quarta-feira, 5 de março de 2008

CPMI começa em paz. Não se sabe até quando


O tom inicial da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões deve ser morno. Ontem, os indicados para o comando da CPMI, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que vai ocupar a presidência, e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), com a relatoria nas mãos, se esforçaram para demonstrar que, pelo menos em um primeiro momento, não estão interessados em polarizar as investigações entre governo e oposição. A expectativa é de que CPMI seja instalada amanhã.

Ontem, logo após o anúncio de que o PT deu o aval para a presidência ficar com a oposição, a tucana e o petista marcaram um encontro. Os parlamentares trocaram as primeiras impressões sobre a linha de trabalho que a comissão deve seguir e discutiram questões burocráticas para a instalação. Ficou acertado que o foco da CPI será a investigar casos concretos já denunciados.

Estamos somando idéias para levarmos esta investigação da forma mais correta possível - disse a tucana.

A senadora também defendeu que os integrantes se esforcem para encerrar as investigações do uso dos cartões corporativos em 90 dias por causa das eleições municipais de outubro.

Ano eleitoral

Esse é um ano eleitoral, é difícil manter a CPI trabalhando depois de julho. Penso até em aumentar o número de sessões para concluir tudo em 90 dias - afirmou a senadora.

Troca de gentilezas à parte, Marisa Serrano começa a esquematizar seu plano de ação. Ontem, a senadora procurou integrantes da CPI das Escutas Telefônicas da Câmara, para pedir orientação na composição da assessoria técnica. De lá saiu com uma lista de recomendações, como, por exemplo, convocar assessores da área de orçamento e requisitar especialistas em finanças do Tribunal de Contas da União.

A principal dificuldade da oposição na CPI será quebrar a barreira do Palácio do Planalto. Todos as informações estão com eles - disse um parlamentar que conversou com Marisa.

Primeira convocação

Ciente da mobilização da tucana, o petista Luiz Sérgio também começou a procurar integrantes para sua equipe de apoio. O futuro relator já foi orientado a começar os trabalhos ouvindo o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, para esclarecer o sistema de gastos, os mecanismos de segurança e a fiscalização.

Vamos procurar ouvir todos que possam contribuir para identificarmos como, porque e quem são os responsáveis pelas irregularidades apontadas - adianta o petista.

Nos bastidores, o provável relator também teria mandado um recado para os governistas que vão integrar a comissão redobrarem a atenção com a oposição na presidência. Os petistas das Câmara estavam resistentes em ceder a presidência da CPMI para oposição por acreditar que o presidente vai ditar o ritmo das investigações, comandando as votações de requerimento e os depoimentos; enquanto o relator ficará encarregado apenas da apuração e do relatório final. Como os governistas terão 16 das 24 vagas da CPMI, a base aliada acrediya que será fácil derrubar qualquer ponto de um relatório desfavorável.

A divisão do comando da CPMI com a oposição só foi possível porque a bancada do PT na Câmara não conseguiu convencer outros partidos da base governistas de que a inversão dos cargos-chefes deixaria o governo em uma situação mais confortável. Até os senadores petistas se mostraram nos bastidores favoráveis à entrega da presidência aos tucanos.

O líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), admitiu o enfraquecimento dos petistas da Câmara, mas nega interferências da divisão dos cargos no resultado dos trabalhos.

A gente não conseguiu mudar a posição dos aliados. Por isso, concordamos para não atrasar a CPI. Mas acredito que isto é um assunto superado que não vai interferir em nosso trabalho, em nossas apurações - disse Rands.

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