores continham dados sobre os recentemente descobertos campos Tupi e Júpiter. “O dado concreto é que a Petrobras já tem todas as informações que ela precisava ter sobre o Júpiter e sobre o Tupi. Portanto, quem roubou não roubou nada que a Petrobras não conhecesse ainda”, disse o presidente. “Do ponto de vista estratégico é que estamos querendo saber o que aconteceu de verdade, porque são apenas três empresas no mundo que trabalham com esse tipo de trabalho, de prospecção, de estudos.”

A Petrobras é líder em pesquisa e produção de petróleo em águas profundas. Tupi é considerado uma megarreserva de petróleo, com um volume estimado entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris. O óleo está em uma área muito profunda, de aproximadamente cinco mil metros, numa camada do solo denominada pré-sal. Próxima à Tupi está a reserva de gás Júpiter, cuja descoberta foi anunciada em janeiro. Sua exploração deverá aproximar o Brasil da auto-suficiência em gás.

Investigação
Lula frisou que não é momento para precipitação. “Temos de aguardar com uma certa tranqüilidade as investigações, não fazer insinuações acusando qualquer pessoa ou inocentando qualquer pessoa”, comentou. “Por enquanto, estamos numa fase de investigação.” Ele acrescentou que foi informado sobre o roubo “logo no começo” e que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal e a segurança da Petrobras tentam esclarecer o ocorrido.

Lula tem sido informado diariamente pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre o andamento das investigações. Amanhã, deverão ser definidos os reforços para a força-tarefa para apoiar a delegada Carla Dolinski, da Polícia Federal em Macaé (RJ), titular do inquérito. Sem resultados concretos desde a abertura do inquérito, no último dia 7, a direção da Polícia Federal decidiu reforçar as investigações e seguirá para Macaé uma equipe completa, formada por um delegado experiente e pelo menos mais três auxiliares, que assumirá as investigações.

Segundo uma fonte que acompanha as investigações, a delegada Carla Dolinski, que abriu o inquérito e vem conduzindo as apurações até o momento, estaria sobrecarregada com outras tarefas, já que também responde interinamente pela delegacia da PF em Macaé. A expectativa é que, ao longo desta semana, os resultados das primeiras perícias e a análise dos depoimentos já tomados apontem pistas.

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