sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Entre o PT e PSDB


Em carta aberta aos eleitores do PSDB, na reta final da campanha de 2006, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que não haveria futuro para seu partido na política sem uma aproximação com sindicatos e movimentos sociais e sem o que chamou de participação ampliada da cidadania na redução das desigualdades sociais.

O que o ex-presidente colocava na mesa, além das armas daquela eleição que, àquela altura, já dava por perdida, eram os caminhos para o PSDB tentar voltar ao Planalto. Se a alternância de poder em 2002 havia tido como fiador o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a estabilidade econômica, a sucessão de 2010 teria que passar pela preservação dos ganhos sociais do lulismo.

O governador de Minas, Aécio Neves, retomou, esta semana, a toada dos dois partidos que nasceram para uma aliança e vivem apartados por suas ambições de poder. O discurso do governador sinaliza a busca de um espaço político em seu partido, ainda que sua gestão em Minas não indique claramente de que convergência está falando.

Escasseiam, também no Congresso, sinais de que como essa convergência possa vir a ser processada. O PSDB jubila-se, dada a arrecadação recorde, com o acerto da derrubada da CPMF. Mas não oferece pistas de como sua atuação contrária à elevação da carga tributária no país ofuscará a moeda eleitoral de um salário mínimo que, em dólar, já começa a valer a partir de amanhã quatro vezes mais do que no final do governo FHC.

Não houve quebradeira em massa de prefeituras, os benefícios da Previdência tampouco explodiram, nem a informalidade do emprego aumentou. Há de se buscar um discurso no tucanato para absorver as evidências de que esse fortalecimento do mercado de trabalho não se deu às custas do equilíbrio fiscal.

Em vez de se situar na concorrência pela conquista dessa base popular que o governo vem consolidando, o PSDB dedica-se, com afinco, a confrontá-la. Os poucos parlamentares tucanos que se manifestaram, ao longo da semana, sobre a adesão do Brasil à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, trataram-na como parte da república sindical que se instalou no Palácio do Planalto.

A grita é injustificada porque a adesão estabelece antes um parâmetro que um veto efetivo à demissão imotivada. São 34 signatários, entre os quais países com dinâmicos mercados de trabalho, como Espanha e Austrália.

A nova lei do salário mínimo, e bem-sucedido em reajustes acima da inflação país afora, o movimento não se preparou para uma conjuntura política e econômica mais desfavorável.

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